Bruno e Gabriela não conseguiam voltar ao mundo real de maneira alguma.

– O que houve? Blackout no mundo real? - perguntou Bruno.

– Não sei. Nem estava chovendo naquela hora. - respondeu Gabriela.

– Que tal se ficássemos aqui?

– Não sei.

– Vamos ficar aqui para sempre? - Bruno se preparou para quebrar o cristal de fuga – Não está funcionando mesmo. – disse Bruno.

– Não!!!! – gritou Gabriela - Você não sabe o que está planejando... Tem pessoas lá fora que precisam de nós! Nossas famílias, nossos amigos. Você não se importa com eles?

– Se ficarmos aqui, não teremos mais problemas. Poderemos viver felizes para sempre.

– Você está muito egoísta! - Gabriela lhe deu um tapa na face - Sua vida não é apenas para o seu divertimento e felicidade.

Bruno rangia de ódio. Gabriela gritou:

– Com um caráter assim, eu nunca namoraria com você. Se você quer continuar comigo, mude. Deixe de ser uma criança mimada e torne-se responsável.

Bruno acalmou-se e seu semblante tornou-se de tristeza.

– Me dê isto agora, Bruno!!!!

Ele entregou o cristal para ela.

– Nós poderíamos ficar aqui juntos para sempre. - disse Bruno, suspirando.

– Será que mais alguém entrou no jogo? - perguntou Gabriela, se afastando de Bruno.

Bruno se cala, assustado. Ouve-se um grito de dragão. Os dois saíram da casa. Algo sobrevoou a região. Parecia um dragão azul. Pousou perto de Bruno e Gabriela.

– E aí, vocês gostaram? - perguntou ele.

– Quem é você? – disse Bruno.

– Sou o Leandro, irmão da Gabriela.

– Você não tem permissão para entrar no jogo! Não tem o direito de estar aqui. Por que você veio invadir nossa privacidade? Você não deveria ter vindo! – gritou Bruno.

Leandro, muito triste voou para longe e se escondeu embaixo do penhasco. Shaymin viu tudo de longe e foi atrás dele. Gabriela colocou suas mãos na cabeça do Bruno e leu sua mente. Bruno planejava destruir o cristal de fuga e, dessa maneira, se prender naquele mundo com a Gabriela e viver com ela para sempre. Imaginava Bruno que, numa hora, Gabriela iria aceitar a ideia e se submeter a ele.

– Meu Deus! Você estava realmente planejando nos trancar aqui para sempre. Não achei que você estava sendo sério. É como se você tivesse... abusado de mim.

Bruno tocou-lhe.

– Não me toque, seu..., seu... - ela parou para respirar.

Bruno pediu perdão à Gabriela. Ela ficou indiferente.

– Se você não pedir desculpas a meu irmão e mudar seu caráter, eu nunca mais falo com você. - Gabriela saiu correndo e foi atrás de Leandro.

Bruno não conseguia acreditar no que aconteceu. Manteve-se dentro da casa, parado. Leandro, depois de entrar no jogo sozinho, havia treinado secretamente na floresta, usando o cristal amplificador. Ao encontrar Shaymin, perguntou por seus amigos. Ela lhe informou tudo o que sabia deles. Leandro conseguiu evoluir rapidamente para Salamence. Decidiu, então, visitar seus amigos, mas suas expectativas foram massacradas pela reação de Bruno. Agora, tudo que Leandro queria era fugir, ou até mesmo morrer, e assim poupar seus amigos de sua presença "indesejada".

Embaixo do penhasco, numa caverna próxima à praia, estavam reunidos Gabriela, Shaymin e Leandro.

– Me desculpe pelo que houve. – disse Shaymin – Eu não achei que o Bruno faria aquilo. Isso esmagou meus sentimentos de alegria e esperança.

– Nem eu sabia o que ele queria. – disse Gabriela – Ele iria nos trancar aqui para sempre, mas eu o impedi.

Leandro chorava inconsolavelmente.

– Leandro, o que eu queria era justamente trazer você e mais alguns amigos para cá. Eu queria ficar junto a vocês e me sentir feliz assim. Eu sei também que tenho obrigações na vida real, e uma delas é cuidar de você. – acariciou a cabeça de Leandro – Eu te amo. O Bruno, no entanto, queria abandonar a sua família e seus amigos. Ele queria se isolar neste jogo eternamente. Ele estava pronto a fazer isso, e dessa maneira, fugir de todas as obrigações dele. Eu nem sei se ele me ama de verdade. Pode ser que o que ele sinta por mim seja apenas paixão. Talvez um dia ele me ame de verdade. Quanto a você, eu sei que você me ama de verdade, e por isso, eu prefiro ficar com você do que com ele.

Leandro se acalmou agora.

– Eu também te amo, irmã. – disse ele.

– Eu quero que você continue no jogo. Eu não vou te proibir de vir aqui nunca. Se o Bruno, por um acaso, não lhe deixar mais voltar aqui, eu também não voltarei. Eu prometo isso. – disse Gabriela.

– Sério? – perguntou ele.

– Sim. – continuou Gabriela – Você é o meu maior convidado aqui.

– Eu concordo. – disse Shaymin.

Bruno entrou na caverna.

– Saia daqui, seu cretino! Seu covarde inconsequente e incorrigível. - gritou Gabriela.

Bruno não poderia se sentir pior neste momento. Ele voltou para a casa e, de joelhos no chão, começou a chorar.

– Eles não vão mais falar comigo. - disse Bruno - O que foi que eu fiz?

– Droga! - Bruno continuou, rangendo seus dentes de raiva - Por que eu fiz isso? EU SOU MUITO IDIOTA MESMO. BURRO! ESTÚPIDO!

De volta à caverna...

– Me diz uma coisa. – falou Gabriela – Como você evoluiu tão rápido?

– Hum... – Leandro riu – Você gostou?

– Claro. Não conte para ninguém, mas nem o Bruno evoluiu tão rápido assim. – disse Shaymin.

Leandro se animou.

– Você pode voar agora. MEU DEUS!!!!! Você SIMPLESMENTE SABE VOAR!!!!!! – disse Gabriela.

– Sem querer me gabar, é claro. – Leandro continuou a rir.

– Vamos voar juntos? Por favor, diz que sim!!!! – disse Gabriela.

– Claro que sim. Vamos lá.

– Eu posso acompanhar vocês à distância. – disse Shaymin.

Leandro saiu da caverna para a praia. Abriu bem suas asas.

– Uau. – disse Gabriela.

– Pode subir nas minhas costas quando quiser. – disse Leandro – Ah, você não tem com o que se segurar aí. Que pena. Se quiser, posso voar numa pequena velocidade.

– Não. Está tudo bem. Vou me segurar bem forte no seu pescoço. – disse Gabriela – Não vai se sentir sufocado, né?

– Claro que não. – disse Leandro.

Gabriela subiu em suas costas.

– Vamos subir então? – perguntou Leandro – Basta você dizer.

– Agora!!! – disse Gabriela, rindo.