Prague delicious

Capítulo 32: Someday.


Como diabos nós fomos terminar desse jeito?

Porque nós não fomos capazes de ver os sinais que perdemos

E tentar "virar o jogo"?...

Someday - Nickelback.

***

Pov.: Avery.

Já tinha dado um mês que eu nem via sombra de Bryan. Sim, ele estava fazendo falta pra caralho. Eu acho que ele nem imagina o quanto.

Bem, depois que eu me separei de Bryan fui para a casa do meu pai. Inclusive já até fiz aniversário. Pois é, já tenho dezessete anos. E um pouco antes do meu aniversário foi o de Bryan.

O meu aniversário foi péssimo, passei em uma tristeza sem fim. Chorei litros.

Agora eu estou deitada, tentando dormir. Já são três da manhã. E eu não paro de pensar no que aconteceu há, exatamente, um mês atrás. Me sentei próxima à janela do meu quarto. Eu estava me perdendo em infinitos pensamentos.

Até eu avistar uma pessoa deitada na grama da minha casa, (agora eu já posso chamar de minha). A pessoa tinha caído ali. De repente a parada de molhar a grama ligou automaticamente. Bem, eu, provavelmente, não deveria conhecer a pessoa. Mas não custa ajudar.

Corri até o meu banheiro e peguei o meu roupão de seda preto que estava de trás da porta. Desci pé por pé, para não acordar nem a Kristen nem o meu pai. Muito menos o Peter.

Me aproximei da pessoa, que deu pra perceber que era um homem. Mexi um pouco nele. O mesmo virou e eu pude observar melhor o seu rosto.

Bryan?

– Bryan?! – perguntei assustada. Tentando conter o grande sorriso que estava escorregando nos meus lábios.

– Avery? – ele disse, semicerrando os olhos para poder me enxergar melhor. Ele estava com cheiro de whisky, vodca, tequila e mais algumas bebidas...

– Sou eu.

– Meu amor. – ele disse com a voz embargada, e esticou um dos braços para acariciar uma das minhas bochechas. – Eu vim te ver. – um grande sorriso formou-se nos seus lábios, e eu não pude conter o meu sorriso.

– Você andou bebendo Bryan? – perguntei séria, tentando transparecer o máximo de seriedade.

– Só um pouquinho. – ele falou rindo.

– Imagina se tivesse bebido muito. – sussurrei irônica.

Eu estava tomando um banho ali e nem estava ligando pra isso.

– Dorme comigo hoje. – ele pediu, com um pouco de dificuldade pois o efeito do alcóol estava pesando os seus olhos e seus lábios.

– Como você conseguiu chegar aqui? – perguntei.

– De carro. – ele riu.

Eu fiquei em silêncio, eu já deveria estar empaçocada.

– Mas o carro não era meu.

Eu arregalei os meus olhos.

– Era do taxista. – completou, com um sorriso brincando nos lábios.

– Você acordou tão piadista hoje. – murmurei.

Ficamos em silêncio um tempo. As mini mangueiras já tinham parado de jogar água na gente.

– Eu te amo tanto Avery...

– Eu já notei o seu amor por mim, desde daquele dia... – sorri sarcástica. – Para de papo furado e levanta.

Estendi a minha mão. Ele recusou a minha ajuda, e tentou se levantar sozinho. Conseguiu, mesmo com bastante dificuldade.

– A mesma cama, mas parece um pouco maior agora... – ele começou a cantarolar baixo.

– Bryan, quer que eu chame um táxi para você?

– Só se você for comigo. – ele continuou insistindo. Respirei fundo.

– Não! – soltei quase um grito.

– Então deixa eu dormir com você. – eu fiquei em silêncio e ele começou a chorar e me abraçou. Retribui o abraço. Afinal de contas ele está chapado.

– Para começar, o meu pai não quer te ver nem pintado a ouro. Ele disse que caso te visse novamente por aqui ele teria que usar a escopeta dele... – fui interrompida pelos risos de Bryan. – Do que você está rindo?

– De você.

Revirei os meus olhos.

Puta merda. Eu fui vencida pela santa insistência.

– Está bom então. Você dorme hoje aqui, de manhã você vaza e esquece que eu existo.

Ele riu irônico.

– Como se isso fosse possível.

– Eu consegui te esquecer...

Mentira! Avery Mentirosa!

– Ah, e quanto ao seu pai, eu quero mais é que ele se foda. Não tenho medo dele.

Fomos em direção a porta. Abri-a lentamente para que não houvesse barulho.

Levei Bryan para o meu quarto, ele se jogou na cama. Como se a cama fosse dele.

Bem, já foi.

– Levanta da minha cama.

Ele riu e levantou.

