Laura foi ao hospital para fazer exame de corpo e delito. Após ser direcionada até um quarto, logo a porta abriu e Miguel entrou com um buquê de flores e sentou-se ao lado da menina. Ele perguntou:

— Está tudo bem?

— Estou sim.

— Fico muito contente! Fiquei tão preocupado!

— Acabou mesmo?

— Sim! Edgar foi preso pela morte do Eduardo e do Gabriel. Além do seu sequestro, ele também foi acusado de ser membro da TCO! O mínimo da pena é de 30 anos!

— Finalmente todos nós estamos livres! — Exclamou Laura chorando aliviada. — Pensei que esse pesadelo nunca acabaria.

— Agora você não deve se preocupar com nada! Só descanse!

— Obrigada por me ajudar!

— Só fiz minha obrigação como policial e como alguém que tem carinho por você.

— Obrigada. — Agradeceu Laura timidamente. — Agora que tudo acabou você vai embora?

— Provavelmente. Minha missão acabou. Tinha algumas coisas que me prendiam aqui ainda, mas, acho que elas acabaram. — Disse Miguel encarando profundamente Laura.

— Boa Viagem de volta, então! — Exclamou Laura indiferente.

— Se cuide! — Pediu Miguel saindo do quarto.

Laura se segurou para não implorar para que Miguel ficasse. Por mais que o amasse, ainda estava com o orgulho ferido. Essa história nunca deveria ter acontecido! Por que nossos destinos foram cruzados desse jeito? A porta se abriu novamente, mas, dessa vez, era Catarina. A policial sentou-se e indagou:

— Essas flores foram dadas pelo Miguel, não?

— São sim.

— Miguel deve gostar mesmo de você. Nunca o vi dar flores para nenhuma mulher. E olha que o meu parceiro teve muitos rolos.

— Se gostasse... Não mentiria pra mim.

— Olha, eu que o obriguei a fazer isso. Eu era meio que a chefe da missão, aí ele foi obrigado a me obedecer. Sei que não foi uma das coisas mais éticas de se fazer. Por isso peço perdão.

— A gente não tem mais jeito.

— Até pouco tempo atrás, não aconselharia você a ter algo com o Miguel. Meu parceiro era muito safado! Só que com você é diferente. Quando a senhorita terminou com ele, Miguel ficou numa foça horrível! Bebida espalhada pela casa. Além de ouvir Reginaldo Rossi!

— Sério que ele ouviu Reginaldo Rossi? — Perguntou Laura rindo.

— Juro! — Afirmou Catarina sorrindo. — Pensa bem! Você pode estar perdendo a oportunidade de ter um lance legal por orgulho que não vai te levar a nada.

— Vou pensar sim.

— Pense rápido porque eu e ele partimos amanhã. — Avisou Catarina se retirando.

A segunda-feira chegou. Miguel guardou a última camisa antes de fechar a mala. Por mais que estivesse voltando para pra sua cidade, não estava contente. Catarina entrou no quarto e perguntou:

— Preparado?

— Sim! Vamos voltar para o nosso lar.

A saída da cidade estava relativamente calma. Catarina fechou a porta mala e os dois entraram na viatura. Miguel olhava para trás com a esperança de que Laura estivesse perto de vir, nem que fosse só para dizer adeus. A policial suspirou e comentou:

— É, parece que a ruiva não vem mesmo. Ela consegue ser mais cabeça dura que você!

— Por mais que eu quisesse vê-la, às vezes acho melhor assim. Poupa sofrimento para mim e para ela.

— Até que vivemos muitas emoções aqui. — Disse Catarina com nostalgia. — Acho que não vamos esquecer essa missão.

Os motores do carro foram ligados. Miguel mudou a macha e acelerou. Aos poucos a cidade de Flores foi ficando longe e o coração do policial apertado. Com menos de uma hora de viagem um carro vermelho bloqueou a estrada. Miguel saiu do carro irritado:

— É folgado mesmo em cara? Tira essa porcaria daí que eu quero chegar no meu destino logo!

Ele abriu a boca ao ver quem saia do carro. Não pode ser! Catarina riu e comentou:

— Missão repleta de ação, suspensa e aventura. Nada melhor que um romance para acabar com essa novela.

Laura aproximou-se e disse:

— Não vá! Fique comigo!

— Pensei que você me odiasse. — Argumentou Miguel.

— Todos nós cometemos erros. E todos nós temos o direito de se arrepender deles. Meu orgulho já atrapalhou muito a minha vida e me fez perder grandes oportunidades. Contudo, não vou deixar que isso aconteça mais! Eu te amo! Quero você ao meu lado!

Miguel agarrou Laura pela cintura e lhe beijou intensamente. Catarina entrou no carro e disse:

— Pelo que vejo estou sobrando aqui. Bom, o que falo para o meu pai quando chegar lá?

— Eu nem cheguei pensar nisso.

— Posso falar para ele conseguir uma transferência para você. Ele tem muitos contatos com delegacia de todas as cidades.

— Muito obrigado!

— Fiquem bem pombinhos. — Disse Cataria sorrindo e partindo logo em seguida.

Laura encarou Miguel e sugeriu:

— Vamos voltar também! Temos muita coisa para resolver, amor.

— Vou a qualquer lugar com você!

Os dois sorriram e se beijaram novamente.

A Floresta de Tolcos ficava a cento e vinte quilômetros da cidade. Tinha as características típicas de uma floresta tropical. Mata densa e úmida. A tribo indígena Dukn era uma das últimas existentes na região. O cacique entrou na tenda e encontrou um homem loiro terminando de vestir-se. O homem olhou e disse:

— Está na minha hora.

— Tem certeza? — Perguntou o Cacique. — Pode ficar mais tempo se quiser.

— Agradeço todos os cuidados. Mas, tenho coisas a fazer. Além de uma pessoa para encontrar.

— É a menina? Quando você chegou aqui ainda em estado grave, mencionava sem parar o nome dela.

— É por ela que estou voltando!