Oh, grande Yuki. Como és belo! Por favor, peço-lhe gentilmente sua mão em casamento. Eu prometo amar-te e respeitar-te até que... Opa! A graciosa exposição de meus sentimentos diante de um espelho de vinte e dois reais de uma lojinha de um real em uma das esquinas da cidade teve de ser interrompida. Acelerei o passo, o mais rápido que pude. Quem mandou esbanjar sua sedutora lábia para cima da mulher de um negão de quase dois metros, Yuki? A toda velocidade virei quadras na tentativa de fugir daquela máquina mortífera que deformaria todo o meu belo rostinho mantido sob muito custo à base de Renew Clinical e não seria justo virar abóbora antes mesmo do badalar da meia-noite. Correr excessivamente causa um desgaste muito grande, eu já estava até mesmo perdendo as esperanças quanto então, por fim cheguei à um parque repleto de flores de cerejeira florescendo já que era época de florescerem, este que mais parecia um encantador cenário das histórias infantis. Foi aí que começou a minha história. Mas reflitam comigo, se a loja era uma dessas conhecidas como “loja de um real” por que havia um espelho no valor de vinte e dois reais à venda para os consumidores? Aliás, a única coisa que nunca vi em lojas de um real é algo que custe um real, alguém já reparou nisso? Certo, Yuki, isto não é uma boa hora para refletir sobre comércio.

Voltando ao meu conto de fadas, minha beleza reluzia em meio as pétalas que dançavam de acordo com o ritmo imposto pelo vento. Ah, que cena encantadora poder ver à mim mesmo em minha mente. Mas aquele dia vi muito mais do que toda a minha sedução. Sim... eu vi! Era a minha salvação! Oh, Senhor. Mandastes à mim a luz! Destes à mim a chance de permanecer na Terra como um releis mortal de beleza impecável. Avistei meu abrigo, minha salvação. Tecidos importados, pela estampa na certa eram franceses, sobrepostos em uma costura perfeita. A fragrância exalada daquele ser era como um convite para que eu me aproximasse. Em câmera lenta caminhei na direção da longa e atraente saia daquela ninfetinha loira. Pude ouvir os pássaros cantando ao fundo, não houve como resistir me esconder debaixo dela. Aquela foi a oportunidade perfeita pois antes de ir ao bar tomar uma cerveja para refrescar-me eu havia esquecido de passar protetor solar. Além de esconder-me daquela máquina mortífera e poupar minha belíssima face, consegui um lugar à sombra para proteger-me das patologias da pele. Aconchegante e volumoso... volumoso até demais. Desde o dia em que avistei aquela ereção meu lugar à sombra tornou-se garantido.

Conheci Hizaki, por quem hoje em dia tenho grande afeto, nos tornamos amigos íntimos, tão íntimos que ele passou a sentar-se no meu colo e a presentear-me com massagens de fins libidinosos todos os finais de semana. Tive então a liberdade para erguer suas saias sempre que quisesse. E acreditem, aquilo se tornou um vício para mim. Algo que notei não ser um incômodo à ele já que todas as vezes em que minhas hábeis mãos tocavam-lhe as coxas macias como as de uma verdadeira dama, aquilo que as saias acobertavam se tornava evidente. Bastante evidente. Passei a visitá-lo na casa noturna de nome GRACE PROJECT, onde ele trabalhava arduamente todas as noites e madrugadas, de domingo à domingo dando o melhor de si, sem folga. E foi lá que encontrei a oportunidade de ser alguém na vida e sustentar minhas bebedeiras para não mais necessitar esconder-me de donos de bares dos quais dei inúmeros calotes. Kamijo, um loiro sedutor, senhor de grandes negócios e cafetão profissional convidou-me para ao lado de Hizaki construir uma carreira na área de entretenimento, foi assim pude revelar toda minha capacidade e talento atuando para o cinema adulto. Entre um filme e outro, em um ménage à trois conheci um grupo de outras ninfetinhas chamado “Jasmine e as Fogosas”. O fogosa-alfa, Jasmine, foi quem atuou naquela cena comigo e Hizaki. Apesar da curiosidade que se apossou de minha mente ao ouvir o sugestivo título que foi dado ao grupo à primeiro instante, após a gravação já não restavam-me mais dúvidas. Me foi muito bem explicado e demonstrado a razão para tal nome. Ex-freira, vindo de um convento onde estava longe de todas as impurezas deste mundo, Jasmine um belo dia revoltou-se e decidiu substituir os trajes e objetos sacros por vestidos purpurinados, corselets utilizados nos melhores cabarés da cidade e penas de pavão compradas por dez reais naquela mesma loja de um real onde minha cerimônia religiosa narcisista foi cruelmente interrompida.



Não muito longe dali, em uma cela de prisão de poucos metros quadrados estava Teru, completamente encoxado por prisioneiros naturalistas, suados e repletos de pêlos pelo corpo. Seu maior incômodo além daquele local apertadíssimo, diferente de seu canal após nove meses trancafiado, era o odor exalado por aqueles homens de poucos hábitos higiênicos. Como todo cidadão de um nível superior, bons modos e etiqueta, Teru almejava uma vida diferente. Bastava de homens rudes ao seu redor, ele precisava de novos ares, conviver com aqueles que compreenderiam toda sua delicadeza e passividade. Após ser libertado Teru encontrou tudo aquilo que sempre sonhou ao ser agenciado por Kamijo então jurou para si mesmo que não mais tentaria sair de uma dessas lojas de ornamentos sexuais sem pagar o consolo de vinte e cinco centímetros que leva, motivo pelo qual teve sua liberdade e virgindade perdidas. O jovem então mudou radicalmente de vida mas continuou a queimar a rosca com a mesma frequencia de antes. Mesmo assim Kamijo ainda preferia os corselets de Jasmine mas ele sabia adaptar bem o seu tempo para tratar dos dois enquanto Hizaki ficava normalmente por minha conta. Afinal, todos os dias eu fielmente escondia-me sob suas saias, ganhando em retribuição ações libertinas da parte dele. Apenas trocávamos de função algumas vezes para sair da rotina, como por exemplo, todas as sextas-feiras havia rodízio sem falta. Todos comíamos e eramos comidos, proporcionando assim satisfação garantida à todos nós. E assim seguimos nosso destino com bebedeiras em excesso e atos libidinosos até que eis que surge a genial idéia de trocarmos o entretenimento corporal por um empreendimento musical que hoje chamamos de Versailles -Philharmonic Quintet, que tem nos dado mais dinheiro que a vida mundana cinematográfica destinada à adultos.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.