O silêncio era estranho. E por mais que eu quisesse falar algo, era impossível, a voz não saía. Olhei em seus olhos e soube que ela estava mesmo muito arrependida, não deveria brigar com ela.

-Por que aqueles espíritos estavam atrás de você? - Perguntei.

-Ahn... Zeus me descobriu. Ele... quer que eu fique com ele no palácio nas nuvens. É a casa dele. Amy... Ele não permitiria que uma de suas filhas fosse "babá" de um humano. Pelo menos é o que ele acha... - Katy começou a chorar novamente. Com isto, Harry acordou.

Levantou pesadamente e olhou para nós.

-Ah, meninas! Chega de conversa... Deixem-me dormir... - E voltou a dormir.

Olhei-o por mais tempo do que o normal. Katy me cutucou e me olhou com uma expressão como "lindo, não é?". Eu corei, mas dela eu não podia esconder nada.

-Eu estava pensando... Nas consequências de ser uma guardiã. - Disse, meus olhos se encheram de lágrimas.

-Sabe... Prismodeux é lindo. é um lugar ótimo para se viver. A água é cristalina e o sol não fere nossos olhos. A noite é totalmente estrelada. Mas... Amy, entende que no nosso mundo, a felicidade é diferente? Aqui vocês tem objetivos, vocês lutam por uma vida boa e por uma família. Lá nós já temos a vida que desejamos, não exercemos diferentes profissões. Me diga... Você quer ser guardiã mesmo? Nunca pensou no que queria ser quando crescer?

-Eu sempre penso... Também penso em amor... - Disse, minhas bochechas ficando rosadas de novo. - Não posso esconder Katy... Sinto algo por ele, é uma ligação estranha. Parece que eu já o conheço.

-E isso não faz você desistir da idéia de ser guardiã? - Perguntou ela, esperançosa.

-Faz... Mesmo assim, eu gostaria de te ajudar... De resolver o problema com sua mãe, Katy. Precisa levar esses livros para Prismodeux. - Disse.

-Você iria comigo? - Perguntou ela.

-Eu posso?

-Só uma vez... Na vida.

-Então ok.

Deixei um bilhete a Harry, explicando o nosso sumiço e disse que se deus quisesse nós estaríamos de volta.

-Está pronta? - Perguntou Katy. Eu assenti firmemente. - Então ok... - Ela agitou as mãos e de repente eu estava numa escuridão sem fim.


Cai desajeitada em um campo de margaridas. Katy, que estava em pé, estendeu as mãos para me ajudar a levantar. E eu me vi no paraíso.

As margaridas se estendiam a uns 10 metros de onde estávamos. E depois delas Haviam um reino. As árvores eram de ouro e algumas de rubi. O reino tinha lindas casas de cores pastéis e uma linda floresta. O palácio era de ouro branco. Tudo era extremamente brilhante. E ainda havia um rio de águas cristalinas, como Katy dissera.

-É lindo não é? - Falou ela. - Aquela é Prismodeux. E aquele é o rio Arpis.

-Vamos rápido... Temos... Muito o que fazer. - Tentei mudar a minha cara de "Oh meu deus, isso tudo é tão lindo".

Corremos até o palácio muito rápido. Katy disse que Zeus podia achá-la.

-Olá Fizzus! Eu preciso urgentemente falar com a rainha. Provavelmente ela já sabe do acontecido, certo? - Disse Katy para um guarda do palácio que estava de fora.

-Com certeza... Entre rápido! A rainha a aguarda. - Disse Fizzus.

Entramos no palácio, que se era bonito por fora, era ainda mais por dentro. O piso era de marmore. Haviam vários colunas de ouro e a parede era decorada com quadros grandes. Em um quadro havia uma linda mulher com cabelos loiros, quase brancos, e olhos verdes de jade. Ela tinha uma coroa na cabeça de diamantes. Com certeza era Circe, a avó de Katy e rainha. Do lado dela havia Euros, o avô e rei de Prismodeux. Também tinha uma coroa, mais grossa. Tinha pouca barba de cor castanha e cabelos da mesma cor. E num canto da sala havia o retrato de Katy. Criança, não crescida como estava. Ela estava com um vestido branco com detalhes azuis e sorria.

-Argh! Que vergonha... - Gemeu ela.

-Katy? É você, minha princesinha? - Disse a voz de uma mulher. Olhei para seu rosto, era Circe. Um pouco mais adulta do que na foto, mas ainda extremamente bela.

-Vovó! -Exclamou Katy. - Oh, me desculpe! Não sei como ele me descobriu! Eu estou com tanto medo! - Ela abraçou afetuosamente a avó.

-Quem é esta, querida? - Perguntou a rainha.

-É minha amiga, Amy. - Disse Katy. - Nós achamos o livro, o livro de Zeus. Estamos com problemas.

-Ahn... Olá Amy. - Disse ela, com um pouco de desprezo. Depois se virou para a neta. - Querida, você sabe qual é o livro de Melly, entregue-o para o guardião lider e pode desejar o que quiser, até matar Zeus. - Disse Circe.

-Essa é a questão, vó. Quero ver minha mãe, quero livrá-la daquela prisão. Me ajude!

-Não há como... - Circe parou abruptamente. Ouvi sons de trovões muito perto do palácio. Eram fortes, pareciam se aproximar.

Então a porta do palácio veio ao chão. Por um momento um clarão cegou meus olhos. Mas depois foi escurecendo, ate eu ver um homem forte com vestes majestosas segurando um raio na mão.

-Circe! Devolva Katy! - Gritou o homem que provavelmente era Zeus.

-Não Zeus! Não leve-a daqui! - Gritou desesperada Circe.

Outro homem surgiu dos fundos do palácio. Mas era Euros... E eu desejava que ele fosse bom.

-Zeus! - Exclamou o homem.

-Devolvam minha filha! - Ele jogou um raio no quadro de Euros. - Quero ela agora! - Katy se agarrava freneticamente á avó.

Não sabia se era bom eu me intrometer. Mesmo assim...

-Pare! Vamos... Vamos conversar. - Disse. Minhas mãos tremendo.

-Quem é você, garota estranha? - Disse Zeus.

-Eu sou amiga de Katy! Deixe-a falar! - Foi ai que eu cometi meu erro.

A furia de Zeus era tamanha. Ele apontou o raio para cima, e o palácio veio ao chão.