Problem

Capítulo 11


FELICITY SMOAK

As pessoas provavelmente devem achar que eu estava acostumada com tudo isso. Que eu já tirava todo o lance pós-bebedeira de letra, mas eu preciso ser bem honesta...

Nada iria me deixar preparada para uma ressaca.

Ressaca é um pé no saco, uma das razões pelas quais eu evitava cada vez mais festas e bebedeiras, para começo de conversa. Por que no dia seguinte nada é bonito.

Tudo é muito brilhoso e o volume parecia estar no máximo. Você tinha uma obra de construção martelando constantemente dentro de sua cabeça e o peso de toda a vergonha nos seus ombros. Por que esquecer completamente o que você fez no dia anterior, nem sempre é verdade, quase nunca na verdade. Claro que nem sempre tudo vem de imediato, como hoje. As únicas coisas que me assaltaram quando eu acordei, foi a já conhecida dor infernal de cabeça, a sensibilidade a qualquer incidência de luz e a super audição. Até aí eu apenas parecia como uma vampira que teve uma overdose do seu tipo sanguíneo favorito, tudo normal até então. Mas então eu tive que rolar na cama, minha mão segurando o lençol de forma automática e minha cabeça se erguendo, meus olhos assimilando o enorme quarto branco e frio, minha cabeça girando tomando mais da visão, estando tão cheia que a princípio tudo o que veio em minha mente era confusão. Junto à pergunta assombrosa “Que merda eu fiz dessa vez?”. Esforcei-me a me concentrar, busquei com afinco em minhas lembranças por pistas, respostas. E quando imagens embaralhadas da noite anterior invadiram minha mente ao mesmo tempo em que eu coloquei o maldito pé no chão, eu perdi completamente meu equilíbrio.

A festa. Oliver sem camisa. Oliver segurando meu cabelo. Oliver me abraçando em seu banheiro.

Afundando-me no chão eu concluí que minha vergonha era demais até mesmo para eu carregar em meus ombros.

— Oh merda! – Soltei por fim, ajoelhando-me e recolhendo o lençol de volta junto ao meu peito. Espere... O que...

Oh merda, eu estava nua!

Eu ainda estava assimilando tal fato e tentando me lembrar de como eu passei a estar deitada no banheiro de Oliver para deitada em sua cama e nua, quando escutei o som de passos, entrei em pânico percebendo que a única porta que havia dentro do quarto estava inalcançável. No momento eu tinha duas escolhas, todas elas estúpidas demais. Eu poderia me jogar na cama de volta e fingir que ainda dormia, ou eu poderia me abaixar novamente esperar que ele pensasse que eu estava no que eu presumia ser o banheiro.

De escolha estupida, para mais estúpida ainda, é claro que eu escolhi a pior.

Eu não queria ser julgada por ter escolhido me abaixar e usar a cama como esconderijo, mas hey, eu estava de ressaca, não havia muitos dos meus neurônios ativos no momento. Então, quando eu me encolhi e quase que simultaneamente escutei a porta se abrir, eu tive que segurar um suspiro angustiado.

— Felicity? – Escutar a voz me chamar em tom suave e hesitante, me fez me encolher ainda mais, fechando meus olhos apenas momentaneamente, percebi o som de passos, e então batidas na porta.

Ele realmente foi para o banheiro?

— Felicity... – Voltou a chamar. – Precisamos conversar. – Seu tom sério fez minha curiosidade ganhar essa rodada, me ergui parcialmente, deixando de me importa em me esconder, mas ele estava de costas para mim, seu ombro encostado sobre a porta e mesmo não podendo ver seu rosto eu podia perceber que estava tenso. – Você pode tomar um tempo para um banho, se sentir a vontade, mas eu preciso sair em breve, e eu não gostaria de ir sem que tivéssemos uma conversa bem, bem séria, eu não quero soar como um velho, mas provavelmente começar com um sermão... – Revirei meus olhos com isso. Claro que seria. – E então, quem sabe, podemos falar sobre nós dois, sobre o que você sugeriu... – Meu cérebro ficou completamente alerta. - Eu acho que... – Começou hesitante, mas se interrompeu. Eu queria saber o que ele achava, parte de mim murmurava dentro de minha cabeça “continue”. Decepcionada percebi que ele não ia. - É melhor deixar para quando não houver uma porta entre nós dois, eu estou na cozinha, seria bom você tentar comer algo, ou tomar alguma coisa. - Interrompeu-se novamente. – Em fim, desça quando se sentir melhor... – Demorou alguns milésimos de segundos até que eu percebesse que essa era sua deixa, e que eu provavelmente deveria ter voltado ao meu esconderijo, infelizmente eu não fui rápida o suficiente para ter qualquer reação, então quando Oliver se virou eu ainda estava de joelhos do outro lado da cama. Seus olhos caíram sobre mim, primeiro com confusão, e logo pareceu constrangido.

— Bom dia? – Murmurei hesitante, cheia de vergonha e apenas por que um de nós dois precisava falar algo.

— Por que você está no chão? – Murmurou por fim.

— Ahh... Eu... Hum. –O encarei em busca de uma resposta sólida e menos ridícula do que a verdade. – Eu... Provavelmente rolei na cama e caí.

— E não acordou? – Sua pergunta veio com um sorriso divertido.

— Eu não tenho certeza se estou acordada agora. – Retruquei. Seus olhos tomaram um tempo apenas me analisando, então ao perceber que eu não estava disposta a ser aquela que quebraria o silêncio, ele avançou. Parando em minha frente estendeu sua mão.

Brilhante, eu ainda estava de joelhos.

Segurando um comentário impróprio permiti que me ajudasse a levantar. A ação me deixando muito próxima dele. Mais do que eu esperava, menos do que eu realmente queria.

— Você quer conversar agora? – Perguntou de forma direta.

— Eu gostaria daquele banho antes. – Confessei. Olhando para baixo novamente, mais uma vez assimilando o fato de não vestir nada mais que aquele lençol fino. Eu tinha que perguntar. – Hum, é... Nós dois...

— O quê? – Perguntou genuinamente confuso.

— Você sabe... Nós dois transamos? – Perguntei por fim. Seu rosto se tornou sério e sua mão que até então segurava a minha me soltou quase bruscamente.

— Não me confunda com o seu noivo, anjo. Eu jamais tocaria em uma mulher que estivesse vulnerável como você estava. – Esse era um dos momentos em que eu nunca entendia por que me chamava assim, ele claramente estava irritado, e anjo parecia a última coisa que gostaria de me chamar. Eu me sentia mal por ter levantado a questão, mas na situação em que nos encontrávamos, embora a ideia seja odiosa, poucos homens não se aproveitariam. E ele estava certo, Cooper não hesitaria. – Eu tirei suas roupas, por que eu já a vi sem elas antes, e por que você parecia precisar disso, você havia se sujado. E honestamente? Você quase não vestia nada de qualquer...

— Oliver... – Comecei meu pedido de desculpas mesclado com uma explicação e talvez um pouco de protesto. Ele havia censurado o que eu estava vestindo? Ele não deve ter visto Thea. Antes que eu pudesse ter dito algo ele me interrompeu.

— Não. – Negou rapidamente. – Vá tomar seu banho, eu vou descer, e então podemos começar essa conversa novamente. Tentar de novo.

