Presente de Grego

Gabrielle: Parte 1


Sem saber dos eventos que se sucederiam, Gabrielle e Solan treinavam alguns golpes com seus cajados, sendo resguardados debaixo das sombras das árvores do vilarejo. Apesar da pouca idade, Solan realmente tinha muitas habilidades com o cajado, mas Gabrielle ainda se mostrava mais habilidosa. Solan já havia levado pelo menos três golpes nas pernas, e apesar de suas muitas tentativas, ainda não tinha conseguido dar sequer um golpe em Gabrielle.

— Eu disse que tinha muitas habilidades. –Gabrielle sorriu vitoriosa, a criança ainda se levantava do chão, tentando se recuperar do último golpe que a loira havia lhe dado nas pernas.

— Sorte... –Solan respirou fundo, chegava a pingar de suor, devido ao grande esforço que estava fazendo. – de principiante. –Gabrielle olhou para ele com uma expressão séria em seu rosto e se pôs a rir do aparente cansaço do menino.

— O único “principiante” aqui é você, Solanzinho. –Gabrielle pôs seu cajado de lado e se aproximou do menino para lhe apertar as bochechas. Foi nesse momento que o garoto aproveitou a distração da mulher e a acertou nas pernas com um único golpe, o que fez com que ela caísse no chão ao lado dele.

— Ai! –Gabrielle reclamou, olhando para cima e dando de cara com um Solan muito feliz com sua conquista. – Para de rir! Você roubou! Não vale, eu estava distraída e desarmada. –Gabrielle disse já se levantando e pegando o seu cajado, para novamente acertar o menino nas pernas e vê-lo caindo no chão. – Agora valeu. –Solan resmungou, reclamando da traição de sua amiga e se levantou pegando o seu cajado, estava pronto para tentar novamente.

— Os bandidos e saqueadores não vão se importar se você está concentrada ou não na luta... -Solan sorriu da mulher que ainda estava esfregando os braços para retirar a areia.

— Você parece um bandido ou um saqueador, golpeando as pessoas pelas costas delas. -Gabrielle sorriu descontraidamente. – Mas você tem razão, eles realmente não se importam muito com o meu estado de espírito. –Gabrielle se aproximou do menino, mas apenas o suficiente para lhe passar a mão nos cabelos.

Os dois treinaram bastante, treinaram uma variedade de golpes e Gabrielle aproveitou para ensinar ao garoto golpes que fariam com que seu adversário desmaiasse imediatamente. Solan era um bom aluno, era esforçado, possuía muita vontade de aprender e quase não reclamava quando Gabrielle lhe atingia ou roubava o cajado de suas mãos para mostrá-lo que ele não estava atento o suficiente na luta.

— E então... quer voltar para casa agora? – Gabrielle debochava do menino, ela tinha em sua mão esquerda o cajado de Solan e na direita segura o seu próprio cajado, com o qual golpeava levemente Solan quando ele tentava se aproximar dela na tentativa de recuperar seu cajado.

— Acho melhor você voltar, antes que ela te humilhe mais. –Eles olharam na direção que a voz vinha e Gabrielle sorriu ao reconhecer a mulher que estava acompanhada por um pequeno centauro. – Ela é uma rainha amazona, você não vai conseguir vencê-la. –Ephiny sorriu com cumplicidade para Solan.

— Ephiny! –Gabrielle andou com passos largos até a mulher e a abraçou com força. – Xenan? –Gabrielle olhou para o pequeno centauro loiro que estava do lado de sua mãe e ele sorriu alegremente para ela.

— Oi, tia Gabi. –Xenan estendeu a mão direita para cumprimentar Gabrielle. Em sua mão esquerda, ele segurava com firmeza um lobo de madeira, muito semelhante a ovelha de madeira que Xena havia dado de presente a Gabrielle em um solstício de inverno. Ao olhar para o lobo nas mãos da criança, a mulher se lembrou de sua filha perdida e toda a tristeza que sentiu ao abandoná-la a própria sorte.

— Tia Gabi? Puxa mais que garotinho educado. –Gabrielle passou a mão nos cabelos do menino e lhe fez cócegas embaixo dos braços.

