Proibido Amar
Epílogo.
19 anos depois...
— Como se sente sabendo que nossos filhos logo estarão em Hogwarts? — perguntou Marlene, lambendo a colher de madeira.
— Lene! — reclamou Lily, tirando a colher das mãos da amiga — Você não precisa me lembrar disso, sabe.
— É uma verdade! Não falar sobre isso não fará com que as coisas fiquem mais fáceis de suportar — declarou Marlene — Que nem as minhas rugas... Encher a minha cara de base não vai esconder o fato de que elas existem.
— Você vai parar de usar maquiagem? — perguntou Lily, mexendo a panela com a colher.
— Não! — a castanha franziu o cenho — Que ideia mais idiota!
— Ainda bem, você parecia uma hippie falando. “Não usar coisas que não sejam de origem vegetal” — debochou a ruiva.
— Batom é feito com escamas de peixe, okay? — ela retrucou, afastando os cotovelos do balcão da cozinha.
O passar dos anos não fez com que a amizade delas acabasse. E o fato de cada uma ter a sua casa não importava, já que sempre apareciam na casa de umas das outras, como se morassem ali.
— Isso explica o porquê de os lábios não ficarem tão ressecados! — disse Tonks, entrando na cozinha carregando sacolas de papel.
— Já tentou esfregar um peixe na sua boca? — Marlene apontou um garfo na direção da garota de cabelos castanhos com mechas verdes — Então pronto!
Quando ela virou de costas, Tonks fez uma careta para Lily, que tentou segurar o riso.
— Já tentou deixar o seu cabelo completamente da cor natural? — sugeriu Lily, voltando-se para a receita.
— A única vez que fiz isso foi no meu casamento — respondeu Tonks — Eu não consigo. Não me sinto eu!
— Agradeçamos por ter passado do cabelo todo para mechas — disse Marlene.
— Eu não sou sem noção — Tonks retrucou — Não fica bem uma mãe com um cabelo todo pintado de cores chamativas.
— Amiga, por que vocês demoraram tanto?
Lily olhou torto para Marlene, que engoliu em seco, sem entender o motivo de tanta revolta.
— Eu tinha medo... — Tonks deu de ombros — Quando se vive sem pais por tanto tempo, você fica na dúvida se cometerá os mesmos erros.
— Estaríamos aqui para vocês! — disse Lily, sorrindo levemente.
— Eu sei — ela devolveu o sorriso.
A porta abriu-se novamente, e Lily começou a resmungar mentalmente. A cozinha não era tão grande para suportar tanta gente, e ela precisava terminar de preparar o almoço.
— Mãe, cadê o pai? — Harry perguntou da sala.
— Deve estar no escritório, filho — Lily respondeu, virando-se para as amigas — Meninas, por favor...
— Já entendi! — Tonks saiu rapidamente da cozinha.
— Daqui eu não saio — Marlene ajeitou-se no banco, fazendo a ruiva bufar.
— Noção: a gente se vê por aqui — ela resmungou — Pelo menos ajuda, ser.
— Mãe! — uma voz feminina gritou, sem cerimônias.
— Aqui! — Marlene gritou, de volta.
Lily tentou segurar o riso, enquanto passava a comida da panela para o prato.
— Oi, madrinha! — a morena beijou a bochecha de Lily.
— Sarah, cadê a minha filha? — perguntou Lily, ainda concentrada no processo.
— Não pode largar por um segundo, coitada da garota! — disse Marlene, puxando a filha para perto de si.
— Eu estou largando-o cinco horas por dia. Eu quero a minha filha! — disse Lily, lentamente.
— Está com... Uma pessoa — Sarah deu um sorriso maroto.
Lily largou a colher em cima do prato, virando-se rapidamente para ela.
— Desembuche! — ordenou, com a mão na cintura.
— Desembuchar o quê? — James entrou na cozinha.
— Nada, meu amor! — Lily sorriu amarelo, indo cumprimentar o marido.
— Que absurdo! — disse Marlene, tampando os olhos da filha, que gargalhava.
— Eu gostaria de entender a mente McKinnon — disse James, apoiando-se na parede — Quando beijam, tá tudo ótimo, mas não podem ver.
— Lógico! É melhor fazer! — disse Sarah.
Marlene começou a gargalhar, inclinando-se perigosamente para trás.
— Você vai cair! — avisou Lily.
— Deixe só Sirius escutar isso — disse James.
— Chega, vocês três! — Lily puxou as duas pela mão, e empurrou a todos para fora da cozinha — Depois reclamam que eu demoro para fazer o almoço.
— Gente, que absurdo! Todo mundo querendo saber da Amber, ninguém lembra do Harry — comentou Sarah.
— O Harry está em casa, Amber não — retrucou Lily, correndo a porta para impedir a passagem.
— Como assim Amber não está em casa? — perguntou James, desconfiado.
— Acho que ela ficou conversando com Ginny — disse Sarah, rapidamente.
