– Mariko! Anda acorda.

– Já vou mãe! - disse ela com desprezo, nem parecia que tinha dormido após aquele sonho. “Malditas provas!”

Já estava se levantando quando sentiu uma pequena fisgada no dedo, “O mesmo dedo que ele mordeu”. Estava espantada, não a culpo, qualquer um ficaria.
- Como isso é possível?! - disse Mariko sussurrando para ela mesma. Ela não queria acreditar naquilo, mas não tinha escolha era um fato, seu dedo estava machucado. “Mas foi apenas uma sonho, não tem como isso acontecer, só se eu mesma me mordi enquanto tinha o sonho. Você acredita nisso mesmo? Sim acredito. Tem certeza? Não! Não tenho. Mas qual é a explicação para isso? Algo que acontece em um sonho acontecer na vida real. Devo estar ficando maluca e estou vendo coisas. Só resta isso.” Mas a dor era de verdade, ela sabia, mas queria encontrar uma resposta logo. “Mas seria o mesmo dedo?” foi o que ela se perguntou, “pense Mariko, pense” estava lutando para se lembrar do sonho, queria encontrar algo que provasse que aquela mordida não foi causada pelo sonho. “Estava lá parado olhando para mim com um olhar frio e sem expressão, foi quando o bebê mordeu meu dedo...” lembrava o que tinha acontecido, mas não conseguia se lembrar qual dedo era. “Qual mão? Direita, esquerda? Qual? Sim esquerda!” Pronto. Estava aliviada, a mordida era no dedo da mão direita. Era tudo o que ela queria a prova de que aquele machucado não era resultado do sonho macabro que ela teve aquela noite. Agora estava pronta para se levantar e enfrentar a mundo difícil que ela tinha. Bom, para ela era difícil.

– Mariko! - era sua mãe de novo chamando por ela. “Ela não se cansa? Já viu que acordei”

– Já vou mãe, não precisa ficar gritando – disse com ódio. Ela não odiava a mãe, apenas a irritava muitas vezes, principalmente na hora de acordar como aquela. “Ninguém acorda e já se levanta, nem os computadores respondem imediatamente.”

Ela levou alguns minutos para se trocar, se trocar para ir a faculdade não era tão difícil quanto se arrumar para fazer alguma coisa a noite. O que demorou mesmo foi para encontrar o celular “Onde o deixei? Maldito seja!” ela sempre o perdia. “Encontrei!” estava embaixo da mesa do computador, como foi parar ali nem mesmo ela sabia.

– Na próxima te deixo em casa – disse ela em tom cômico para o celular. “Como se isso fosse ruim para ele”.

Depois de uns 15 minutos após abrir os olhos ela estava saindo do quarto, foi rápido comparado com a manhã anterior, se dirigiu as escadas e começou a descer aquilo, se tornou uma tarefa difícil depois que fez 12 anos, o sono pela manhã pareceu aumentar após os 12, era uma tarefa que ela cumpria há 18 anos, afinal sua família nunca se mudou. Quando chegou à cozinha lá estava sua família, seu pai que sempre estava com o jornal, seu irmão mais novo brincando com a comida “Idiota!” ele tinha 14 anos, e sua mãe olhando para ela com uma expressão de raiva como ficava toda manhã.

– Eu não devia te acordar mais, você já tem 18 anos – disse a mãe dela com o mesmo rosto que estava quando ela chegou à cozinha. Ela tinha feito 18 anos a um mês e nem parecia que ela podia beber até cair sem que seus pais a recriminassem. Sim iriam querer matá-la por estar bêbada, mas não por ter bebido. Mas isso não fazia nenhuma diferença já que ela não colocava uma gota de álcool na boca desde os 16 anos.

Estava sem fome então pegou apenas uma fatia de pão e saiu. Quando colocou a mão na maçaneta da porta viu o machucado e voltou a pensar no sonho “Foi só um sonho e esse machucado foi apenas coincidência” aquilo parecia que iria ficar o dia todo na cabeça dela. Parou de pensar naquilo e saiu, chegando à esquina encontrou Joe Lisboa, um velho amigo que fez na 6° série e desde então fazem quase tudo juntos, por exemplo, ir à escola e agora á faculdade.

– Mariko como vai? – disse ele transbordando felicidade, parecia que não a via há anos.

– Oi Joe, eu não estou me sentindo bem – disse com desanimo. Ela sabia que falando que não estava bem ele iria fazer uma série de perguntas pelo caminho, se tornaria chato, mas ela não podia mentir, estava em sua cara que ela não estava bem.

– O que houve Mariko? Posso te ajudar? Conta-me, talvez possa ajudar – disse Joe com entusiasmo e preocupação como se era de se esperar.

“Porque você tem que fazer tantas perguntas de uma vez?” – Pesadelos. Acho que isso responde a sua pergunta sobre poder ajudar ou não.

– Como foi Mariko?

– Não me lembro direito, mas tinha um bebê estranho que me matou, algo assim – ela tentou cortar logo o assunto, pois não queria mais se lembrar daquilo.

– Nosso belo sonho hein hahaha.

Mariko apenas fez um pequeno sorriso para não ser mal educada com o seu melhor amigo. “Isso foi uma piada?”.

Naquele momento ela percebeu que apesar de tudo aquele seria um dia comum.