POV MARK

15 de agosto de 2015.

Sinto a areia sobre meus pés, corro com a bola de futebol driblando meus amigos, sorrio com a careta que o Johnny fez, ele sempre foi muito competitivo, e finalmente chuto para o gol.

— GOOOOOOOOL – Mandy grita e pula em minhas costas, porém perco o equilíbrio e caio no chão, logo meus outros amigos pulam em cima de mim. Fazia tempo que não me sentia livre para me divertir.

Levanto ainda rindo e limpo a areia do meu corpo, pego minha garrafa de água e sento pra descansar um pouco, fazia tempo que não jogava futebol. Deveria está acostumado com o esforço, minha rotina de ensaios todos os dias e shows, mas essas férias me deixaram mal acostumado.

Não acredito que estou em casa, Los Angeles! Como sinto falta daqui, da minha família, dos meus amigos, das praias. Quando me mudei para Seul, há cinco anos, Fui para seguir meu sonho de ser um Rapper, minha família sempre me apoiou, mas não pensei que sentiria tanta falta de casa. No inicio foi muito difícil para mim, sempre me considerei uma pessoa tímida e mudar de país, conhecer pessoas novas e ter que enfrentar as câmeras, me deixou muito intimidado, mas com o passar do tempo fui conhecendo melhor os meninos e perdendo a timidez, apesar de que ainda me considero muito calado em comparação a eles.

Sinto a brisa daquele final de tarde em meu rosto, o cheiro do mar, vejo meus amigos jogando bola perto da água. Praia de Santa Monica sempre foi a minha preferida, costumava vir sempre com a turma da escola. Resolvi parar de jogar, preferir ficar sentado na areia admirando tudo e guardando cada detalhe, para lembrar quando estiver em Seul. Escuto aquele som irritante que o Jackson colocou em meu celular, indicando que chegou uma mensagem no Kakao Talk, noto que é do Jaebum.

“Annyeonghaseyo,

Mark, como estão as coisas em LA? Estamos todos com saudades do nosso Hyung. Jackson voltou hoje pela manhã, ele anda estranho, triste e calado! Algo está acontecendo, mas ele não quer contar. Não sei o que fazer, hyung! Precisamos de você, Jackson precisa de você!”

— Ei, Mark!!!!! Vamos jogar – Anne grita, ela é uma grande amiga do colégio.

— Você vai ter muito tempo para ficar no celular em Seul, Mark! Levanta esse bumbum da areia e vem logo – Adam fala, ele nunca soube medir as próprias palavras, sempre foi o mais esquentado do grupo.

Porém não consigo tirar a mensagem do JB da cabeça, Jackson precisa de mim, sei que ele tem confiança para me contar às coisas. Preciso voltar para Seul mais cedo, infelizmente! Mas não posso abandonar o Jackson agora e nem o grupo, sou o hyung deles. Resolvo deixar essa preocupação para mais tarde, levanto e vou jogar com meus amigos, como uma forma de despedida antecipada.

17 de agosto de 2015.

Preciso achar uma forma de fazer o Jackson se abrir comigo, JB estava certo, alguma coisa aconteceu ou está acontecendo com ele. Depois de 12h de vôo precisava de um banho, achei a oportunidade perfeita de tentar conversar com o Jackson e arrastei-o comigo para o Apartamento.

— Hyung que demora, precisamos voltar para a JYP – Jackson reclama pela terceira vez em 2 minutos. Termino de trocar de roupa e abro a porta do banheiro, encontro o loiro deitado na minha cama olhando para o teto como se estivesse entediado.

— Alguém já te falou que você consegue ser muito chato quando quer? – pergunto e dou um leve tapa na cabeça dele. Jackson coloca a mão na cabeça e faz uma careta se sentando.

— Aigoo Hyung, você é tão malvado comigo – Jackson fala e faz uma carinha fofa. Solto uma gargalhada e o abraço pelo ombro, senti falta dessa criança loira.

— Como foram as férias em casa? – Resolvo finalmente tocar no assunto e o vejo mudar a expressão de relaxada e brincalhona para tensa e fechada.

— Foi muito legal, rever a família é sempre bom – Jackson responde e endireita a postura, solta um sorrisinho e me olha – estamos atrasados, hyung! Vamos - Ele levanta rapidamente e corre em direção a porta.

— Jackson, você pode me contar qualquer coisa, sabe que estou aqui para te apoiar em qualquer momento – falo, vejo parar e segurar a maçaneta da porta com um pouco de força – Quando você se sentir bem para falar, estou disposto a escutar.

Sinto os braços de Jackson me envolver e o abraço de volta, ele começa a chorar em meu ombro, suas lagrimas molham minha blusa. Dou leves tapinhas em suas costas.

