Prague delicious

Capítulo 37: Por enquanto.


Mudaram as estações, nada mudou

Mas eu sei que alguma coisa aconteceu

Tá tudo assim, tão diferente

Se lembra quando a gente

Chegou um dia a acreditar

Que tudo era pra sempre

Sem saber que o pra sempre sempre acaba...

Por enquanto - Cássia Eller.

***

Era provável que a arma não fosse de mentira. Recuei por alguns segundos, porém a loira não hesitou.

– O que você quer? – perguntei.

– Eu quero que você entre no carro. E cale essa boca. – ela pediu.

– Tá, então você, basicamente, quer me sequestrar? – indaguei. A mulher suspirou.

– Eu estou me segurando para não atirar nessa sua cara!

– Oh, o.k, senhora estresse!

Como eu sou doida de falar com uma sequestradora assim.

Me levantei calmamente, intencionando sair correndo. A mulher pegou no meu cabelo e me levou até o banco traseiro, ainda com a arma apontada para a minha cabeça.

Fiquei em silêncio, por um momento uma possibilidade ocorreu por minha cabeça. Deles não estarem só me sequestrando. Mas também, talvez, não pretendessem pedir resgate. Ou seja, me matarem!

Senti o meu celular no bolso de trás do meu short. Arrepiei pela possibilidade de eu ligar para alguém me socorrer.

Mas gelei por pensar que eles poderiam pegar o celular e jogar na puta que pariu. Excluindo todas as minhas possibilidades de fugir.

– Eu só queria fazer duas perguntas. – comecei. – Pra onde vocês estão me levando? E por quê?

Enquanto eles pensavam se me responderiam ou não, eu peguei cuidadosamente o meu celular e joguei para baixo do banco do motorista. De modo que eles NUNCA achassem.

– Você irá descobrir já, já. – A voz de um homem ecoou pelo carro. Ele estava dirigindo.

– Mas é porque eu não estou entendendo essa palhaçada – protestei.

A loira, que estava no banco do carona, em um ato rápido me deu uma coronhada. O que me fez cair no banco. Antes de apagar totalmente, ainda pude ouvir a mulher falando baixo:

– Peixe morre pela boca.

***

Despertei aos poucos...

Olhei ao meu redor. Estava escuro. E as paredes eram cinzas. As minhas mãos estavam atadas com uma corda presa a uma cadeira de madeira, no qual eu estava sentada. Tentei escorregar na cadeira, mas era impossível.

Senti uma mão passando pelo meu ombro, me espantei. Dei um pulo, que a cadeira foi, quase, comigo. Depois essa mão passou para o meu cabelo, e acariciou a minha cabeça. Em seguida, a pessoa puxou o meu cabelo jogando a minha cabeça para trás. Pude perceber que se tratava de um homem. O tal homem riu e apoiou uma faca no meu pescoço. Eu respirei fundo, pensando na possibilidade de morrer.

– Avery Miller, quanto tempo eu estou a sua procura! – O homem disse, animado.

– O que você quer comigo? – murmurei.

– Ah, quem faz as perguntas aqui sou eu. – ele explicou, e soltou abruptamente o meu pescoço.

– Quanto você quer pra me soltar? – indaguei.

– Você está achando que vai ser fácil como foi para o seu maridinho? – perguntou-me. Fiquei em silêncio. Ele agarrou o meu pescoço. – Me responde sua vadia! – ordenou e soltou o meu pescoço para que eu pudesse responder.

– Bom, quem me sequestrou foi você. Você que deveria saber se vai ser fácil ou não.

– Sempre muito atrevida não é? Desde pequena.

– Querido, desde quando você me conhece?

– Desde quando você se entende por gente. Eu conheço a sua vida. Eu conheço a sua família. Eu conheço o seu passado.

– Tá, e o que tem de tão interessante no meu passado ou no passado de dane-se quem?

– Isso não convém você saber agora.

– Até onde eu saiba, a vida é minha! – repliquei.

– Cala a boca!

Ele ficou pensativo por uns instantes.

– Você será, a partir de agora, a minha bonequinha de porcelana – ele disse, acariciando a minha bochecha, logo depositando um longo beijo no mesmo lugar.

