Posso brincar lá fora?

Está chovendo, papai!


Colheita farta, ovos colhidos e sem pragas. Mako não tinha um terreno grande para gastar com funcionários, mas conseguia viver uma vida boa com sua filha pequena, saudável e farta com alimentos não feitos por aquelas coisas com inteligência.

A vida no campo tinha suas vantagens, agora... Como segurar uma criança curiosa? Sua filha era como ele, deixava uma bagunça para trás, várias canetinhas e desenhos dos animais da granja, dos porcos principalmente, apenas por causa dos fazendeiros vizinhos o chamavam de "Grande Porco".

Dessa vez, tinha acabado de chover e o rádio antigo tocava, falando dos ataques recentes, do grande ômnico que atacou a Rússia, de um ataque em massa de uma coisa só. O que era uma merda, afinal, como sua pequena iria crescer em paz?

E Mako esperava o ônibus escolar chegar, vendo a pequena correr com alegria até ele, pulando alegre em seus braços e dando aquela risada que só ela sabia.

— Papai, eu li um texto na frente da sala inteira! — Contou, eufórica e feliz enquanto Mako os levava até em casa, a deixando no chamou e pegando sua mochila.

— Isso é bom, Liza — Deu uma risada — O papai quer ver o seu caderninho, pequena — Falou, vendo a mesma ir até ele e ajudando ele a tirar o caderninho da mochila.

— Papai, eu posso brincar lá fora? Terminou de chover e amanhã não tem escolinha.

— E por que não, pequena? — Perguntou, lendo o caderninho e vendo o recado anotado pela professora e com o carimbo do diretor.

— É porque a professora disse que o mundo vai acabar.

E Mako olhou para a filha, vendo os olhinhos dela lhe fitarem inocentes, ansiosa para alguma resposta do pai e ao mesmo tempo, curiosa.

— O mundo vai acabar, papai? — Sussurrou, bem baixinho.

— Claro que não, meu anjo! É o medo, as pessoas ficam com medo e com raiva que acabam falando isso — Contou e Liza concordou, parecendo processar a informação.

— Achava que ia perder você, papai — Sorriu — Podemos desenhar usando a tinta? Não terminei a sua máscara ainda.

Usar tinta e fazer mais bagunça que o comum, terminar a máscara de porco. O Grande Porco.

.

.

.

— Elizabeth!

Tinta vermelha, cheiro de cinza e a escola em chamas. O ômnico caído no chão depois da revolta dos fazendeiros.

Mas ele só encontrou a mochilinha e ouvia como um eco de gritos de crianças, mas ele não ouvia o único que ouviu desde o nascimento.

Calaram a voz dela.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.