Michael adorava o sábado. Era, para ele, o melhor dia porque podia fazer o que mais gostava: dormir. Pelo menos é o que ele desejava. Naquela manhã de sábado alguém bateu forte na porta do seu apartamento. Ainda meio sonolento abriu a porta e se assustou com quem era. Depois de convidar a mulher de longos cabelos negros para entrar, perguntou:

— O que faz aqui?

— Desculpa te acordar. Sei o tanto que você curti dormir.

— Relaxa. Para você estar aqui... Deve ter ocorrido algo sério.

— A Laura pediu para eu não contar... Mas essa história do Miguel está muito mal contada! Assim, acho que ele tem direito de saber o que a Laura vai fazer!

— A Laura não fez nenhuma loucura não, né?

— Não necessariamente. Ela está partindo dentro de algumas horas para a Inglaterra.

— Inglaterra? Assim do nada? Se isso não se chama loucura... Não sei mais o nome que dão para isso.

— Digamos que foi mais impulsividade do que loucura. Ela foi aprovada para fazer o doutorado em Oxford. E depois de tudo que aconteceu... A ruiva decidiu ir.

— Eu agradeço por vir me contar, mas não tem como eu avisar o Miguel.

— Por quê?

— Ele disse que precisava sair para esfriar a cabeça. E essas esfriadas de cabeça duram muito tempo. Além de o esquecido estar sem celular.

— Tente entrar em contato com ele. A história dos dois não pode acabar sem uma resolução definitiva, seja essa resolução boa ou ruim.

— Tem razão. — Concordou Michael suspirando. — Acabamos caindo nessa zona minada, né Renata?

— Verdade. Bom, vou indo. O voo dela saí as 14.

Laura terminava de arrumar suas coisas. Estava ansiosa para a sua nova jornada! Contudo, ao mesmo tempo, um medo súbito surgiu. Era uma realidade completamente nova e desconhecida. Ela tinha muito medo do não conhecido. Relaxa Laura! Relaxa! Só vai tirar boas experiências dessa incrível oportunidade! Além de poder tentar esquece-lo.

Renata chegou em casa as 12. Foi para o quarto e avisou:

— Voos internacionais são duas horas de antecedência! O carro já está com gasolina e pronto para partir!

— Até no modo de falar você e o Eduardo são iguais. Isso é sinistro.

— Isso se chama conexão! — Exclamou Renata sorrindo.

Laura guardou as malas no carro e olhou para trás. Mesmo que não quisesse assumir, ainda tinha fé de que Miguel aparecesse correndo e pedindo para ela não ir. Acho que assisti a filmes românticos demais. A ruiva entrou no carro e os três foram em direção ao aeroporto.

Em seu apartamento, Michael deu graças a Deus de Miguel ter chegado mais cedo do que ele previa. Mal seu amigo entrou em casa, Michael abriu a porta, puxou a cadeira para fora do apartamento e disse:

— Vamos para o aeroporto!

— Tá maluco?

— A Laura irá partir hoje as 14 para a Europa! Acho que você irá gostar de ver sua ruiva... Nem que seja uma última vez.

— Europa? Mas... Como?

— Explico tudo para você no caminho. Não temos tempo a perder!

O aeroporto estava cheio. Mas Laura nem se importou. Finais de semana sempre aumentavam o movimento. Estalava os dedos e sua ansiedade só aumentava. De repente, viu seu voo ser anunciado. Se despediu de Eduardo e Renata com um aperto no peito. Ela disse:

— Venham me visitar! Aí faremos um tour muito legal pela Europa!

— Tentaremos. — Falaram Renata e Eduardo juntos.

Laura sorriu e foi em direção ao portão oito que ficava no segundo piso. Subiu em um dos andares da escada rolante e começou a observar todo o aeroporto. Quantas despedidas e encontros não devem acontecer aqui. Laura colocou os óculos escuros e deu uma última olhada para trás. Uma lágrima fraca saiu de seus olhos. Lá do alto conseguiu ver Miguel encostado numa pilastra a encarando. Respirou fundo e voltou a olhar para frente. Ao chegar no segundo andar limpou a lágrima que percorria seu rosto.