Dirigia rápido, mas a reconheceu ao longe correndo na pista com seu inseparável fone de ouvido e ele acelerou mais. Quando chegou próximo a ela deu um "cavalinho de pau" levantando poeira e a assustando fazendo com que Inês se jogasse no mato arrancando os fones no mesmo momento e ao tempo de ouvir a gargalhada dele a fazendo berrar...

— Victoriano, seu maldito!!!!!

Victoriano gargalhava pela reação dela jogada no meio do mato, mas não saiu de dentro de seu carro, ria sem parar enquanto ela gritava ficando de pé todos os impropérios que lhe eram possíveis e ele voltou a ligar seu carro para sair dali, não iria dar o gosto dela falar nada na cara dele e ele se foi para sua casa deixando ela ali com o rosto vermelho de tanto ódio que sentia dele por aquelas malditas criancices.

Victoriano estava bêbado e ria ao volante até que parou em frente à sua casa e desceu, cambaleou para o lado, mas conseguiu entrar em casa ainda rindo e logo deu de cara com sua mãe. Dana o olhou e sabia que o filho tinha aprontado alguma com Inês ou não estaria rindo tanto naquele dia, era sempre um mau humorado naquela data e se estava rindo algo tinha feito.

— O que aprontou? - cruzou os braços perguntando logo.

— Mães... - ele suspirou com o riso frouxo. - Por que eu tenho que ter feito algo? - falou cínico.

— Eu te conheço, Victoriano Santos!!!

Ele se aproximou dela e a beijou muito agarrando seu corpo iniciando uma dança com ela agarrada a ele e a espera de uma resposta, mas ele não daria porque sabia que ela iria brigar como ele como se tivesse 12 anos e não era isso que precisava naquele dia. Dana se afastou dele e o olhou dentro dos olhos que gargalhou sem conseguir evitar a lembrança de sua mente e logo foi até o bar que ali tinha e pegou uma garrafa de tequila e voltou sentando na escada enquanto sorria de um gole enorme que a fez fazer cara feia.

— Beber não vai mudar as coisas!!! - foi a ele e tirou a garrafa de suas mãos. - Todo ano é a mesma coisa e eu estou cansada de ficar limpando seu vômito como se fosse um adolescente!

Ele a olhou e suspirou tentando pegar a garrafa novamente.

— Me deixe beber e suma daqui se não quer me limpar. - falou mais logo se arrependeu porque ela era a sua mãe e não tinha que falar daquele modo com ela. - Me desculpe.

— Eu deveria te dar uma coça com meu chicote, mas você não tem mais vergonha nessa sua cara não!!! - falou bem seria sentindo o rosto ficar vermelho com aquele comportamento dele que a fez beber um gole direto da garrafa. - Me faz até beber por ser mal educado!!! - fez uma cara horrível.

Victoriano gargalhou da cara dela e a puxou para que sentasse a seu lado e ela o fez, ele deitou a cabeça no ombro de sua mãezinha e segurou em sua mão mudando novamente seu humor e ela esperou que ele dissesse algo.

— Ela vai fazer uma festa novamente!!! - rosnou. - Uma maldita festa!!!

— Cada um sofre a sua maneira, meu filho...

Ele levantou a cabeça e a encarou.

— Sofre porcaria nenhuma!!! - ficou de pé e pegou a garrafa bebendo. - Quem sofre sou eu por ter amado tanto ela e no final...

— No final ela preferiu a família dela e te deixou... - se aproximou de seu menino, sim porque ele era um menino quando estava daquele modo. - Mas você também escolheu a mim e a seu pai!!!

— Eu não tive escolha... - os olhos encheram-se de lágrimas.

— Todos têm uma escolha nessa vida!!! - tocou o rosto dele. - Você escolheu e ela também e hoje vivemos sob um mesmo céu, mas colocando o ódio a frente do amor e isso nunca vai mudar até que vocês dois aprendam que a vida é muito mais que uma guerra entre duas famílias.