— Não seriamos nós dois sem um pouco de atrito antes, não é mesmo? – Murmurei apenas por que não pude evitar, ele que já estava diante a porta, parou. Seus olhos alcançaram os meus e um pequeno aceno de concordância veio como resposta.

— Eu suponho que não. – Acrescentou. Virou-se para sair, mas antes de completar a ação voltou a me encarar. – A propósito, é boa tarde.

Oh merda. Diggle.

Sendo tão tarde, como ele ainda não havia entrado em contato comigo?

— Não se preocupe. Diggle sabe que você está comigo. – Pisquei surpresa não só por eu ter dito em voz alta, como por ele ter me dito aquilo de forma tão natural.

— Ele sabe? – Repeti incrédula. Ele assentiu novamente.

— Ele sabe. – Assentiu novamente.

— Mas como...

— Mais tarde. – Murmurou. – Quando você descer. – Prometeu antes de sair rapidamente, impedindo-me de fazer qualquer outra pergunta.

Ainda um pouco atordoada com tudo e após alguns bons segundos não fazendo nada mais do que encarar a porta pela qual ele havia saído, eu finalmente resolvi tomar aquele banho. Entrando no chuveiro eu recriei através de pedaços a noite anterior. Eu não poderia estar mais envergonhada. Eu me lembrava de apesar de tudo dizer a Thea que só ficaria um par de horas, ela não reagiu muito bem a princípio, disse que eu estava indo já com o pensamento de arruinar a noite, mas quando chegamos lá e fui obrigada a tirar minha blusa para entrar ela logo tratou de colocar um copo de vodca em minha mão. Eu devia ter suspeitado de algo quando ela chegou em minha casa jogando o sutiã rosa brilhante no meu rosto e dizendo que eu teria que usar por que era presente.

A cada nova bebida eu perdi a noção do tempo, meus receios e inibições foram embora. Até que eu já não me importava, eu estava me divertindo tanto que quando eu vi Oliver eu pensei que se tratava da minha mente completamente embriagada criando as imagens, foi apenas quando me beijou que eu soube que era de verdade, minha mente não era boa o suficiente para reproduzir seus beijos com tanta perfeição.

Ok. Enquanto estava nos beijos tudo estava bem, mas eu realmente tinha que ter vomitado em seu banheiro?

Xinguei-me mentalmente quando as imagens menos atraentes da noite anterior me sobrecarregaram. Sequei meus cabelos e vesti um roupão enquanto me perguntava o que diabos eu iria vestir agora, será que a única forma que eu tinha de sair da casa de Oliver era trajando praticamente vergonha? Com um suspiro de derrota abri a porta do banheiro e com surpresa encarei a camisa branca e masculina no centro da cama, jogada quase de forma displicente.

A camisa de Oliver.

Ao que parecia ele havia subido e separado uma de suas camisas para mim, e o gesto me pareceu estranhamente doce. Mas ontem a noite mesmo ele não havia sido outra coisa senão estranhamente doce? Eu precisava parar com isso, eu não podia ver Oliver dessa forma, eu deveria sempre pensar que tudo o que eu poderia ter dele era sexo e apenas sexo, dessa maneira quando ele me desse apenas isso, eu não ficaria decepcionada no final. Por que afinal de contas era esse o esperado. Prestando mais atenção no quarto percebi que era mais uma razão para manter isso em mente. Eu estava enganada, eu nunca estive em seu quarto, eu estava no quarto de hospedes, e com isso, Oliver me dizia exatamente o que esperar dele e de qualquer coisa que pudesse surgir entre nós dois.

Meneando a cabeça eu tratei de vestir a camisa rapidamente, não achando mais a ação doce. Possessivo, era isso que Oliver era, e ponto. Desci as escadas sentindo-me bem mais alerta, a dor de cabeça persistia é claro, mas as coisas estavam bem mais claras para mim, então quando eu cruzei a soleira da porta da cozinha e vi Oliver lavando a louça, eu não era mais a bêbada da noite anterior, não era mais a garota atrapalhada que havia se escondido tamanho era seu constrangimento. Eu era a mesma Felicity que havia lhe lançado a proposta infame dias antes, mas que no momento estava a reconsiderando.

Dobrando as mangas em um gesto feito mais para tomar tempo eu aguardei que alguma força sobrenatural o fizesse se virar em minha direção e perceber que eu estava ali, mas é claro que isso não aconteceu, aqueles malditos livros estavam enganados. Oliver continuou alheio a minha presença, tal como quando ele falou com a porta do banheiro. Só que agora o habilidoso médico estava concentrado em esfregar um copo com afinco, aparentemente existia ali alguma sujeira invisível apenas aos meus olhos.

— Rum rum. – Pigarrei chamando sua atenção. – Eu acho que faltou uma sujeira ali. – Murmurei quando seu olhar se voltou para o meu. – Mais a direita, você encontrará melhor após observa-la com um microscópio.

— Engraçada. – Murmurou deixando o copo de lado. Pegando um pano para secar suas mãos ele avançou parando em seguida, evitando assim uma aproximação direta. – Felicity...

— Olhe... – Murmurei o interrompendo. – Eu sei que eu tenho um delicioso sermão me aguardando, eu mal posso esperar por ele, mas por que eu não o adiamos por uns segundos, certo? – Ele franziu o cenho quando eu mesma optei por me aproximar. – Primeiro: eu quero pedir desculpas, pelo o que falei lá em cima, é claro que você não se aproveitaria de mim, ou de qualquer outra garota... – Acrescentei rapidamente. – Eu só não conheço outro cara, fora seu cunhado e meu segurança, que não faria exatamente o oposto. Então, desculpe. – Pedi. Ele olhou para as próprias mãos, eu podia sentir que ele queria dizer algo, mas imagino estava guardando para o tal sermão, então após um suspiro vencido ele assentiu. – Segundo: Obrigada. – Murmurei o surpreendendo. – Eu sei bem que fiz papel de idiota ontem. Bêbadas só são atraentes para idiotas que também estão bêbados, então, eu fiz vexame, e você evitou que minha noite acabasse de forma diferente, você me trouxe para cá quando não era obrigado a fazer isso, e você foi obrigado a ficar ao meu lado em um dos meus menos atraentes momentos. Então é isso. – Dei de ombros. - Você está ganhando um “Desculpe” e “Obrigada” de uma vez só. – Concluí cruzando meus braços. – Agora... O sermão?

Por um longo momento tudo o que ele fez foi me encarar.

E isso me fez ficar cada vez mais nervosa.

— Eu não vou lhe dar um sermão. – Falou por fim.

— Não há graça quando você se rende tão facilmente. – Murmurei franzindo o cenho.

— Eu não vou dar sermão. – Repetiu avançando um passo, invadindo meu espaço pessoal. – Por que eu fiquei aqui embaixo, e pensei que você estava em um chuveiro, e eu queria muito entrar naquele chuveiro com você. – Admitiu. – Sermão a gente dá para uma prima, sua irmã mais nova ou sua filha, não para a garota que você quer foder no banheiro. – Engoli em seco ao escutar sua última frase. Meus olhos de repente fixando-se em seus lábios. Minha mente virou uma papa de hormônios. Tudo o que fiz foi responder vagamente.

— Eu acho que nós podemos riscar sexo no banheiro da lista. – Ele sorriu.

— Eu sou um cara criativo. – Deu de ombros. – Não chegamos a usar chuveiro no outro dia.

