Pollyanna

Capítulo 28 - revelações (parte 2)


Sentamos-nos na cozinha e Yuli nos serviu um delicioso café da manhã, Tom ainda não estava lá e eu aproveitei para falar com as crianças.

– Queridos precisamos falar sobre o pai de vocês - eles me olharam curiosos e surpresos.

– O que tem ele? - perguntou Christopher num tom de voz rancoroso.

– Já passou da hora de vocês o conhecerem, mas eu preciso alertá-los de que ele não é um bruxo qualquer.

– Por que ele não apareceu antes? - perguntou Christopher novamente com seu tom rancoroso.

– Chris, ele não sabia, foi embora antes de saber que eu estava grávida, não o culpe por isto.

– Mãe... - começou Mary. - nós fomos sequestrados por comensais da morte, presos em uma cela e depois fomos levados a um quarto luxuoso, toda esta mansão parece à sala comunal da sonserina e eu não estou reclamando disto, até gosto, mas o nosso pai não é quem eu estou pensando, é?

– Sim, ele é Lord Voldemort, mas seu nome de verdade é Tom Riddle e ele quer conhecê-los.

– Voldemort? Nosso pai? - perguntou um Christopher perplexo. - Isso não pode ser, mãe ele é um montro.

– Ele nem sempre foi assim, por favor, deem uma chance, por mim, ele é legal, vocês vão ver.

Tom entrou na cozinha um pouco receoso e observou por algum momento as crianças, ele pareceu surpreso, seus olhos ficaram presos em Christopher que era idêntico a ele quando criança, especialmente nos olhos repletos de raiva naquele momento.

– Bom dia. - ele disse sentando-se no outro extremo da mesa.

– Bom dia. - eu disse e me servi de cereais, Mary que olhava um pouco amedrontada para Voldemort baixou os olhos e se serviu de torradas, mas Christopher ainda o fitava com raiva.

– Então você é nosso pai? - perguntou Mary com um breve sorriso, mas sem olhar pra ele, passava geleia em sua torrada. - Eu sou Mary Jennie.

– É um prazer conhecê-la Mary e você é? - Tom perguntou a Christopher.

– Christopher Salazar. - disse Chris frio se servindo de suco de abobora e panquecas recheadas.

– Sabe é até legal ser filha de Você-sabe... Voldemort, eu posso amedrontar as pessoas que me aborrecerem na escola. - disse Mary sorrindo e erguendo as sobrancelhas como se acabasse de ter uma ideia brilhante.

– Eu não estou ouvindo isso. - eu disse e Tom reprimiu uma risada.

– Muito bem pensado Mary. - disse Tom e eu olhei perplexa pra ele.

– Não faça isso Mary.

– Faça sim, especialmente com os grifinórios. - Mary riu.

– O que você tem contra a grifinória hein? Eu era da grifinória? - reclamei.

– E era bagunceira e irritante. - disse Tom, mas tinha um ar divertido, Mary riu mais alto.

– Vocês são engraçados, imagino que o senhor era um aluno certinho da sonserina. - arriscou Mary e eu bufei revirando os olhos.

– Certinho é pouco.

– Ela está com inveja porque eu fui monitor, monitor-chefe, o melhor aluno e ganhei um troféu de serviços prestados à escola.

– Isso é legal, nós vamos morar aqui agora?

– Sim, em breve mandarei buscar as coisas de vocês.

– Mas e o tio Alastor? - perguntou Christopher com cara de poucos amigos.

– Você poderá visitá-lo, Chris. - eu menti, Voldemort nunca permitiria, mas eu queria apenas evitar problemas.

– De qualquer forma fico contente afinal esta casa é muito bonita e gostei de te conhecer... Pai. Gostou de nos conhecer? - disse Mary notavelmente estranhando chamá-lo de pai.

– Sim, eu gostei de conhecê-los e vou cuidar de vocês agora. Já vi que ensinou o jogo também para as crianças. - eu assenti sorrindo.

– Certamente e um dia hei de te convencer a jogá-lo também.

– Nem pensar. Pollyanna, eu terei algumas coisas importantes para fazer esta tarde, imagino que possa dar conta dos preparativos para o banquete de natal que lhes foi tirado por minha culpa, lamento.

– Banquete de natal, oh isto será ótimo. - disse Mary. - Eu posso ajudá-la mamãe.

– Claro que sim Mary.

– Por que você a abandonou? Mamãe disse que você a deixou antes de saber que ela estava grávida, por quê? Por ela ser nascida trouxa? - perguntou Christopher.

– Não, eu a deixei porque precisava de poder, tornar-me forte e um dia chegar a ser Lord Voldemort, o maior bruxo de todos os tempos.

– Você é um monstro, não me orgulho de ser seu filho e minha mãe é boa demais pra você. - disse Christopher raivoso levantou-se lançando um ultimo olhar frio a Voldemort e saiu da casa batendo a porta indo para o jardim.

Preocupada levantei-me em seguida e fui atrás de Christopher sem falar nada. Não era culpa de Christopher, as coisas estavam acontecendo rápido demais, eu o encontrei no jardim, sentado olhando para as rosas mortas e plantas mal cuidadas, estava apenas inexpressivo olhando para um ponto fixo no chão, eu me sentei ao seu lado.

– Chris. - sussurrei.

– Como você conseguiu se apaixonar por alguém como ele? - Christopher perguntou olhando para mim.

