Porque Ninguém Precisa De Um Namorado

No momento estamos perdidos e achados


Ele havia se encostado ao tronco da árvore de carvalho e ficou estudando-me com seus olhos ásperos, mas como costume evitei qualquer contato. Será que era isso que ele realmente queria? Ver minha desgraça? Ele tinha até um pretexto concreto para executar aquilo, do mesmo modo que comecei aqueles rumores da sua escolha sexual ser outra, de qualquer forma tinha certeza que ele não era assexuado.

— Você é tão diferente e tão igual aos outros. — eu acabei empertigando-me e encostando minha mão em seu peito. Seu apreciar escoltou minha mão, ele aguardava que eu tivesse baixado a guarda, mas não. Eu o empurrei com aquela mão, e o mundo sempre conspira comigo, isso eu sei, uma vez que ele prendeu minha mão a seu peito e levou-me junto no seu tombo.

Certo, eu posso ter devaneado com um momento assim com Will, entretanto com todas minhas forças dizia que aquele não era o momento ou a forma que sonhava acordada. Eu me deparava em cima de Will, escutando nossas respirações ofegar. Eu elevei meu olhar para Will e o vi encarando-me de volta, me espantei notando que exibia um sorriso de ponta à ponta.

— Acho que sou o único que consegue te fazer sorrir dessa forma. — Will quebrou o silêncio com sua voz meio galante. E como uma digna Lonely Heart eu lhe dei um peteleco no nariz e larguei-me dele. Correndo para longe, mas não fui tão ligeira como antes.

— Não, agora você não foge mais! — ele correu atrás de mim e agarrou meu cotovelo com força, mas não chegou a machucar. — Por que você sempre foge ou tenta me evitar quando as coisas se trabalham para melhor? — ele me perguntou puxando-me mais para perto e olhando-me com seus olhos vidrados nos meus. Desde cedo minha mãe havia descoberto uma maneira de desmarcar minhas mentiras, ela dizia que os olhos eram as janelas da alma, dito e feito. A banda tocava contra mim e parecia que Will havia descoberto esse truque.

— As coisas se trabalham para melhor? No caso as coisas se trabalham melhor com esse seu plano de quebrar meu coração pela segunda ou terceira vez? — eu levantei meu tom de voz e exigi uma explicação para aquilo. Will apenas continuou olhando-me, havia pego-o em surpresa. Claro, porque esse era seu plano. — Viu? Vocês todos são iguais. Eu falo com a maior sinceridade, mas pensei que você era diferente, Will. Enganei-me seriamente. — eu disse puxando meu braço sem sucesso.

— Você não me dá opção, Marni. Mas isso é peculiaridade sua, desde que me entendo de gente percebi você tinha um quê de especial e exótica. — ele declarou.

— O QUE VOCÊ QUER DIZER? — gritei.

— Que você não me dá opção. — ele disse e assim puxou-me mais para perto.

De inicio estranhei a proximidade de seu corpo com o meu, eles se encaixavam perfeitamente e quando ele colocou uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha, notei que estava com o coração na garganta e meus joelhos pareciam está derretendo. Levantei meu rosto exigindo algum tipo de explicação, seu rosto estava próximo ao meu também e assim sem esperar coisa alguma, nossos lábios se tocaram de leve. Eu havia me afastado um pouco.

— Não há de que temer, Buxbam. — ele sussurrou com uma voz calorosa em meu ouvido. Eu envolvi meus braços em seu pescoço enquanto suas mãos envolviam minha cintura agora. Sabia que com inúmeras dúvidas na cabeça eu estava ciente do que fazia e nossos lábios se tocaram novamente, mas não como anteriormente. A boca de Will sobe a minha era urgente e um tanto desesperada, mas eu retribuía o beijo com ansiedade e urgência também. Estava tudo errado e apesar de está gostando daquilo, eu iria me ferir em breve.

Empurrei Will para longe em um solavanco. — Eu mereço explicações plausíveis agora! — exigi dando dois passos de distância.

Todo o semblante de Will que anteriormente estava carregado de desejo, mudou com rapidez para algo parecido como decepção e ansiedade. O que eu havia feito agora?

— Marni, tudo está errado, você não percebe? Estou esperando um filho da Danny e ainda apaixonado... — ele baixou a cabeça e ficou balançando a cabeça em sinal de negação. — por uma garota que não gosta de mim, que aliás acha que sou um canalha. — ele finalizou.

— Talvez seja melhor assim. Era uma vez um romance que só ficou na vontade. — eu disse e saí correndo já com os olhos transbordando em lágrimas.

— Não diga isso, Marni. Por favor... — a partir dali não escutei coisa alguma, eu me recusava.

Era tarde demais e eu não iria voltar atrás.

No momento estamos perdidos e achados.