— Oliver... – Chamei seu nome enquanto deixava meus olhos caírem na altura do seu peito amplo. Sem pensar deixei minha mão descansar lá. Sentindo a maciez de sua camisa, ele parecia pronto para sair, usava jaqueta e calça fazendo jogo com sua camisa casual.

— Hum?

— Essa é sua maneira de dizer que topa? – Perguntei erguendo meus olhos novamente. – O acordo... Você está dentro?

— Oh, eu definitivamente vou estar dentro. – Pisquei incrédula que o Dr. Delícia estava usando linguagem de duplo sentido, meu cérebro ainda estava processando o foder no banheiro, para ser sincera. Senti sua mão acariciar meu rosto e notei que havia desviado minha atenção novamente. Seu polegar delineou delicadamente meu lábio inferior. – Mas antes precisamos conversar.

— Eu imaginei que sim. – Assenti me afastando. Não por que eu quisesse, mas por que eu precisava de espaço, só assim eu poderia pensar claramente. Aquela papa de hormônios precisava virar algo sólido e para já. Andei por sua cozinha, parando exatamente onde ele havia estado, de frente para sua pia, dei as costas para a pia e correndo o dedo pelo mármore dei mais alguns passos, finalmente parei e me encostei ao balcão. – Então? – Murmurei por fim.

— Isso será apenas só sexo. – Não era bem uma pergunta, mas por um momento pareceu que foi. Confusa com seu tom eu assenti.

— Como eu já disse antes. – Confirmei. – Você quer apenas sexo, então será apenas sexo, não vamos nos envolver nos problemas um do outro, o que significa que o que aconteceu ontem não vai se repetir. – Prometi. Soltei o ar de vez. – Eu não vou ligar para você, nem nada do tipo, eu acho que algumas mensagens podem ser aceitável, apenas para informar que horas vamos nos encontrar e... Oliver? – Murmurei incrédula quando o observei parar em minha frente, seu corpo prendendo-me contra o balcão, e mais uma vez “adeus espaço pessoal, olá papa de hormônios”. Sua mão serpenteou pelo tecido da camisa, entrou pela parte inferior e logo estava amassando minha bunda, pressionando-me contra ele.

Droga, eu já era um poço de umidade.

Só bastou isso.

Com minha respiração em suspenso eu aguardei o próximo passo.

Eu ansiei.

— Você fica bem com minha camisa. – Observou. Pisquei diante isso. Eu estava certa, possessivo. Não doce. – Você fica a vontade com minha camisa.

— Humm... – Gemi quando sua mão se moveu, deslocando-se com deliberada lentidão para alcançar um seio por dentro da camisa. Vagando pelo quadril, roçando minhas costelas e roçando o mamilo com os nós dos dedos. Esforcei-me para me concentrar no que dizia.

— Eu quero ter certeza, mesmo sendo apenas sexo. Que esta vai ser a única camisa masculina que você vai vestir. – Murmurou com seriedade, seu tom fazendo-me sair daquela bolha sensual que havia ficado presa. – Você sabe como eu sou, enquanto estiver acontecendo isto, eu não me envolvo com ninguém, eu espero o mesmo de você. – Sua mão se foi. Como um fantasma ela havia desaparecido. Ele se afastou, ainda estava em minha frente, mas a intimidade havia ido embora. - Seu noivo não será realmente um problema?

— Podemos começar com o fato de que Cooper não é, nem nunca foi meu noivo. – Falei entredentes, apenas a ideia já me irritava. – Ele não será um problema.

— Certo. – Assentiu voltando a se aproximar, o impedi levantando uma mão e firmando-a contra seu peito. – O quê? – Reagiu surpreso.

— Isabel será um problema? – Murmurei erguendo uma sobrancelha. Sua careta se aprofundou. Ele não gostou de eu tê-lo impedido de se aproximar, menos ainda do motivo.

— Eu já disse, quando...

— Ela será um problema? – Repeti não o deixando terminar, eu sabia bem como ele era. Laurel fez questão de me informar, mas eu não podia ignorar o fato de que ele estava com ela ontem à noite, e que hoje estava me tocando de forma tão intima. Ao que parecia pronto para uma rodada de sexo.

— Ela nunca foi. – Respondeu por fim. Tentei a todo custo não me empolgar com sua afirmação. Não foi tão difícil assim já que grande parte de mim ainda se matinha cautelosa. – Ontem a noite era apenas um jantar.

— Um jantar bem tarde. – Não pude evitar observar. – Certamente do tipo “Vou lhe deixar em casa depois” seguido por “Por que você não entra por alguns minutos?”. - E então sexo. Concluí mentalmente. Eu poderia não ter dito em voz alta, mas ele certamente pegou essa parte também, seu rosto me dizia isso. Seu cenho franzido. Ar aborrecido.

— Eu sou um cirurgião. – Retrucou. – Quase todos os meus jantares são tardes, tê-los é um milagre. – Argumentou.

— Sei... E você gastou seu milagre com alguém que não tinha intenção de transar. – Murmurei descrente.

— Felicity. – Seu tom veio em advertência. – Não há espaço para ciúmes nesse tipo de relação.

— Foi você que trouxe o lance “exclusivos” para a mesa. – O lembrei. – Você trouxe Cooper. – Apontei.

— Aquilo não foi por ciúmes. – Negou.

— E isso dificilmente é. – Dei de ombros. – Só quero ter certeza que o que vale para mim, vale para você também.

— Vale. – Assentiu.

— Certo. – Murmurei deixando meu braço cair.

— Certo. – Repetiu avançando novamente, deixando-me uma vez mais sem qualquer espaço para fuga, mas eu não estaria enganando ninguém se dissesse que queria fugir.

Verdade seja dita eu queria me jogar sobre o homem a minha frente.

— Então é isso. – Murmurei o encarando por que eu não tinha mais para onde olhar. Nada de fuga. Seus flamejantes olhos me analisavam com interesse. Mesmo durante tudo o que discutimos e quando o afastei, ele havia ficado muito perto, não invadindo meu espaço pessoal completamente, mas perto o suficiente para me deixar inquieta e completamente ciente do quão próximo estava.

E agora ele me cercava. Eu estava alerta e todos os meus sentidos sobrecarregados. Eu sentia seu perfume, e seu calor. Eu podia ler o desejo naqueles olhos que não me deixavam de fitar. Ele apenas me encarava, após nossa troca de palavras, após reafirmar nosso acordo e deixar claro que não seriamos mais do que havíamos colocado naqueles termos, ele apenas me encarava. Então, por mais que eu tivesse tido certa atitude em cada uma das outras vezes que nos encontramos, embora eu nunca tive receio de ir atrás do que eu queria dele. Agora, bem agora, eu não conseguia ser aquela que quebraria o silêncio inquietante, aquela que passaria sobre a tensão sexual e que pularia direto para o sexo. Eu já havia deixado claro o que eu queria.

Ele teria que dar o próximo passo.

Respirando fundo e segurando o balcão atrás de mim eu esperei.

Eu esperei.

Enquanto seus olhos desceram pelo meu corpo eu esperei.

Quando voltaram a encontrar os meus, cheios de calor e promessas... Eu sabia.

A espera havia acabado.

