A médica a examinou com calma e passado uns minutos ela disse:

— Eu sei que o momento é delicado, mas eu preciso saber se a senhora está grávida?

Refúgio no mesmo momento arregalou os olhos a olhando e sentiu tudo rodar novamente ao pensar naquela possibilidade. Seria possível estar novamente grávida?! Não, não era possível estar gravida já que tomava remédio, amamentava Camily e quase não menstruava, negou com a cabeça e passou as mãos no rosto e logo voltou a olhar para a médica.

— Doutora, eu tenho uma neném de seis meses e quase não menstruo pela amamentação! - suspirou. - É possível? Cadê meu marido?

— Ele ficou lá fora! - tocou o braço dela. - Você tomou outras medicações? Algumas medicações tiram o efeito do remédio que tomava.

Refúgio no mesmo momento sentiu seu coração tremer, tinha tomado tanta medicação na clínica que poderia sim tirar o efeito de seus remédios. Tocou a barriga e se fosse verdade teria um trabalho e tanto para cuidar de três bebês.

— Vamos fazer um exame! - Refúgio pediu.

— Sim, a enfermeira vai colher seu sangue e você fica aqui descansando um pouco! - falou carinhosa com ela.

— Eu quero saber do meu pai! - os olhos voltaram a encher de lágrimas. - Traga o meu marido, por favor.

— Eu vou procurar saber noticias de seu pai, mas você tem que ficar calma. Se estiver mesmo grávida isso pode fazer muito mal a vocês dois!

Refúgio assentiu e ela se foi, a enfermeira logo entrou e começou o procedimento para a retirada do sangue e logo Dionísio apontou na porta preocupado por não poder entrar quando ela passou mal. Se aproximou e a interrogou com o olhar e ela estendeu a mão para ele.

— O que está acontecendo? - segurou a mão dela beijando.

— Em uma hora sai o resultado! - a enfermeira falou com calma e se despediu saindo os deixando sozinhos.

— Resultado? - ele perguntou sem entender.

Refúgio suspirou e o puxou para ela ele a agarrou como pode sentando na cama. Era seu amor e tinha o coração acelerado por vê-la daquele modo.

— Ela acha que estou grávida!

Dionísio sentiu o corpo todo tremer e o coração disparou só de imaginar que ela poderia lhe dar outro filho, um sorriso brotou em seus lábios e ele se afastou para olhá-la nos olhos. Refúgio estava tão angustiada que aquela notícia era mais um tiro do que uma comemoração, não que ela não quisesse um filho dele, mas o momento era tão complicado que ela somente conseguia pensar em seu pai e sentia que era o fim daquela relação para sempre.

— Grávida? - ele riu mais.

— Não é certeza, mas parece que sim... - segurava a mão dele. - Eu tomo remédio, amamento nossa filha, não achei que pudesse acontecer. - estava com o coração disparado.

— Mas pode acontecer porque fizemos amor tão gostoso! - riu e beijou a boca dela com gosto. - Eu te amo e se estiver grávida mesmo, eu serei o homem mais feliz do mundo! - abraçou o corpo de seu amor e ela se alinhou em seus braços querendo afago e amor. - Eu sei que o momento não é de comemoração, mas eu estou tão feliz.

— Amor, não é certeza...

— É sim, eu já sinto que é um bebê! - a cortou todo eufórico. - Foi no dia que você teve ciúmes e que fizemos com tanto afinco que aqui... - tocou a barriga dela. - Tem mais um Ferrer! - a olhou e sorriu beijando seus lábios e ela o correspondeu com todo amor do mundo.

Parecia uma loucura ter mais um bebê naquele momento, mas se Deus tinha preparado é porque era à hora e ela sorriu o beijando e logo o soltou dando dois tapinhas no braço dele por ter lembrado da cena do ciúmes.

— Não fale dessa galinha aqui! - ele riu mais ainda e não deu importância apenas a beijou mais e mais até que a porta se abriu e por ela passou o medico e eles se soltaram no mesmo momento.

Refúgio apenas em olhar o médico sabia que poderia não mais ver seu pai e o coração ficou ainda mais disparado e ela se arrumou na cama soltando de Dionísio dizendo aquelas palavras tão duras.

