Pokémon Mystery Dungeon: Entre Dois Mundos 1

Não consegui encontrar meu corpo humano


Depois de levar Daniel, Lorhan e Whit para o penhasco de Lawncliff, Leandro disse:
– Muito bem, Daniel. Embaixo d'água existe um artefato muito importante para nós. Uma chave, para ser mais preciso.
– Bem... É muita água para procurar uma pequena chave, certo? - disse Daniel.
Bruno lhe deu outra chave.
– Esta aqui lhe mostrará a direção correta. Pelo que sabemos, a outra não está muito longe daqui.
– Pode ser que demore um pouco, tá? - Daniel pensou em como procurar a chave dentro do mar.
Daniel saltou o penhasco, segurando uma chave preta, e mergulhou no mar.
– Tiago, você está com o cristal de teleporte aí? - perguntou Bruno.
– Tudo pronto para a partida. - Tiago mostrou o objeto.
Daniel emergiu à superfície várias vezes para recobrar o fôlego e checar a direção da outra chave. Depois de vários minutos de busca, ele parou acima do local a que a primeira chave apontava. Ele foi até o fundo, tocando na areia e a escavando. Antes que vacilasse por perder o fôlego, a encontrou e se dirijiu à superfície. Mostrou para seus amigos a evidência de seu sucesso e voltou. Não havia como ele escalar o penhasco, então ele foi até a praia e subiu por um terreno menos acidentado. Depois que todos se encontraram, Bruno lhe cumprimentou.
– Muito obrigado. Muito obrigado mesmo. Esse pedaço de ferro vai nos ajudar muito.
– Eh... Não foi... tão difícil, não é mesmo? - disse Daniel, ainda bufando de cansaço.
Tiago ativa o cristal de teleporte, mas este não começou a brilhar.
– Não está funcionando agora. - disse Tiago, e sentiu algo como um choque elétrico, que o fez tremer - O que foi isso?
– Deixa eu tentar. - disse Bruno, pegando o objeto - Não... talvez se eu tentar com mais força... Calma, é só se concentrar um pouco mais..
– Está quebrado? - perguntou Gabriela.
– Algo no mundo real? - cogitou Leandro.
– Será? - perguntou Tiago - Será que meu jogo fechou?
– A internet caiu? - perguntou Leandro.
– Não é isso. - repondeu Tiago.
– Blecaute? - sugeriu Leandro.
– Pode ser. - admitiu Tiago.
– Vamos ter que voltar no laboratório? - perguntou Bruno, depois que o cristal de teleporte foi testado mais de 10 vezes.
– E torcer para que ninguém esteja lá. - completou Tiago.

