Acabei me distraindo com os diversos livros que tinha naquele local, mas a maioria era educativo ou alto ajuda. Um deles me chamou a atenção e acabei pegando dois livros e um deles se chamava “Quero mudar” – Olá. – Levei os livros até uma pequena recepção, onde uma mulher de idade atendia.

— Olá, querida. – Sua voz soou calma e pegou os livros da minha mão. – Como se chama?

— Marilyn Carrie. – Sussurrei e a vi teclar no computador, fazendo eu arquear a sobrancelha sutilmente.

— Oh, seja bem vinda Marilyn... Você tem três semanas para devolvê-los.

Concordei e os peguei, esbouçando um pequeno sorriso de agradecimento e sai da biblioteca, sentindo minhas bochechas corarem com os olhares nada discretos daquelas pessoas, fazendo-me ficar irritada com aquele nível de atenção.

Decidi conhecer os outros andares, o segundo era onde ficava biblioteca e o primeiro ficava a área de alimentação e os outros eram quartos.

Olhei para um dos relógios que estavam na parede e percebi que logo estava no horário do almoço. – É. – Sussurrei, decida a caminhar até lá e procurar algo para comer ou quem sabe não tinha algum tipo de café.

Seria tudo.

Meus passos foram calmos e decididos, me deparo com uma local extenso e bem acolhedor, poderia dizer. Paro quando um senhor me barra e pergunta meu nome, logo que me identifico e ele me entrega um tipo de cartão. – Você só poderá pegar os alimentos que estão permitidos aqui. Tenha um bom almoço e bem vinda.

Mas como todo mundo sabe que eu sou nova? Qual é, que merda.

Acabo sendo distraída com um rapaz alto entrando correndo pela porta e gritando ao passar com um conteúdo em mãos. – Não adiantem me segurar, eu estou livre... Estamos livres. – Gritava, empurrando diversas cadeiras pelo caminho. – Festa hoje, meu povo.

— Mas o que está acontecendo? – Penso, confusa ao ver diversos enfermeiros atrás dele.

— De novo não. – Ouço o senhor surrar atrás de mim e olho para ele, tentando achar alguma resposta dessa loucura. – Esse é Ashton, o queridinho em aprontar por aqui. – Seu sorriso foi fraco e via o cansaço por trás daqueles olhos castanho. – Ele sempre faz isso... Pega alguma bebida e diz que vai voltar novamente a bebedeira.

Ouço atentamente as informações que foi dada e vejo esse tal de Ashton sendo carregado para fora do local, seu cabelo era meio grande e parecia ter poucos cachos e ele poderia ser julgado como pagável, mas seu sorriso era um tanto estranho, poderia dizer que ele estava satisfeito em ser capturado.

— Estranho. – Acabei dizendo e voltei a analisar o local, tentando achar algo que tenha cafeína e quando vi um café de longe, tratei de andar em passos rápidos até lá, mas quando alcanço o local e tento passar o cartão ele é recusado. – Mas... – Tento novamente e solto diversos palavrões ao ler no painel.

“Lamento informar que esse liquido está proibido em sua lista.”

— Só me faltava essa. – Passei as mãos por meus cabelos ainda molhado e soltei um suspiro, irritada.

Quando um barulho estridente foi ouvido, imaginei que era a permissão de pegar nossos alimentos e fui até a fila, vendo diversos pratos prontos e passei o meu cartão em um deles. “Arroz, purê de batata e frango” – Isso... – Sorrio aliviada quando vejo que passou e caminho em direção ao local onde poderia retirar, pelo menos era o que estava nas flechas.

Uma senhora empurra a bandeja sem ao menos me olhar, mas ignorei esse nível de educação e peguei o alimento, sentindo minha barriga falar ao inalar o cheiro. Procuro um lugar qualquer para me sentar e encontro uma mesa ao longe e vou até lá, observando o local ir enchendo e as pessoas irem procurando seus lugares, algumas pessoas me olhavam de um modo estranho e confesso que isso me irritou um pouco, o desconforto era visível. Parecia que não me queriam por lá.

