Charlie entrou as pressas no quarto e vê a namorada com uma expressão de espanto sobre a cama. Só então, quando ele ouviu o som das sirenes tocando, ele entendeu o motivo. Era a televisão.

Ele virou e viu para a tela.

Lá estava uma jornalista. Atrás dela, uma multidão se formava em um círculo fechado ao fundo. Carros de polícia e ambulância estavam mal estacionadas no acostamento, subindo no meio fio, diante do caos. Algumas pessoas estavam paradas olhando a câmera ao fundo acenando a mão, o que deixou Hellen revoltada.

Foi quando a repórter colocou a palma da mão sobre o ouvido e começa a falar:

– Estamos aqui na Rua Saint-Jacques onde um jovem morreu atropelado por uma placa. Segundo testemunhas, Carter Horton de 18 anos morreu após salvar um rapaz de ser atropelado por um ônibus. Foi quando uma placa o atingiu.

Então, começa a passar uma filmagem de uma câmera de segurança próxima ao local. Charlie e Hellen viram o momento exato em um rapaz que atravessava a faixa vira o rosto para longe e escapa de ser atropelado por um ônibus. O rapaz coloca a mão contra o rosto e é empurrado para fora do caminho bruscamente.

– Alex! – diz Charlie atônito.

A filmagem começa a chuvisca e o som está baixo, mas ainda dá para ouvir o som do ônibus se dissipando aos poucos. Ele havia saído do campo de visão da câmera e entrado por uma rua estreita.

– As filmagens disponibilizadas pela polícia não possibilita vê claramente quando a placa atinge o rapaz. Os policiais acreditam que o material de suporte da placa estava em péssimas condições e enferrujados. – Uma placa pendurada veio com força contra o rapaz que havia escapado do ônibus, entretanto, Carter o salva nos últimos minutos. Ele fica em pé encarando o rapaz por alguns instantes e é nocauteado pela placa. Após a placa passar pelo corpo do rapaz, aparece uma censura e tudo que os telespectadores podem vê são pixeis. – Outras informações, a seguir.

Charlie desliga a televisão e ambos ficam parados por algum tempo. Hellen o olha abalada e diz:

– Charlie, eu preciso ligar para os meus pais.

– Eu não acho que seria uma boa ideia. Você iria apenas preocupa-los e fazê-los tentar te tirar daqui a força. – ele olhou compreensivo para a garota – E ainda tem uma investigação acontecendo. Não podemos sair daqui, caso contrário, seriamos presos.

– Você tem razão. – Hellen sorri – Sabe o que eu ainda estou louca para fazer?

Charlie olha para Hellen e ela está com um sorriso malicioso no rosto.

A jovem abre o zíper de trás do vestido e puxa-o para baixo, tirando as alças do seu vestido devagar. Charlie ficou pasmo, mas não conseguia tirar o rosto. Dentro de suas calças estavam crescendo algo e a sensação era inexplicável. Tudo o que ele poderia dizer é que tinha uma atração pela bela garota.

Quando ela retirou todo o vestido jogou-o no rapaz, que o pegou-o e cheirou. Hellen ri.

– Você quer mais?

Charlie disse afirmativamente e subiu sobre a cama, ficando de quatro. Ele caminhou vagarosamente até a garota, que se arrastava para o travesseiro, enquanto desabotoava a camisa. Por fim, ele estava apenas de calça e meias.

Charlie e Hellen deram um beijo duradouro.

Charlie segura Hellen nas costas e a puxa para juntá-la ao seu corpo. Ela estava tão quente quanto ele. Hellen colocou uma mão em seu cabelo e começou a bagunça-lo, deixando-o esvoaçar pelo ar e riu junto a Charlie. Então, ela colocou a mão na coxa do rapaz e arrastou em seu colo, dando uma chave de pernas em sua cintura.

Por fim, quando eles perceberam, já estavam nus.

***

– Precisamos começar a investigação o mais que depressa. – diz Paul comendo uma rosquinha. Ele e Nicholas estavam estacionados dentro do carro-patrulha em frente a uma cafeteria Starbucks.