— Você vai me devolver o meu cajado, Gabrielle? –Solan parou ao lado de Gabrielle e passou as mãos no cabelo de Xenan.

— Claro, aqui. –Gabrielle estendeu o cajado para o menino. Não conseguia tirar os olhos do lobo de madeira de Xenan e por conta disso também não conseguia tirar Esperança de seus pensamentos. Percebendo a inquietação de sua amiga, Ephiny arrumou uma forma de dispensar as crianças para que pudessem conversar.

— Crianças, por que não vão para casa? –Ephiny deu um leve sorriso para Xenan e Solan.

— Tudo bem, vamos Xenan. –Solan segurou a mão do pequeno centauro e o conduziu até sua casa.

Ephiny conferiu se as crianças estavam longe o suficiente para não as escutar e assim que notou que já estavam um pouco distantes, se voltou novamente para Gabrielle na intenção de descobrir o que havia a deixado tão aflita.

— O que houve, Gabrielle? Por que você ficou tão inquieta ao olhar para o Lucas? –Ephiny colocou a mão no ombro de sua amiga e a encarou.

— Você comprou aquele lobo em Senticles, não foi? –Gabrielle passou as duas mãos no rosto, na tentativa de organizar seus pensamentos.

— Sim, o que há de errado com isso? –Ephiny fez uma careta, estava confusa com o rumo que aquela conversa tomaria.

— Não há nada de errado... é que Xena me deu uma ovelha de madeira em um solstício de inverno. E eu dei ela para a minha filha... Esperança. –Gabrielle se esforçou para segurar o choro.

— Filha? Você teve uma filha? Onde ela está? –Ephiny olhou para os lados como se estivesse procurando um local onde uma criança poderia se esconder.

— Ela está morta. Ela morreu em Britannia... eu tentei salvá-la, mas não consegui. – Gabriele deixou algumas lágrimas molharem o seu rosto.

— Gabrielle... não foi culpa sua a morte de Esperança. Você fez o que pôde, uma mãe não pode se culpar pelo destino horrível que os deuses reservaram para os seus filhos. –Ephiny limpou as lágrimas de Gabrielle e a deu um abraço reconfortante, ela não sabia o que era ter um filho morto, mas ao imaginar algo assim acontecendo com Xenan, todo o seu corpo se contraía em agonia.

— Você tem razão... – Gabrielle ensaiou um sorriso fraco para a amiga. – Agora vamos voltar para casa, antes que as crianças venham nos escoltar pessoalmente. –Gabrielle sorriu ao pensar que Solan seria realmente capaz de fazer isso, ele não sabia, mas era muito parecido com a mãe, era um garotinho muito protetor.

Na entrada da vila, longe dos olhares de humanos e centauros, Callisto olhava para as bandeiras penduradas para o pacto entre os centauros. Ela possuía uma expressão de profundo desgosto, como se tivesse acabado de encontrar com um velho inimigo que planejava destruir há muitos anos.

— Patético, mas posso dar uma iluminada nisso tudo. –Sorriu perversamente e apontou seu dedo indicador para uma das bandeiras, da ponta de seu dedo saiu uma faísca de fogo que logo incinerou toda a bandeira, ela repetiu o ato em todas as outras bandeiras. – Perfeito, agora tem cara de um evento quente. –Callisto sorriu vitoriosa e apagou a fagulha de seu dedo como se fosse uma vela.

— Ei, o que você está fazendo? –Callisto se virou imediatamente para olhar o homem que lhe questionava, ele estava acompanhado de mais meia dúzia de homens e nem um deles parecia feliz com o serviço que a moça tinha feito em suas bandeiras.

— Ora, você não está vendo? –A vilã usava um tom falso de ofensa em sua voz. - Estou dando um pouco de luz para o seu evento. –Callisto sorriu cinicamente e logo uma ideia melhor começou a passar pela sua cabeça.

— Você não pode...

Antes mesmo de completar sua frase, o homem e seus companheiros já haviam sido totalmente incendiados por Callisto, que os observava com um brilho muito, muito perverso em seus olhos.