Talvez isso seja algo com novatos. – Pensei, começando a comer e suspirei ao sentir o gosto na minha boca, a comida era muito boa e isso me agradava, pois eu ficaria louca se não conseguisse comer nada.

Quando terminei de comer, percebi que ninguém sentou na mesa que estava e algumas pessoas me analisavam e fofocavam. – É um teste, só pode. – Levanto-me e empurro a bandeja no recipiente indicado e saio daquela loucura com passos rápidos e fico aliviada ao entrar no meu quarto sem esbarrar em ninguém.

O dia foi passando rápido e decidi ficar lá o dia inteiro, acabei me rendendo ao um livro chamado “memórias póstumas de brás cubas”, confesso que nunca o tinha lido e me interessei bastante, era de um escritor brasileiro e tenho que confessar que esse livro me intrigou durando o período da tarde.

Quando meus olhos passam pela janela aberta percebo que o céu já tinha escurecido e percebo que logo o sinal para a janta iria tocar, mas não estava animada para comer e receber mais olhares.

Então apenas me arrumei para dormir e senti meu corpo logo relaxar, não sei exatamente quando foi a hora que dormir. Mas apenas acordei no dia seguinte com um barulho irritante de alarme e abro os olhos um pouco assustada e percebo que estava no horário escolar. – Merda. – Acabo me xingando ao perceber que tinha esquecido sobre isso e sinto meu coração palpitar e um nervosismo me invadir.

Odiava primeiro dia de aulas e ainda mais em uma escola que eu nem sabia como era. Será possível as coisas piorar?

Ouço batidas na porta e a abro, vendo a mesma senhora que me trouxe para o quarto. – Bom dia... Trouxe seus matérias e o ônibus estará esperando todos lá na frente, não se atrase e caso não esteja aqui até as 13:30 hr, entraremos com providencias... Não é permitido cabular ou tentar alguma gracinha. Qualquer trabalho extracurricular terá que ser informado a mim. A partir de hoje estaremos de olho em você.

A senhora me deixou sozinha, parada e com a porta aberta. E a única coisa que passava pela minha cabeça era sobre toda essa loucura que estava acontecendo e me senti em uma prisão. Soltei um suspiro e decidi ir tomar banho e me arrumar.

Pego uma calça jeans com rasgos na perna e uma blusa preta comum, nos pés uso uma sapatilha moderna e aberta. No cabeço pego uma touca, pois meu cabelo ele estava um tanto armado já que eu não tinha nenhum tipo de alisando por aqui. Solto um suspiro ao perceber que não tinha nenhuma maquiagem na minha mala e provavelmente deveria ser proibido.

Me olho no espelho e percebo que estava razoável, claro, que se fosse para minha antiga escola eu não estaria saindo assim, nem que eu quisesse. A única coisa que me lembrava a minha vida a uns meses atrás era minha roupas de marcas, que provavelmente custava uma fortuna.

Pego uma mochila preta que estava dento da mala e coloco diversos livros e cadernos que a mulher havia deixado.

Quando abro a porta vejo uma correria assustadora no corredor. Diversas pessoas andando de um lado para o outro e percebo o motivo de tudo aquilo quando vejo o relógio. 6:10 hr. – Meu Deus... – Sussurro, caminhando rapidamente até as escadas e começo a desce-la rapidamente ao perceber que estava atrasada para o ônibus, no caminho sinto algumas pessoas trombarem comigo, mas ignoro-as e saio do prédio. – Eita... – Acabo sussurrando ao perceber que os ônibus deveriam ser um crime, eles eram amarelos e tinha o nome da clinica.