– Ele nem sempre foi assim, ele já foi apenas Tom Riddle e eu espero que um dia ele volte a ser.

– Ele te abandonou grávida, ele matou pessoas, ele destruiu famílias, desculpe mãe, mas acho que ele é só um monstro agora.

– Ele não sabia que eu estava grávida e... Desculpe, eu sei que é muita coisa acontecendo, mas você podia tentar...

– Não, eu não vou tentar, só quero que as férias acabem logo pra eu voltar pra Hogwarts e ficar longe de tudo isso aqui. - ele olhou para a casa e o jardim mal cuidado. - Eu vou para o meu quarto.

Assim que Christopher saiu e subiu as escadas para o seu quarto, a porta da frente foi aberta novamente e Tom veio até mim sentando-se ao meu lado.

– Você está aborrecido com o que Christopher falou?

– Não, dê um tempo ao garoto, eu também não gostei do meu pai quando o conheci, lembra?

– Você ainda não gosta muito dele.

– Porque ele é um trouxa. - esclareceu. - Quando for à hora certa, eu converso com ele, não te preocupes a-toa.

Eu sorri de leve.

– Sendo assim eu vou entrar, eu tenho um banquete de natal pra preparar.

– Eu tenho que sair para resolver algumas coisas.

– Tipo? - perguntei curiosa mordendo o lábio inferior.

– Os Greengrass estão relutando em juntar-se a mim.

– Uma pena, mas você não pode fazer nada.

– Não desisto tão fácil, eles podem escolher em se juntar a mim ou seus filhos podem ser atacados pelo lobo Greyback. - arregalei os olhos e ele encolheu os ombros. - Não me olhe assim, ainda estou lhes dando direito de escolha.

– Só não se atrase. - eu disse rude. - Esse é o primeiro natal que passa com seus filhos, se é que te importa.

– Não me atrasarei. - ele disse beijando minha testa, mas eu ainda estava perplexa com as coisas que ele fazia.

Uma vez fora dos jardins da mansão Riddle, Tom pode aparatar, eu usei mágica para fazer o jardim morto e mal cuidado da mansão tornar-se muito belo e novamente conhecido por sua bela roseira.

– Sentimos sua falta Sr. Frank Bryce. - eu disse me lembrando do jardineiro dos Riddle e voltei para dentro.

Durante toda a tarde preparei o banquete de natal, claro, Yuli fazia as refeições enquanto Mary e eu cuidávamos da decoração. Christopher estava trancado no quarto, mas a todo o momento eu ia ver como ele estava e levava algo para ele comer.

Às 20h00min, Mary, Christopher e eu estávamos prontos, Mary usava um lindo vestido cor-de-rosa com um laço discreto na cintura e luvas de seda branca, Yuli tinha comprado aquele vestido para ela no Beco Diagonal, Christopher também usava suas roupas de gala e eu usava um belo vestido negro e uma gargantilha.

– Eu devo ser a única pessoa no mundo que passa o natal de preto. - reclamei quando ouvi passos no andar de cima e Tom descia as escadas, eu já ia começar a reclamar, mas ele estava tão lindo que esqueci qual era o motivo da reclamação, o traje a rigor bruxo da cor preta lhe caía muito bem ainda mais com a capa de fundo verde escuro, seus cabelos levemente despenteados o que era raridade de se ver e os olhos vermelhos intensos apenas lhe davam um ar mais... Não sei, sexy.

Engoli em seco anotando mentalmente: você ainda não o perdoou, não o perdoou.

– Isso está errado sabia. - comentou Mary. - Os banquetes não são feitos normalmente nas noites do dia 24?

– É, mas na noite do dia 24 nós estávamos sendo sequestrados. - alfinetou Christopher.

– Estás muito bela, Pollyanna. - ele disse e beijou minha mão como um cavalheiro. - A cor lhe cai muito bem.

– O-Obrigada. - eu sorri sem jeito, colocando uma mecha do cabelo louro, enrolado especialmente para aquela ocasião, atrás da orelha.

A campainha tocou e eu fui atender e lá estava à família Malfoy, com trajes a rigor, todos de cabelos louros platinados e olhos acinzentados e frios, inclusive o pequeno garoto e com exceção de uma garota um pouco mais atrás, cabelos e olhos negros, expressão arrogante, uma menina apenas de aparentemente 17 anos e uma das comensais da morte que nos sequestraram na noite do dia 24.

– Abraxas, eu fico contente que tenha vindo. - eu disse o abraçando e ele retribuiu dessa vez, talvez por agora eu ser a queridinha do Lorde das Trevas, não importando se sou sangue ruim ou não.

– Também é bom te ver Pollyanna, deixe-me te apresentar minha esposa Lena Malfoy e meu filho Lucius.

– É um prazer. - eu disse gentilmente lhe estendendo a mão, ela me olhou de cima a baixo e sorriu falsa aproximando nossos rostos e beijando meu rosto, nunca vi atitudes tão frias e falsas em uma única pessoa.

– E esta é Bellatrix, fez questão de nos acompanhar mesmo que não tenha sido convidada. - disse Abraxas olhando feio para a jovem.

– É um prazer. - eu disse estendendo a mão, mas esta apenas me lançou um olhar enojado. - Entrem, por favor.

Eles entraram, os três reverenciaram Tom e todos seguiram Mary até a cozinha, Christopher fez uma careta pra mim e sussurrou:

– Odiei eles.

– Eu também. - sussurrei de volta. - Vamos lá, vai ser uma noite longa.