Projeto X-5

Um velho conhecido


“A natureza humana é mísera, e quem a vê na sua essência só pode sentir-se misantropo.”

Era o que sussurrava para sí mesma repetidas vezes a cientista morena em estado catatônico, recolhida no canto de uma pequena sala que mais parecia uma cela de presídio construída propositalmente para deixar qualquer pessoa que nela estivesse cada vez mais aflito.

Seus olhos, inchados por conta das varias lágrimas derramadas anteriormente agora olham para o vazio, enquanto continua a pronunciar a frase em um looping infinito. Sua mente abalada pelos eventos anteriores sabia que era questão de tempo até estar morta. Por que não acabavam logo com seu sofrimento? Era o que se perguntava em seu subconsciente.

Seu turbilhão de pensamentos foi interrompido por uma voz desconhecida que saia do autofalante interno da sala em que estava.

— Devo admitir que nossas expectativas foram superadas. Como se sente? – Pergunta a voz esperando a resposta que não veio. – Não fomos devidamente apresentados antes, meu nome é Dominic, sou o vice-diretor do projeto ao qual a senhorita fazia parte.

— Meu marido... Onde ele está? – Questionou ela, no fundo já sabendo a resposta.

— Infelizmente o Dr. Richards veio a óbito. – Respondeu a voz em um tom nada compadecido fazendo com que a moça disparasse a chorar em uma mistura de angustia e desespero.

— Me mata... Me mata... – Lenna suplicava em meio a lágrimas e soluços.

— Não temos motivos para isto, a senhorita é mais valiosa para nós viva. Caso não tenha notado minha cara, o fato de a senhorita ainda estar viva enquanto o resto dos indivíduos que também foram expostos ao vírus já estarem mortos a algum tempo quer dizer alguma coisa. Não acha? – Questionou Dominic fazendo com que a morena cessasse o choro, estampando preocupação em seu semblante.

— Não pode ser... Como?... – Murmurou para sí mesma a Doutora.

— Na verdade, eu fui encarregado de supervisionar pessoalmente o 4º estágio do projeto já que agora podemos dar mais um passo a diante graças à senhorita.

— 4º estágio? Como assim? – Questionou ela olhando para o sistema de autofalante da sala com preocupação em sua face, porém sem resposta.

A porta da sala se abre e dois indivíduos trajados com mascara de proteção adentraram o ambiente indo em direção a Lenna, que rapidamente se levantou chutando o estômago de um deles fazendo com que se afastasse. Em outro movimento cerrou seu punho indo em direção ao outro homem que segurou o braço da morena impedindo o golpe.

O indivíduo que segurava seu braço logo em seguida lhe socou o estômago fazendo a mulher curvar o corpo por causa da dor. Em seguida, o mascarado agarrou seu pescoço e empurrou-a violentamente contra a parede chocando o corpo da Dra. com severidade na superfície arrancando um forte gemido de dor dela. O outro homem que antes estava caído no chão por conta do golpe que levou, agora saca uma seringa cravando no pescoço da moça.

Seja lá o que fosse rapidamente paralisou o corpo de Lenna fazendo-a cair no chão. Vagarosamente ela estava perdendo os sentidos e sua visão ficando turva até se transformar em escuridão.

The Grell Museum

— A natureza humana é mísera, e quem a vê na sua essência só pode sentir-se misantropo. – Murmurava consigo mesma enquanto agitava levemente a taça de gin que bebia observando o gelo derreter. Sua beleza apenas ressaltava diante do vestido tomara que caia cor vinho que trajava naquela noite.

— Arrigo Cajumi – Uma voz masculina a surpreendeu pelas costas fazendo-a se virar.

*Arrigo Cajumi foi um jornalista, escritor e crítico literário italiano do século XIX, autor da citação que a moça repetia.

Ao se virar ela pôde constatar que se tratava de um belo homem de cabelos louros, olhos azuis, trajado de paletó e gravata que mesmo vestido era notável seu porte físico. – Porém, pensar mal da humanidade sem lhe desejar o mal talvez seja a forma mais elevada de sabedoria e de virtude. – Completou o louro arrancando um discreto sorriso dos lábios da linda morena.

— William Hazlitt. – Pronunciou ela o nome do escritor inglês do século XVII, autor da frase proferida pelo homem. – Mas dizia Chaplin, que a humanidade não se divide em heróis e tiranos. As suas paixões, boas e más, foram-lhe dadas pela sociedade, não pela natureza. Senhor...

— Queen. Oliver Queen. – Apresentou-se o louro com um sorriso envolvente. Pegou a mão da moça com delicadeza, depositando suavemente seus lábios na mão da bela mulher. – E quem seria a linda poetisa? – Perguntou ele.