— Assim a minha velha amiga vai entender melhor o recadinho. –Callisto sorriu e apagou novamente a chama de seu dedo. A mulher saiu com passos decididos, indo em direção a caverna para que Esperança entrasse em cena para dar vida a sua parte do plano.

Não demorou muito para que a obra de Callisto fosse descoberta, logo a guerreira e o centauro estavam em frente aos corpos queimados e estranhamente pendurados sob as bandeiras também queimadas na frente da vila.

— Quem fez isso?! – Kaleipus indagou com raiva para o homem que o havia chamado.

— Eu não sei... eu...

— Eu sei, ou pelo menos acho que sei. É muito improvável que ela tenha escapado do rio de lava. –Xena observou os corpos com atenção, sentindo uma sensação estranha tomar conta de seu estômago.

— Quem? –Kaleipus perguntou ao notar o desconforto da guerreira.

— Uma velha amiga...

Xena não precisou dizer mais nenhuma palavra para que Kaleipus entendesse que teria que elaborar rapidamente um plano de proteção para as pessoas e para o vilarejo. Enquanto Xena se encontrava em um difícil dilema na entrada da vila, Gabrielle descansava tranquilamente no conforto da cabana que Kaleipus havia cedido para ela e Xena ficarem durante a sua estadia. Estava quase fechando os olhos, quando subitamente notou um barulho vindo detrás de um dos baús que ficavam próximos a porta. Calmamente, a barda se levantou e tomou posse de seu cajado, como se estivesse ensaiando um golpe, a loira se aproximou com passos lentos do baú e apontou o cajado para ele em posição de ataque.

— Quem está aí? –Gabrielle esperou que o invasor se identificasse, mas isso não aconteceu. – Saia daí agora mesmo! Ou irei machucá-lo. –Gabrielle continuou segurando o cajado em posição de ataque, esperando que a pessoa se identificasse, mas diferente da primeira vez, a mulher logo avistou um emaranhado de fios loiros saírem detrás do baú, sendo seguidos por um par de olhos cintilantemente azuis, que a encararam com bastante medo. Ao se revelar por completo, com uma certa relutância, Gabrielle pôde perceber que seu invasor se tratava de uma criança. Uma menina, com pouco mais de 8 anos de idade. — Desculpe, eu não vou te machucar. Qual é o seu nome? –Gabrielle colocou o cajado encostado na cama e deu um sorriso amigável para a criança.

— Fayla. Você é Xena, a princesa guerreira? –A menina perguntou, ainda encarando Gabrielle com medo em seus olhos.

— Não. Não sou Xena, sou Gabrielle... amiga de Xena. –Gabrielle tentava passar confiança para a criança.

— Não, tem que ser Xena. A mulher monstro me fez prometer. –O antes sorriso amigável da barda deu lugar a uma expressão preocupada.

— Mulher monstro? –A menina assentiu muito rapidamente, como se tivesse medo de pronunciar aquelas palavras novamente.

— Sim, ela disse que me mataria se eu não desse o recado que ela mandou para Xena. –A menina tinha um tom de aflição convincente em sua voz, isso fez com que Gabrielle se preocupasse ainda mais. Afinal, que tipo de monstro machucaria uma criança tão pequena e indefesa?

A barda teve que afastar essa pergunta de sua mente por um tempo. Não demorou muito para que Xena, Gabrielle e Kaleipus estivessem diante da amedrontada criança de olhos azuis.

— Diga... o que ela mandou me dizer? –Xena colocou a mão no ombro da menina, tomando todo o cuidado para não a assustar ainda mais.

— Ela mandou dizer que sabe do seu segredinho e que irá guardá-lo em um lugar de onde ele jamais poderá sair. –Xena olhou para a menina com uma expressão de completo terror.

— Essa mulher... como ela era? –Gabrielle pôs sua destra no abdome da guerreira, numa tentativa sútil de a acalmar.

— Eu... eu não sei. Estava assustada demais..., mas ela me disse que tinha poderes especiais e que poderia me encontrar se eu falhasse em lhe dar o recado. Posso ir agora? –A menina se virou, indo em direção a porta, mas Gabrielle a interrompeu.

