Estávamos entrando na cabine do pégasos às dez para meia noite. Sério. Saímos do barco, abandonamos o barco às dez para meia noite. Perguntei porque a gente não ia de barco, e eles disseram que não era necessário. Ótima resposta, agora tudo ficou muito claro.

Percebi que ele estava afundando quando estávamos subindo com o pégasos. Mas não estava afundando por conta própria, tinha alguma coisa o puxando para dentro do mar. Vi grandes tentáculos sobre uma das laterais do barco, e outras em cima, esmagando-o. Olhei com mais atenção e percebi que era uma lula - ou polvo, pra mim é tudo a mesma coisa – gigante.

Olhei para Luke, que estava do meu lado, ele olhava para Eric que olhava para Max que olhava para lula barra polvo.

-Luke, o que exatamente é aquilo? – perguntei.

-É uma lula. Gigante – ele falou apertando os olhos para ver melhor. – Esqueci meu Ipod lá... Que droga!

Agora todos estavam olhando para lula. Ela estava esmagando cada pedaço que existia do barco.

Passaram-se horas e horas voando de pégaso. Sai uma vez do compartimento onde fica as camas, e vi que estávamos sobrevoando uma cidade. Não meu pergunte qual é, porque eu não sei. Voltei para o compartimento e Max estava vendo novamente aquele mapa.

Fui para mais perto sem que ele percebesse. Estava olhando por sobre seu ombro. Creio que ele não meu viu.

O mapa era outro dessa vez. Ele parecia algo subterrâneo, uma planta subterrânea. Quanto mais ele olhava para o mapa, mais indignado ele ficava. Tinha traços de lápis apagados no meio e tinha um pontinho se mexendo, um não, dois. Um ficava de um lado, e o outro do outro lado. Max se alternava com o lápis entre os dois pontos.

Ele riscou um ponto que estava saindo. Na mesma hora meu pé começou a formigar, e uma faca parecia que estava perfurando minha barriga. Novamente, tudo se apagou e eu cai no chão.

Estava dentro de um túnel, e tinha um homem do meu lado, o mesmo da figura da Olin. Ele estava correndo o mais rápido que conseguia, e eu tentava correr também, sem muito sucesso. Gritei para que ele parasse. Ele olhou para trás e parou. Corri até ele.

-Quem é você? – perguntei. Ele me estudou por um tempo. Seus olhos vermelhos de cansaço e cabelos cheios de areia me lembravam alguém.

-É Vi-Victor – gaguejou - e o seu? – Ele olhava para trás a toda hora, enquanto andava rápido.

-Missie. Missie Liry – falei. Ele parou e me fitou por um tempo. Ele parecia carente na hora em que eu falei meu nome.

-Como você chegou aqui? – Ele falou parando e tive uma súbita vontade de lhe dar um abraço, mas não o fiz.

-Na verdade, não sei. Eu estava vendo um mapa do Max e aí ele riscou um pontinho e eu desmaiei e fui para aqui – respondi. Seu rosto demonstrava entendimento apesar de ele não saber nada sobre Max (ou deveria não saber).

-Ótimo, fale para ele que não esta ajudando o que ele esta fazendo. Fale que meu ponto é outro e que mostre logo o caminho. Ah, e fale também que meu nome é Logan. Obrigado.

-Pera aí! Logan?!

Na mesma hora em que eu falei ‘Logan’, acordei e apenas o Max estava em volta de mim me olhando. Abri o olho e me levantei meio tonta ainda do desmaio. Sabia o que tinha acontecido. Será que eu tinha ficado trinta minutos apagada?

-Não está ajudando. Outro ponto. Caminho. Quanto tempo eu fiquei apagada? – perguntei.

-Uns cinco minutos – respondeu confuso com as minhas palavras saltitadas. Surpreendi-me com a resposta. Esperava que tivesse apagado por tinta minutos, uma hora por aí, não cinco minutos. Lembrei da mensagem que aquele homem pediu para eu dar ao Max.

-Eu vi um homem, e ele pediu para falar para você que não estava ajudando o que estava fazendo, que o ponto dele é outro e queria que você mostrasse logo o caminho – falei. Tudo saiu tão rápido que eu nem percebi que eu tinha falado exatamente com ele falou para mim.

-Você... falou com um homem? Ele falou o nome dele?

-Falei. O nome dele era Victor. Mas ele falou para falar que era Logan. Não entendi direito. – Na verdade eu tinha entendido sim. Só não queria acreditar que a primeira vez em que encontrei meu pai foi em um túnel e ele estava tenso e tentando fugir de alguma coisa.

Max pensou um pouco sobre o que eu tinha dito, e formulou uma pergunta.

-Você... falou com ele? Ele estava do seu lado? Você não viu você lá? Você era... você?

-É...

Max mordeu os lábios inferiores com um olhar sombriamente pensativo, se é que me entendem. Parecia que tinha um plano diabólico em mente, só que hesitava em fazê-lo.

-Antes de tirar conclusões precipitadas vamos ter que falar com Eric.

Saímos da salinha escondida e corremos até a porta de entrada do pégasos. Eric estava observando a paisagem pela janela. Max deu um passo que fez um estalo no chão – na verdade, não sei se foi de propósito ou não -, e ele se virou.

-Tenho perguntas Eric – falou Max. Eric arqueou a sobrancelha. – Sobre Missie – admitiu.

-Ótimo. Pergunte – respondeu. Ele foi se sentar na cadeira e faz sinal para que nos sentássemos também.

Max parecia estar incerto se ia perguntar ou não o que tinha acontecido. Muito incerto para falar a verdade. Ele estava olhando com os olhos estreitos para Eric, mas não estreitos de raiva, mas sim de incerteza ou desconfiança. Por fim, ele falou:

-Sabe que eu esqueci? Nossa, to ficando velho hem? – ele fez uma careta para ele de velho e me puxou de novo para a sala escondida.