Inês respirou fundo sentindo o enjôo ainda mais forte e correu para o lado de fora e no primeiro latão de lixo vomitou. Laura se preocupou e correu até a filha e a segurou, se preocupou de imediato porque percebeu que não era doença e sim... Negou com a cabeça e olhou bem dentro da cara de sua filha.

— Você está grávida? - e os olhos de Inês arregalaram para a mãe.

— O que? - a voz soou grave vinda do lado delas.

— Victoriano... - Inês o olhou vendo tudo em dobro e foi só o que conseguiu dizer antes de desmaiar nos braços da mãe.

Victoriano no mesmo momento a pegou nos braços e olhou para Laura, foram para o carro e ele nem pensou mais em nada apenas a levou para o hospital. Suas mãos tremiam somente em lembrar que ela poderia estar grávida, era mais um tiro em seu peito, era mais uma decepção para ele.

Quando chegaram ela foi levada e eles ficaram na sala de espera, Victoriano sentou ao lado de Laura e a olhou, podia sentir o coração bater acelerado e um nó se formou em sua garganta. Laura o olhou e tocou seu braço, ela sabia bem o quanto a filha mexia com ele e queria que ele sentisse conforto porque já era um fato que sua filha a sua menina estava grávida.

— Se quiser ir eu vou entender. - nem ela estava acreditando na merda que a filha tinha feito. - Eu sei o...

— Eu não quero falar sobre isso... - a cortou sabendo o rumo daquela conversa. - Eu vou ficar até saber se ela está bem. - o que ele queria mesmo era confirmar aquela maldita história.

Laura nada mais falou porque sabia o quanto ele estava nervoso e apenas ficaram ali esperando por notícias dela. Quarenta minutos contados no relógio por ele foi a demora do médico em aparecer e ele chamou Laura para conversar, ela o olhou e antes de ir com ele falou.

— Ele pode ver a minha filha? Ela já acordou? - falou aflita.

— Ela já acordou sim e ele pode vê-la enquanto conversamos.

Victoriano ficou de pé e o médico o levou a porta do quarto e saiu com Laura para conversar, ele olhou aquela por e se tremeu todo, mas logo entrou e os olhos dela foram diretos aos dele e ela não aguentou, chorou forte sentindo que o mundo ruia ao seu redor. Ele entrou e fechou a porta, mas não se aproximou, estava tão machucado com os últimos acontecimentos, mas não conseguia deixar de se preocupar com ela.

Os dois estavam quebrados com aquela nova realidade e ela quase não conseguiu olhar para ele nos olhos, estava errada e se receberia o julgamento dele imagina como seria do pai e de sua mãe. Ele não sabia o que dizer a ela, queria abraçar e confortá-la ao mesmo tempo em que queria socar a cara dela para que aprendesse, mas não faria nem um nem outro.

— Você me odeia? - fungou falando depois de um longo silêncio.

— É o que deveria fazer né? - foi rude.

— Deveria... - soluçou. - Eu perdi o principal e agora... - chorou mais.

— Não adianta chorar. - continuou em sua postura. - Foi você quem escolheu e eu te pergunto se valeu a pena... - estava tão triste e olhou para o teto para não chorar. - Quanto que eu te avisei, Inês... - voltou seus olhos para ela.

— Eu... - nem sabia o que dizer. - Eu só queria saber como era... - apertou o lençol entre os dedos.

— E agora vai entender e aprender para o resto da vida. - foi amargo. - Eu espero que fique bem. - virou para ir embora.

— Você nunca vai me perdoar? - falou em desespero. - Nunca?!

— Só o tempo dirá... - e sem mais ele saiu do quarto a deixando ali em lágrimas.

Inês se sentia uma completa idiota, tinha perdido seu melhor amigo por um cara que não valia nada e todo mundo já tinha avisado a ela, mas ela não quis ouvir e ali em seu ventre começava a crescer o fruto de suas escolhas. Laura entrou no quarto depois de uns minutos e a viu em completo desespero e foi a ela, Inês se jogou em seus braços e chorou amargamente.

— Me perdoe, mamãe. - a apertou em seus braços.

— Você precisa ficar calma. - queria dar uma surra nela, mas não era o momento para reclamação, precisava que ela ficasse calma já que a gravidez aparentava ser de risco.

— Papai nunca vai aceitar. - soluçou.

— Ele não vai mesmo. - sabia bem como o marido era e o futuro que queria para a filha. - Quem é o pai dessa criança? É Victoriano? - perguntou mesmo sabendo que não.

Inês se soltou da mãe e segurou em suas mãos, estava desesperada e envergonhada também. Eles tinham usado camisinha das duas primeiras vezes e na última o calor do momento falou mais alto e a proteção foi deixada de lado.

— Victoriano me odeia... - abaixou os olhos.

— Ele te ama e pelo modo como saiu daqui só mostra que você escolheu errado... - foi verdadeira. - Minha filha... - deixou que as lágrimas rolassem.

— Me perdoe mamãe. - Ela chorou mais ainda. - Eu sou uma idiota.

— Fique calma, você não pode se alterar, seu quadro é um pouco complicado. - beijou a mão dela tentando ser o máximo compreensiva possível naquele momento.

— Não conta pro papai, não conta agora, por favor. - implorou. - Eu conto.

Laura apenas abraçou sua menina e tentou deixá-la calma, para não prejudicar o bebê. Inês agarrou sua mãe e deixou que as lágrimas viessem com força e ali ficaram por algumas horas...

(...)

LONGE DALI...

Victoriano caminhava pela cidade um tanto cabisbaixo, sentia o peso do mundo nas costas e nem percebeu quando o carro de Benigno passou e parou logo à frente, estava com dois amigos e resolveu zombar mais uma vez dele, desceu com seus amigos e parou frente a ele. Victoriano o encarou e ele sorriu como se tivesse ganhado tudo dele.

— Se não é o frango Victoriano. - riu mais com os amigos. - Como esta Inês?

Victoriano estava no seu limite e não permitiu que ele dissesse mais nada e apenas o socou com gosto, bateu nele e nos amigos dele deixando que toda a raiva daqueles dias fosse liberada nos três. Olhou Benigno no chão e sem pena alguma deu uma sequência de seis socos em sua cara e antes que ele desmaiasse disse:

— Isso é por Inês!!! - cuspiu na cara dele e ficou de pé respirando alto. - Maldito porco!!! - e sem mais se foi dali deixando a todos que os viram perplexos pelo que tinha se passado...