103

Quando vejo o numero do meu ônibus caminho até ele e vejo um senhor muito simpático na entrada da porta. – Booom dia... – Ele cantarolou, seus cabelos grisalhos o deixavam- fofo. – Seu rosto não é familiar. Novata? – Perguntou, abrindo um espaço para eu passar e olhou distraidamente pela lista que estava nas mãos. – Marilyn?

Concordo, um tanto séria.

— Seja bem vinda. Sente-se em qualquer lugar.

Reviro os olhos ao passar por ele e subo as escadas, vendo que o ônibus já estava lotada e provavelmente eu estava muito atrasada. Levanto minha cabeça ao perceber que as pessoas me encaravam e deixei um sorriso sacana aparecer em meus lábios, um ato que imitei de Noah, ele era craque em fazer sorrisos superiores e naquele momento e julguei ser necessário.

Sentei no banco da frente e que estava vazio, ficando com os olhos atentos na janela e sinto alguém senta ao meu lado, desvio meus olhos rapidamente e analiso uma menina de cabelos platinados e fisionomia séria, ela resmungava algo baixo, tão baixo que era impossível eu ouvir.

Seus olhos passaram por mim rapidamente e a ouvi bufar.

Sério? Ela estava bufando para mim? Mas que vaca.

Virei meu rosto e voltei a olhar para o nada, sentindo o ônibus começar a se movimentar. Não demorou muito para ele parar em frente a uma escola, as pessoas pareciam bem comuns e a escola era simples. Vi as pessoas saírem rapidamente do ônibus e esperei todas passarem, quando sai do ônibus sinto meu ombro ser batido com uma certa força e percebo que era a menina que estava ao meu lado. – Olha para onde anda. – Resmungou, como se eu fosse a culpada do encontrão.

Observei rapidamente as vestes dela e ela estava simples, mas um tanto dark, estava toda de preto e percebi que estava maquiada. Mas como? Tentei ignorar tudo aquilo e percebi que as pessoas já tinha se movimentado e que algumas pessoas olhavam feio para o ônibus e foi naquele momento que me toquei a merda que estava acontecendo.

Eles mandavam nós para uma escola e obrigávamos a socializar, mas eles deixavam claros que tínhamos algum tipo de doença mental. Mas que filhos das piranhas, isso deveria ser proibido, um bando de merdas. E por isso essas etiquetas em nossos pulsos.

Decido caminho em direção a escola e sou parada pelo mesmo senhor. – Marilyn? Sou Jonas, acho que deve estar perdida... Mas vá a secretaria, ok?

Acabei abrindo um sorriso, totalmente agradecida e concordei, voltando a andar em direção ao único prédio. As pessoas falavam alto e gritavam, me senti novamente uma Dori naquele lugar e olhei distraidamente para a escola quando adentrei-a, parecia comum, armários e pessoas, claro que era diferente da minha, pois a minha antiga parecia um tanto antiga e as paredes pareciam ter algum tipo de brilhante, pois tinha quadros e pinturas de pessoas ricas. Caminho distraidamente pelo corredor e ouço alguém sussurrar. – É uma dos estranhos.

Não quis saber se era comigo o comentário, pois quando encontrei a secretaria, olho para uma moça cujo o nome era Clara, pois estava na identificação da sua mesa. –Bom dia... Sou aluna nova.

— Oh, Marilyn Carrie... Certo? – Apenas concordei e a vi mexer em diversos papel. – A diretora queria conhece-la, mas ela não se encontra no momento. – Olho distraída para os lados e vejo algo que faz meus olhos brilharem.

Café.

Meu Deus.

— Acho que sua carga horaria está lá dentro, licença. – Ela pede e vejo-a sumir pela porta de trás dela e acabo agindo por impulso e pego um dos copos de água, pois os de café eram muito pequenos.

Encho de café, logo escondo-o atrás de mim e sorrio calmamente ao ouvir a mulher voltar. – Aqui, perdoe-me... Está tudo uma correria hoje. – Apenas concordo e estendo minha mão livre, pegando o papel. – Sua sala é nesse andar mesmo, final do corredor.

