Bianca estava na casa da mãe tomando café, Juju brincava com o avô no jardim e as duas podiam ver os dois rindo através da janela.

–Seu pai tem um fôlego, nunca vi...

–Ele é jovem, mãe. Todos os exercícios que faz pela manhã dão resultado.

–Verdade... E então como está sendo a trabalhar na empresa?

–Estou gostando, apesar de que trabalhei pouco né? Só na parte da tarde.

–Mas a Juliana está menos grudada em você não está?

–É depois de uma conversa que tivemos diminuiu o grude, mas ainda faz uma manha lascada na hora de ir para a escola, nem acredito que o papai e o tio deixaram que eu fosse só a tarde nesse primeiro mês.

–E dividir a sala com o Marcelo?

Bianca desviou o olhar da mãe para a xícara entre suas mãos.

–Mãe... Nem pudemos conversar direito né?

–Não, você ficou todos esses dias com a Juju, e no telefone tem coisa que é bom nem falar... Mas posso ver nos seus olhos que vocês estão juntos.

–Dona Anita... Eu posso esconder algo da senhora? – olhou nos olhos da mãe. – Ele me pediu em namoro acredita?

–Namoro! Mas já?

–Parece uma loucura, a menos de um mês nos odiávamos... E agora...

–Já contou para ela?

–Não... Ai mãe, isso não pode ficar assim, vou conversar com ela, mas tenho medo da reação...

–Filha, quero que você viva isso, para tanto, explicar para Juliana o que está acontecendo é vital, sobre ocultações você não vai conseguir ser feliz.

–Eu sei mãe...

–E depois eles precisam conviver, ele sabe que é um pacote né? Bianca e Juliana é uma coisa só... Ele precisa ter contato com ela e vice-versa.

–Mãe ele quer muito, eu vou ver a melhor forma de providenciar isso, vou planejar algo. Também falar mais sobre isso com a minha filha.

–Querida... – a mãe largou a sua xícara e esticou a mão sobre a mesa até segurar a de Bianca. – Tire esse olhar de que está fazendo algo errado, está vivendo, você é uma mulher linda, já te falei isso, Juju precisa entender que você é mulher além de mãe... Não deixe teus medos estragarem isso que está fazendo seus olhos brilharem de verdade!

–Eu estava com saudades de ouvir a senhora me aconselhando assim.

–Estou aqui sempre, quem sabe possamos providenciar um jantar com o Otávio e Marcelo aqui, ele vai ter a oportunidade de conhecer melhor ela, se aproximar.

–É uma ideia... Mãe, hoje vamos sair... A Ju vai dormir na casa da Nina, aquela amiguinha que ela não pára de falar.

–Faz bem filha, sair com ele, se divertir, conversar... Namorar...

–Eu estou com medo, mas estou feliz... Marcelo me faz bem...

–Estou vendo!

–Vóoooo! Vóoooo!

–Meu Deus menina, que gritaria!

–Na minha festa, quero ter pula-pula! Posso mãe? – a menina pulando mudou de foco imediatamente.

–Vamos ver, vamos ver! -Bianca falou rindo da euforia da menina.

–Vó o vovô pediu pizza para o almoço! – voltou a falar com a avó.

–Seu avô é???

–Sei dona Juliana!

–Ah, mãe, eu comi comida de verdade a semana toda, deixa a vó fazer pizza por favorzinho!

–Por favorzinho? Olha essa menina hein nem falo mais nada!

–Vou fazer pizza, mas todo mundo vai ter que me ajudar!

–Oba!!!

Anita e Bianca sorriram com a empolgação da menina.

***

Mais tarde

–Nossa você está linda! – Marcelo ficou encantado, com um vestido azul escuro e o cabelo caindo ao redor do seu rosto, Bianca acabará de sentar ao seu lado no carro.

–Obrigada, você disse que iriamos jantar fora então caprichei...

–Vamos sim, vamos num restaurante italiano perto de casa, você vai amar, mas antes...

Ele segurou o rosto dela e deu um beijo suave nos lábios da moça que sorriu carinhosa.

–Parece que ainda estamos em Paris...

–Verdade... Estou louco para andar com você de mãos dadas por ai.

–Marcelo... Paciência...

–Eu sei, e a pequena?

–Deixei ela mais cedo na casa da amiguinha, meus pais aproveitaram e foram passar o fim de semana na casa de um amigo na Serra.

–Então você é toda minha essa noite?

–Sim... -falou com ar de menina sapeca.

–Então vamos adiantar isso!

Ele dirigiu para o restaurante poucas quadras do seu apartamento, não trocaram palavras no trajeto uma música suave no rádio deixava o ambiente agradável, assim com a cabeça encostada no banco Bianca ia refletindo sobre como sua vida mudará tanto nesse último mês e como nem lembrava a quanto tempo alguém tinha a convidado para jantar fora.

–Um beijo por seus pensamentos... – Marcelo falou tirando ela dos seus devaneios.

–Só estou refletindo sobre quanto tempo faz que fiz isso...

–Isso?

–Sair para jantar fora com um rapaz. – ela sorriu tímida.

–Namorado, jantar fora com um namorado! -frisou.

–Faz mais tempo ainda. - falou dando uma risada divertida

–Chega de pensar nisso, vamos?

O jantar foi tranquilo e o restaurante era muito aconchegante, duas horas depois se encaminharam para o apartamento dele.