— Ele morreu não é? - os lábios tremeram e ela segurou as lágrimas naquele momento.

O medico se aproximou mais da cama e sabendo que aquela era uma coisa tão ruim de dizer, mas que não tinha modo fácil de ser dita que ele respirou pesado e disse por fim depois de alguns segundos.

— Eu sinto muito, mas seu pai não tem muito tempo e ele deseja te ver! - ela deixou que as lágrimas rolassem por fim de seus olhos. - Ele deseja vê-la...

Refúgio nem pensou e apenas ficou de pé e o acompanhou depois de beijar e abraçar seu marido, era um momento tão complicado que ele queria estar ao lado dela, mas somente uma pessoa poderia estar com ele e ele voltou a recepção encontrando com Renata e Pedro ali a espera deles. Dionísio contou o que estava prestes a acontecer e Renata se agarrou mais a seu amor e chorou, queria estar com Refúgio naquele momento, mas ninguém podia era o fim de uma magoa e mesmo que fosse com a morte era o perdão supremo.

Refúgio foi vestida apropriadamente e com dor no estomago e uma forte vontade de vomitar tomaram conta dela, estava tão nervosa que não andava e sim se arrastava nos poucos passos que deu até estar dentro do quarto. Romeu tinha os olhos fechados e se via que respirava com dificuldade, mas ao sentir a presença dela abriu os olhos e deu um sorriso de dor e a lágrima escorreu de seus olhos e ele a chamou com calma para que se aproximasse.

Ela foi a passos curtos e segurou em sua mão e ele apertou fracamente e ela sentiu as lágrimas rolar por seu rosto e ele com o pouco ar que lhe restava disse pausadamente.

— Eu fui tão estúpido nos últimos anos... Eu pensei que fazia o certo e no final estava punindo a você, minha filha. - falar doía tanto. - Eu feri, torturei a quem deveria proteger e dar amor, eu deveria ser o seu pai, mas fui o seu algoz, mas ele pagou pelo que fez e eu também vou pagar!

Refúgio o fez parar de falar daquele modo e sem cerimônia deitou em seu peito o abraçando como queria ter feito a tanto tempo. O medo da morte sempre será muito maior que tudo e quando se encontramos nessa condição vemos o quanto deixamos de amor, o quanto deixamos que o ódio e o rancor nos dominassem. Ela estava ali e sabia que o pai tinha errado muito, mas era seu pai e o perdão estava dado a ele e queria ter mais tempo com ele para poder melhorar aquela relação que nunca tinha sido fácil, mas sempre se pode ter uma segunda chance quando nos arrependemos de coração.

— Você, não pode me deixar! - falou soluçando ali em seus braços. - Temos a chance de recomeçar e você ser melhor, não me faça te odiar mais por fugir mais uma vez de ser um homem melhor, você não pode morrer! - falou com desespero e sentiu que ele acariciava suas costas mesmo com dor. - Você é o meu pai e podemos tentar...

A cada palavra dela, ele deixava que suas lágrimas rolassem por seu rosto, era tão duro depois de tudo ainda dar mais sofrimento para sua menina, mas ele não tinha mais forças para continuar e respirava com muito custo sentindo seu coração explodir.

Os aparelhos começaram a apitar e ela saiu de seus braços e apertou o botão de emergência e gritou com ele.

— Se você morrer eu nunca vou te perdoar! - chorou arrasada e os médicos entraram a tirando dali.

Romeu estava sentindo todo seu corpo tremer e o ar faltou o fazendo desmaiar diante do último olhar de Refúgio que foi arrancada dali gritando por seu pai. Ela foi levada até Dionísio que agarrou seu corpo e ela chorou mais e mais nos braços dele.

— Meu amor... - ele falou sem saber o que dizer.

— Minha filha... - Refúgio olhou a mãe e foi aos braços dela. Não tinha lugar melhor para se estar naquele momento.

— Se ele morrer nunca vou perdoá-lo! - falou em completo desespero e Renata suspirou o ex-marido não conseguia parar de fazer a filha sofre nunca.

— Meu amor, vamos ver o que o medico tem a dizer! - a soltou vendo o medico se aproximar.

Refúgio o olhou e segurou a mão de Renata, assim como a de Dionísio ali estava o destino de seu pai e ela esperou pelo pior...