MAIS TARDE...

Victoriano tinha sido obrigado pelo pai a ir a cidade resolver um problema para ele, ele não queria sair de casa depois de tudo que tinha se passado, estava muito chateado e se via em seu olhar a decepção por defender alguém que não queria ser defendido. Inês até tentou falar com ele, mas Victoriano a mandou embora de sua casa e ela se foi ainda mais chateada por tudo que tinha se passado, ele era seu melhor amigo e agora estava bravo com ela por um idiota que agora ela reconhecia.

Quando ele chegou a cidade, desceu de seu carro e caminhou até o armazém e para a sua desgraça ali estava Benigno saindo do estabelecimento, eles se encararam e prontos para mais um embate, mas Benigno ao se aproximar nem pensou duas vezes em tirar seu canivete e acertar a barriga dele que gritou sentindo sua pele queimar com o corte que recebeu. Benigno saiu correndo e Victoriano sentiu as pernas fraquejarem com ele indo ao chão com a mão cheia de sangue...

A dor era aguda e ele gemeu de dor, olhou a mão e praguejou aquele maldito covarde, mas ele iria pagar pelo que tinha feito, a ambulância foi chamada e os pais dele também que com desespero foram direto para o hospital. Quando Victoriano deu entrada no hospital foi levado direto para exames...

(...)

NA FAZENDA DE INÊS...

Inês estava sentada no chão da sala a sua frente tinha vários livros e cadernos, tentava estudar, mas seu coração estava apertado como se sentisse que algo de ruim tinha acontecido e seus pensamentos estavam todos em Victoriano, ela estava triste pela briga e quase não se concentrava em seus deveres. Cristina entrou do nada ofegante e com o coração disparado pela carreira que veio em seu cavalo e parou frente a Inês que ficou de pé.

— Ele... - ofegou tomando ar. - Inês...

— O que aconteceu? - falou já com os olhos em lágrimas.

Cristina tomou ar por alguns segundos e por fim disse:

— Victoriano está no hospital!!!

Inês de imediato deixou que suas lágrimas rolassem e seus olhos foram aos da mãe que vinha da cozinha justamente para contar a sua menina o que tinha acontecido, mas Cristina tinha se adiantado e ela correu para os braços da mãe dizendo.

— Eu quero ir lá... - o desespero tomou conta dela. - É minha culpa... É minha... - suspirou quase sem conseguir respirar.

— Fique calma, meu amor, eu vou te levar até lá!!! - sabia que se negasse aquele pedido a filha era capaz de adoecer.

Victoriano era seu melhor amigo e muito amado ali naquela casa, Inês puxou a mãe que foi junto a ela e Cristina para o lado de fora. Roger que chegava naquele momento depois de saber da noticia nem se quer pensou e as levou para o hospital. Foram minutos de agonia até o hospital e ela pulou do carro assim que parou no estacionamento, Laura segurou Inês pela mão para que ela não se machucasse com tanta pressa e entraram dando de cara com os pais de Victoriano.

— Como ele esta? - Laura perguntou abraçando sua amiga.

— Ainda não sabemos muito!! - falou com preocupação.

Inês se tremia toda ali os ouvindo e querendo apenas vê-lo.

— Mas o que aconteceu? - estava tão preocupada como ela.

— Foi uma facada!!! - falou com tristeza.

Inês chorou mais e o pai a agarrou em seus braços, na mente dela somente vinha Benigno e seu canivete, era a vingança dele e tudo por culpa dela, se sentiu tão mal que quase desmaiou nos braços dele e ele a sentou, Valentina pegou água para ela e todos se sentaram para tentar se acalmar. Foi mais ou menos uma hora e meia até que o medico veio e deu noticias dele e acalmou a todos, não tinha sido nada tão grave, mas requeria certo cuidado.

Permitiu que os pais entrassem primeiro e eles ficaram lá por um longo tempo agoniando ainda mais Inês que queria vê-lo para se certificar que ele estava mesmo bem, quando Valentina saiu acompanhada de Ronaldo. Inês correu para o quarto dele e entrou com o coração na boca o olhou e ele a olhou de volta sentindo o desespero em seus olhos, ela correu basicamente até ele e o agarrou chorando muito.

— Me perdoe!!! Me perdoe!!! - repetiu agarrada nele.

Victoriano sentiu a pressão dos braços dela mais sabia que ela estava desesperada e a abraçou de volta com todo amor que tinha por ela e cuidado.

— Eu estou bem... - falou com calma a segurando.

— Foi minha culpa!!! - soluçou sem conseguir desgrudar dele.

Ele suspirou a acariciando com carinho e com cuidado a soltou dele e tocou seu rosto secando suas lágrimas.

— Não foi sua culpa, ele é um maldito covarde!!! - confirmou as suspeitas dela que deixou mais lágrimas rolarem por seu rosto. - Pare de chorar porque eu não morri!!! - riu tentando deixar o clima menos pesado. - Deixe pra chorar no meu velório.

Ela negou com a cabeça.

— Não diga uma idiotice dessas!!!

Ele riu do jeito dela e secou as outras lágrimas que caiam de seu rosto, tinha os olhos mais lindos do mundo que o enchiam de vida e saber que ela estava ali pendente dele era tão bom, amava Inês, mas nunca teve coragem de admitir nem para si mesmo até aquele momento em que ela estava tão perto de seu rosto que até sua respiração forte era possível sentir. Ele sabia que não era momento para aquilo, mas sem conseguir resistir ele juntou seus lábios aos dela que se surpreendeu arregalando os olhos.

Inês paralisou por um momento, mas logo seus olhos se fecharam ao sentir que a língua dele invadia sua boca, sua mão foi até o pescoço dele e as cabeças giraram naquele beijo que era mágico e ao mesmo tempo assustador, estavam se deixando levar pelo momento e o beijo ficou ainda mais intenso. Victoriano beijava tão perfeitamente que ela quase não conseguiu soltá-lo e quando o fez ofegou e o olhou nos olhos levando a mão à boca.

— Inês...

Ela não deixou que ele falasse nada e apenas correu dali sumindo porta a fora...