— Espera, Fayla. Sente-se um pouco. –Gabrielle ajudou a menina a se sentar na cadeira que estava próxima a porta. Com passos curtos, Gabrielle se aproximou de Xena e Kaleipus novamente.

— É Callisto. Ela sabe sobre Solan. –Xena tentou falar em um tom de voz audível apenas para Gabrielle e Kaleipus.

— Mas como? –Gabrielle colocou a mão no ombro da guerreira e fez uma leve carícia.

— Quem a libertou deve ter contado...

— Mas quem seria essa pessoa? –Xena possuía muita angústia em sua voz. Pensar que seu filho estava sob ameaça de sua pior inimiga, a deixava terrivelmente desesperada.

— Não importa, o importante agora é deixar o Solan seguro. –Xena assentiu, com toda a certeza aquilo era mais importante do que qualquer outra coisa no momento.

— O que acha de levar ele para as cavernas Íxion? –Kaleipus assentiu.

— Ele estaria mais seguro. –O centauro deu um sorriso fraco para a guerreira, na tentativa de passar segurança para ela.

— Acho que devemos levar Fayla também. O que acha... –Ao se virar para questionar a menina, todos ficaram espantados ao descobrir que ela não se encontrava mais na cabana, havia simplesmente escapado sorrateiramente enquanto os três adultos conversavam.

Depois de toda uma bela encenação para enganar Xena e seus aliados, Esperança voltou vitoriosa ao encontro de Callisto para lhe contar detalhes de como havia realizado a sua parte do plano.

— Qual foi a reação dela quando você disse que eu sabia sobre o segredinho dela e que iria guardá-lo muito bem? –Callisto tinha um sorriso animado desenhado em seu rosto.

— Parecia que estava morta por dentro. –Esperança sorriu maldosamente e ofereceu seus cabelos para que Callisto penteasse.

— É assim que ela se sentirá quando Solan morrer, morta. Morta por dentro... como eu me senti quando ela queimou a minha família em Cirra. –Callisto relembrou os momentos de terror vividos no passado e sentiu ainda mais vontade de causar dor a Xena. A vilã estava tão entusiasmada com o plano que penteou o cabelo da menina de um jeito desleixado, colocando mais força no braço do que era realmente necessário.

— Quando a família de Xena morrer, o reinado de Dahak começará. –Esperança sorriu triunfante.

Enquanto a pequena vilã e a mulher monstro se ocupavam em pensar coisas horríveis a respeito do futuro de Solan, na cabana de Kaleipus acontecia uma discussão acalorada.

— Se as outras crianças não vão se esconder, eu também não vou! –Solan caminhava de um lado para o outro em torno de seu tio. – Não irei fugir e me esconder como um covarde! –Solan esbravejou.

— É melhor viver como um covarde do que morrer como um herói. –Kaleipus segurou firme o braço da criança, fazendo com que ele o encarasse. Xena se moveu para frente, pronta para intervir se fosse necessário. – Você não é uma criança qualquer! –O centauro afrouxou o aperto no braço do menino e o soltou. Solan foi se sentar na sua cama, ainda muito contrariado com a ideia de se esconder, sem ao menos saber de quem ou do que.

— Kaleipus, eu poderia falar um pouco a sós com Solan? –Xena olhou para a criança que estava de cabeça baixa na presença do tio. Kaleipus não a respondeu, apenas saiu deixando os dois sozinhos.

— O que está acontecendo, Xena? Por que o tio está assim? –Solan encarava a porta pela qual o tio havia saído.

— Está preocupado com você. –Xena se sentou ao lado do menino.

— Comigo? Por que? Eu tenho meu cajado e Gabrielle me ensinou alguns golpes. Eu sei me cuidar. –Xena o observou com orgulho, realmente o seu garotinho não era mais nenhum bebê indefeso.

— Eu sei que sabe, Solan. Mas ele é seu pai... não de sangue, mas isso não faz com que ele se preocupe menos com você. –O menino a encarou, deixou a raiva de lado e passou a escutar verdadeiramente o que a guerreira lhe dizia. – O dever de um pai é cuidar de seus filhos e quando um filho está em perigo é a coisa mais desesperadora do mundo. –A guerreira tinha propriedade para falar daquele assunto, pois ao ouvir a ameaça de Callisto para Solan, foi como se tivesse sido acertada no coração com sua própria espada.

