Andei em direção a casa, estava a escurecer, pois tivera saído tarde da escola. Estava ansiosa pela hora de jantar, Black me convidara para ir comer na casa dele… só tinha de arranjar uma desculpa para Misty e N. Quando cheguei a casa e fui recebida por Misty que estava muito animada.

– White! Você nem sabe! Sua mãe vem visita-la hoje! – Ela abraçou-me de felicidade.

– M-minha mãe? – Perguntei um pouco nervosa, lá se iam os meus planos.

– Sim! E seu pai e sus irmãos também! Dizem que têm uma notícia muito boa para você!

– Notícia boa? – Agora eu estava curiosa.

– Não me disseram qual é, mas pediram para você e N ficarem em casa hoje.

– Mas eu tinha combinado ir jantar a casa da Yellow, Leaf também lá está. – Menti, ela não podia saber que ia ter com Black.

– Telefone a adiar. – Sugeriu.

– Mas eu queria mesmo ir… - Olhei o chão, sabia que ela havia de ter uma ideia, como tem sempre.

– Então fazemos assim, você liga para suas amigas e pede para virem cá jantar. – Não era bem o que eu queria, mas sempre é melhor que encarar meus pais sozinha.

– Acha que a mãe e o pai não se importam? – Perguntei, eles têm preconceitos com algumas pessoas.

– Claro que não! Os pais delas são sócios de seus pais. Para além disso elas são garotas adoráveis, só N não o acha muito. – Ela sorriu.

– Então está bom! Vou ligar-lhes agora! – Disse-lhe enquanto fui a correr para o meu quarto.

Chegada ao meu quarto fechei a porta, suspirei e sentei-me no chão.

– “Porque eles tinham de vir logo hoje…” – Pensei.

Logo no dia em que ia estar com Black… agora não havia nada a fazer, decidi ligar a Leaf e Yellow para as convidar para irem jantar lá a casa antes de falar com Black.

– Oi, oi, oi, Whitinha! Que quer? – Yellow atendeu animada.

– Oi, Yellow. A Leaf sempre foi ai dormir com você? – Perguntei, elas combinaram dormir na casa uma da outra para se prepararem para a excursão do dia seguinte.

– Tipo, é claro que sim! Quer falar com ela? – Perguntou.

– Podia por em altifalante? – Pedi.

– Claro, deixe só chamar a Leaf. – Depois ouvi-a gritar. – LEAF! SUA ATRASADA SAIA LOGO DO BANHO! WHITE QUER FALAR COM A GENTE!

– Calma, tenho de acabar de secar o cabelo, ok? – Ouvi Leaf responder ao longe. – Que quer, White?

– Bem, meninas, eu disse para Misty que ia jantar hoje jantar com vocês… - Comecei.

– Porque fez isso? – Leaf perguntou curiosa.

– Bem… assuntos… - Corei, elas não sabiam que eu estava “andando” com Black.

– Oh, há garoto ai! – Yellow provocou. – White, somos amigas, conta logo para nós.

– Não é nada! Eu só ia ter com um amigo – Menti. – Meus pais não gostam dele então eu menti.

– Isso não explica porque disse o que disse, que eu saiba seus pais nem estão em casa. – Yellow contrapôs.

– Bem, foi por isso… meus pais vêm cá esta noite e… queria saber se vocês vêm cá comer… foi Misty que pediu. – Tentei explicar.

– Vamos nessa! Vamos só pedir para a mãe da Yellow nos levar ai. Estamos ai num instantinho! – Leaf respondeu.

– Então até loguinho, fofa! – Yellow desligou na hora.

– “Bem… só falta ligar para Black…” – Pensei sozinha.

Optei por usar o Skype, isto não era aquele tipo de coisas que se digam pelo celular… para além disso, queria ver a sua face, aquela face sorridente que infelizmente eu iria por triste. Aquilo chamou, chamou, até que finalmente ele atendeu.

– Boa noite, princesa! – Ele cumprimentou ao atender.

– Oi, Black. – Respondi forçando um sorriso.

– Ligou para quê? – Ele perguntou curioso.

– É… sobre logo à noite… - Comecei.

– Oh, sim! Meus pais estão ansiosos por te conhecer! Querem saber se você é diferente de seus pais. – Ele sorriu, tive pena de ter de dizer que não ia. – Estou ansioso por podermos estar juntos.