Eu tive vontade de vomitar ali mesmo. O homem parou na minha frente e agachou, apoiando na minha perna, alisou a mesma.

– Eu te vi crescendo... E agora é uma mulher. Tão linda...

– Cara, onde você está querendo chegar com esse papo torto? – perguntei, fazendo cara de nojo.

Ele não me respondeu nada, mas passou as próprias mãos dentre minhas pernas.

– Ah! – gritei. – Você tem um pouco de água pra me dar? Estou morrendo de sede.

Ele suspirou.

– O.k. Já estou voltando – disse ele, e logo se virou indo em direção à porta.

No mesmo momento comecei a mexer o meu braço com cautela, na tentar afrouxar a corda, já que a mesma não estava amarrada muito forte. Afrouxei-a até dar o suficiente de uma mão ajudar a outra, literalmente. Observei rapidamente o ambiente, notei um basculante estreito e largo. Eu demoraria em torno de cinco minutos para passar pelo basculante.

Coloquei, velozmente, a cadeira perto do basculante. Subi na mesma e peguei impulso para passar pelo basculante.

Todo o meu plano foi pra merda, quando eu ouvi a porta se abrindo. E eu estava enfiando uma perna para fora, mas a outra ainda estava do lado de dentro. Estremeci ao ouvir:

– Ei garota, o que pensa que está fazendo?

O homem correu em minha direção e pegou a minha outra perna. Mas eu me segurei na grama desnivelada e no próprio basculante. Ele estava me puxando com força.

Ele tirou o meu tênis.

– Porra! – falei. – Meu Chuck Taylors não. Seu veado!

Consegui me desvencilhar depois de uma batalha, que parecia interminável. Quando consegui passar para o outro lado finalmente. Eu ouvi ele gritar:

– HOLLIS! HOLLIS! A MENINA ESTÁ FUGINDO!

Me agachei e rapidamente tirei o meu outro tênis. Seria melhor para correr. Cacei a merda do Honda Accorde, em que eu vim parar aqui.

Corri de um lado para o outro. Eu estava em uma espécie de casa no meio de uma floresta. Estava tudo escuro, só com a luz da lua iluminando. O que não estava ajudando muito.

Senti uma respiração em meu pescoço. Eu me virei assustada.

– Pensou que conseguiria fugir de mim docinho? – a mulher, a tal loira, disse. E agarrou os meus dois braços.

– Então você é a Hollis? – perguntei.

– E isso te interessa?

– Ah, interessa sim. Você precisa de um nome na sua lápide. – ironizei.

Me soltei dela facilmente. E saí correndo para o meio da, aparente, floresta.

A minha respiração estava acelerada demais. Tentei controla-la. Eu não teria muito tempo. Porque já estava ameaçando amanhecer, e tudo seria mais difícil se isso acontecesse.

Comecei a rondar a casa com uma grande cautela. Avistei o carro bem longe. Ele estava estacionado um pouco distante da casa. Eu sabia que se eu quebrasse a janela do carro, o alarme iria acionar.

Peguei uma pedra qualquer e corri até o lado do Honda, e atirei a pedra na janela. Abri a porta em gesto rápido, procurei o meu celular rapidamente. O alarme estava fazendo um escândalo. Sem necessidade. Quando achei o que eu queria corri de volta para perto das árvores.

E corri até não aguentar mais. E caçar pelo menos sinal de celular.

Como ali é um, provável, meio do nada, não tem sinal de telefone. Havia uma descida íngreme, e se eu caísse eu estaria fodida. Mas eu tinha que descer. Pois mais pra baixo eu conseguia enxergar alguma vida.

Teve um ponto que surgiu um sinal.

Aleluia!

Já eram quase seis da manhã. Disquei o número de Bryan, desesperadamente. Depois do sexto toque ele atendeu.

– Avery? Onde você está? Não me diga que você me largou de novo...

Só ele pra me fazer rir não é?

– Calma, calma. Eu não te larguei. Eu meio que fui sequestrada, mas só que os sequestradores fazem um péssimo serviço como sequestradores. Sendo assim eu consegui fugir. – expliquei, tentando manter a calma.

– Meu. Deus.

