Se eu te dissesse que gosto de rosa, Moça

Se eu falasse que desenho corações

Se eu quisesse comprar bonecas

Você diria “seja homem”

E questionaria minha masculinidade

E também minha sexualidade

E eu lhe diria “eu já nasci um homem”

Não posso achar lindo um arco íris

Nem mesmo rir como eu preferir

Até mesmo se algo me faz sorrir

Você vem, pronta para me julgar

E nem sequer posso chorar

Ou pensar em mostrar minhas emoções

Se gosto de observar bailarinas dançando

Em menos de um segundo você já está me rotulando

E mentiras sobre mim falando

Dizendo às pessoas que sou afeminado

Desculpe-me, mas não conheço regras

Que definem o que é de menino e de menina

E punições para quem não as seguem

O que você define como “coisa de homem”?

Se gosto ou não de “coisas de menino” define meu gênero?

Define minha sexualidade? Minha personalidade?

Não permitirei que teus rótulos definam o que meu coração deseja

Para mim “ser homem” é ser eu mesmo

E não andar a esmo

Procurando seguir à risca essas regras estúpidas

Para te provar que sou homem de verdade

Para você até meu modo de andar

Necessita se adequar

Nas “regrinhas” que você me impôs

Espere! Não posso dizer “regras” no diminutivo

É coisa de menina, coisa de homossexual

Mas acabei de me lembrar que não me importo

Porque não aceito seguir uma fórmula

Para viver nesta sociedade e ser aceito

Que nem os cientistas provaram ser verdadeira

Quando você tiver seu bacharelado em ciências

Venha dividir comigo suas experiências

E me diga se conseguiu encontrar a fórmula

Que comprova o absurdo que é

Um homem brincar com bonecas ou se arrumar

Um homem manifestar suas emoções

E até mesmo um homem ser homossexual

E que comprova a existência de coisas que sou proibido de fazer

Porque são apenas para as mulheres