Proibido Amar
Capítulo 27
— Amiga... — começou Marlene, olhando fixamente para Alice.
No momento em que Frank empurrou a garota, começando a discutir com ela, Alice virou-se para Marlene.
— O que é dela está guardado — murmurou Marlene, irritada com o que a garota fez.
— Isso não importa agora. De qualquer forma, não temos relacionamento algum! — disse Alice, incomodada — Preciso de um favor seu. Tem como me conseguir algum sonífero?
— Eu sei um coquetel de bebidas que derruba qualquer um — respondeu Marlene — Por quê? O que você vai fazer?
— Uma festa é o momento perfeito para pôr o meu plano em prática — disse Alice, dando de ombros.
— Você não vai continuar com essa história de... — ela negou com a cabeça, incrédula — Você vai acabar com a sua vida! Nenhum garoto decente vai querer namorar com uma garota que, supostamente, já passou das preliminares.
— Você está com Sirius! — Alice retrucou.
— Nos divertindo, não em um relacionamento sério — disse Marlene, cansada de repetir a mesma coisa.
— Não importa! — ela interrompeu — Vai ajudar-me ou não? Eu posso fazer o coquetel, e acabar matando alguém!
— Mas quem? — perguntou Marlene, incrédula.
— Algum banana por aí? — perguntou Alice, olhando ao redor.
— Não! — ela exclamou, de olhos arregalados — Sem chance!
Não era difícil de descobrir de quem ela estava falando: o brinquedinho favorito dos sangues puros, primos de Sirius, Peter Pettigrew.
— Sério que você quer dar essa fama a ele? — sussurrou Marlene, puxando-a pelo braço — Faça-me o favor! Vá com Edgar! Ele faz economia com Six e Jimmy, é irmão da Amelia, ela faz curso de direito comigo. Ele não será um idiota.
— Ele parece bem bêbado — observou Alice, prestando atenção no garoto — Perfeito! Não se lembrará de nada amanhã...
— Eu deveria ser a primeira a apoiá-la nessa situação, mas... — ela começou.
— Então, me apoie — disse Alice, olhando para ela — Por favor, Lene!
— Isso é ridículo! Você tinha medo de trote, e olhe só! Foi só uma jogada na piscina! É só você não dar papo para esses garotos — disse Marlene.
— Lene, olhe para o Malfoy — ela rosnou.
A garota obedeceu, fazendo o garoto desviar o olhar.
— Estava olhando para mim — ela deu de ombros, voltando a observá-la.
— Eu não disse nada sobre o seu plano com a Lily — disse Alice.
— É diferente! Estou tentando junta-la com o James! Você está tentando afastar ao único cara decente que vai encontrar na sua vida! — retrucou Marlene.
— Sentimento não define a atração — ela disse.
— O quê? — perguntou, confusa.
— Não importa! Vai me ajudar, ou não? — exclamou.
— Vou! Que droga! Eu vou! — respondeu Marlene, segurando-se para não gritar.
Ela deu dois passos para trás, encostando na parede, e respirando fundo.
— Ótimo — disse Alice, depois de um tempo em silêncio.
— Como planeja fazer isso? — perguntou Marlene, rapidamente.
— Eu... — “não sei” completou mentalmente — Bem, eu estava pensando em agarrá-lo, irmos para o quarto, e então eu o faria beber. Quando ele acordasse, estaríamos como se tivéssemos, realmente, feito.
— Você tem certeza? — perguntou, temerosa.
— Tenho! Você é corajosa ou não?
Essa frase feriu o orgulho de Marlene, o que Alice precisava para que pudesse começar o seu plano.
***
Alice abriu os olhos, fechando-os logo em seguida pela claridade do quarto.
— Da próxima vez que for criar um plano, não beba para criar coragem — ela ouviu Marlene sussurrar.
Erguendo-se, ela viu a amiga sentada na cadeira ao lado da cama. Estava em casa.
— Mas o que... — ela colocou a mão na testa, confusa.