— Então é isso. – Assentiu por fim. Respirei fundo. Todo o meu corpo vibrando em expectativa. Minhas mãos fechando-se com força sobre a barra uma última vez antes de sentir suas mãos envolvendo minha cintura e colocando-me bruscamente contra o balcão enquanto sua boca saqueava a minha com ardor. Sua mão grande e forte envolveu meu pescoço, o beijo se aprofundando cada vez mais, sua língua invadindo minha boca e a minha encontrando a sua. Era um beijo explosivo, do tipo que roubava o ar e que lhe prendia por inteiro, não começou lento, não começou carinhoso. Era como se dissesse por meio desse beijo que era assim que as coisas seriam. O beijo era a própria definição de calor, uma explosão de calor que foi diminuindo o ritmo lentamente, deixando sua queimadura se esvair aos poucos. Seus lábios esquentando minha pele quando sua atenção se voltou para o meu pescoço, sua boca descendo pelo meu queixo, indo para a curva e sugando a pele ali. Suas mãos agindo rapidamente migrando para minhas pernas, amassando minhas coxas e as espalhando. Seu corpo ondulando contra o meu, deixando-me sentir abertamente sua ereção.

Ansiosa, desci minhas mãos para o cinto de sua calça e o desfivelei.

— Agora. – Murmurei ofegante após outro beijo que assim como todos os outros havia me deixado completamente a mercê do desejo do meu próprio corpo. Suas mãos envolveram rapidamente meu rosto, seus dentes passando a mordicar levemente meu lábio inferior, sua atenção se concentrando unicamente nisso, como se tivesse todo o tempo do mundo para dedicar a isto, sua língua vindo em socorro suavizando a pressão mínima de seus dentes. Concentrei-me em seus olhos quando se afastou, no quão ele parecia está perto, e no quão eu queria vê-lo longe daquelas malditas roupas. Por que ele havia parado? Por que tudo o que ele fazia agora era me encarar? – Oliver? Você tem camisinha aí, certo?

Um sorriso lento e travesso surgiu em seu rosto bonito. Ele acenou em concordância, sua mão me deixando apenas para ir para o bolso da própria calça, se afastou apenas mais um pouco para desabotoa-la e descer o zíper, não tirando os olhos dos meus ele me entregou o preservativo.

— Você estava preparado. – Murmurei deixando meu olhar cair sobre sua extensão, sem precisar de mais nenhum incentivo eu parti para ação e tomando meu tempo para acaricia-lo como eu queria, eu fiz como pediu. Coloquei o preservativo sentindo a textura aveludada do seu membro, assimilado o quão quente estava.

— Com você, eu tenho que estar. – Brincou pousando as mãos em minhas coxas novamente. Meneei a cabeça com diversão.

— E toda aquela história do precisamos conversar. – Retruquei. Minha atenção voltando para seu rosto, o aperto de suas mãos em minhas pernas sendo registrado enquanto eu continuava falar. – Você queria mesmo... Oh. – Soltei um suspiro quando sem nenhum aviso ele ergueu meus quadris facilitando o acesso e empurrou dentro de mim. Preenchendo-me completamente, arrancando minha respiração. Oh a sensação. Deus, era perfeito. – Oh... – Repeti quando ele se moveu. Deixei minha cabeça cair pesadamente sobre seu ombro. - Oliver...

— Agora, era isso que eu queria ouvir. – Murmurou em meu ouvido, seu fôlego aquecendo minha pele, meu corpo estremecendo. Sua voz, inferno, eu amava sua voz durante o sexo. – Vamos tentar de novo. – Murmurou antes de se retirar completamente, o vazio me deixando decepcionada por míseros segundos antes de voltar a me penetrar, ainda mais fundo. Sua mão envolvendo um mamilo mesmo por cima do tecido da camisa. Um gemido incoerente, foi tudo o que eu pude lhe dar, meus olhos fechando-se brevemente. – Meu nome, Felicity. Eu quero ouvir meu nome. – A cadência das palavras, seu timbre rouco, seu toque firme e o choque de seus quadris com os meus, tudo isso contribuiu para eu lhe dar exatamente o que pedia.

— Oliver... – Murmurei sobrecarregada por todas aquelas sensações. Minhas mãos o agarrando com força.

— Bom. – Seus lábios pousaram levemente na pele atrás do meu ouvido. – A próxima vez será quando você gozar, e vou fazer você vir tão forte, anjo, que será um inferno mais alto do que isso. – Prometeu. Só em escutar o que disse eu senti meu corpo estremecer, se preparando para o orgasmo, ele deslizou mais uma vez, sua mão descendo para encontrar o meu clitóris, brincando comigo. Senti meus músculos internos apertando-o como resposta, ele soltou um som profundo e masculino antes de se retirar e voltar a me penetrar com urgência, aumentando à velocidade de suas estocadas. A forma com que ele se movia, os impulsos tornando-se cada vez mais duros, era ilegal. Sexo com Oliver era ilegal, levei minhas mãos aos ao seu bíceps e cravei minhas unhas sobre a jaqueta. Senti sua mão puxar minha perna, fazendo-me mais acessível, fazendo-me toma-lo ainda mais profundo. Sons roucos saiam de sua garganta, e quando sua boca encontrou novamente aquele doce ponto e chupou a pele, seus dedos pressionaram minha carne úmida, eu me desmanchei, meu corpo se sacudiu em um orgasmo que me fez gritar seu nome, o som logo sendo abafado por sua boca que absorveu todos os lamentos que saiam de minha garganta, seu próprio corpo se esticando em liberação.

Nossas línguas se encontraram novamente, acariciando uma a outra até que os espasmos diminuíam e o beijo se tornava algo perto de doce. Recuei encostando minha cabeça em seu peito, o observei se retirar e dei-me conta que apesar de tudo, eu ainda não tinha visto Oliver completamente nu.

O que era uma pena.

Eu tinha visto seu corpo forte no dia em que estive na mansão dos seus pais. Vi seu peitoral despido, seus músculos trabalhando enquanto nadava, e para minha completa vergonha eu babei.

Eu vi peças separadas, nunca o vi completo. Senti-o se afastar completamente, recuou por alguns longos segundos em que olhei para os meus próprios pés enquanto eu sabia ele estava se livrando do preservativo e se recompondo. Eu repensei nesse breve intervalo a nossa “relação”. Se sempre seria assim, e se eu realmente estava bem com isso, uma rodada de sexo quente, ele se afastaria e sempre sobraria o silêncio constrangedor logo após o sexo, uma despedida rápida. Um até a próxima?

— No que você está pensando? – Despertei quando a sua voz me alcançou. Ergui meus olhos e para minha surpresa o vi atravessar o caminho de volta sem hesitação alguma, suas mãos alcançaram minha cintura novamente e apenas ficaram lá. Seus olhos presos em meu rosto, esperando uma resposta. Ele apenas me segurou, e foi tão natural, que eu demorei a responder sua pergunta. E de repente eu não queria deixar meu receio ser percebido por ele.

— Eu estava pensando se sempre seria assim. – Murmurei chamando sua atenção. – Se eu sempre voltaria para casa sem calcinha depois de uma rodada de sexo com o Dr. Delícia. – O provoquei. Ele riu. Eu me vi presa em seu pequeno riso, seu sorriso bonito suavizando sua expressão.