– Sobre isso… - Porquê ele tinha de dizer aquilo? Agora ainda era mais difícil de falar…

– Que se passa? – Agora ele tinha percebido que eu estava com um rosto triste.

– É que… Meus pais voltaram. – Aquela frase explicara tudo.

– Hum… - Eles desanimou. – Não vai poder vir, né?

– Desculpa, você sabe que eu queria muito ir… - Desculpei-me com lágrimas a surgir em meu rosto.

– EI, não chore. Haverá outras oportunidades. – Ele tentou consolar-me.

– Mas, Black, eles estarão sempre lá, meus pais nunca aceitarão isto! – Encarei a realidade desfazendo-me completamente em lágrimas.

– White… não chore… a sério, eu sinto que não posso fazer nada por você assim, chorando na minha frente sem sequer te poder tocar. – Ele pedia.

– Desculpe, eu não consigo evitar. – Tentei secar as lágrimas.

– Não se importe com seus pais, se um dia isto virar algo sério nós falaremos com eles, caso eles não aceitarem o problema é deles. – Ele sorriu, eu retribui-o. – Até amanhã, amor, lembre-se que vai comigo na excursão!

– Não esqueço. Adeus. – Acenei.

– Xau! – Acenou também enquanto eu desligava.

Outra vez só, ouvi suas palavras em minha cabeça. “Não se importe com seus pais, se um dia isto virar algo sério nós falaremos com eles…

– Se um dia… - Repeti a fala dele em voz alta. - É verdade, nós não temos nada sério…

Aquelas palavras doeram, as lágrimas voltaram à minha cara, ele continuava a não querer namorar comigo, continuava a querer apenas uma amizade colorida… aquilo era desanimador…

– White, suas amigas chegaram! – Misty gritou do andar de baixo.

– Estou indo! – Gritei enquanto levantava, secava as lágrimas e punha um sorriso na cara.

Desci as escadas e lá estavam elas, Leaf e Yellow estavam na sala a infernizar o meu irmão que jogava videogames, decidi ficar um pouco à escuta antes de entrar.

– N, querido, não o via há tanto tempo! – Leaf abraçava meu irmão.

– Nzinho! Continuas um gato! Não me queres dar um beijinho? – Yellow provocava.

– Yellow, está comprometida, não lembra? – Leaf lembrara a amiga, ela estava com ciúmes. – O que Red diria se a visse assim?

– Não fique com ciúmes, você também está! Já se esqueceu que namora Green? – Yellow respondeu.

– Me esqueci! – Achei estranho ela ter esquecido aquele assunto.

– Sério, Leaf? – Ela pôs-se na frente de N. – Então, não vai cumprimentar sua amiga?

– White, sai-a logo dai, suas amigas não me deixam jogar videogame em paz! – N sabia que eu estava ali.

– White, você estava ai? Nós não nos estávamos fazendo ao seu irmão se é isso que pensa! – Leaf apresentava-se atrapalhada.

– Pois, estávamos só simpatizando. – Yellow tentou disfarçar também.

– Importa-se de sair de frente da TV? Eu quero jogar! – N estava a ficar impaciente.

– Desculpe! – Yellow saíra da frente de N.

– Finalmente! – N estava agradecido.

– Meninos, seus irmãos chegaram. – Misty entrara na sala.

– Oi, manos! – Bianca entrara na sala junto a Cheren.

– Oi, Bianca! – Abracei-a ao vê-la, depois abracei Cheren. – Tive saudades.

– Nós também. – Cheren sorriu. – Mas quem são essas?

– Oi, bonitão! Eu sou Yellow e esta aqui é a Leaf. Somos amigas da White. – Yellow estava-se a fazer ao meu outro irmão, ela nunca aprende.

– Oh, eu sou Cheren, irmão da White e esta é Bianca. – Ele apresentou.

– Boa noite, meus jovens. – Meu pai entrara pela sala.

– Boa noite, pai. – Nós, os quatro irmãos, respondemos em coro.

– Parece que estão animados. Boa noite, menina Leaf e menina Yellow. – Meu pai cumprimentou-as.

– Boa noite, senhor. – Elas responderam.

– White, sua mãe quer apresentar uma pessoa para você na cozinha. Vá lá com N por favor. – Meu pai pedira.

– Ok. – Respondi.

