Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem.

(Friedrich Nietzsche)

— Como foi hoje? — perguntou-me Sam, meu irmão que me ajuda na maior parte dos meus problemas com tecnologia. Ele frauda muitos documentos e informações das quais preciso e precisarei para conseguir o plano.

— O conheci. Parece-me um monstro, como já é de praxe pensar sobre.

— Humm. E você conseguiu descobrir algo?

— O que eu já suspeitava. Ele não ama a noiva, está com ela por dinheiro e é completamente infiel.

— Nada que um homem de negócios não seja.

Assenti com a cabeça.

— Qual o próximo passo?

— Ele ficou encucado quanto a mim. Tenho certeza absoluta que ele checará informações minhas. E é ai que você entra.

— O que tenho que fazer?

— Deixe que ele descubra um terço da verdade sobre mim. De preferência a parte que tenho dinheiro suficiente para cobrir qualquer amor dele.

— Vai se tornar presa fácil para ele.

— Assim espero.

Aiden

Eu não podia mais esperar para rever Emily Parker. Ela era alucinantemente enlouquecedora. Além do mais aquela onda de mistério na qual ela me envolveu estava me deixando cada vez mais ansioso e cheio de expectativas para descobri-la inteiramente. Por isso chamei Tony, meu capanga particular. Ele resolve todo tipo de assunto para mim, desde investigações discretas a eliminações ainda mais discretas.

— Que missão o chefe tem para mim. — me perguntou Tony, em posição de guarda.

— Emily Parker. Uma organizadora de casamentos. Preciso que descubra tudo que for possível sobre ela. Carreira, família, escolaridade. Tudo.

— Alguma ameaça eminente senhor?

— Não. Desta vez apenas por curiosidade.

— Sim senhor.

— Não esqueça que deve fazer isso da maneira mais discreta possível. — entreguei a ele, um cartão contendo dados de contato da senhorita Parker.

— Sim senhor.

— Pode ir.

Quando Tony saiu, continuei em minha biblioteca de casa. A lareira queimava a lenha, fornecendo-me calor e me deixando hipnotizado pelo movimento que as chamas faziam. Elas pareciam arder meu coração e me deixar louco de desejo por aquela estranha. Ela era bela. Tinha um olhar sério, neutro, mas muito envolvente. Seu corpo cheio de curvas ficou em evidencia apesar da roupa comportada que usava. E aquela cruzada de pernas? Só de pensar nela, já estava ficando naturalmente excitado.

Não demorou muito para que meus pensamentos fossem perturbados. A empregada bateu na porta trancada, entrando em seguida. Na bandeja de prata, trazia o telefone sem fio.

— Senhor, a senhorita Meg no telefone.

Peguei de sua mão e gesticulei para que saísse.

— Sim?

— Oi amor.

— O que foi Meg?

— Ocupado?

— Sim. No meio de uma reunião. O que você quer?

— Queria saber se deseja almoçar comigo amanhã.

— Não. Terei um compromisso.

— Mas, eu falei com a Sabrina e ela me disse que estaria livre amanhã.

— Ela deve ter se enganado. Todavia, o meu compromisso é fora da empresa. Eu ligo para você se houver alguma mudança de planos. Boa noite querida. Tenha bons sonhos.

Sem dar maior cartaz aquelas baboseiras românticas, desliguei o telefone. Tinha horas que eu tinha pena de ser tão frio com Meg, mas ela não me dava escolhas, era uma idiota que não entendia por mais que eu deixasse claro, os interesses que haviam por trás da nossa união. Nada disso era amor ou interesse mutuo entre um homem e uma mulher. Eram negócios meus e do seu pai. Nada mais que isso.

Coloquei uma dose generosa de uísque escocês, modo cowboy. Tomei e fui para cama. Continuei vislumbrando como seria Emily nua e totalmente entregue em minhas mãos. Há tempos que uma mulher não exercia controle e influencia quanto aos meus prazeres. Emily tinha algo de especial. Um quê de pecado e uma magia que me envolvia completamente. Eu estava extasiado pela sua inteligência, rigidez e beleza.

Eu estava apaixonado. Ao meu modo. Mas estava.

***

Emily

Nova York, 09 de julho de 2011.

Não demorou muito para que minhas previsões dessem certo. Como imaginei, Aiden Stone enviou um de seus capangas para me investigar. Ele pensava que não havia notado, mas eu percebi que o dia inteiro, um tipo me seguia para cada canto que eu ia. Como eu já esperava e estava preparada para isso, agi com naturalidade e eficácia. Aliás, tudo saia dentro do planejado.

Endireitando os ombros, entrei no Lafayette e olhei discretamente para trás. Não demorou muito, cerca de cinco minutos para que Aiden me abordasse no restaurante. Levantei a cabeça, fingindo que estava distraída com a carta de vinhos.

— Posso sentar? — perguntou ele.

— Claro que sim. Fique a vontade.

— Se me permite... — acenou discreto e elegante para o máitre — Por favor, um Domaine.

— Excelente escolha, senhor. Com licença.

O máitre saiu satisfeito, não teve trabalho em apresentar suas mil e umas opções de vinho e ainda conseguiu vender um dos mais caros.

— Que coincidência encontra-lo, senhor Stone. — me fingi de sonsa. Eu sabia que ele estava me seguindo.