— Ah! — ele relaxou — Eu tenho que ir para o escritório. Se Sirius vier...
— Eu sei! — interrompeu Marlene — Pode deixar!
O homem afastou-se, seguindo para a porta do fim do corredor.
— Sarah Susan Black, que história é essa de “Ginny”? — Marlene virou a filha, rapidamente.
— Ginny Weasley, ruiva, namorada do Harry, nossa melhor amiga — disse Sarah, com uma expressão angelical — Futura possível cunhada...
— Você não me engana! — ela apertou os olhos — Quem está com a Amber?
Sarah olhou ao redor, e sussurrou:
— Oliver Wood.
— Mas eles estão namorando? — ela franziu o cenho.
— Não! Quero dizer... Eu acho que eles tem química, mas negam, então... — ela deu de ombros.
— Tem razão, melhor que James não saiba — Marlene concluiu.
O almoço na casa dos Potter só não era mais cheio do que um almoço na casa dos Weasley. A sala de estar era bem espaçosa para abrigar a todos, as conversas confundiam-se, e todos sabiam de tudo em apenas um dia ali.
— Mãe, vou fazer trabalho do colégio! — Amber passou pela sala, rapidamente, na esperança de que seus pais não notassem a Oliver.
— Bom trabalho! — foi o que Lily disse, os olhos fixos em um livro.
— Ei! Ei! Ei! — James entrou, flagrando a cena — Espere aí, mocinha! Venha aqui agora!
Ela olhou para a mãe, esperando que ela dissesse algo.
— Quer alguma coisa, querido? — Lily perguntou a Oliver, sorrindo com pena.
Amber bufou, seguindo o pai para o escritório, de onde ele veio.
— O que foi? — ela perguntou, vendo como o pai sentava-se em sua cadeira, tentando imitar a cena de “The Godfather”.
— Sente-se! — ele disse, de cara amarrada.
— Estou bem assim — a ruiva colocou-se atrás da cadeira, apoiando seus cotovelos no encosto — Diga.
— Quem é esse garoto? — James perguntou.
— Ah! Fala sério! — ela reclamou, afastando-se — Oliver é o meu amigo. A gente veio fazer um trabalho de colégio.
— Não existe amizade entre homem e mulher — ele resmungou.
— Quem disse isso? — Amber levantou uma sobrancelha.
— A sua mãe e a sua madrinha fizeram uma aposta há algum tempo... — James começou a dizer.
— Tá, mas ela continua sendo amiga do tio Remus — ela disse, sem se abalar.
— Porque ele é o meu melhor amigo — seu pai disse, seguro disso — Se forem fazer trabalho, não quero vocês no seu quarto. E, se estiverem lá, com o Harry junto.
— Você não reclama quando ele fica no quarto com a Hermione — ela retrucou.
— Os dois namoram, e não entre si — disse James.
— Pois... — ela mudou a postura, ficando mais relaxada — Eu não acho que teria problema em tê-lo no meu quarto.
— Amber! — exclamou James, indignado.
— Ele namora também — disse Amber, cruzando os braços.
— É diferente! — ele suspirou, já cansado da conversa.
— Diferente por quê? — a filha insistiu.
— Harry nunca sacanearia o melhor amigo dele — James revirou os olhos — E digo o mesmo para a Hermione.
— Realmente, é diferente! — ela tentou manter-se séria — Já que Harry namora uma garota.
Ele engasgou, olhando de olhos arregalados para a filha, que teve que usar de todo o seu autocontrole para não cair na gargalhada. Era um daqueles momentos em que ela resolvia aprontar com o pai, e ele nunca via a zoeira chegando.
— Ele...? — James perguntou, confuso.
Ela concordou com a cabeça.
— Esse garoto não é o capitão do time do Harry? — ele perguntou, ainda desconfiado — Harry me disse que ele estava com uma tal de Katie.
— Até parece — ela riu com gosto, ignorando o incômodo que sentiu quando ouviu o nome “Katie” — Ele é completamente incapaz de se sentir atraído por uma garota.
O evidente incômodo na expressão de James fez com que Amber ganhasse o dia dela. Ser uma filha de um pai super protetor era sofrido.
— Façam um bom trabalho! — ele disse, limpando a garganta — Eu preciso... Terminar uns relatórios aqui...
— Claro! Até mais, paizinho — ela sorriu, saindo do escritório.
Ela viu sua mãe conversando com Oliver na sala, ele parecia um pouco incomodado.
— Vamos? — ela chamou a atenção deles.
— Seu pai deixou? — perguntou Lily, incrédula.
— Consegui convencê-lo — ela respondeu, sem dar detalhes — Vamos, Oliver!
Lily observou enquanto eles subiam as escadas.
— Essa menina... — ela negou com a cabeça.
Foi para a cozinha, arrumar toda a louça, quando escutou o grito, que foi escutado por toda a casa:
— Você o quê?
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