Proibido Amar
Capítulo 13
— Prontinho! — Doralice desligou a máquina, abrindo a tampa.
— Magia! — disse Marlene, boquiaberta.
Doralice gargalhou, assim que viu a cara da filha e suas amigas.
— Bem, pelo menos, vocês não tentaram sozinhas! — ela disse, pegando as roupas lá de dentro — Primeiro dia que fui morar com seu pai, e inundei a cozinha de sabão e água.
— Eu já quase coloquei fogo na cozinha — Marlene deu de ombros.
— Qualquer acidente que possa ocorrer, podemos dizer que é a genética — brincou Alice.
— Deus nos livre e guarde! — Doralice disse, fazendo o sinal da cruz — Espero que Lily tenha mais cuidado do que eu. Vocês tem maior acessibilidade do que eu jamais tive! É só procurar algum desses tutoriais na internet, e está tudo resolvido!
— Ouviu, Lily! Você é filha da dona Doralice, está nomeada como nossa cozinheira oficial — disse Marlene, com seriedade.
— Vai sonhando, McKinnon — retrucou Lily — Vamos estabelecer algumas regras por aqui... Chega de trabalhar duro, enquanto você está no sofá, flertando pelo WhatsApp.
— É... Você não mudou nada! — Doralice disse, divertida — Hoje, eu vou facilitar para vocês! Vamos fazer esse almoço... Alice, fique aqui comigo, vou te ensinar uns truques.
— Temos que ir até a caixa postal — lembrou Lily, puxando Marlene pelo braço — É aqui perto! Já voltamos, mãe! Beijo!
E, antes que Marlene pudesse protestar, foi arrastada para fora da cozinha.
— Para quem fica desesperada em perder peso, você é muito preguiçosa, Marlene McKinnon! — disse Lily, quando já estavam no corredor.
— Você sabe como sou bipolar... No colégio, tinham vezes em que eu não estava a fim de suar na Educação Física, mas tinham vezes em que eu estava louca para correr — ela disse, dando de ombros.
— Sim, você é estranha — concordou Lily, abrindo a porta do elevador — Ou vai ver... É o efeito Sirius na sua vida.
— Homens não mexem na minha vida! No máximo, mexem na minha agenda! — ela disse, entrando.
— Claro! Diga o que te ajudar a dormir tranquila durante a noite — debochou Lily, indo atrás dela.
— Durante o dia é que não vai ser! Você quem vai escolher trocar o dia pela noite — disse Marlene, dando de ombros.
— Você é a rainha em mudar de assunto. Deve ter aprendido com Hagrid!
A castanha segurou o braço dela, no mesmo instante.
— Como ele está? — perguntou, ansiosa — Era o melhor daquele colégio!
— Claro! Ele deixava a gente mexer no celular à vontade — retrucou Lily, rindo.
O elevador parou no andar da portaria, e elas caminharam para fora, sem sequer dar “boa tarde” ao porteiro rabugento.
— É pra hoje, filho! — gritou Marlene, segurando a porta da frente.
Ouviram o “click”, e saíram, antes que o homem começasse a reclamar.
— Ele e madame Pince fariam um belo casal — disse Marlene, enquanto elas caminhavam na direção do empório.
— Não! Pobres crianças! — disse Lily, tendo um calafrio.
— Que crianças o quê! — exclamou a outra, horrorizada — Eles nem tem idade para isso.
— Pelo menos assim, a Pince teria melhor humor!
— Aquela ali tenta me meter medo desde o colegial.
— O que fez para a pobre mulher?
— Pobre sou eu...
Lily levantou uma sobrancelha, não convencida.
— Devo ter dados uns pegas por ali — disse Marlene, sem dar importância — Ou levado alguma comida...
— Céus! Você não tem jeito! — exclamou a ruiva, chocada.
— Não entendi o choque! Sou assim desde sempre — ela deu de ombros.
Atravessaram a rua, e chegaram ao empório.
— Isso é tão desnecessário... — murmurou Lily, olhando para a fachada.
— Espere até vir a primeira reunião de condomínio! Minha mãe vai quebrar o pau! — disse Marlene, dando uma risada sinistra.
Ao entrar lá, descobriram que tinham três cartas para elas. Cartas de Hogwarts, com as listas de materiais e irmandades.