–Nem acredito que vou conhecer onde você mora.

–É simples, mas muito funcional. Um homem sozinho precisa ser prático.

Quando chegaram na frente da porta do apartamento, pararam e trocaram um olhar cúmplice lembrando de outras portas que abriram juntos quando estavam em Paris.

–Parece que voltamos no tempo... – ele disse se aproximando dela.

–Vamos fazer de conta que o tempo não passou... – falou com a voz um tanto rouca sentindo uma das mãos dele engatando na sua cintura.

–Hummm... Assim eu não aguento!

Ele falou com o nariz se colando ao pescoço dela, sentindo o cheiro do perfume e de sua pele. Suave como quem não quer ter presa passou a ponta do nariz na extensão do pescoço enquanto ela pendia a cabeça para trás devagar sentindo o desejo pulsando em suas veias.

–Marcelo... – sussurrou amolecendo nos braços que a tomaram por completo.

–Eu te quero tanto, como você consegue fazer isso comigo hein? – falou com voz melodiosa em seu ouvido. – Nunca pensei que iria me render aos seus encantos dessa forma Bianca...

Ela não respondeu puxou atrevida o rosto dele posicionando lábio com lábio e o beijando se entregando por completo aquelas sensações.

Com ela presa em seus lábios e com certa dificuldade ele conseguiu abrir a porta e a conduziu para dentro do apartamento.

A primeira parede que teve acesso foi a escolhida, imprensou Bianca ali sem nunca desgrudar de sua boca abrindo espaço apenas para buscar o ar que por vezes faltava. Com jeito ergueu as pernas dela, que se enlaçaram ao seu quadril e assim foram para o sofá, móvel mais perto e confortável.

–Que isso? Sofá de novo?

Bianca brincou relembrando o móvel semelhante no escritório.

–Cama, sofá não importa desde que seja com você que eu esteja! – falou com os olhos brilhando ao vê-la começar a desabotoar sua camisa. Não precisavam de palavras, os olhos falavam, livre da camisa Marcelo, ajudou ela com o vestido, peça que revelou o pequeno tecido preto que usava na parte de baixo e os seios livres de qualquer artificio para oculta-los.

–Cada vez que eu vejo você, parece que é a primeira!

–Aquela na qual eu acordei de uma noite da qual não lembro de nada?

Ele riu com o jeito brincalhão dela.

–É esse dia mesmo, apesar da raiva que sentiu de mim, eu tive a oportunidade de te olhar assim revelada...

Com carinho e desejo, uma mistura importante, os dois voltaram aos beijos, carícias e brincadeiras na troca prazerosa entre eles.

Como um balde de água fria o celular de Bianca começou a tocar na sua bolsa, na hora ela reconheceu o toque dedicado a Juju.

–Não atenda! – ele falou se posicionando sobre ela beijando a barriga plana e arrepiada com o toque da barba rala dele.

–Não... Preciso... – com a voz entrecortada ela se negou dele tentando levantar. – É o toque da Juju!

“Juju” foi a palavra chave, ele se afastou e deu espaço para que ela levantasse, rápida pegou sua bolsa e achou o celular a tempo do último toque.

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B: Alô?

J: Mãe?

B: Filha? Está tudo bem meu amor? Por que está chorando?

J: Quero ir para casa! Mãe vem me buscar?

B: Juliana o que aconteceu? Cadê a mãe da Nina?

J: Não quero mais dormir aqui mãe, estou com medo!

B: Tudo bem a mamãe vai buscar você, só passa para a mãe da Nina!

MN: Bianca? Desculpe a gente te ligar tão tarde, mas não teve nada que eu fizesse que acalmasse a Juju.

B: Mas aconteceu alguma coisa?

MN: Aparentemente não, elas assistiram um filme e deitaram, ela dormiu um pouco e acordou aos prantos chamando por você.

B: A meu Deus, deve ser um pesadelo, ela às vezes tem.

MN: Tentei fazer um leitinho quente mas ela não quis, nem chá nada, acho até que está febril de tanto que está chorando.

B: Eu estou indo, me passa para ela de novo.

J: Mamãe?

B: Filha se acalma que estou indo te buscar! Não precisa mais chorar, arruma suas coisinhas na mochila e me espera tá bom?

J: Mas vem logo mãe!

B: Sim!

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Ele observou ela de costa seminua no meio de sua sala e conforme foi entendendo a conversa vestiu suas roupas que haviam se espalhado pelo quarto. Quando Bianca virou ele já estava calçando os sapatos sentado no sofá de cabeça baixa.

Sentindo-se muito chateada ela foi até ele e se ajoelhou na sua frente.

–Me desculpe, eu não podia imaginar que alguma coisa assim poderia acontecer...

–Tudo bem, meu amor! – ele fez carinho no rosto dele e deu um beijo. – Vem levanta dai e se veste, vamos buscar a Juju.

Ele levantou ao mesmo tempo que ajudava ela de modo que o corpo dela estava todo encostado no seu.

–Marcelo... Eu lamento muito.

Ele sorriu e a abraçou o corpo cheio de curvas se moldando ao dele perfeitamente.

–Eu lamento também, mas vou lamentar mais se você demorar muito para se vestir! – brincou desanimado.

Ela colocou o vestido e deu um pequeno retoque na maquiagem borrada e foram buscar Juliana.