— Obrigado por entender, hyung! Mas não foi nada grave, só um problema de família que depois te conto, agora estamos atrasados! – Ele fala e sorri, logo me puxando para fora do apartamento.

Aigoo, esse garoto tem uma energia, como ele consegue andar quase correndo? Eu preciso voltar logo a ensaiar e recuperar minha resistência, estou preguiçoso que nem o Youngjae, sei bem como é difícil tirar ele da cama, deixaram essa tarefa para mim porque sou o mais paciente.

— E como foi em Los Angeles, Mark? Conheceu alguma gatinha americana? – Jackson pergunta, ele já parece bem melhor e relaxado, como o verdadeiro Jackson, sem aquela mascara de tristeza.

— JACKSON! Foi bem legal, passei bastante tempo com minha família e amigos de lá, eles não queriam me deixar voltar, no último dia.... – Percebo que Jackson parou e começou a encarar um lugar mais a frente, então vejo dois homens enormes agarrarem duas garotas, entendo o que está acontecendo e pego meu celular pra ligar para policia, mas Jackson sai correndo em direção aos homens, sua expressão é de desespero. Agora eu aue estou desesperado, esse garoto não pensa? Não posso deixá-lo sozinho.

— SE AFASTE DELAS – Jackson grita e puxa o homem que segurava a garota de cabelos longos, dando um soco em seu rosto. Percebo o outro homem jogar a pequena de cabelos curtos no chão e correr em direção ao loiro.

Corro e empurro o homem antes que ele alcançasse o Jackson, ele corre furioso para cima de mim, tinha uma cicatriz terrível abaixo do olho esquerdo. Dou um soco em seu rosto com toda minha força, o vejo cair no chão. Minha mão está doendo muito, nunca havia socado ninguém, olho para garota de cabelos curtos e a mesma estava encolhida e chorava muito, dou um passo em sua direção, mas sinto uma pancada muito forte contra meu estômago, não consigo respirar! Então sinto outra pancada em meu rosto, o gosto de sangue é forte em minha boca. O chão quente machuca meus cotovelos, só então percebo que cai no chão.

Para meu alivio o som das sirenes da policia estão cada vez mais perto, então vejo os dois homens correrem. Os policiais os seguem, espero que peguem esses canalhas e covardes. Vejo que Jackson também está no chão e bem machucado.

— DAHYUN – Jackson grita e levanta rapidamente fazendo uma careta de dor, corre até a garota de cabelos longos e a abraça, esta começa a chorar nos braços do loiro.

Então Jackson conhecia a garota, por isso tanto desespero em sua expressão. Olho para outra garota, ela ainda estava encolhida e chorando no chão, me ajoelho em sua frente e coloco a mão em seu ombro delicadamente para não machucá-la ainda mais, sinto ela tremer levemente.

— Calma, você está segura agora – falo tentando acalmá-la, então ela abre seus olhos e me encara, percebo sua expressão suavizar um pouco, dou um leve sorriso para ela, o que me fez sentir um pouco de dor no rosto.

— Vo... você esta machucado – ela fala e toca no machucado em meu rosto, noto que ela ficou preocupada. Esta pequena garota tinha um rosto tão meigo e angelical que não merecia está coberto por lagrimas.

POV CHAEYOUNG

Tomo o quarto como de água com açúcar, mas ainda não me sinto calma. Está difícil de absorver tudo que aconteceu, tudo por causa do maldito crachá! Me sinto enjoada só de lembrar das mãos daquele homem asqueroso me tocando, aquela cicatriz terrível em seu rosto. Sinto novamente lagrimas escorrerem pelo meu rosto, por que isso foi acontecer logo comigo? Dahyun também está muito chocada, coitada da minha amiga.

— Sente-se melhor? – Escuto a voz do Mark, me viro e o vejo parado na porta da cozinha, me encarando de forma preocupada. Aigooo, Mark Tuan está parado na porta da cozinha do meu apartamento, isso é um sonho? Ainda bem que ele e o Jackson apareceram, não quero nem imaginar o que poderia ter acontecido.

— Estou bem, obrigada – falo rapidamente e faço uma pequena reverencia. Ao levantar percebo que ele está parado em minha frente, Mark toca meu rosto de forma delicada e enxuga minhas lagrimas.

— Não chore mais, já passou e aqueles idiotas terão o que eles merecem – Mark fala e sorri de lado, noto que seu machucado ainda estava sangrando um pouco. Pego a caixinha de remédios que fica guardada no armário perto da pia e coloco em cima da bancada.

— Prometo não chorar mais, agora vamos cuidar desse seu machucado – falo e abro a caixinha de remédios, porém Mark segura minha mão e me levanta, tão facilmente como seu eu fosse mais leve que uma pena, me colocando em cima da bancada da cozinha, confesso que quase tive um infarto com essa ação dele.