— Queria viver naquele apartamento, sem preocupações, pelo resto da minha vida — suspirou Marlene, olhando desgostosa para o envelope, enquanto Lily assinava alguns papéis.
— Pare de reclamar! — disse Lily, puxando-a para saírem dali.
— Pare de me puxar! — retrucou Marlene.
Quando voltaram para o apartamento, o cheiro do almoço dava para se sentir através da porta.
— Eu amo a sua mãe! — disse Marlene, divertida.
Essa foi a última frase dita por ela, pois, quando entraram, voltou para o seu mundo no WhatsApp, digitando coisas que elas não queriam nem imaginar o que seriam.
— Ela não liga para nada! — sussurrou Alice, enquanto elas enchiam os copos com suco.
— Às vezes, eu gostaria de ter essa habilidade. Só às vezes — acrescentou Lily.
— Gostei do apartamento de vocês! — comentou a mãe da ruiva — Bem confortável...
— Sim, é perfeito! — disse Lily, e acrescentou, em voz baixa — E caro...
— Com motivos — defendeu Alice — Vamos! Não se preocupe! Eu e Marlene damos conta, você só ajuda no que puder.
— Obrigada, Lice — ela sorriu, agradecida.
— Escute que Ian está morando aí em cima, não é? — perguntou Doralice a Marlene — Por que não o convida?
— Ah! Não! — murmurou Marlene, erguendo-se no sofá.
— Lene, é só por hoje! Não seja má! — bronqueou, como se fosse a tia dela, realmente.
— Não é isso! Ele tem um companheiro de apartamento! Vai ficar muita gente! — Marlene tentou convencê-la.
— Oras! Convide a ele também! — insistiu — Não se preocupe! Eu vou cuidar de tudo, para que tenham comida por hoje. E, dependendo da lombriga de vocês, amanhã.
— Lombriga da Marlene — Alice defendeu a ela e Lily, abraçando-a de lado.
— Tudo bem! Eu vou chama-lo! — Marlene revirou os olhos, derrotada.
— Tiramos Marlene do apartamento duas vezes no mesmo dia — disse Alice, virando-se para Lily — Isso é um milagre!
— De nada! — brincou Doralice, que escutou o que a menina disse.
— Estranho... Ian mora só com mais um garoto? — perguntou Lily, franzindo o cenho.
— Sim... Sabe como ele é! — disse Alice — Não confia rápido nas pessoas!
— Imagine o estrago que seria aqueles garotos com Ian? — perguntou Lily, esquecendo da presença da mãe, por alguns segundos.
— Que garotos? — perguntou, curiosa como toda mãe.
— Ah! Uns vizinhos! — Lily deu de ombros, dando um gole em seu suco.
— O novo ficante da Marlene, e os amigos dele — Alice foi mais específica.
— Não sei... Acho que as coisas estão ficando sérias — disse Lily, olhando indecisa para a porta.
— Sempre parece que estão — disse Alice — Sabe como ela é! Não consegue manter-se em relacionamento por muito tempo.
— Sempre pensei que ela tinha algum tipo de trauma, mas sua família parece ser perfeita! — comentou Doralice.
— Não dá para entender a cabeça dela... Ela, simplesmente, é assim! Sem motivos — disse Lily.
— Será que o Ian vai tentar dar em cima de você de novo? — provocou Alice.
— Ele quem tente! — disse Lily, passando o dedo no cabo de uma faca.
— Você me dá medo! — disse Alice, olhando para a faca.
A porta abriu-se, e Marlene entrou, “calma” como sempre.
— Ele não vai se incomodar. Se aquieta, Longbottom! — disse, como se tivesse repetido aquilo diversas vezes.
Alice revirou os olhos, sorrindo, e foi até a sala, com Lily, para receber os convidados.
— Essas são Alice e Lily, a mãe da Lily quem resolveu lhes convidar — apresentou Marlene.
— Olhe só quem voltou! — Ian sorriu, sedutoramente.
— Nem tente! — alertou Marlene, antes que Lily pudesse abrir a boca.
Ele levantou os braços, como que se rendendo.
Lily virou-se, para dizer algo a Alice, e percebeu-a abobada, olhando para o amigo de Ian.
“Ih! Alguém gamou!” pensou, virando-se novamente para Marlene, sorrindo com cumplicidade.
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