– Você tem razão. Não há dúvidas de que o acidente foi causando por uma bomba... Eu ainda estou parcialmente surdo do lado esquerdo. – Nicholas está com a orelha esquerda enfaixada. Quando iam embora, Paul percebeu que o amigo estava caminhando de lado e eis o motivo: o seu ouvido estava sangrando. Entretanto, após uma análise medica, por sorte não fora o tímpano que estourou. Ele teve muita sorte.

– Precisamos de pistas! Há um terrorista a soltas pelas ruas e não sabemos até quando ele pretende ficar na cidade.

– Mas por onde começamos? O teatro desabou... Podemos ter perdido muitas provas.

– O teatro ainda é nossa única cena de crime. – Paul olha para o céu – E eu acho que devemos começar as investigações o mais depressa possível. Não há estrelas no céu... A chuva pode levar embora as nossas pistas.

07 de Dezembro de 1999

Charlie e Hellen estão tomando café da manhã no restaurante ao lado do hotel. Ambos estão com os ânimos a flor da pele. Charlie parecia um pouco nervoso e Hellen não parava de sorrir e falar com uma voz mais descontraída.

– Eu ainda não acredito no que fizemos... – diz Charlie.

– Por quê? Eu pensei que o motivo dessa viagem fosse para fazermos isso também.

– Eu sei... Só não entendo como você consegue agir com tanta naturalidade. – Charlie toma o gole do seu chá.

– Oras, ninguém viu. Do que eu teria vergonha?

Charlie vira o rosto e fica corado.

É quando ele vê os dois policiais entrando pela porta. Agora, eles estavam trajando os uniformes com direito a óculos escuros. Eles estavam sérios e fizeram Charlie perder o raciocínio. Quando eles se aproximaram da mesa do casal, Nicholas puxou uma cadeira ao lado e sentou-se com as costas dela virada para a mesa enquanto Paul permaneceu em pé e colocou as mãos na cintura.

– Bom dia, Charlie. – ele olha para garota – Hellen...

– Bom dia! – diz os dois secamente.

– Charlie, você poderia nos ajudar na investigação resolvendo esse pequeno enigma?

– Bem... Se estiver no meu alcance...

– Eu gostaria de que nos contasse a sua versão da história. Queremos saber o que você viu ou acha que viu aquela noite. Eu quero que você não omita nada, precisamos saber dos detalhes para que possamos saber o que estamos procurando.

Charlie olha para Hellen e aperta a sua mão.

Quando ele se vira novamente aos policiais, ele conta tudo o que ele se lembrava daquela noite. Charlie parecia estar com receio de falar com todos os detalhes, porque ora ou outra observava o espaço à procura de curiosos. Porém, o lugar tinha apenas mais duas pessoas sentadas em mesas diferentes e eles pareciam não se importar com a presença do oficial da lei.

Ele disse sobre o primeiro barulho que ouviu e o tremor sem entrar em muitos detalhes sobre como os atores morreram. Ele se limitou a dizer apenas que foram esmagados e continuou a descrever os acontecimentos, como se estivesse vendo um flashback. Por hora, ele não comentou sobre o quão sobrenatural foram algumas mortes. Desde que saíra do teatro, ele sentiu que uma presença oculta o estava cercando, tão densa quanto o ar. Quase não conseguia respirar quando tentava falar sobre o assunto. Estava se sufocando. Charlie comentou tão sobre as outras duas explosões, mas se não se deu ao luxo de falar sobre os vitrais que matavam os policiais e contou-os que não os viu depois da segunda.

Os policiais o ouviram atentamente anotando tudo em uma pequena prancheta.

– Charlie, você tem algum palpite de onde as bombas poderiam estar?

– Bombas? – disse Charlie assustado.

– Acreditamos que o acidente não tenha sido uma falha mecânica, mas um atentado. Por enquanto, estamos coletando informações dos sobreviventes. Agora, se puder nos responder, ficaríamos agradecidos. Você poderia se localizar pelo tremor... – Nicholas tenta fazer alguns sinais com as mãos para facilitar a compreensão do rapaz, mas desiste – Quanto mais perto da bomba, mais forte é um tremor. Entende?

– Sim... – dá uma pausa – Uma das bombas poderia estar perto dos vitrais e, a outra, próxima as pilastras de sustentação do segundo andar.

