Procura-se Outra Mediadora
Capítulo 1
<p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>Carmel parece um lugar quente. Se eu fosse viva, adoraria andar no sol, mergulhar, e conhecer alguns surfistas californianos. Mas eu não estou viva, então só me resta flutuar o mais rápido possível rumo ao primeiro mediador que achar.</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>E o grande escolhido foi... O CARINHA DO APARTAMENTO NO CENTROO!!!!</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>Explicações: dos \"pontinhos\" que piscaram na minha mente, dois estão em uma mansão isolada, um em um colégio antigo, um em uma casa mais antiga ainda, outro em um super-mega-hotel-de-luxo, e o último em um apartamento no centro. Como não quero \"dois-em-um\", professores, pessoas-antigas-que-moram-em-casas-mais-antigas-ainda, ou riquinhos-mimados-do-hotel-de-luxo, resta o apartamento.</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>Segui a \"luzinha\", atravessando as pessoas e paredes, até chegar em um prédio quadrado ao extremo. Fui até o segundo andar, e entrei sem bater na porta (obviamente). Me surpreendi. </p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>O que mais se via, por todos os lados, eram livros. Muitos sobre medicina, mas haviam representantes de todos os assuntos. Na mesinha de centro redonda, no sofá branco, nas estantes que pontuavam a maior parte das paredes, no hack de madeira maciça, e até em cima da TV. Um homem bem novo, mas com algo \"antigo\" (não sei explicar!) estava sentado em uma poltrona, lendo.</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>Ele parecia meio hispânico, e como estava tão absorto, resolvi olhar algum livro, até ser notada. Escolhi um sobre mitologia nórdica, e estava terminando a terceira história, sentada no tapete, quando ouço uma exclamação de susto. Calmamente, largo o livro, e me viro para o mediador.</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>Rapidamente ele se recompôs. Era moreno, como olhos escuros, e me disse, solícito:</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- Olá. Meu nome é Jesse, e estou aqui para te ajudar a encontrar o \"próximo estágio\". Posso te ver, porque sou um...</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- Um Mediador. - cortei, \'quase\' gentilmente - Certo, Jesse, eu sei o que é um Mediador, já aprendi o que é viver como fantasma, conheço a passagem pro \"próximo estágio\", que não passa de um corredor, e preciso de ajuda. Não, você não é o primeiro a quem recorro. Sim, eu sei que tenho MUITOS assuntos inacabados. É, não nasci nos EUA, sou francesa. Aham, minha morte não é recente. Meu nome é Noelle. Mais alguma dúvida?</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>O coitado pareceu ainda mais confuso, e quase senti pena. Quase. Não tenho tempo pra covardes, já estou vagando há anos demais. Mas logo ele voltou a si, me convidou pra sentar (tirando antes os livro do sofá), e sorriu agradavelmente.</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- Dios, um caso difícil. Deixe-me ver... Pelas suas roupas, você não é muito antiga... morte em 1995? No, 1999! Ano difícil, vários suicídios... Mas pra alguem tão bem informada, ou foi morte natural, ou o mais provável: assassinato!</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>Foi minha vez de ficar pasma.</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- E você é francesa, certo? Paris, bem arrumada demais para o interior. Para já ter sido dispensada tantas vezes, não era um pessoa muito pacífica... E então, acertei?</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- Brilhantes deduções, meu caro Watson. Sim, você acertou. Morri na virada de 1999 para 2000, e fui assassinada pelo espírito da minha irmã. Meus assuntos inacabados envolvem diversas pessoas, tanto vivas quanto mortas, por isso estou sozinha. Digamos que os fantasmas me conheciam como \"a boxeadora\"...</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>Ele começou a rir, e acabei acompanhando. Há SÉCULOS não conseguia rir de algo então acho que foi algum progresso.</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- Hum, uma Mediadora... Minha noiva, Suze, vai gostar de você, ela também tem uma certa má fama, por não ser muito tranquila. Não se preocupe, vamos te ajudar. O que não falta em Carmel são mediadores, e a Suzannah conseguiu resolver o meu caso, que era realmente difícil,não vai ter problemas com você.</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- Seu caso...?</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- Sim, sim. - falou, entediado - Eu era um fantasma, até dois anos atrás. Mas ela me trouxe de volta, e agora estou aqui.</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- Por isso o o seu ar \"antiquado\", certo?</p> <p> </p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>Continuamos conversando por um bom tempo, enquanto caminhávamos rumo ao casarão antigo. Ele devia parecer louco, falando \"sozinho\". Foi divertido, contei minha história, e Jesse falou dos \"acontecimentos\" dos anos anteriores, desde a chegada de Suzannah Simon, seus problemas com Paul, a descoberta do deslocamento, etc. Adorei a história do Padre Dom, alguem religioso e mediador, sem enlouquecer! Realmente surpreendente.</p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>Já estávamos chegando à casa antiga, e me peguei distraidamente mexendo no anel. Era de ouro, com uma pedra verde translúcida. soltei o que teria sido um suspiro, caso ainda respirasse. Jesse ouviu, e me perguntou:</p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- O que houve, Noelle?</p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- Nada... Só lembrando.</p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- Tem algo a ver com esse anel?</p> <p>Óbvio que sim!</p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- Não, nada, deixe pra lá. Olha, já chegamos. É aqui que ela mora, certo?</p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- Como você...</p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- Dons de ex-mediadora, ignore...</p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>Ele tocou a campainha, e resolvi ser educada, esperando. Um garoto com cara de nerd, óculos, e um livro enorme nas mãos, atendeu. Cumprimentou Jesse animadamente, e parece ter sentido minha presença, pois pareceu intrigado, como se presentisse que eu estava ali. Fomos até o andar superior, e entramos em um quarto com vista linda. Lá, uma garota falava ao telefone, e nos olhou curiosa.</p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> </span>- Certo, Cee-Cee, está combinado. Claro que não, é só pra nós duas! Aham... Ahn, tenho que desligar, Jesse chegou, com uma \"convidada translúcida\"... Isso mesmo, criatura! Tá bom, chega, menina! Outro pra você. Tchau.</p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> Ela me parecia familiar, mas... Já sei!</span></p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> - Suzannah? Suzannah Simon, é você mesma?</span></p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> - Não acredito, até aqui, Noelle?</span></p> <p><span style=\"white-space: pre;\"> No segundo seguinte eu estava indo até a janela, e procurando um outro mediador.</span></p>
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