P.s. I Love You

Not a second time


Outubro de 1963

Os Beatles estavam muito ocupados no final das gravações do novo álbum. É claro que isso incluia ficar acordado todas as noites, ir em festas em finais de semanas e tudo o que eles não poderiam fazer, mas George Martin, o produtor do álbum, entendeu ou fingiu entender que tudo isso era só para quebrar a tensão. Uma tournê para a Suécia se aproximava, a primeira fora da Inglaterra.

Quando Paul recebeu a notícia, ele pressionou Jane para que fosse também, além de toda a sua equipe, mas não deu certo. Jane tinha suas próprias obrigações por ali.

No dia da partida, Jane foi até o aeroporto. Paul até parecia estar contente, mas era tudo por causa das piadinhas de John, que se esforçava repetidamente para animar os outros três. George, que tinha pavor de avião, quase conseguiu fugir.

Foi nessa tentativa de fuga que George notou a presença de Jane. Ele foi até lá falar com ela.

— Procurando por Paul? — adivinhou. — Era inútil perguntar, os dois eram um casal. — Ele está na lanchonete.

— Na verdade, não sei se eu quero mesmo vê-lo. Sabe, só vai tornar tudo ainda mais difícil. — No fundo, Jane também tinha medo de aviões, além de que não queria que Paul fosse. Ela sabia que era importante para a carreira dele.

— Por quê? Acho que ele está ansioso para vê-la. Ele disse algo a respeito de ter que entregar alguma coisa.

— Não... Ainda não sei se devo ir. Pode não dizer que estive aqui?

Jane se virou para ir embora. Ela estava quase fora do aeroporto quando ouviu alguém chamar. Pela voz, era a última pessoa que ela queria encontrar agora.

— Eu pensei que você não viria.

Jane olhou nos olhos de Paul. Por que ele tinha aqueles olhos tão comoventes?

— Paul, me desculpe, eu tenho que ir... ela tentou justificar.

— Espera. Ele tirou um pedaço de papel amassado do bolso e desdobrou. É a letra daquela música que eu escrevi pra você, lembra?

Jane não pegou o papel. Ela se atirou nos braços de Paul e o abraçou o mais forte que pôde.

— Por que você torna as coisas tão mais difíceis?

Paul não respondeu. Ele retribuiu o abraço até John aparecer e arrastá-lo para o avião.

— Vê se não faz nenhuma besteira. — Jane lhes disse.

No fundo, não foi tão ruim. Jane não se sentia mal por isso, mas pelo contrário.

John e Paul correram para não perder o avião. Eles se juntaram a Ringo e George.

— Será que ainda é cedo pra pedir alguma coisa pra comer?

— Cala a boca, Geoge — Paul falou.

— Cala a boca, George — Ringo imitou, o que foi bem engraçado por causa da voz que ele fez. Os três riram até serem interrompidos por Brian Epstein.

— Meninos — ele pigarreou. — Esta vai ser a nossa acessora enquanto estivermos na Suécia. Vocês sabem, cuidar das entrevistas, apresentações e etc.

Uma mulher incrivelmente bonita saiu de trás de Brian. Seu rosto parecia incrivelmente familiar para Paul.

— O nome dela é Margareth.

Margareth se sentou ao lado de Paul, justamente dele. Ele ficou inquieto durante toda a viagem, o que até fez John implicar um pouco com ele, mas toda vez que John fazia, Paul lançava um olhar muito sério lembrando que ele tinha namorada.

Depois do que se pareceram longas horas, os Beatles chegaram ao aeroporto da Suécia, onde uma legião de fãs os aguardava. Eles correram para o carro o mais rápido que puderam e partiram para o hotel.

— Porra — John exclamou.

A viagem não durou mais que cinco minutos. O hotel era grande e eles ficariam na cobertura. Ao chegarem lá, tiveram que correr novamente e esperar Margareth para conferirem o que tinham para a semana.

Paul foi para a sacada e acendeu um cigarro. Vez ou outra, ele acenava para o público lá embaixo, mas logo ele se dispersou. Paul continuou ali, olhando o céu que escurecia cada vez mais, imaginando o que Jane estava fazendo.

Por volta das seis e meia, Margareth apareceu ali.

— Precisamos de você para o planejamento — ela disse, debruçando perto de Paul. Mais perto do que ele desejaria.

Já vou. — ele se virou para o outro lado. Margareth seguiu-o, ele podia sentir a respiração dela em seu rosto. Paul franziu a testa e saiu dali, indo para dentro. — Você disse que precisavam de mim.