– Certo! – Paul termina de anotar e Nicholas concertar o seu chapéu na cabeça – Você acaba de dá um longo passo para ir de volta para casa, meu jovem. Obrigado!

Charlie e Hellen acompanha os policiais com os olhos até a porta do restaurante. Eles se entreolham apenas quando tem a certeza de que eles estão do lado de fora.

– O que foi aquilo? – diz Charlie.

– Eu que te pergunto. O que foi aquilo? E se eles encontrarem uma bomba em um dos lugares que você falou. Já parou para pensar na hipótese? Você não acharia suspeito?

– Mas eles me perguntaram...

– Eles podiam estar blefando. Agora quem sabe o que vai acontecer? Eles podem está agora tentando conseguir um mandado de prisão. – Hellen parecia assustada.

– Fica calma. Tudo vai ficar bem. – Charlie segura as mãos de Hellen e as levanta no ar – Você pode ainda está exausta.

– Você pode ter razão... E-eu, eu preciso me deitar!

08 de Dezembro de 1999

Nicholas e Paul acordaram cedo e, agora, estavam em frente as ruinas do teatro. A faixada do grande teatro não tinha sido muito afetada. Entretanto, o chão ainda estava molhado e escorria um caldo preto. As paredes do lugar estavam brancas de tanta poeira e as janelas estavam com todos os seus vidros estourados.

Paul e Nicholas avançam e ultrapassam a faixa criminal.

Paul tenta abri a porta, mas ela estava emperrada. Então, ele abre espaço para que Nicholas possa dá um chute bem forte na porta. Depois de alguns chutes, a porta dupla se abre com dificuldade se arrastando pelo chão.

– Vamos começar pelas indicações do rapaz...

Eles entram na sala onde estava o palco. Tudo parecia diferente. Uma enorme montanha feita de escombros estava no centro do salão, enquanto nos cantos estavam a refletir pela luz matinal do sol pequenos cacos de vidros das janelas que foram destruídas.

Nicholas pisou em cima de um corpo desenhado no chão de giz e quando vê, ele sai de dentro do emaranhado e sente arrepios.

– Eu ainda não sei porque voltamos para cá. Esse lugar me faz lembrar de que eu poderia estar morto junto com essas pessoas.

– Considere-se sortudo. Você não morreu. – disse Paul se aproximando de um banco solto que estava próximo a outro – Esse banco... – Paul estava de luvas e passou a mão sobre a superfície da poltrona – Espuma. Vamos levar para a análise!

Nicholas se aproxima do amigo e cola um pequeno papel amarelo com o número 1 nas costas do banco.

– O que é essa espuma?

– É o que vamos descobrir.

Paul e Nicholas averiguam todos os lugares procurando indícios de quaisquer ataques. Nada. O lugar estava limpo. Eles estavam com um atraso de um dia, se houvesse uma pista ali, o bandido poderia ter levado no dia anterior.

Nicholas procurou por algo atrás do palco e viu apenas o que sobrou de um holofote, em cima do palco. Além disso, pode ver algumas alavancas cobertas de sangue coagulado e o desenho de um corpo em torno delas. Ele pensou em alguns instantes na agonia da pessoa que morreu ali e fechou os olhos. Se ele se concentrasse, ainda poderia ouvir o pessoal do set gritando de dor, agonizando.

Ele olhou para as portas dos fundos e elas estavam trancadas. Nenhum sinal de arrombamento.

– Não há nada aqui. – diz Nicholas.

Nicholas ia sair pelas cortinas quando ele ouviu o barulho de algo de rompendo. Do alto, ele pode ver um saco de areia cair e vim para o seu rosto. Foi quando ele saltou no último minuto, deixando-o cair contra o piso e quebra-lo, formando em um buraco.

Nicholas sai de trás das cortinas e vê Paul agachado próximo a uma pilastra com um enorme trincado no centro. Ela estava inclinada para o lado oposto que o policial, mas Nicholas se sentia intimidado com aquela monstruosidade de massa e tijolos.

Paul estava de cócoras e tateava o chão, ignorando a pilastra. Ele alisou o dedo indicador no mindinho e um pequeno pó escorre por entre eles.