Respiro fundo e olho rapidamente aos horários e suspiro ao perceber que seria geografia. Viro-me rapidamente e escondo o café, que queimava em minha mão, dando uma ótima sensação. Saio da sala com passos calmos e quando estou longe o suficiente, tomo-o e sinto o gosto amargo e familiar dominar minha boca e solto um gemido de satisfação. – Como estava com saudades bebê. – Pensei, voltando a andar e tomando-o rapidamente, até porque estava com fome e não tive tempo que tomar café da manhã.

Eu não percebi isso até agora, mas provavelmente eu sou viciada em café, algo nele me deixava calma e até mesmo estou super, mega animada.

Ok, eu realmente estou mentindo sobre isso, nada consegue me animar para estudar aqui. Vou até a sala indicada e observo que já tinha um professor na mesma e ouço-o conversar com os poucos alunos.

Caminho até a mesa dele e espero ele me avistar, logo entrego o meu papel de inscrição, onde tinha todos os meus dados.

— Uau. – Ouço-o surrar enquanto analisava meu papel. – Uma ótima escola que você frequentava.

Apenas concordei, pois era a melhor do país e não estava sendo sarcástica, realmente, ela tinha ganhado diversos prêmios.

Ele desviou seus olhos do papel e parecia confuso, mas desviou os olhos pro meu pulso e vi a compreensão de suas duvidas. – Frequentará até o ultimo semestre?

Fiquei um pouco confusa em ser sincera ou não, pois tinha pessoas prestando atenção em nossa conversa. – Não está nos planos. – Disse o básico e tirei o papel da mão dele, esperando-o indicar o lugar.

O único lugar vago era na frente da mesa dele e ao lado das janelas, era o pior lugar de todos. Sentei lá e virei meu rosto, observando as arvores lá fora se balançar com o vento forte. Fiquei assim por alguns minutos, até ouvir a porta sendo fechada e ele fazer uma chamada rápida, me ignorando, pois ele provavelmente já tinha colocado presença. – Bom, vamos falar sobre a Fundo Monetário Internacional... –Depois disso parei de ouvir, pois eu já havia estudado essa matéria e apenas trombei minha cabeça para o lado e fixei meus olhos na lousa, vendo ele rabisca-la todo o momento.

As pessoas falavam baixo atrás de mim e interagiam pouco na aula, mas apenas ignorei e esperei que o sinal tocasse novamente. Foram duas aulas dele e depois de física, o professor era bom, mas já havia estudado a matéria, então quando ele passou a lista de exercícios terminei rapidamente.

O terceiro sinal tocou e percebi que as pessoas levantaram, indo a caminho da porta e provavelmente era o intervalo. Soltei um suspiro e decidi ficar lá mesmo, sentindo minha barriga falar e cansada de ver desconhecidos.

— Sério, Milla? – Ouço alguém falar alto e caminho até a porta que tinha sido fechada pela ultima pessoa que saiu e me aproximo para ouvir a conversa dos desconhecidos.

— Cara... Não seja um porre, sério. – Ouço-a responder e a voz é levemente familiar. Será que ela é da minha sala? Eu realmente não consigo lembrar, até porque não quis olhar para eles.

— Não vamos fazer isso. – Ouço outra pessoa falar, uma voz mais calma.

— Olha, Milla... Somos seus amigos, né? Então fica na sua e não discute com a gente. – Outra voz, um tanto rouca e irônica falou. Eram três rapazes e eles pareciam irritado com essa tal de Milla, pelo que entendi.

Ouço-a soltar uns palavrões e sair com passos rápidos.

— Merda... – Um dos garotos respondeu e se afastam da porta e solto um suspiro, sentindo-me incomodada por estar ouvindo atrás da mesmo.