– O quê?

– Onde você está? – Bryan me interrogou.

– Ah, e eu sei lá.

– Cara, você é doida de sair de madrugada e sumir. O que aconteceu? Por que você saiu de madrugada? Meu Deus, você foi sequestrada!

– Quando você vier me buscar, o que eu espero que seja rápido, eu te explico.

– Tira uma foto de onde você está, e me manda por mensagem. – pediu-me.

Concordei e finalizei a ligação.

Fazendo como pedido, tirei uma foto do local onde eu estava. Bryan respondeu com um: "Eu acho que sei onde é. Já estou indo".

Desci devagar e com cuidado, pra eu não cair e me quebrar toda. Cheguei em um viaduto com pouco movimento, pela hora. Sentei ao lado de uma placa de pare.

Eu acho que com essa situação, eu aprendi que nunca mais eu devo sair de casa de madrugada. Eu deveria ser mais prudente.

Depois de uma, longa e torturante, eternidade, Bryan chegou. E desceu do carro para me ajudar.

– A pessoa que te sequestrou não tinha um lugar mais perto pra te esconder não? – Bryan me perguntou, enquanto abria a porta do carro para eu entrar.

– Penso o mesmo. – repliquei.

Ele olhou pra mim, e eu retribui o olhar.

– O que é isso na sua testa? – ele me perguntou, com a própria testa enrugada, e com o dedo indicando para a minha testa.

Coloquei a mão na mesma. Senti um corte, olhei a minha mão. Estava um pouco suja de sangue.

– Ah, eu devo ter batido em algum lugar. – falei me lembrando da coronhada que eu havia levado.

– Certo... – Ele não me parecia convencido.

Mas nada vai conseguir mudar o que ficou

Quando penso em alguém, só penso em você

E aí, então, estamos bem...

Não toquei em assunto nenhum. Mas Bryan continuou insistindo em perguntar a mesma coisa:

– O que aconteceu? Me explique.

– Vamos supor que eu fui sequestrada. Mas os sequestradores fazem um péssimo trabalho de sequestradores.

– Tá, disso eu já sei.

– É eu sei. E eu sei, também, que eu dei uma puta sorte.

– Como isso? Por que você não me ligou antes? Como? Meu Deus! – ele falou desesperado.

– Você tenha calma.

– Estou tentando porra! – Bryan gritou, coisa que ele nunca faz. Quase nunca.

– Certo... Resumindo: Eu estava sem sono, e então eu decidi sair para dar uma volta no quarteirão. Sendo assim, eu fiz isso. Do nada chegou uma loira doida apontando uma arma pra mim, pedindo para que eu entrasse no carro. Eu obedeci. Eles me levaram pra uma casa. No meio do nada. E eu consegui fugir.

– Nossa...

– Pois é. E a loira se chamava Hollis.

Bryan freou bruscamente.

– Hollis? – ele murmurou, fazendo uma pergunta, creio que, para si próprio.

– E dai?

– Esse nome não é estranho pra mim. – ele disse, e prosseguiu o caminho. – Tinha mais outra pessoa?

– Sim, um homem. E não, eu não vi o rosto dele e nem sei o nome dele. Mas eu acredito que se eu encontrasse ele novamente, coisa que eu acredito que nunca irá acontecer, seria fácil de reconhecer a voz. Porque é inconfundível.

– Entendi...

Ficamos em silêncio durante todo o, grande, percurso. Quando chegamos, finalmente, em casa. Eu virei para Bryan, e questionei uma coisa:

– Por que você está assim comigo?

– Por nada. Só estou preocupado demais. – replicou-me, se atirando no sofá.

Me joguei ao seu lado.

– Ah, eu tenho uma pequena notícia. Eu não posso ir à Londres, e havia me esquecido disso. – avisou-me.

– Como assim? E eu vou sozinha?

– Pois é. Você não irá sozinha. Você irá com Diego. Ele já foi convocado para fazer essa missão.

– NÃO! – gritei.

Eu acho que Bryan ainda não foi avisado sobre o meu histórico de "traição".

– Não o quê? – ele me questionou assustado.

– Nada. – respondi, fazendo pouco caso. Bryan igualmente. – Ei, não vai me dar atenção?