— Seu plano deu certo. Parabéns, senhorita “não mais virgem” — Marlene revirou os olhos, entregando um copo de água com aspirina para ela — Tome! Temos aula hoje...
Alice resmungou, tomando a água e o comprimido.
Levantando-se, ela percebeu que continuava com a roupa da festa, exceto as sapatilhas, que estavam no pé da cama.
— Bertha viu, todo mundo já está sabendo — dizia Lily para Marlene.
— Não é para menos que ela cursa jornalismo — Marlene revirou os olhos, tomando um líquido roxo — Fofoqueira assim...
— Bebendo vinho a essa hora? — perguntou Alice, sentando-se ao seu lado.
— Uma taça de vinho por dia é ótimo para a saúde! — disse Marlene, segurando a taça de um jeito que fazia luzir o seu lado elegante, digno de uma sangue pura — Agora, é melhor nos apressarmos!
— Acho que os garotos não vão hoje, não! — comentou Alice.
— Ah! Vão sim! Remus leva todo mundo na coleira — retrucou Marlene.
— Vamos logo — Lily cortou a conversa, levantando-se, mau humorada.
— Por que ela está assim? — Alice murmurou a Marlene, confusa.
— Ela teve uma briguinha com James ontem — ela deu de ombros.
Então, Alice lembrou-se da cara que ela estava, quando Frank lhe disse sobre o fato dele saber sobre o trote.
— Ela mal fala com ele, e quer que ele a previna! — disse Alice, dando uma risada incrédula — Ela não bate bem da cabeça.
— Era capaz dela pensar que era uma brincadeira dele, não levar a sério — concordou Marlene.
Elas terminaram de comer o café da manhã, apressadamente, e seguiram a amiga para o colégio, sem esbarrar com os garotos.
— Talvez já tenham ido! — disse Marlene, dando de ombros.
— Ou vão se atrasar — disse Alice.
— Ou vão faltar. Tomara que Deus me ouça! — Lily manifestou-se.
— Por pouco você não pula no James. Realmente, se ele faltar é porque você deu um soco nele, e eu não vi — retrucou Marlene.
— Vocês sumiram na festa — comentou Lily, curiosa.
— Sim... Alice me arrastou para fazer você sabe o que — disse Marlene, revirando os olhos.
Assim que chegaram, cumprimentaram ao porteiro Quirrell, que parecia mais nervoso do que nunca.
— O que será que houve com ele? — perguntou Lily, estranhando.
— Quem se importa... — murmurou Marlene — Meninas, preciso resolver um lance! Vejo vocês na hora do almoço!
Quando Alice separou-se, também, de Lily, viu como Marlene conversava com uma garota loira, que sorria maliciosamente. Pôde jurar que ela tinha dado dinheiro à garota.
— Lice! — um grito masculino a fez se distrair, no momento em que a loira abria um livro, dado por Marlene.
Apesar de saber que Frank tinha sido pego de surpresa pelo beijo de Emmeline, ela não estava muito a fim de conversar. Ter visto aquela cena só deixava claro o que ela nunca poderia ter, mas não voltaria atrás em seu plano. Bertha já tinha feito o seu trabalho, involuntariamente.
— Eu preciso ir para a aula! — ela esquivou-se dele, sem lhe olhar.
Ele não insistiu, dando-a chance de ir para a sala de aula, onde a professora Trelawney já lhes esperava, tão louca como sempre.
— Eu gosto dessa professora! — Pandora comentou, distraída.
“Eu não” pensou Alice, mas sorriu em resposta.
— Eu tive uma ótima ideia para que possam comunicar-se, para o trabalho que a professora McGonagall pediu-me para lhes passar! — disse a professora, em um momento da hilariante aula — Vocês podem criar um perfil no Orkut, para se comunicar.
Foi quase impossível para Alice conter o riso. Outros gargalhavam abertamente, deixando a professora confusa.
— Disse algo de errado? — perguntou, ajeitando os seus enormes óculos.