Quem seria a pessoa que minha mãe me queria apresentar? Porque teria de ser longe dos outros? E porquê só N? Aquilo era bastante suspeito e eu com os meus simples dezasseis anos não encontrava uma resposta para aquilo. Atravessámos o corredor e fomos ter à cozinha, minha mãe estava sentada numa cadeira com um garoto de cabelos azuis do lado, ele parecera-me familiar.

– Oi, queridos! Por favor, sentem-se. – Ela pediu.

– Porque nos chamou, mãe? – Perguntei enquanto me sentava.

– N não te disse? – Minha mãe parecia surpresa.

– Não queria estragar a surpresa. – N sorriu já sentado.

– Então eu digo. White. – Ela começou. – Você já tem dezasseis anos, né? Já está crescidinha.

– Sim, e dai? – Eu perguntei, estava a achar que a conversa tinha um rumo estranho.

– Você está gostando de algum garoto? – Ela perguntou.

– N-não, mãe! P-porque havia de estar g-gostando?! – Vi-me bastante atrapalhada naquele momento.

– Que bom! É que, eu e seu pai estamos escolhendo um noivo para você! – Minha mãe bateu palminhas de alegria.

– N-noivo?! Mãe, eu tenho dezasseis anos! Para além disso, estamos no século vinte e um! Já ninguém arranja casamentos! – Eu reclamei.

– Filha, isto é para seu bem. Olhe para seus irmãos. Já todos têm mais de vinte anos e nenhum deles é casado! N, que é o mais velho ainda não saiu de casa! – Ela parecia convicta nas palavras.

– Ei, eu só não sai de casa porque não quis! Eu já trabalho, sabem? – N parecia ofendido.

– Ai sim, então onde é esse tão famoso trabalho que nunca soubemos qual é? – Eu ainda estava um pouco brava com o que minha mãe dissera.

– É segredo! – N respondera rudemente, mas sem perder sua firmeza.

– Não discutam, crianças! – Pediu a senhora sem paciência. – White, nós queremos que escolha uma de nossas escolhas.

– Mas eu não quero casar já! – Insisti.

– Não é para já, só queremos que escolha já. – Ela pode ter dito isso, mas para mim era a mesma coisa.

– Quem são? – Perguntei vencida.

– Um deles é aqui o filho de um dos parceiros de negócios de seu pai; o Hugh. Já se conhecem não é?

– Sim, andamos na mesma classe. – Respondi indiferente.

– Quero que saiba que estou muito feliz por ser o escolhido. – Ele sorriu para mim.

– Hum… - Não estava nem um pouco interessada nele.

– Não seja mal-educada! – Indignou-se minha mãe com a minha resposta. – A nossa outra escolha, é seu irmão N.

– O QUÊ?! – Eu ficara muito chocada com aquilo.

Meu irmão? Imaginem o que é vossos pais pedirem para casar com seu irmão mais velho. Eu não queria. Achava isso nojento e nada normal. Mas minha mãe parecia tão entusiasmada com aquilo, N também compartilhara esse entusiasmo.

– Mas, mãe… N é meu irmão…

– E então? Não tem mal nenhum! Vocês se adoram, não é? Você sempre se deu muito bem com ele, achamos que ia gostar da ideia. – Espantei-me com o espanto da minha mãe ao me ver espantada com a sua proposta (fogo, tanto espanto).

– Então e se, eu disse se, eu gostasse de algum garoto que não fossem eles. – Propus.

– Depende, linda. Pode dar um exemplo? – Ela perguntou sorridente.

– Hum, sei lá… o Black? – Preparei-me para a explosão.

A senhora perdeu o sorriso, colocou um olhar sério, quase de zangada, depois começou o sermão.

– Filha, você não pode andar com esse garoto. Ele é filho de nossos rivais! Ele deve ser tão má pessoa como eles! Nunca, mas nunca se aproxime dele com esses fins! Eu até acho um erro vocês andarem na mesma escola e, provavelmente, serem amigos!

– A mãe não sabe, se calhar até é boa pessoa. – Fingi que não o conhecia.

– Não a quero perto dele! – Afincou. – De qualquer jeito, não. Não pode escolher nenhum garoto para além de Hugh e N. Leve o tempo que precisar para decidir, só não decida depois dos vinte anos.

– Sim, mãe. – Respondi tristemente.

Baixei a cabeça e andei na direção da sala, N e Hugh seguiam-me, nesse momento eu só pensava numa coisa:

“Como vou contar isto ao Black?”