– Bom, eu estou aqui.

– Ah! Esquece! Eu vou arrumar as minhas coisas, é bem melhor!

***

Quando eu estava prestes a embarcar, Bryan me puxou para próximo dele. E sussurrou:

– Eu te amo, viu baixinha. Eu terei todo o tempo do mundo pra gente quando você voltar, serão somente três dias de viagem. Mas eu já estou com saudades.

– É... – concordei.

– E se eu souber que você e Diego andaram se pegando por aí, eu mato ele. – Eu ri sarcástica.

Diego me olhou confuso.

– Hum... O.k, o.k, nós estamos indo... – falei.

Bryan me puxou mais uma vez pela cintura, e me deu um último beijo.

– Vou sentir a sua falta. – ele concluiu.

– Será uma longa viagem... – comentou Diego.

– Realmente. – falei.

***

Depois de algumas horas pousamos em Londres. Até o aeroporto era lindo, então imagina a cidade...

Eu acho que o clima não está muito legal entre eu e Diego. Mas eu estou relevando isso por enquanto.

– O que vamos fazer agora? – perguntei, enquanto estávamos na esteira para pegarmos nossas malas, para quebrar o silêncio.

Diego parecia estar quieto tentando pensar sobre isso.

– Bryan me disse que me enviaria um e-mail. Ou para você. – ele replicou.

– Certo... – falei, pegando o meu celular.

Fui na minha caixa de entrada, atualizei-a. Encontrei o tal e-mail, com as informações do hotel, e pedindo também para que nós ligássemos.

Pegamos um táxi e eu dei o endereço, o motorista assentiu com a cabeça sorrindo.

– Vocês são dos Estados Unidos? – ele perguntou-nos.

– Sim, somos. – respondi-o.

– Ah, vocês são de qual cidade?

– Jacksonville, Flórida. – respondi-o novamente.

– Eu já fui pra lá, e visitei a Flórida e o Texas. Mas nunca fui à Jacksonville.

– Ah, lá é muito bom. Na verdade eu era de Houston, e me mudei pra lá. – comentei.

– Vocês estão aqui à passeio?

– Basicamente... – respondi, um pouco hesitante.

Ele assentiu, pondo fim à conversa. O homem, estacionou o carro e virou para eu e Diego e disse animado:

– Estão entregues!

Paguei-o, saímos, e retiramos nossas bagagens da mala do carro. Agradeci ao senhor, e nós entramos no hotel.

– Boa tarde! Posso ajudá-los? – A atendente nos perguntou sorrindo. E eu retribui com o mesmo gesto.

– Sim, as nossas reservas estão no nome de Bryan Miller. – falei.

– Certo. – Ela mexeu em algumas coisas no computador que estava à frente dela. – Um de nossos assistentes irão acompanhar vocês até o quarto.

Esperamos um pouco para o tal assistente chegar. Ele carregou nossas bagagens. Dirigindo-nos para o elevador. Ele apertou no botão de número dez.

Andamos até o quarto, no qual carregava em sua porta os números 1047, com detalhes em dourado. O assistente deixou-nos sozinhos, depois de termos agradecido.

Fechei a porta, decidida à fazer uma coisa. Então virei-me para Diego e falei:

– Você não está falando comigo só por causa daquele beijo?

– Não exatamente...

– Então é por quê? Dá pra me dizer?

– Sabe... Às vezes eu penso nisso...

– Nisso o quê? – perguntei nervosa.

– No nosso beijo, no nosso antigo relacionamento... Eu me arrependo por ter te deixado... E... – ele confessou, de cabeça baixa.

Àquela altura, eu não tinha o que falar. Eu só tinha como ficar quieta.

– E eu gostaria muito de te ter de volta.

Eu dei um sorriso afetado.

– Você sabe que isso não daria...

– Avery, você nunca pensou em voltar atrás? Ou, quis voltar atrás?

Eu parei para pensar. E conclui:

– Não, eu não voltaria atrás.

Dessa vez, quem me deu o sorriso afetado foi ele. Me aproximei dele, e ajoelhei.

– Eu só quis ser sincera, já que nós teremos que nos encarar durante três dias.