— Então está dizendo que ele está com medo? –Solan tinha um tom de surpresa em sua voz. Nunca havia visto seu tio com medo de nada, por pior que fosse a situação.

— Eu estou dizendo que ele te ama... e você deve confiar em alguém que te ama tanto. Então me faz um favor? –Xena deu um soquinho amigável no garoto e o viu dar um pequeno sorriso. – Faz o que ele está pedindo. Tudo bem? –Xena passou a mão nas costas do menino. – Combinado? –Xena estendeu a mão para a criança na tentativa de selar um acordo com ele.

— Combinado. –Solan sorriu. – Mas fica me devendo. –O menino apertou a mão da guerreira, e foi a vez de ela sorrir.

— Com todo o prazer. –Xena sorriu aliviada, pelo menos por hora, seu filho estava fora de perigo.

Xena saiu para fora da cabana para avisar a Kaleipus que Solan tinha concordado em se esconder, mas para sua surpresa, o centauro não estava por perto. Com o perigo iminente pairando sob seu filho, a guerreira decidiu que o melhor a se fazer no momento seria levá-lo consigo para o encontro com Gabrielle. Ao chegar na cabana, os dois pararam em frente a porta e Solan finalmente quebrou o silêncio que havia entre eles.

— Xena, você pode entrar para falar com Gabrielle e eu vou procurar o tio. –Xena abriu a boca para discordar da ideia do menino, mas Solan a interrompeu. – Tem muita gente conhecida aqui, creio que nada pode me ameaçar em plena a luz do dia. –Xena olhou ao redor e constatou que a criança estava certa, haviam muitas pessoas em volta, nem mesmo Callisto seria tão displicente a ponto de atacar Solan na frente de todas aquelas testemunhas.

— Tudo bem, mas fique em um lugar onde as pessoas possam te ver. Principalmente onde eu possa te achar. –Xena deu um tapinha no ombro de Solan e o observou se afastar da cabana.

Xena balançou a cabeça, Solan era mesmo muito parecido com ela. A guerreira, quando criança também gostava de escapar dos olhos dos adultos, tudo o que ela mais queria era correr e brincar com Lyceus.

— Gabrielle, você está pronta? Temos que ir agora. –Xena disse rapidamente assim que abriu a porta da cabana que compartilhava com a barda.

— Já estou pronta. –Disse pegando a capa que estava em cima de uma das cadeiras.

— Então vamos. –A guerreira segurou a mão de Gabrielle, pronta para conduzi-la até a saída.

— Xena, espera. Você poderia me dar uma coisa antes de irmos? –Gabrielle segurou o braço da guerreira antes que ela saísse.

— O que? –Xena se virou para a barda e a encarou confusa. Um silêncio constrangedor se instalou entre elas e Gabrielle coçou a nuca. –Ahhh... –Xena a olhou nos olhos e entendeu as intenções de sua companheira. A guerreira deu alguns passos para diminuir a distância entre ela e a loira e fechou seus olhos, aproximando seu rosto do rosto da mulher mais jovem e a presenteou com um beijo curto e calmo nos lábios. – Me desculpe, meu amor. Você não deveria ter que me pedir isso. –Xena a abraçou, a aconchegando em seus braços.

— Tudo bem, querida. –Gabrielle se aconchegou um pouco mais nos braços da guerreira, quase se esquecendo por completo dos problemas que as aguardavam lá fora.

— Agora vamos, minha barda. –Xena deu um beijo carinhoso na testa de Gabrielle. – Temos um vilarejo para salvar, minha heroína. –A guerreira deu um delicado beijo no ombro da loira e abriu caminho para que Gabrielle andasse na sua frente. As duas mulheres saíram juntas, felizes com o momento de paz que haviam compartilhado. Mal sabiam que em breve tudo isso se transformaria em um pesadelo sem fim, especialmente para a mais velha delas.