— Primeiro vamos cuidar de você – Ele fala e tira algo de dentro da caixa de remédios, mas eu não consigo me concentrar em mais nada, tê-lo tão próximo de mim, meu coração estava disparado no peito.

— Ma...Mas estou bem – falo gaguejando, por que sempre gaguejo quando fico nervosa?

— Tem certeza? – Ele pergunta e olha para meu braço, fazendo uma cara engraçada. Então sinto uma pontada de dor no meu braço direito, vejo o sangue seco em meu braço e percebo um grande machucado em meu cotovelo, devo ter machucado quando cai e com a adrenalina nem percebi.

Mark segura meu braço delicadamente e começa a passar algo em meu machucado, me encolhi com a dor, como ardia. Fecho os olhos com força tentando aguentar a dor e encosto a cabeça no ombro do Mark.

— Calma Chae, logo vai passar! – Ele fala tentando me confortar. Então Mark cobre a ferida e me olha como se falasse que já tinha terminado.

— Obrigada, Mark! Agora é a sua vez, o que vão dizer quando você aparecer com esse machucado no rosto? – pergunto, então pego um pedaço de algodão e o mesmo remédio que Mark passou em meu machucado. Começo a passar em seu rosto, um corte bem feio em sua bochecha, vejo ele fazer uma careta por causa da dor, mas eu achei mais fofa do que tudo! Então para ajudar assopro seu machucado, percebo ele relaxar.

— Eu não sei, vou usar aquela velha desculpa que cai e bati o rosto na maçaneta da porta – Ele responde e se apoia na bancada, colocando os braços um de cada lado do meu corpo. Coloco um curativo em seu machucado e sorrio com o meu trabalho, mas não posso evitar olhar nos olhos de Mark, ele estava tão perto. Me assusto ao perceber que ele me olhava intensamente, porém logo ele sorri e me agradece, se afastando um pouco.

POV DAHYUN

A Cada momento que fecho meus olhos o medo bate e eu sinto que vou desmoronar, como isso pode acontecer? Como vou sair desse apartamento e enfrentar o mundo La fora? Quando escutei Jackson chamar meu nome, meu coração ficou aliviado, me agarrei nele como se ele fosse minha barreira protetora, e bem lá no fundo ele é mesmo.

— Você vai ficar bem agora, Dah! Não precisa ter medo – escuto a voz do Jackson, mas não abro os olhos, estamos no sofá do meu apartamento e Jackson faz carinho em minha cabeça, o que está me acalmando – Sabe o que é engraçado? Ontem você estava me consolando e hoje eu que estou te consolando, como a vida da voltas, né?

Sorrio com o comentário dele, tanta coisa aconteceu em menos de 1 dia, ontem ele estava em meus braços chorando como um bebê, hoje eu quase fui vi..... bom não quero nem pensar nisso, mas Jackson estava lá por mim, como sempre me salvando.

— Obrigada, Jackson! De verdade, não sei o que seria de mim e da Chae se você e o Mark não tivessem aparecido, muito obrigada – falo e deito a cabeça em seu ombro, escuto ele solta um suspiro pesado e começar a fazer carinho em minha cabeça novamente – Me desculpe por você ter se machucado.

— Ei, esquece isso! Não importa se eu me machuquei ou não, eu faria aquilo mil vezes por você! – Jackson se afasta um pouco e segura meu rosto com as duas mãos, ele me olhava tão intensamente que todos os pelinhos do meu corpo se arrepiaram – Se algo tivesse acontecido com você, eu enlouquecia de vez, entendeu? Nunca me perdoaria.

— Jack....

— Você não tem noção do quanto é importante para mim, Dahyun! Pode fazer pouco tempo que nos conhecemos, mas eu não sei o que deu em mim, só sinto essa vontade louca de está perto de você e te proteger – ele fala me interrompendo, suas palavras fizeram meu coração acelerar e quase pular para fora do meu corpo. Jackson encosta novamente sua testa na minha, como fez ontem. Fecho meus olhos aproveitando aquele momento, tudo que ele falou, será que é verdade?

— Parece que você realmente é meu príncipe encantado – falo e sorrio, fazendo-o sorrir também.

Olho nos olhos dele, estes estavam brilhando, ele me olhava com carinho. Jackson aproxima seu rosto do meu novamente, sem desviar o olhar, sinto sua respiração em meu rosto, fecho meus olhos esperando ansiosamente pelo que está por vir. Então finalmente sinto os lábios dele nos meus, um simples beijo, mas cheio de sentimentos. Sinto a mão de Jackson descer até minha cintura e a outra em meu pescoço, agarro a gola de sua camisa e o puxo para mais perto aprofundando o beijo, Ele corresponde à altura e sinto meu corpo inteiro adormecer quando nossas línguas se encontraram. Jackson tinha um gosto viciante e apaixonante, ele termina o beijo com um selinho demorado, estávamos ofegantes, mas ele sorria e eu também. Dou um abraço apertado nele, esse momento não exige palavras, apenas a presença um do outro já fala tudo, nossos sorrisos falam tudo.