Então, todos voltaram ao laboratório de informática. Tiago, no entanto, voltou como Raichu. Todos ficaram assustados. Tiago tentou usar o jogo novamente e voltar ao mundo real várias vezes.
– Não consegui encontrar meu corpo humano. - disse Tiago.
– Não se preocupe. Deve haver uma explicação lógica para isso. - disse Gabriela.
– Você não entrou pelo pc da sua casa? Vamos até lá tentar de novo. - sugeriu Bruno.
– Mas as chaves da casa dele não ficaram com o seu corpo humano? - perguntou Gabriela.
– Eu tenho outra chave escondida perto da porta da minha casa. - disse Tiago.
– Deveríamos tentar isso agora. - disse Bruno.
Daniel, Lorhan e Whit estavam empalidecidos de medo e preocupação.
– Não contem o que vocês viram pra ninguém. - disse Bruno a eles - Se não, vocês sofrerão severas consequências. Todos nós correríamos perigo.
– Longe de mim. - disse Daniel.
– Está tu-tudo bem. - disse Whit.
– É, não vamos contar a ninguém. - disse Lorhan.
Bruno escondeu Raichu em sua mochila, deixando-a um pouco aberta para a entrada de ar. Gabriela e Leandro o acompanharam até a casa dele.
– A chave está dentro do vaso de terra. Está enterrada. - disse Tiago, se sentindo um pouco abafado.
Ao seguir suas instruções, seus amigos conseguiram entrar na sua casa e foram até o seu quarto.
– Nenhuma das luzes daqui se acendem. - disse Gabriela.
– Hoje choveu forte. Pode ser blecaute. - disse Bruno.
– Eu tenho um gerador de energia elétrica. Não me perguntem como consegui isto. - disse Tiago saindo da mochila, tossindo um pouco - Venham aqui.
Em um cômodo da casa perto da garagem, havia uma grande quantidade de aparatos elétricos. Tiago apontou o gerador de energia.
– Se usarmos isto aqui, podemos ligar meu pc de novo.
– Mas não precisa de internet? - perguntou Gabriela.
– Eu já consegui entrar sem internet. - disse Tiago - Me ajudem com isto, não consigo carregá-lo.
Depois de ligar o pc de Tiago, este ligou o jogo. Voltou alguns instantes depois, em seu corpo humano.
– Ai, que susto. - suspirou Gabriela - O que será que houve que você não pode voltar como humano?
– Eu tenho uma ideia do que pode ter acontecido. - disse Tiago.
– Por favor, nos conte. - disse Leandro.
– Existem dois tipos de portais: os principais e os temporários. Os portais principais são aqueles que ficaram ativos por um grande período de tempo e são os mais estáveis. Eles evitariam este tipo de problema: o que acabei de sofrer. Os portais temporários são aqueles abertos recentemente. Eles não tem tanta estabilidade quanto os principais, e não conseguem se conectar tão bem entre si. Os portais principais, no entanto, podem se comunicar bem entre si. O portal da minha casa é um principal. O que abrimos na informática é um temporário. Se os dois fossem principais, eu teria voltado como humano, provavelmente.
– E se os dois fossem temporários? - perguntou Bruno.
– Algo pior poderia ter acontecido. - respondeu Tiago - Não quero imaginar o que seja. O portal da informática, além de ser temporário, fica longe da minha casa.
– O uso da internet não resolveria isto? - perguntou Bruno.
– Quando dois portais estão distantes, a rede da internet consegue aproximá-los e aumentar a estabilidade entre eles. Pode-se entrar em um e voltar em outro sem maiores problemas. - disse Tiago.
– Mas bem que a velocidade de internet da escola é baixa. Não é de se admirar que tenha dado errado. - disse Bruno.
– E da mesma forma que portais se tornam principais pelo grande período de atividade, os portais principais podem ter sua energia dissipada se não forem usados por um longo período de tempo. - disse Tiago.
– Como você sabe de tudo isso? - perguntou Bruno.
– Eu perguntei ao Arceus e ao Jirachi. Eles sabem de tudo. - disse Tiago.

Os amigos continuaram conversando por mais um tempo antes que se despedissem e fossem para suas respectivas casas. No dia seguinte, Bruno se encontrou com Gabriela, Leandro e os três novatos na informática novamente.

– Eu deixei o meu pc ligado no jogo. Não precisamos voltar para a informática hoje.
– E o seu amigo Raichu? - perguntou Daniel.
– O Tiago não pôde vir hoje. - disse Bruno - Mas não se preocupem. Ele já voltou ao normal.
– Você tem certeza de que é seguro? - perguntou Gabriela.
– Sim. Ontem, meu amigo Marcos Tiago me forneceu algumas ferramentas virtuais bem úteis. Acesso remoto de computadores. Através de um comando, todos os computadores cadastrados estarão acessíveis a nós. Nós podemos abrir o emulador do jogo em todos os eles, abrindo vários portais de uma vez. Uso da Webcam para ver se há alguém na casa. Se nós entrarmos no jogo, ao conectarmos vários computadores e usarmos o jogo em cada um deles, o cristal de teleporte vai armazenar a localização de vários locais do mundo real. Desta maneira...
– Vamos poder voltar para nossas casas diretamente, mesmo que não estivesse ninguém lá antes. - disse Gabriela - A ideia é simplesmente genial. Funcionaria perfeitamente se um dos locais de teleporte estivesse comprometido, como no caso de um blecaute. - disse Gabriela.
– Acredito que a minha casa é o único local a que poderíamos voltar, se aqui a energia elétrica acabar. A minha casa e a casa do Tiago são os únicos locais que tem portais principais. - disse Bruno - Para impedir que sejamos pegos de surpresa, levaremos todos os nossos itens conosco, dentro de nossas mochilas e deixaremos estas bem presas ao corpo. Ainda podemos programar o jogo para se fechar assim que nós o usarmos para nos teleportar, quando estivermos usando computadores em locais públicos. Assim, podemos limpar todos os rastros.