— Aiden! Chame-me de Aiden.

— Desculpe Aiden...

— Espero que tenha sido uma boa coincidência.

— Agradavel, de certo modo.

— Que bom. Mas, não foi uma coincidência.

— Não? — fingi surpresa.

— Não. — ele abaixou um pouco a cabeça e voltou-a de encontro aos meus olhos. — Soube de fonte segura que estaria almoçando aqui. E confesso que preciso conversar com você.

— Sobre o quê? Você e Meg mudaram algo na cerimonia?

— Não. — fez mistério.

— É algo sobre o casamento? — insisti.

— Não. Gostaria de saber como uma milionária, como você. Perde seu tempo, cultura e tempo como mera assalariada em um emprego tão vulgar e monótono...

— O dinheiro não é meu, sim dos meus pais. É um emprego satisfatório em seus mais elevados níveis.

— Entendo, apenas achei muito curioso... Emily.

O vinho chegou e enquanto o garçom nos servia, aproveitei para continuar seduzindo-o com o meu olhar desafiador.

— Tenho certeza que já deve ter experimentado esse vinho, se não, espero que aprecie. — ergui a taça para um brinde.

— Ao que brindaremos? Uma nova amizade?

— Aos negócios. — respondi.

Apesar de toda a sua soberba e ódio que eu alimentara por aquele ser desprezível, Aiden era o que se chamava de uma companhia agradável. Apesar do que aparentava, ele era um gentleman, quase nunca falava sobre si sendo esnobe ou metido, nem sobre conquistas financeiras e aspirações sociais. Suas conversas se resumiam a elogios sobre minhas roupas, cor dos meus olhos, meu perfume — eu estava conseguindo exatamente as reações dele que eu esperava — ele também falava sobre arte, viagens e cultura de um modo geral.

Se fazia parte do seu jogo de sedução, deixava ainda mais prazerosa a missão de acabar com ele. Saimos do restaurante e não pude deixar de notar no suntuoso jaguar estacionado e na sua expectativa que eu aceitasse uma carona.

Já se dirigindo a porta do passageiro, para abrir educadamente para que eu entrasse, ri amistosamente.

— Certo. Vemo-nos quinta feira?

Aiden suspirou.

— Tem certeza que só poderemos nos ver na quinta feira?

Olhei de novo para o carro e o encarei com frieza.

— Como assim? Há algo em que posso ajuda-lo?

— Emily, desde que a conheci so consigo pensar em você.

— Acredito que sim. Para investigar a minha vida...

— Falo sério!

— Humm. Senhor Stone, por favor, não me comprometa. — Disse aparentando ofensa. — O senhor está noivo de uma bela moça, um excelente partido. Não fica bem falar e agir dessa forma...

— Emily... — seus olhos se estreitaram e ele agarrou meu braço bruscamente, chegando a me incomodar fisicamente. Puxou-me para junto dele. — É a primeira vez que uma mulher me enlouquece a ponto de querer largar tudo por um beijo.

Sua boca começou a se aproximar habilmente da minha, então o empurrei severamente e dei-lhe uma majestosa tapa na cara, imprimindo os cinco dedos em sua face alva.

— Por favor, controle-se. Como já lhe disse, o senhor é um cliente e comprometido. Não sou uma espécie de prostituta que o senhor ira contratar para sua despedida de solteiro e não lhe beijaria na rua. Passar bem.

Desvencilhei-me de seu corpo másculo e bem torneado num terno de corte inglês.

Enquanto caminhava tive uma vontade anormal de rir. Tudo estava saindo exatamente como eu queria. Isso me deixava relativamente feliz. Exceto pelas lembranças a cerca de Steven e a falta que ele fazia e meu coração se preencheu com toda a tristeza que concebeu o ódio e desejo de vingança que me sustenta.

Se havia um preço para linpar sua memoria e vingar seu nome, eu estava disposta a pagar.

***

Aiden

Eu não precisava de Meg. Não agora que vislumbrava em Emily tudo o que sempre quis: dinheiro e uma mulher extremamente bonita e atraente ao meu lado. Aquele jogo de sedução, a forma como ela me olhava fazia meus sentidos masculinos serem aguçados a ponto de me deixarem a flor da pele de desejo.

Emily é agora, meu objeto de desejo numero um.

Espero realizar com ela, cada uma de minhas muitas fantasias adolescentes. Eu tenho quase certeza que seus lábios se contraíram ao se aproximarem dos meus — os lábios dela eram exatamente como eu me lembrava. Rosados, carnudos — mas, lá no fundo ainda existiam cada um dos empecilhos do qual teria que me livrar rapidamente para ter aquela mulher em meus braços.

Voltei ao escritório e continuei a pensar insistentemente em Emily — naquele olhar safado, aquele cabelo cacheado nas pontas, loiro e com uma franja delicada caindo sobre seus olhos.

Pensei em sua pele macia, entrando em atrito com a minha e nas curvas que seu corpo fazia naquele justo vestido rosa, e em como minhas mãos deslizariam por entre todas elas. Comecei a desenhar um esboço do que vinha à minha mente quando eu pensava nela, seus seios fartos e dedilhei meus dedos por entre seus mamilos.

Sabrina me trouxe de volta dos meus devaneios, me anunciando a próxima reunião.