– Eu sei. Eu te entendo...

Depois do meu banho, me deitei e decidi ligar para Bryan. No segundo toque ele atendeu:

– Amor?!

– Oi! – respondi.

– Eu queria muito ter ido com você...

– Eu sei disso. Enfim, pulando essa melação toda. Me diga o que eu tenho que fazer.

– Então, você tem um papel e uma caneta próximo de você?

Peguei o bloquinho do próprio hotel e a caneta que estava junto ao bloco.

– Agora eu tenho.

– Então... Só espera eu pegar o meu celular, porque eu coloquei as minhas anotações lá.

– O.k.

– Tá, tá, demorei mas cheguei. Então, eu fiz algumas pesquisas pela internet e verifiquei algumas listas telefônicas. E percebi que o sobrenome Smith, não é muito comum em Londres. Não me custou muito tempo para pesquisar as famílias que tem esse sobrenome. E me surpreendi ao achar a família Smith, a história dessa família é um pouco estranha.

– O que exatamente?

– O fato de o membro/chefe da família, Leonard Smith no ano de 1997, ter desaparecido. Essa família sempre foi muito rica. E logo depois da morte desse tal Leonard a empresa dessa família, que já existia a mais de três gerações, foi à falência.

– Nossa... – murmurei.

– Pois é. Agora isso você precisa anotar. Leonard Smith, pai. Cassandra Smith, mãe. – ele ditou lentamente para a minha maior compreensão. – Eles tiverem três filhos, um menino e duas meninas. Um deles, o filho do meio, se chamava Leonard Smith Jr. Já os nomes das meninas não foram relatados. A única informação que tem aqui sobre a mais velha, é que com vinte e um anos se mudou para os Estados Unidos.

– Certo – falei, acabando de anotar o que ele me dissera. – A Cassandra ainda está viva?

– Sim, a Cassandra ainda está viva. E é com ela que você vai falar. E sim, eu tenho o endereço dela. E eu vou te passar mais tarde.

– É, até porque eu estou morrendo de sono. – falei, bocejando. – Eu vou dormir, e amanhã você me passa o resto das informações, para que eu possa procurar a Cassandra.

– Tudo bem, eu te amo. Dorme com os anjos.

– O.k, eu te amo também. Até amanhã.

***

Acordei às oito horas da manhã. Em seguida acordei Diego.

Nos arrumamos para sair, porém, antes, tomar o café da manhã. Que era, à propósito, divino.

Liguei para Bryan mais uma vez, ele me passou rapidamente o endereço que eu deveria seguir, pois estava no trabalho, e prestes a entrar numa reunião. Ou seja, ele não estava com muito tempo.

Chamamos um táxi. E entreguei o endereço ao motorista. Já que, pelo visto, essa família deveria ser bem conhecida.

– Desculpe-me perguntar, mas você conhece a Cassandra Smith? – perguntei.

– Cassandra Smith? – o motorista murmurou. – Esposa do falecido Leonard Smith?

– Essa ai mesmo.

Notei pelo retrovisor que o taxista arregalou os olhos levemente.

– N-não, não conheço.

– Tem certeza? – insisti.

– Quer dizer, eu não conheço pessoalmente. Mas existem histórias...

– Quais histórias? – perguntei, tentando ser objetiva.

– De que foi mais uma revanche. Entre famílias. Eu nunca entendi muito bem. Mas é uma coisa assim. – ele falou, pouco convicto.

– Certo...

Não demorou muito para o taxista estacionar, e nos entregar ao endereço correto. Estávamos em frente à uma casa simples, em um bairro simples. O que seria a casa da Cassandra.

E quando eu pisei no tapete de 'Seja bem-vindo', um frio percorreu pelo meu corpo.

E só então que eu tive certeza, que seria ali que eu descobriria algo significativo. Alguma resposta para muitas de nossas perguntas.

(...)

Mesmo com tantos motivos

Pra deixar tudo como está

Nem desistir, nem tentar

Agora tanto faz

Estamos indo de volta pra casa

Mesmo com tantos motivos

Pra deixar tudo como está

Nem desistir, nem tentar

Agora tanto faz

Estamos indo de volta pra casa.