— Bem, tenha certeza de trazer uma extra hoje à noite. – Murmurou me surpreendendo com um beijo rápido antes de se afastar e dar as costas. – Você vai querer comer algo antes de eu leva-la para sua casa? – Perguntou abrindo sua geladeira. Seu rosto compenetrado. Pisquei confusa. – Deseja algumas aspirinas?

— Hoje à noite? – Repeti descendo do balcão, fiz uma pequena nota mental de ir para o banheiro assim que esclarecesse isso, eu merecia um intervalo me alinhando também. Ele me encarou ainda com a porta da geladeira aberta, de lá tirou uma caixa com suco e caminhou até um armário, pegou um copo e colocando sobre a mesa se ocupou de enchê-lo. – Oliver?

— Hum? – Murmurou sem me encarar, apenas quando terminou foi que elevou seus olhos e fechando a tampa da caixa voltou a questionar. – O quê?

— Hoje. –Murmurei simplesmente.

— Você tinha outros planos? – Perguntou por fim.

— Não. – Murmurei sincera. Assistir filmes com Diggle não chegava a ser planos, era rotina. – Eu só pensei que seria algo mais programado.

— Você quer deixar marcado dias na semana para sexo? – Perguntou tentando chegar a um entendimento. Pela sua expressão, ele não gostava da ideia.

— Eu... Não. – Murmurei hesitante, uma coisa era propor sexo casual, outra completamente diferente era expor tudo em palavras, era constrangedor. – Eu pensei que você iria querer. – Confessei. Ele me respondeu com um sorriso divertido. Com um gesto de cabeça indicou que eu me aproximasse, o que eu fiz de forma automática.

— Eu não programo sexo, Felicity. – Falou me entregando o suco. Peguei apenas em um gesto plenamente automático e o segurei enquanto o encarava, ele observou meu rosto por alguns segundos, então senti seus dedos roçarem meus mamilos por cima da camisa, segurei o copo com força, assim como segurei um arfar. – Sexo tem que ser espontâneo. Eu quero você agora, mas eu tenho que sair. – Esclareceu. Sua mão forte parou abaixo do meu seio. – Então eu estou adiando. Se você estiver bem com isso. – Acrescentou. Assenti em concordância, o que mais eu poderia fazer? Dizer que não? Eu o queria, queria agora e com certeza iria querer mais tarde. Ele sorriu seus olhos brilhando em expectativa. – Bom. – Seus lábios tocaram os meus novamente, dessa vez por mais tempo, mas dificilmente em um beijo carnal. – Beba seu suco, depois vista algo que revele menos. – Pediu. – Eu posso lhe emprestar algum short, ou um casaco. – Deu de ombros. Assenti mais uma vez antes de levar o copo à boca, apreciando o suco de laranja. – Eu vou leva-la para sua casa e então me encontrarei com Thea... Hey, devagar... – Instruiu quando notou que eu engasgava e tossia freneticamente, sua mão alcançando meu rosto.

— Thea? – Repeti quando finalmente consegui me conter, deixei o copo em cima da mesa, toda a minha satisfação em bebê-lo indo embora. – Eu pensei que você ia para o hospital...

Oh merda, Thea. Ela devia ter ficado preocupada, e agora eu me dava conta que em nenhum momento, desde que acordei, eu havia lhe dado um segundo pensamento.

— Eu já estive lá. – Confessou dando de ombros, seus olhos indo para o seu relógio de pulso. – Hoje de manhã, você parecia que não ia acordar tão cedo, eu me senti a vontade para sair, verificar como tudo e estava e quando voltei você ainda estava na mesma posição. – Concluí parecendo achar divertido.

— Oh Deus, ela sabe que eu estou aqui? – Perguntei cada vez mais preocupada. Ele notou e meneou a cabeça rapidamente em uma negativa que me tranquilizou.

— Ela sabe que você saiu comigo. – Falou fazendo com que eu soltasse um palavrão em um mero sussurro e passasse a andar nervosamente de um lado para o outro. – Hoje cedo eu olhei em seu celular, havia dezenas de ligações. Muitas de Thea, mas algumas de seu segurança, eu liguei primeiro para ele, porque ele é um sujeito intimidante, e praticamente me deu um prazo de validade quando conversamos da última vez, mas ele já sabia que você estava aqui. – Informou-me, então parecendo indignado ele me perguntou. – Você sabia que ele te rastreia?

— Hum... É Diggle. – Dei de ombros. – Ele sabia que eu estava em Thea da última vez também, ele pensou que era por sua causa. – Completei menos a vontade. – O que você disse a ela? – Eu podia me arranjar com Diggle mais tarde, se ele não havia invadido o apartamento de Oliver chutando a porta, eu poderia conversar com ele razoavelmente. Thea era a que me preocupava. – Oliver...

—Felicity. – Chamou-me impaciente, notei que ainda andava de um lado para o outro, parei o encarando. – Eu não saio falando com Thea sobre as mulheres com quem eu me relaciono, mas ela sempre de algum jeito descobre, dito isso, você está planejando manter isso... – Murmurou apontando um dedo de minha direção para a sua. – Em segredo?

— O que você disse? -Repeti sem me preocupar em lhe responder.

— Eu menti. – Falou por fim. – Por que Thea vem sendo insistente com relação a você, e eu não sei até ponto é brincadeira, e por que como eu disse, eu não discuto o que faço em privado com minha irmã. Eu falei que você deve ter ligado sem querer para mim, e pensando que você estava em apuros eu fui até você, a peguei naquela festa ridícula e levei para sua casa. – Explicou. – Eu pedi para que seu segurança repetisse isso, caso ela ligasse para lá. E evitei atender seu celular desde então. Para ser mais claro eu liguei para ela quando você ainda estava dormindo e do meu celular, ela não sabe que você está aqui. Eu não tenho nenhum interesse ou intenção de sair anunciando para o mundo que nós estamos envoltos em um acordo baseado em puro sexo, mas eu não estou bem em esconder isso de Thea. – Confessou. – Eu não vou sair dizendo “Hey ,Thea eu só quero dizer que estou fodendo sua amiga”, mas eu também não negarei nada se ela perguntar se aconteceu algo entre nós dois. – Apressou-se em me informar.

— Sim, você vai. – Falei exigente.

— Felicity...

- Ela é minha melhor amiga. – Esclareci. – Ela e Roy, são as únicas pessoas fora Diggle que eu tenho e confio nessa cidade, você é só sexo. – Dei de ombros. Ele endureceu. – Eu não tenho você, mas eu tenho Thea e Roy e não quero perder isso por sexo, mas eu também quero explorar “isso”. – Murmurei irônica, chegando colocar aspas ao falar. Mostrando pela primeira vez que a forma que ele se referia me irritava. – Então vai ser em segredo. Essa é minha única exigência Oliver, e nem é tão grande assim.

— Eu não gosto de mentir para Thea. – Respondeu rígido. – O único motivo que menti hoje mais cedo foi por que não parecia certo expor você sem antes conversar sobre isso. Eu não vou mentir para Thea novamente.