— Inês não ama nada além dela mesma e do poder que tem depois que assumiu os negócios da família!!!

Dana sorriu sabia que era o ego ferido falando.

— Assim como você, meu filho, assim como você!!! - o puxou para que eles subissem para o andar de cima. - Vocês dois são um só e o destino vai ajudá-los.

— Não tem nada para ser ajudado, nada!!! - rosnou.

Dana apenas sorriu e entrou no quarto com ele e o deixou dentro do banheiro para que ele tomasse um banho enquanto ela voltou para buscar um café para ele. Victoriano ficou nu com um pouco de dificuldade e logo ligou o chuveiro enfiando a cabeça dentro d'água e respirou pesado deixando que seus pensamentos corressem assim como a água que caia sobre ele.

Era tão difícil se manter estável em determinados dias que ele perdia completamente o controle e se deixava levar apenas por suas emoções, era sempre assim quando se tratava de Inês e tudo que a envolvia naquela cidade. Quando Dana voltou deixou o café sobre a mesa e o avisou, se retirou e logo ele saiu, tomou todo de uma vez já que estava morno e foi a cama para descansar, demorou, mas logo pegou no sono deixando aquela tarde ir para ele...

(...)

FAZENDA HUERTA...

Inês estava na frente do espelho e tinha acabado de tomar seu banho, tinha sobre o corpo um roupão e se olhava com uma cara nada boa, estava se lembrando do que o maldito tinha lhe feito e não deixaria barato. No braço um machucado, nada demais mais ardia como se fosse o fim do mundo e pior ainda era como olhar e ver ali o rosto de Victoriano gargalhando de sua cara.

O cabelo molhado ainda pingando pequenas gotas no chão dava o tom e o contraste aquela bela beleza agora com seus quase quarenta e cinco anos, uma versão ainda mais intensa e cheia de vida de uma Inês que sempre viveu intensamente, mas em seu coração sempre faltava algo e ela sabia o que, ou melhor, quem, mas ela não dizia nem mesmo em segredo de confissão.

— Minha menina... - Loli entrou e a observou. - Desculpe entrar assim...

Inês deu um suspiro e deixou seus pensamentos e planos contra Victoriano de lado e virou seu corpo para olhá-la.

— Aconteceu alguma coisa, Nana?

A senhora caminhou até ela com os olhos cheios de amor e um sorriso no rosto, seus cabelos brancos e os olhos tão verdes quanto os dela era a perfeição em forma de mulher, segurou seu braço e olhou o machucado.

— O que aconteceu? - a puxou para a cama a fazendo sentar. - Tem que limpar isso direito.

Inês sorriu e a viu ir até o banheiro e logo voltar com sua caixinha de primeiros socorros, sentou ao seu lado e começou a cuidar.

— Eu apenas tropecei e cai no meio do mato enquanto corria. - não ia dizer o que tinha acontecido de fato.

A senhora a olhou e sorriu de leve ao ver a cara que ela fez ao passar o algodão com álcool.

— Ouvi dizer que Victoriano estava andando por aí em alta velocidade e embriagado... - era o suficiente para que nenhuma conversa mais fosse para frente.

— Eu não quero saber desse homem!!! - tirou o braço e ficou de pé. - Já disse que o nome dele é proibido aqui dentro!!!

Loli apenas sorriu para o comportamento dela e ficou de pé para se retirar do quarto, não ia falar mais nada, mas antes de ir disse:

— Sua roupa está pronta em seu closet e tudo que me pediu também está em ordem!!!

— Obrigada, Nana... - deu um meio sorriso.

Loli se retirou e Inês caminhou para pegar uma toalha para enrolar em seu cabelo e ouviu seu celular tocar, voltou e o pegou abrindo um lindo sorriso no rosto.

— Meu amor... - falou eufórica.

— Aaaaiii meu Deus que saudades... - a voz tinha a mesma euforia de Inês. - Estou ligando pra dizer que estou voltando...

E o sorriso dela ficou ainda maior com aquela notícia...