— Rachel Wattson. – Respondeu ela admirando os contornos do rosto de Oliver. É claro que não poderia dizer quem realmente era, já que sua presença naquele recinto era pura e unicamente para coletar informações e manter um disfarce.

Uma bela música suave começa a ser tocada pela banda, seguida pela doce voz da cantora que se apresentava naquela noite.

— Me concede essa dança? – Oliver faz o convite estendendo sua mão em direção á moça.

— Por que não? – Ela aceita com um discreto sorriso segurando na mão do louro, ambos se dirigem para o espaço do saguão onde os casais estavam dançando.

Oliver deposita uma de suas mãos no quadril da mulher segurando levemente, porém firme, enquanto a outra mão segura a da morena. Lenna apoia seu braço no dele, segurando em seu ombro e ambos começam a deslizar suavemente pelo saguão.

— Eu nunca te vi por aqui. Você costuma vir a estes tipos de eventos? Porque eu me lembraria de um rosto belo como o seu. – Perguntou Oliver não perdendo a chance de iniciar a conversa, arrancando uma risada desconsertada da moça.

— Talvez porque eu seja nova na cidade senhor Queen, mas só estou de passagem. Vim especificamente por causa do promissor projeto biogenético contra doenças terminais. – Lenna alega mergulhando nos belos olhos azuis do homem.

— Podemos pular as formalidades, pode me chamar de Oliver. – Argumenta ele com um belo sorriso. – Bom saber que essa nobre causa está rompendo barreiras além de Star City e Metrópolis.

— Você também colabora com este projeto? – Pergunta curiosa a morena.

— Seria muito bom fazer parte disto, mas o criador dessa iniciativa já tem todos os recursos que precisa para torna-la realidade. Sou só o mero anfitrião deste evento. – Oliver conclui girando-a com uma das mãos em um movimento de rotação finalizando a dança juntamente com a música.

Ele segurava a cintura da moça com ambas as mãos enquanto ela segurava em seus ombros, ambos admirando um ao outro em um profundo silencio.

— Sabe, eu tenho a estranha sensação que te conheço, só não sei de onde. – enfatiza o louro quebrando o silêncio entre eles.

— Agora que você falou... Também tenho essa sensação. – Diz Lenna com uma expressão de curiosidade em sua face tentando se lembrar de onde poderio conhecê-lo, porém foram interrompidos pela voz da apresentadora do evento fazendo com que se desvencilhassem um do outro.

“Senhoras e senhores, agradecemos a presença de todos neste maravilhoso evento. Chegou o tão esperado momento da apresentação deste grande projeto desenvolvido pelas indústrias Lexcorp. Mas antes de mais nada queremos agradecer ao senhor Queen, nosso querido anfitrião por este maravilhoso evento.”

Oliver foi aplaudido fazendo um sinal de agradecimento com a mão sorrindo satisfeito.

“E agora sem mais delongas, o criador e diretor deste projeto, o senhor Lex Luthor.”

Eis que surge um homem escalvado de cabelo, estatura mediana trajando paletó e gravata. A entrada de Lex foi aplaudida com louvor.

— Obrigado, muito obrigado. Estamos reunidos aqui hoje... Brincadeira, só para quebrar o gelo. – Lex fez um sinal de brincadeira com a mão. – Sabemos que muitas mortes são causadas pelas doenças terminais e que nenhuma delas há cura até os tempos atuais. Mas hoje meus caros, essa situação irá mudar. Graças a este inovador projeto com parceria da área biológica do governo nós iremos mudar o destino de milhares de pessoas. – Alega Lex convicto em seu discurso. – Tudo isso graças também a um grande colaborador deste projeto, o senhor Dominic Lynch. – Lex conclui fazendo um movimento de mão saudando a entrada de Dominic.

Logo surge um homem de olhos azuis, com uma larga testa, cabelos morenos e sinais de calvície nas entradas da cabeça acenando com a mão agradecendo o aplauso de todos, todos menos Lenna que demonstrava uma expressão de espanto em seu semblante. Ela não podia crer em seus olhos, foi então que começou a mergulhar profundamente nas lembranças terríveis com aquele homem em seu subconsciente se aproximando mais sem perceber.

Quando voltou a si se deu conta que teria que sair rapidamente daquele lugar antes que Dominic notasse sua presença. Deu meia volta pedindo passagem para a multidão de pessoas, passando apressada por Oliver sem notar sua presença.

O louro a fitou com o semblante preocupado, pois percebeu que algo estava errado com a morena. Decidiu ir atrás dela para verificar se estava tudo bem, mas ao chegar na entrada do museu a moça havia desaparecido.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.