— Então eu acho que podemos cancelar os planos para hoje à noite. – Falei simplesmente. Joguei como uma bomba e invés do grande barulho proveniente de uma explosão, eu recebi o desconfortante e gélido silêncio. Eu prometi algo simples, mas lá estava eu complicando tudo, e seu rosto me dizia que ele estava pensando exatamente isso. – Você pode me levar para casa? – Perguntei tensa. Ele assentiu, seu rosto ainda envolto em seriedade. – Ok, eu só preciso passar no banheiro antes, e não se preocupe, sua camisa é grande o suficiente. – Acrescentei antes de deixa-lo para trás. Não recebi, nem esperei por nenhuma resposta sua. Tranquei-me no mesmo banheiro que utilizei na primeira vez e tentei me acalmar. Eu estava estragando tudo e não conseguia me impedir. Quando terminei de usar o banheiro ele já estava na sala, encostando contra a parede ao lado da porta, estranhamente silencioso, mas parecendo ainda mais aborrecido. – Onde estão meus saltos?

— Aqui. – Apontou com o queixo justo ao lado do sofá. Suspirei curvando-me para pega-lo, não me dei o trabalho de calça-los. – Você realmente não vai vestir nada além?

— Eu acho que sobrevivo a uma descida no elevador e entrar em seu carro. – Murmurei com acidez. Não era como se eu fosse andar muito tempo exposta. Eu provavelmente deveria perguntar onde estava aqueles que usei na primeira vez em que estive em seu apartamento, mas dado a sua necessidade em me responder apenas o básico, eu descartei a pergunta. Ele fez uma careta em resposta ao que eu havia dito, mas assentiu antes abrir a porta e permitir que eu passasse em sua frente.

Eu pensei que sobreviveria ao elevador, mas eu também pensei em meus doces sonhos, que ele estaria vazio.

Não estava.

Cinco pares de olhos me encararam com diferentes tipos de interesses. A senhora idosa olhou de Oliver para mim com curiosidade, e então sorriu. Ela realmente sorriu. Franzi o cenho enquanto sentia a mão de Oliver descansar contra a parte baixa das minhas costas e me guiar para dentro, balançou sua cabeça em um aceno cortês e eu sequer me preocupei em fazer o mesmo. Foi quando ele me empurrou para dentro que notei os outros tipos de interesses nos quatro pares de olhos masculinos. Um era um adolescente, então não contava muito. O outro o senhor que parecia ser o marido da mulher sorridente, também não chamou minha atenção, mas os outros dois me olhavam com interesse descarado, seus olhos passando pelo meu corpo, fixando-se em minhas pernas por último, Oliver me colocou a sua frente, seu corpo cobrindo o meu, um braço rodeando minha cintura. Ele devia estar preocupado com o que sua vizinhança pensaria, mas honestamente, ele devia ignorar isso, pelo tom de nossa conversa eu nem entendia por que ele estava agindo assim, afinal ficou claro que nenhum dos dois cederia, e que a coisa toda conseguiu durar apenas uma hora. Eu não estaria voltando para esse prédio. Olhei para os números, concentrando-me lá, sentindo meu rosto ficar cada vez vermelho e notando que os rapazes cochichavam entre si em tom baixo. Não havia dúvida de que eu estava no tema da conversa, senti Oliver se endurecer ainda mais.

Ele estava escutando alguma coisa?

Ignorando tudo segurei um suspiro de alívio quando as portas se abriram e tomei a frente entrando no estacionamento, desesperada para deixar o prédio. Oliver me seguiu de perto, não deixando de ir até a porta e abri-la para mim. Deus, ele estava irritado comigo e ainda era cavalheiro.

Patético.

Continuamos nossa gélida guerra do silêncio até que parou o carro em frente a minha casa, me apressei em eu mesma abrir a porta do carro antes que ele fosse rápido o suficiente. Um pequeno gesto rebelde. Seus olhos estavam frios quando o encarei.

— Obrigada pela carona. – Murmurei automaticamente. Ele meneou a cabeça em descrença.

— Eu não concordo com uma coisa que você diz e você recua? – Perguntou por fim. – Eu pensei que você estava propondo algo adulto aqui. – Reclamou.

— Eu não posso concordar em deixar Thea saber. – Falei novamente. – Eu sinto muito. Por mais que ela venha constantemente nos provocando sobre ter algo entre nós dois, eu duvido que isso realmente a deixaria feliz. – Murmurei lembrando-me do que Roy havia dito. – Sejamos sinceros Oliver, somos tão diferente um do outro que eu acho que duas semanas será um recorde, caso dure tudo isso. – Falei honesta. – Eu não vou arriscar minha amizade com Thea, por duas semanas com você. Ela é minha única amiga.

Ele suspirou, todo o aborrecimento se esvaindo. Ainda que em desacordo ele assentiu.

— Está bem. – Cedeu. – Ela não saberá de nada por mim, mas eu aviso logo Felicity, Thea sempre descobre as coisas, tudo se torna pior quando você as esconde dela. Eu sei que eu estava bem escondendo que nós dois já nos conhecíamos quando ela nos apresentou, mas foi coisa de uma noite. Agora é diferente, e quando ela descobrir tudo vai piorar. – Advertiu.

— Ela não vai descobrir nada. – Falei, ainda que não pudesse garantir. Percebendo que ele permanecia parando parecendo na dúvida, eu me aproximei tocando seu braço. – É melhor assim.

— Eu não acho. – Murmurou sem esconder o quão contrariado estava com isso. – Mas vou respeitar. – Acrescentou, surpreendeu-me ao tirar meu celular do bolso de sua jaqueta e me entregar. – Não se esqueça de ligar para ela ainda hoje. - Pediu. - E mude sua senha, um “z” é um pedido de ter alguém fuçando em suas coisas. Aliás, eu deletei aquela foto minha, eu não vou me dar o trabalho de perguntar como conseguiu.

— Ok. – Assenti envergonhada por saber que ele havia visto a maldita foto. O que ele havia feito? Realmente ficou olhando meu celular?

— Esteja lá as 22:00. – Não me dei o trabalho de perguntar onde, uma vez que havia cedido com relação à Thea, ele supôs que estávamos retomando de onde havíamos parado. – Leve roupas extras. – Pediu. – Você não descerá em meu elevador usando tão pouco novamente. - Segurei uma provocação na ponta da língua e assenti novamente, ele me surpreendeu ao segurar meus pulsos aproximando-me dele. – Agora, eu preciso de um beijo antes que seu guarda costas apareça para me expulsar. – Sorri com sua frase, na certa Diggle já sabia que estávamos do lado de fora, havia câmeras para isso, se ele não saiu era por que estava praticando sua paciência e aguardando-me para um verdadeiro inquérito.

Oliver certamente já havia percebido as câmeras.

— Você tem certeza que quer fazer isso aqui? – Indaguei. Ele ergueu uma sobrancelha, seu rosto mostrando diversão.

— Eu pedi um beijo Felicity. – Ainda segurando meus pulsos ele me aproximou mais de si. Abaixando sua cabeça até meu ouvido continuou. – Eu não pedi para você montar no meu “pau de ouro”. – Ofeguei com vergonha, estava rezando para ele ter esquecido especificamente essa parte, quando eu ia repreendê-lo sobre isso sua boca cobriu a minha, diferente dos últimos beijos que haviam sido estranhamente casuais, esse era lascivo. Era muito íntimo e ousado para quem estava na porta de casa sendo vigiada e Deus sabia quantas pessoas passavam pela rua naquele momento.

Era um domingo calmo, não devia ter muitas, quase ninguém, provavelmente ninguém. Entretanto, eu não podia descartar a possibilidade de alguma vizinha intrometida estar assistindo nesse momento, Oliver Queen beijando-me longamente enquanto sua mão sorrateira descansava quase de forma imperceptível na parte inferior do meu quadril.