POV TZUYU

Paro em frente à porta daquela sala que eu já conhecia o caminho decorado, como devo encará-lo depois de ontem? Sairmos juntos, certo? Como um encontro? Minha cabeça está fervendo em pensamentos, mal consegui me concentrar nas aulas. Deixe de besteira Tzuyu, você vai agir normalmente.

Então abro a porta, para minha surpresa Yugyeom já estava lá, estava sentado no chão com a cabeça encostada na parede, usava fones de ouvido e seus olhos estavam fechados, ele estava lindo como sempre. Sentei ao seu lado e fiquei observado sua expressão relaxada, será que estava dormindo?

Então ele abre os olhos, sinto minhas bochechas esquentarem, Yug me flagrou olhando para ele, aigooo!

— Chegou há muito tempo? Acabei pegando no sono, me desculpe! – ele fala e sorri.

— Não, acabei de chegar, não queria te acordar! Parece cansado.

— Estava ensaiando até agora com o resto do grupo a coreografia da nova música, por isso hoje eu só vou assistir você dançar – ele fala e me olha divertidamente. Vou dançar sozinha? Quem vai me segurar quando eu cair?

— Mas Yug, eu não me sinto pronta ainda.

— você está pronta, Tzu! É só sentir a música - ele fala e levanta me puxando com ele, fico impressionada com a facilidade desse menino em me carregar – lembra da coreografia de “A”, vamos começar por ela.

Yugyeom coloca a música e encosta na parede me encarando, prendo o cabelo e tento o máximo me concentrar na dança, sem olhar para ele. Na parte do giro, fico impressionada mais eu consegui executar o passo perfeitamente, olho e vejo o Yug sorrindo me encorajando. Ao terminar a música me sinto satisfeita, não cai nenhuma vez.

— e então? – perguntei, estou ansiosa para saber como me sai.

— está bem melhor, mas eu preciso fazer uma critica construtiva – ele fala e vem até mim, faço bico, achei que tinha ido bem – você está dançando melhor, mas não está sentindo a música. Dançar não é só executar os passos, quando você dança, usa o corpo inteiro, inclusive a expressão, entende? Por isso é tão importante sentir a música.

Yugyeom coloca uma música mais lenta e dramática, sinto – o segurar minha mão e me girar, começo a rir lembrado da nossa primeira vez dançando.

— Fecha os olhos e sinta a música, que emoções você pode identificar? – ele pergunta. Faço o que ele pediu e sinto uma tristeza com a letra, meu coração ficou pesado.

— Tristeza – falo, abro os olhos e noto que ele está mais perto. Ele pega minhas mãos e coloca em volta de seu pescoço, sinto-o colocar suas mãos em minha cintura.

— Então dance como se estivesse triste, vamos fingir que somos namorados, eu pretendo ir embora e você está muito triste com isso – ele fala um pouco mais baixo, pensar assim me deixou feliz e triste ao mesmo tempo. Então Yug começa a dançar comigo, quando ele se afastou como se “estivesse indo embora” o desespero foi tão grande que eu prendi meus braços em volta da sua cintura e encostei minha testa em suas costas. Yugyeom segura minhas mãos e sinto uma segurança, então ele vira de frente para mim e me levanta no ar, me girando.

Yug me coloca no chão lentamente, sinto meu corpo deslizando entre suas mãos grandes. Nossos olhares se encontraram no meio do caminho e se prenderam um no outro, sinto o chão sob meus pés, mas não desvio o olhar do dele. Tomo coragem e aproximo meu rosto para mais perto do meu garoto misterioso, estou tão hipnotizada pelo olhar dele que esqueci completamente da vergonha. Sinto uma de suas mãos subir até meu rosto e fazer um leve carinho em minha bochecha, então Yug puxa lentamente meu rosto para mais perto ainda do seu, até que sinto seus lábios roçarem nos meus, me arrepiando por inteira.

O barulho da porta abrindo fez com que nós nos afastássemos rapidamente, quebrando aquele transe que havia se formado. Então vejo Jinyoung entrar, meu rosto logo esquenta ao lembrar do nosso beijo, não acredito que estou nessa situação.

— Te achei, Tzuyu! A professora Sun hee está aguardando você para começar a aula – ele fala e olha para mim, ele tinha um sorriso no rosto, sua expressão parecia aliviada e vitoriosa ao mesmo tempo.