— O Orkut deixou de existir há uns dois anos! — disse uma colega de Alice, rindo.
— E saiu da moda há uns cinco! — debochou outro, fazendo a turma voltar a rir.
— Ah! Certo... — disse Trelawney, visivelmente constrangida — Eu não acho que a tecnologia faça bem para as minhas energias...
— Ela é uma natureba! Mora no meio do mato, sem qualquer contato com a vida... — Héstia murmurou para Alice.
— Bem, boa sorte para ela — retrucou Alice, sorrindo divertida.
— Se falarmos “WhatsApp”¹, ela vai pensar que estamos cumprimentando-a — disse Dedalus, ao lado de Héstia.
Depois da gafe da professora, o resto da aula passou-se entre piadas sussurradas, e risos discretos, o que aliviou os efeitos da ressaca de Alice, e fez com que o tempo passasse mais rápido.
Na hora do almoço, ela pensou que tudo voltaria, ao dividir o mesmo ambiente com Frank, mas outro fato distraiu-a dos acontecimentos do dia anterior.
Quando chegou, todos estavam com um jornal em mãos, fofocando e rindo. Os sangues puros eram os principais a sorrirem, o que só fez com que ela tivesse certeza de que nada de bom poderia sair daquelas folhas.
— O que aconteceu? — perguntou, sentando-se ao lado de Marlene.
— Aqui para vocês — a loira, com quem Marlene conversou durante a manhã, apareceu, dando um exemplar para elas — Aproveitem!
Alice não pôde deixar de notar que ela deu uma piscadela discreta e cúmplice para Marlene, o que a fez se lembrar do dinheiro.
“Aí tem coisa” pensou, desconfiada.
— Lily! Estão falando de você! — disse Marlene, tranquilamente, tomando um gole de café.
— O quê? — a ruiva arregalou os olhos, pegando o jornal das mãos da amiga.
“O lado oculto de James Potter” por Rita Skeeter.
Quem pensa que conhece ao jovem James C. Potter, sangue puro, estudante de administração, é melhor rever os seus conceitos.
Ontem à noite, durante a festa de boas-vindas, na casa de Emmeline Vance, James Potter gritou para quem quisesse ouvir o que pensava sobre a sangue ruim Lily M. Evans, estudante de medicina.
Efeito da bebida?
Talvez, mas a questão é que podemos ter nos enganado sobre a visão de defensor da igualdade dos alunos, como ele sempre demonstrou ser. O melhor é que mantenhamos um olho em seu amigo, Sirius Black, também.
Veja na página 3 o que testemunhas disseram sobre o acontecimento.
Lily largou o jornal em cima da mesa, muda, deixando que Alice visse o início de outra reportagem.
“Os segredos obscuros de Emmeline Vance” por Rita Skeeter.
Saiba tudo sobre a estudante de moda!
— Lily! — chamou Marlene, assim que a ruiva levantou-se, saindo, sob o olhar dos outros estudantes.
Alice olhou ao redor, verificando que ninguém as observava, antes de inclinar-se na direção da amiga.
— Por que você fez isso, Lene? — ela sussurrou.
— Não sei do que está falando! — respondeu a garota, comendo o seu almoço, tranquilamente.
— Eu vi você conversando com Rita, hoje de manhã — retrucou — Deu dinheiro e um livro para ela, o diário da Vance.
Alguém esbarrou bruscamente na cadeira de Alice.
— Isso não vai ficar assim, McKinnon! Pode ter certeza de que não vai! — rosnou Emmeline, irritada, antes de sair do refeitório.
— Quer uma versão em braille para a sua amiga? — Rita gritou, fazendo as pessoas rirem.
— Eu não acredito que você... — Alice voltou a reclamar com a amiga, que ignorava-a.
Ela calou-se, vendo que Marlene olhava fixamente para James, que saía do refeitório também.
— Aprenda comigo — por fim, a garota virou-se, piscando para ela.
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