— 22:00. – Repetiu após me liberar de seu beijo.

Meu corpo já ansiava por esse encontro.

Eu estava perdida.

OLIVER QUEEN

A observei entrar em sua casa e só então me apressei em voltar para meu carro e manobra-lo, deixando sua rua para trás. Suspirei imaginando que teria um encontro com Thea e teria que desviar de todo o tipo de pergunta que surgiria. Isso estava me deixando tão confuso, a coisa toda mal havia começado e já parecia complicado o suficiente para me fazer desejar correr na direção contrária.

O grande x da questão era que eu não conseguia.

Eu tive a oportunidade, quando ela recuou logo após saber que eu não concordava em esconder de Thea, eu poderia ter me aproveitado, e por alguns momentos eu considerei. Ela estava tão resoluta. Mesmo após sair do banheiro caminhou orgulhosa e decidida. Vestida apenas em minha camisa, cabelos soltos e pés descalços, ela parecia um anjo caído cuja missão era me tentar. Descer com ela em um elevador lotado foi minha segunda provação, ela vestia tão pouco e não parecia se importar de fato, seu queixo erguido, como se na verdade vestisse um longo vestido de baile, enquanto homens atrás de mim perguntavam-se quanto seria uma noite com uma garota como aquela.

Eu quase perdi minha fodida mente.

E eu tenho certeza que ela não percebeu, mas sua mão pousou em cima do braço com que eu a envolvia, me acalmando, totalmente alheia ao que acontecia atrás e ao próprio gesto, ela havia me acalmado.

E eu percebi mais uma vez que isso estava longe de ser descomplicado.

Eu deveria estar repensando mais uma vez, certo?

Mas não, eu não recuei.

Agora eu estava decidido que a trataria melhor do que os homens que ela havia conhecido a tinha tratado até então. Ela disse que seria apenas sexo, certo. Eu lidaria com isso. Mas haveria regras, e a principio eu concordaria em deixar Thea de lado, por que parecia realmente importante para ela, mas mais a frente, caso durasse mais do que as duas semanas que ela havia imposto, eu voltaria a tocar no assunto. Por que eu tinha quase certeza que duraria mais.

Eu não acho que depois de tê-la sobre meu balcão, duas semanas seria o suficiente.

— Você está atrasado. – Thea murmurou assim que abriu a porta de seu apartamento.

— Não havíamos combinado uma hora exata. – Murmurei em tom defensivo. – E eu fiquei preso em algumas coisas...

— Hum. – Thea murmurou estreitando os olhos e deixando-me passar.

— De qualquer jeito, eu vim apenas me certificar que você está bem. – Falei já sonhando em ir embora.

— Nem ouse Oliver Queen. – Murmurou fechando a porta com firmeza atrás de mim. – Felicity ainda não me ligou e eu estou preocupada com ela, eu ia passar lá mais cedo, mas eu estava envolta em minha própria ressaca. – Confessou parecendo envergonhada. - Ela não atende ao seu celular, seu segurança disse que ela está dormindo desde que saiu da festa. Diga-me você, quando você a deixou em casa, ela estava bem?

— Ela estava... Ótima. – Murmurei vagamente, sentando-me no sofá. Perfeita na verdade.

— Eu ainda não acredito que de todas as pessoas, ela ligou para você. – Murmurou cruzando os braços. – Sorte imagino, outra pessoa não teria vindo ao seu socorro.

— Imagino que não, já que os próprios amigos não estavam de olho nela. – Falei fazendo que ela reagisse indignada.

— Você está dizendo...

— Ela estava com você Thea. – A lembrei. – Estava bêbada e vulnerável a qualquer outra pessoa, e você sequer notou que ela havia se afastado. Percebeu apenas quando eu liguei para você. – Ok. Eu não dei sermão nenhum a Felicity, isso não queria dizer que Thea ia sair ilesa disso. – Onde você estava?

— Roy e eu...

— Que tipo de festa era aquela? – Disparei. – Eu estive tempo o suficiente para perceber que havia drogas, bebidas, mais do que uma festa normal.

— Oliver. – Sua voz se fez mais dura. – Eu sei que você vem agindo como irmão super protetor desde que nossos pais se separaram e nossa família se quebrou, mas eu não preciso disso, eu estava em uma festa com meu namorado, eu não me excedi no álcool, não tanto quanto Felicity. – Reformulou. – E a propósito ela é minha amiga, eu não sou sua mãe, eu a levei para um pouco de diversão, e ela teve. Sim, como amiga e pessoa que a levou para festa eu não deveria ter perdido ela de vista, mas acontece. Eu fiquei preocupada quando você não retornou minha chamada, pensei que ela tinha saído da festa com algum desconhecido, mas por mais que Felicity não seja aquilo tudo que os outros imaginam, ela também não é uma santa, ela já saiu com desconhecidos antes. Eu não sabia que ela estava tão bêbada assim, isso é tudo. Eu fico feliz por você tê-la encontrado e a levado para casa. Mas o que aconteceu ontem não é o fim do mundo.

— E se ela estivesse drogada? – Murmurei tenso.

— Você não a conhece, Felicity não chegaria perto de drogas. – Falou com convicção. – Pare de fazer uma festa comum soar como uma grande armadilha. Você não é o irmão dela. – Acrescentou irritada.

— Ela poderia ter sido drogada Thea. – Falei frio. – Assim como você também podia. O mundo não é cor de rosa, e coisas ruins acontecem. Garotas como Felicity chamam atenção, e caras nem sempre aceitam um não. – Continuei alheio ao fato de que meu tom aumentava e minha voz se fazia cada vez mais dura. – Há idiotas por aí esperando o momento em que uma garota bonita deixará sua bebida fácil para ser alterada. Você tinha seu namorado para olhar para você, eu vou confiar em sua palavra e presumir que ele fez isso. Felicity tinha vocês dois e os dois falharam nisso.

— Oliver. – Thea murmurou surpresa. – Acalme-se. Foi só uma festa, ela escapou de minha vista em pequenos minutos de distração, ela também não é uma criança. Por que você está gritando comigo sobre isso? Você está usando Felicity para me passar um sermão?

— Você foi irresponsável. – Falei. – Ela também, eu não posso gritar com ela, então estou gritando com você.

— Bem, se você gritasse com ela, ela certamente não entenderia nada. – Thea meneou a cabeça, depois sorriu com diversão. – A coitada pensaria que meu irmão é louco, saindo gritando com minhas amigas como se elas tivessem 14 anos.

— Thea...

— Ok, eu entendi. Mil e uma coisas poderiam ter acontecido de errado. – Assentiu. – Mas mesmo bêbada ela pegou a única coisa que era certa, ela ligou para você, o irmão mais velho super protetor. O que vou agradecer eternamente por isso. Embora também vou sempre reclamar internamente disso, por que ei, que belo sermão eu ganhei...

— Thea... – Murmurei entredentes.

— Mas e então... – Falou em tom que eu sabia era para mudar de foco. Seu sorriso aumentando quando se sentou ao meu lado. – Isabel conheceu Felicity, ela falou algo sobre isso?

— Como? – Perguntei confuso. Ela conseguiu mudar o foco.

— Ela não foi com você pegar Felicity? – Perguntou sem se abalar. – Não tente me enganar Ollie, eu sei que você estava em um encontro. – Falou em advertência. – E então? Ela foi com você deixar Felicity em casa?