– Bem, eu preciso de uma toalha. – ele pediu. Eu assenti, e lhe entrguei uma toalha.

Enquanto Bryan tomava o banho dele. Eu me sentei na minha poltrona.

Eu estava com muita saudade dele. Mas não. Eu não daria o braço a torcer.

Depois de um tempo ele saiu do banho com a toalha enrolada na cintura, exibindo o seu corpo. Por que ele sempre faz isso?

– Preciso de uma roupa. – ele disse, agora, com uma voz melhor.

– Vou te emprestar um vestido meu. – falei irônica.

– Ah, eu vou ficar gatinha.

– Vou na lavanderia ver se tem alguma coisa pra você.

Ele assentiu e ficou parado. Passei por ele para ir em direção a porta. Bryan me agarrou pela cintura. E colou nossos rostos.

– Eu nem preciso de roupa se você dormir comigo.

– Então eu prefiro você de roupa. – falei e sorri irônica.

Já que sem roupa é um caminho de perdição...

Desvencilhei-me dele, e desci até a lavanderia. Realmente, não havia nada para ele usar.

Subi novamente inconformada.

– Não tem nada que te sirva. – falei.

Ele sorriu.

– Tudo bem. – ele disse. Sendo assim, ele foi da poltrona para a cama.

– Você vai dormir no chão. – eu disse, e acabei rindo. Ele levantou da cama e ficou quieto. – Pense pelo lado bom, é carpete.

Ele assentiu.

– É, não é tão ruim. – nós rimos.

Peguei algumas cobertas e um travesseiro, e ele se acomodou no chão. Eu deitei-me na minha cama. Coloquei a minha cabeça no travesseiro macio. Eu, de fato, não estava conseguindo dormir.

Depois de dez minutos de silêncio. Bryan começou a cantarolar...

– Eu amo os lugares em que vamos...

– Bryan, fecha a boca. – pedi.

– Eu não estou conseguindo dormir, e estou com uma puta dor de cabeça.

– Eu estou tentando dormir. – falei.

– Mas eu quero cantar. – ele retrucou.

Ignorei a resposta dele.

– Já te fiz muita canção, são quatro, cinco, seis, ou mais... – e ele continuou cantando.

– Você quer o que para parar de cantar? – perguntei.

– Você.

– Isso não está no cardápio. – retruquei.

– Então deixa eu dormir ai com você.

Eu já estava irritada. Acabei concordando. O que causou muita felicidade dele.

– Sem mãos bobas. Por favor. – pedi.

– Igual da primeira vez que eu dormi junto com você?

– É, tipo isso.

– Então eu tenho que fazer carinho no seu cabelo até você dormir.

– Esquece isso.

Seria muita sacanagem se eu agarrasse ele agora? Tipo assim... Está bom, parei.

Virei-me para o lado oposto ao dele.

***

Acordei assustada, e já tinha amanhecido. Procurei desesperadamente o meu celular. Já era mais de uma hora da tarde. Já que eu estava de férias, meu pai não se importava que eu acordasse tarde.

Mexi no braço de Bryan. Ele resmungou alguma coisa que eu não me esforcei para entender.

– Bryan... – falei calmamente. – Acorda porra! – eu disse, agora, um pouco mais rude.

– O que foi amor? – ele disse, esfregando os olhos e abrindo-os em seguida.

Amor? Ah, me poupe né.

– Levanta!

Okay, já estou indo.

– Não tem essa de "já estou indo". É pra ir agora!

Ele levantou rapidamente. Correu até o banheiro e se trancou lá dentro.

E levou milhões de anos.

Quando ele saiu eu o encarei.

– Meu querido, estava se masturbando é? – perguntei irônica.

– Ah com certeza. E claro, pensando em você. – ele sorriu sarcasticamente.

Eu ri.

– Está bom. Agora vai embora. – eu disse, e ele assentiu.

Claro que ele iria pela janela. Bryan se aproximou da janela, e quando foi pular hesitou. Olhou para mim e sorriu. Logo pulou.

***

Passei o meu dia todo ouvindo musica e me lembrando do último sorriso de Bryan.

No final da tarde eu desci para ficar um pouco com o meu pai.

– Avery? – meu pai me chamou.

– Oi.

– Temos um compromisso amanhã. – meu pai disse, enquanto lia o seu jornal. Sentado na poltrona da sala.

Fui até a fruteira que se encontrava na cozinha, peguei uma maçã verde.

– Ah legal. Alguma festa importante? – perguntei, dando uma mordida na minha maçã.

– Sim. Na realidade não seria uma festa. E sim um jantar em familia. – meu pai fez uma breve pausa. – Na casa da sua tia.

Não se esqueçam da palavra TEMOS!