Todo dia eu a escutava falar sobre os desamores da vida. Reclamava das pessoas rasas, de carapaças bonitas e discurso sedutor. Uma vez exclamou revoltada:

“Agora só me envolvo com gente perfeita!”

Dei um sorriso amarelo, mas não tive tempo de redarguir. Tinha sumido em busca de uma nova paixão.

Encontrei-a com um rapaz. Atraente, sorriso simpático. Não consegui memorizar o nome. Ela já tinha acabado.

Era sempre assim, bastava ter se aprofundado em alguém, encontrado um único defeito e terminava tudo.

Tentei argumentar. Falar que possuía belos olhos assimétricos.

Ela não me ouviu.

Estava ocupada demais caçando a perfeição.