— Senhora, seu pai está lá embaixo querendo vê-la. - a empregada falou.

Inês olhou seu amor e automaticamente as pernas desceram e ele a colocou no chão.

— Diga que já vamos!!!

A empregada concordou e nada mais foi ouvido atrás da porta e ela se encaminhou para o guarda roupa e pegou a primeira roupa que viu e ele ficou admirando o corpo de seu amor por alguns minutos e ela teve que rir e ele sentou um tanto envergonhado pelo que pensava fazer com ela se não fosse a chegada do sogro pra mais confusão. Quando ficou pronta, ela pegou na mão dele e eles desceram e pararam frente ao pai dela que não tinha uma cara nada boa.

— Me diz que minha filha não é uma vagabunda?!

Inês sentiu as palavras dele como um tiro em seu peito e a decepção tomou conta de seu olhar, ele estava ali novamente para brigar e ela não queria mais isso. Ela sabia que sempre que tocasse naquele assunto Victoriano sofreria e não era isso que ela queria, Inês queria poupar seu amor e seu casamento daquela recordação que não era motivo de orgulho pra ninguém, ela esperava outra atitude do pai mais pelo que percebia ele queria mesmo era briga com os dois.

— Você veio até a minha casa para me ofender? - falou por fim. - Mais uma vez está aqui para ser um homem que eu desconheço?

— Eu não posso acreditar no que ouvi, eu não te criei para isso!!! - ignorou as palavras dela.

— E me criou para que? - gritou inconformada perdendo a compostura.

Roger estava inconformado e mesmo com sua esposa dizendo para ele não ir até a casa da filha, ali estava ele de frente a sua menina para cobrar, ou melhor, ofender como fazia naquele momento, Inês o encarava com profunda decepção e ele respirou fundo antes de dizer.

— Eu te criei pra ser uma mulher honrada e não uma vagabunda que...

— Já basta!!! - Victoriano gritou com ele. - Não vai ofender a minha mulher dentro da minha casa!! Se veio aqui para isso pode ir embora agora mesmo.

Ele não iria permitir que ele ficasse ofendendo Inês e Roger o encarou.

— Você cale essa sua boca porque a conversa não chegou em você!!! - esbravejou. - Não se intrometa nos nossos assuntos.

— Chega papai!!! - o peito subiu e desceu com ela respirando nervosa. - Eu não sou e nunca fui santa, eu queria conhecer pessoas, namorar e... - olhou Victoriano não querendo machucá-lo. - E eu me entreguei a uma pessoa que julguei ser uma coisa mais que no final não era e engravidei!!!

— Quem é esse maldito? - bufava.

— Eu já disse que isso não importa mais!!! - deu dois passos para frente. - Victoriano é o pai dela e o homem que eu amo e você deveria agradecer a ele por lavar a minha honra, ele nunca fez nada para você e mesmo assim seguiu o maltratando todos esses anos e ele nunca devolveu suas humilhações pelo contrario sempre o respeitou!!!

— Como eu pude me enganar com você desse jeito Inês? - estava decepcionado com ela.

— Todo mundo faz merda nessa vida papai e eu não fui diferente!!! - falou brava com ele. - Pare de achar que eu sou santa porque eu não sou e não quero ser!!

Roger estava inconformado com ela e os olhos encheram de lágrimas, ele estava inconformado e o ar faltou o fazendo sentar no sofá e Inês foi para ir até ele mais ele a repeliu e ela sentiu que um buraco se abria embaixo de seus pés. O pai estava a renegando por ter sido uma adolescente inconsequente como muitas eram em sua idade, mas o que ele não conseguia perceber era que ela era outra pessoa e tinha uma família maravilhosa que por fim poderia ser vivida, mas ele estava ali dificultando tudo.

— Eu era uma menina e ainda sou, mas com outras atitudes e com um marido que me ama e me quer mesmo com tudo que se passou. - falou com os olhos cheios de lágrimas. - Pelo que vejo em sua atitude papai, você já não aceita a sua neta!!!

Ele a olhou deixando as lágrimas caírem e ficou de pé.

— Você me decepcionou!!! - e sem mais querer ouvir ele saiu dali.

Inês também deixou suas lágrimas rolarem por seu rosto e sentou no sofá seu pai estava renegando-a e a sua família também, Victoriano foi a ela e sentou a seu lado abraçando seu corpo e ela chorou mais ainda, só queria poder ser feliz mais parecia que não seria assim tão cedo... Nada mais foi dito ali e ele somente deixou que seu amor chorasse o que tivesse que chorar para então seguirem com suas vidas mesmo que não fosse como o planejado, mas ainda assim correriam em busca da felicidade.

(...)

DOZE ANOS DEPOIS...

Doze anos haviam se passado e com decepções, amor, felicidade e harmonia eles tinham conseguido seguir, Inês recém completava seus trinta e quatro anos e com o passar do tempo tinha amadurecido muito para si e para o mundo, seu casamento com Victoriano seguia feliz mesmo com a ausência de seu pai nesses doze anos. Era uma tristeza que guardava em seu peito mais não poderia fazer nada já que ele estava empenhado em ignorá-la, mas não deixou de amar sua neta e tudo que estava relacionado a ela.

Inês também tinha dado a luz a Cassandra que apenas tinha completado dez anos, era uma princesa e mimada por todos como Victória também era. Cristina e Frederico moravam juntos e cuidavam do pequeno Carlos Manuel que era lindo e o orgulho do pai, mas Cristina não quis casar mesmo vivendo sob o mesmo teto que ele.

Os pais de Victoriano eram os únicos que não se metiam nos problemas dos filhos e se mantinham a margem apenas ajudando quando ele pedia, eles preferiam viver em paz com todos a julgar o que não cabia a eles. Victoriano contou ao pai tudo que se passava e ele entendeu que por amor se faz qualquer coisa e sentiu ainda mais orgulho de seu filho, também não julgou sua esposa por saber e guardar o segredo do filho vivendo assim sempre em paz naquele casamento que já levava anos.

Era segunda feira e Victória corria pelas ruas da cidade com seus cadernos nos braços, ela estava atrasada e não queria perder o primeiro horário. Frederico apenas tinha conseguido deixá-la a duas quadras da escola e ela se apressou em chegar, mas ao passar a rua quase foi atropelada por abaixar e pegar um livro que tinha caído.

O homem desceu de imediato do carro para ver se estava tudo bem já que ela tinha caído no chão pelo susto e ela respirou pesado o encarando e logo voltou a pegar seus cadernos do chão. Ele abaixou e a ajudou até que tudo foi juntado e ela ficou de pé.

— Você está mesmo bem? - estava admirado pela beleza dela.

— Sim, só foi o susto. - o olhou e depois olhou o relógio. - Obrigada e me desculpe entrar assim na frente de seu carro.

— Graças a Deus, eu vinha devagar!!! - sorriu. - Posso ao menos saber seu nome?

— Victória!!! - falou e deu um meio sorriso.

— Prazer Victória, eu me chamo Benigno!!! - estendeu a mão para ela com um sorriso lindo no rosto...