Tomei meu tempo observando o rosto animado da minha irmã. Agora eu percebia por que ela não estava cheia de insinuações ou por que atribuiu minha reprimenda como uma extensão de minha proteção dela até Felicity. Ela achava que todo o tempo eu tinha estado com Isabel, pensava que após deixar Felicity em casa, eu havia voltado ao meu apartamento com Isabel. E por mais que Thea não parecesse feliz com meu “envolvimento” com Isabel, a ideia de Isabel conhecendo Felicity a divertia. Eu disse a Felicity que não contaria nada a Thea, e que manteria tudo em segredo, isso não significava que eu mentiria sobre cada aspecto da noite para Thea, mesmo que isso significasse não nos deixar em uma zona de segurança.

— Isabel nunca conheceu Felicity. – Falei por fim.

— Sério? – Perguntou decepcionada.

— Sério. – Assenti. – Por que você estava interessada nisso?

— Por que um encontro entre as duas soa interessante. – Sorriu. – Eu pesquisei sobre sua amiga, e ver você indo atrás de Felicity em uma festa, com as roupas que eu a vesti... Oh seria interessante. Eu confesso que gostaria um pouco da agitação que causaria.

— Foi você...

— Hum?

— Nada. – Murmurei me interrompendo. Demostrar quão irritado eu havia ficado com aquelas roupas, não seria bom para manter a promessa. Não se eu queria sexo hoje à noite. O que eu queria.

— Então ela ficou esperando você ir atrás de Felicity? – Perguntou curiosa.

— Thea, Isabel é uma amiga. – Murmurei seco. – Não é de seu interesse onde eu vou e se eu vou atrás de alguém, mesmo essa pessoa sendo uma amiga de minha irmã.

— Você a deixou para trás. – Concluiu.

— Isso não vem ao caso.

— Você nunca vai conseguir entrar em um relacionamento sério novamente. – Observou. – Eu sei que implico com os seus casinhos, mas é por que eu sei que são apenas casinhos, desde Laurel e aquele relacionamento tóxico que vocês tinham, você não namorou ninguém.

— Laurel me traiu. – Eu a lembrei.

— Isso não quer dizer que cada mulher que entre em sua vida irá te trair. – Ressaltou.

— Não. – Assenti. – Por que agora eu diminui o prazo de duração e deixo claro o que espero. – Falei com acidez. – E eu não ideia do por que estamos falando nisso.

— Por que eu pensei que a tal Isabel era material para namorada. – Confessou. – Eu não gosto dela... – Deixou claro. Embora eu não entendesse como ela podia desgostar de alguém que nunca conheceu. – Mas eu pensei que você estava indo por esse caminho, por que é a primeira mulher com quem você sai que eu sei o nome, mas você não hesitou em deixa-la para trás. – Observou.

— Era urgente. – Dei de ombros.

— Felicity devia estar muito bêbada. – Murmurou estreitando os olhos novamente. Ali estava, a leve suspeita. Eu tinha que contorna-la antes que ela chegasse a uma conclusão errada, ou no caso, mais do que certa.

— Já que eu já vi que você está bem, e que você parece interessada demais em minha vida amorosa...

— A falta dela. – Corrigiu-me.

—... Eu já vou. – Falei me erguendo.

— Você gosta dela. – Falou as minhas costas.

Oh merda.

— Quem? – Murmurei fazendo-me de desentendido. – Isabel?

— Felicity. – Thea murmurou admirada. – Você se preocupa.

— Apenas como eu me preocupo com você. – Dei de ombros. – Quando uma garota liga para você, e você se vê obrigado à salva-la de certa situação, é normal se preocupar.

— Pode ser. – Assentiu. – Ou talvez você tenha percebido que ela uma pessoa legal, uma amiga legal. Eu sei que você não está interessado romanticamente nela, seu coração frio e inacessível não permite isso. Eu sei que eu tenho importunado muito você dois, mas isso não significa que você tenha que ficar na defensiva ao ponto de não assumir que pode vê-la como amiga.

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— Thea, eu vi a garota um par de vezes. – Murmurei sincero. Ao menos até onde ela sabia foi apenas um par de vezes. – Ela não é minha amiga.

— Mas ela pode ser. – Bateu em meu ombro levemente, parecia até mesmo empolgada com a ideia. Eu estava atônito. Thea costumava ser mais rápida nas coisas, talvez tenha sido o tanto que protestamos, mas era engraçado que apesar de tudo, as opções que tenham passado em sua cabeça tenha sido como eu vendo Felicity como uma irmã ou como uma amiga.

Eu tinha que sair antes que ela chegasse na parte amante.

— Agora, eu realmente preciso ir. –Falei apressadamente. Ergui um dedo em alerta me lembrando de algo. – Pare de enviar fotos minhas para suas amigas, especialmente fotos em que eu ainda era uma criança, não é engraçado.

—Ah bem lembrado, eu pensei que ela havia excluído. – Murmurou indo até a porta e abrindo para mim, percebi tardiamente que eu havia dado algo que não devia. – Eu preciso perguntar isso a ela, e sobre o fato dela manter o número do seu celular. – Bateu em seu queixo com o dedo indicador. – Como você viu a foto?

— Ela estava muito bêbada. – Murmurei dando de ombros, como se o restante fosse autoexplicativo. – Ela estava dizendo coisas desconexas e falando sobre paus.

— O quê?

— Até mais Thea. – Murmurei fechando a porta atrás de mim, enquanto ela ainda se matinha chocada demais para fazer algo a respeito.

Thea Queen

Observei Ollie fechar a porta atrás de si com rapidez, minha mente ainda tentando entender a última que ele soltou.

Paus?!

Cruzei meus braços enquanto encarava perdidamente a porta branca. Deixei meus pensamentos vagar, deixando um sorriso largo assumir meu rosto. Estava claro que o grande idiota estava tentando esconder algo, eu deveria me sentir irritada, e magoada, mas eu estava me divertindo observando Oliver Queen que sempre foi tão sério, tropeçar em palavras e dar explicações vagas, e tudo isso por conta de uma garota.

Sim, por que ele era idiota se achava que eu era estúpida ao ponto de não notar seu envolvimento com Felicity. E mais idiota ainda se achava que conseguiria me esconder isso por muito tempo. Se aquele grande, arrogante e estúpido Ollie não queria que eu soubesse que ele está transando com minha amiga, que não tivesse a beijado e agarrado sua bunda na mesma festa em que eu estava.

Felicity não ficava atrás, todo aquele fingimento de não estou interessada em seu irmão, e sempre manteve o número dele em seu celular, foi a primeira pessoa em que pensou ligar quando estava bêbada.

Oliver deixou seu encontro para ir até ela. Isso me dizia que eles no mínimo se encontraram novamente após nossa ida a mansão. Eles realmente queriam levar isso adiante sem me dizer nada.

Idiotas.

Mas tudo bem, eu teria meu próprio tempo de diversão enquanto deixava Romeu e Julieta brincarem de viver seu romance secreto. Eu brincaria com suas mentes, faria com se sentisse culpados, e os deixaria profundamente envergonhados. Eu já aguardava ansiosamente o momento em que a parte mais fraca acabaria cedendo e me revelando tudo.

Eu me divertiria.

Céus, eu já estava me divertindo.