– Seu avô tinha um tumor no cérebro, srta Scotts- a voz retomou a falar- Ele tentou tratar quando o tumor se formou, mas não conseguiu. E hoje os médicos tentaram tirá-lo , já que estava muito grande, e não conseguiram novamente. Um amigo de seu avô pediu para te encontrar em sua casa que ele vai te dar mais informações.

Desliguei o telefone e corri para o carro sem dizer nada a Travis, Conor ou Rachel( que saiu correndo atrás de mim, já que me conhece) e entramos na Rutsy sem dizer nada o caminho inteiro, me dando tempo para organizar meus pensamentos.

Alguém, quer dizer, um "amigo do meu avô", tinha pagado o cara do hospital para não me dar todas as informações sobre a morte do meu avô. E eu já tinha uma grande suspeita de quem havia feito isso. Morte. Meu avô. Morto. Quase bati a cabeça no volante. Agora eu realmente não tinha ninguém. Ninguém para me abraçar quando tiver medo dos trovões. Ninguém para me dar bronca se chego atrasada em casa. Ninguém.

Estacionei na garagem de casa, joguei as chaves para Argos,o segurança, e Rachel e eu entramos. Pedi para Rachel subir para o meu quarto, e começei a procurar por alguma voz conhecida, que parecia vir da cozinha. Espiei, e vi a mulher mais chata do planeta Terra discutindo com a cozinheira, Perséfone, de como cortar corretamente um maldito bife. Ela se virou, e eu tentei me esconder, mas ela me viu.

–Corazón!- ela exclamou, e eu entrei na cozinha, com meu melhor sorriso falso estampado no rosto. Não sabia o porque dela me chamar de corazón. Sempre foi assim.

–Ooi, tia Ari. Como vai a senhora?- perguntei. E não, eu não gosto dela. Mas eu conheço ela desde que nasci, e velhos hábitos, como falar "tia" são difíceis de largar.

– Eu estou bem, obrigada por perguntar.Mas e você, corazón? Sinto muito pelo seu avô, você deve estar tãao triste- ela disse, fazendo biquinho e praticamente, assassinando minhas bochechas do tanto que ela apertava.

Eu apenas dei um sorriso triste em resposta.

– Bom- ela sorriu também- Eu tenho que ir, vou ver como seu tio está indo com as caixas de mudança. E Perséfone, vê se faz do jeito que eu ensinei.

Perséfone apenas murmurrou alguma coisa que não entendi em meio de alguns palavrões, e Ariadne saiu da cozinha.

Me aproximei da cozinheira.

–E-eles vão se mudar pra cá?- eu sussurrei, tentando manter a calma.

Ela apenas balançou a cabeça afirmativamente.

Ah, não.

Não.

Não.

Não.

Peguei a faca que estava do lado do bife.

–Vamos. Você segura, e eu faço o resto- disse, saindo da sala, mas ela me segurou.

–Calma,querida Seu tio vai ler o testamento de seu avô hoje. Pode ter alguma coisa boa pra você- ela disse, tirando a faca da minha mão e tentando sorrir. Acho que ela também sentia falta de meu avô. Ele foi tão bom para ela

Eu apenas assenti. Mas nada seria melhor do que ver meu avô de novo.Pelo menos uma vez. Espero acabar com isso logo.

X-X_X_X_X-X

Sentei na sala, com Rachel do meu lado, junto com Perséfone, Argos e Nyx, a empregada.Apenas esperando meu tio.

E então ele chegou. Usando um terno, com a barba feita,cabelo arrumado e uma pasta na mão.

–Olá a todos.- ele disse- Olá Riley- se virou para mim.

– Oi Díonisio.-falei, evitando trocar contato visual.

Eu nunca fui com a cara dele. Sabia que ele e meu avô eram amigos muito próximos, também. Mas alguma coisa nele parecia errada. Alguma coisa nele parecia....má.

–Bom- ele tossiu.- Vamos ler logo isso.