– Nick, eu encontrei mais alguma pista. – Paul pegou uma pequena cartela e tentou coletar um pouco do pó fico com um papel com a superfície colante. Nicholas vai até o amigo e coloca um papel amarelo com o número 2.

– Alguma outra pista?

– Não... – deu uma pausa – Vamos procurar próximo aos vitrais!

– Eu já averiguei. Não há nada lá... Espere...

– O que foi?

– Olhe você por si só. Os cacos de vidro, é claro. Eles entraram, o que nos diz uma coisa... O que nós procuramos está lá do lado de fora.

– Seja lá o que causou tudo isso... Você está certo. – Paul sorriu.

***

Paul e Nicholas agora estavam do lado de fora do teatro, em um beco.

Nicholas estava certo. A parede próxima aos vitrais estava da pura cor do carvão, ainda trincada. Lixeiras e caçambas haviam sido destroçados e o lixo estava espalhado por todos os lados, inclusive nas escadas de emergência no alto das cabeças dos policiais.

Paul ficou observando e colocou a mão na cintura.

– Estamos no rastro certo. Veja... – Paul apontou para uma caçamba que estava de cabeça para baixo – Vamos, me ajude!

Nicholas e Paul levantam a caçamba e deixa o lixo escorrer pelo chão.

Paul começou a revirar o lixo enquanto Nicholas vasculhava a parede em busca de alguma pista. Foi quando Paul encontrou um pedaço de tecido rasgado. Ele coloca-o dentro de um saco plástico e o lacra.

– Paul, olha o que eu encontrei...

Paul se aproxima de Nicholas e vê algo na parede.

– É o mesmo material que encontramos no teatro perto da pilastra e... – ele enfia a mão dentro da rachadura – Encontrei esse fragmento. Se pudéssemos encontrar todos os outros fragmentos, poderíamos remontar a bomba!

– É quase impossível. – Paul segura o fragmento – Olha o tamanho dele. Iriamos demorar muito para encontrar todos os fragmentos, sabe-se lá para onde o impacto da explosão os arremessou...

– Entendo. Eu estou tentando... – diz Nicholas – Eu quero ajudar, mas... Certo! Vamos enviar essas evidencias para análise.

Nicholas e Paul saem do beco.

Paul está andando distraído quando esbarrou em um homem. Ele, por sua vez, continua a caminhar e ignora o policial. Paul coloca a mão sobre a cabeça e observa que a blusa de frio do homem misterioso havia um pequeno rasgo.

Paul o olha até ele entrar em uma rua e desaparecer.

– Paul? Terra chamando...

– Espera ai. Eu preciso verificar uma coisa!

Paul tenta acompanhar o homem e quando vira a esquina, percebe que o homem estranho havia desaparecido.

***

Charlie e Hellen estavam no quarto quando eles veem que a repórter anunciava sobre o incidente no teatro. A repórter anunciou que as autoridades não sabiam as causas e que não houve testemunhas. As autoridades não sabem as causas e as investigações estavam sendo feitas em sigilo. O número de mortos cotados era 81 vítimas e estava subindo. Ademais, as outras vítimas estavam internadas em estado grave no Hospital Olivia Castle.

Charlie olha Hellen e lê a sua mente.

– Preciso ligar para os meus pais. Se eles verem a televisão e estiver passando isso, eles vão surtar!

– Se acalma, Hellen, os seus pais nem desconfiam que fomos para aquele teatro. Viemos a Paris e poderíamos estar em qualquer lugar.

Hellen ficou um pouco reflexiva.

– Talvez você tenha razão. – Hellen olha de um lado para o outro – Charlie, por algum acaso você leu aquele telegrama que recebemos?

Charlie ficou pensativo.

– Não. A propósito, onde ele está?

Charlie sai do quarto e vê que a carta está aberta em cima da mesa.

Ele se aproximar da mesa, pega a carta e começa a lê-la. Charlie se mantem sério o tempo todo e Hellen sai do quarto. Ela tenta ler alguns trechos da carta. Convido-o. Nova Iorque. Conversa informal.

Do seu amigo William Bludworth.