Alice/on

Eu estou com medo do que ele falará.

P-Porque eu tinha que chorar justo agora?...

Não...Eu tenho que ouvir a verdade e ser forte....

Ergo meu rosto e encaro Martin.

—Não chore mais na minha frente.-O mesmo me abraça.-Ainda mais por minha causa.

E-Ele está fazendo de novo...

O afasto rapidamente.

—V-Você ainda não me respondeu.-Ergo minha voz.-F-Fale de uma vez.

Martin se aproxima e segura em meus braços.

Continuo a encara-lo,agora surpresa.

Ele se aproxima de mim e coloca seus lábios contra os meus,em seguida me beija.

Ele solta meu braço e segura meu rosto.

M-Meu coração não para de pular...

Se isso é for por pena ou não,ainda é um beijo.

Martin se afasta,ainda segurando meu rosto.

—Não me tire toda a paciência.-Ele diz,me soltando.-Vá logo embora antes que minha mãe volte e te veja aqui.

—M-Mas-Ele me interrompe.

—Suma logo daqui.-Conclui.

Ainda sinto minhas lágrimas caindo.

Eu...Eu não entendo nada.

Sim,talvez eu saiba.

Ele só esta me fazendo de brinquedo.

Me aproximo de si e levanto minha mão,lhe dando um tapa no rosto.

—E-Eu te odeio,Martin.-Continuo.-V-Você não tem sentimentos,idiota.

Saio correndo dali.

Bato a porta de seu quarto,desço as escadas rapidamente e logo saio pela porta da frente.

Corro pelas ruas,sem parar por nenhum segundo.

Pouco depois chego em minha casa.

Oque eu fiz?...

Eu...Eu realmente disse que o odeio?...

Martin/on

Um lado de meu rosto arde com o tapa que me foi dado.

Nem eu mesmo sei sobre oque sinto,como iria responde-la?

Não,eu não sinto nada por ela.

Então porque estou preocupado se ela irá chegar em segurança até sua casa?

Droga,eu a odeio por me fazer pensar sobre isso.

''Eu te odeio''

Suas palavras não saem de minha cabeça.

Olho para os papeis que estávamos lendo antes de sermos interrompidos.

Seu jeito desastrado e idiota são diferente dos demais.

Ela já me disse tantas vezes que me ama,e eu nem ao menos tive coragem de dizer que não sinto o mesmo.

Me sento em minha cama para pensar sobre tudo que ocorreu.

Admito que não sei porque a beijei de novo e a mandei embora em seguida.

Certamente tudo isso será esquecido amanhã.

Sim,essa idiota só vai se recordar de que nos beijamos.

Coloco uma de minhas mãos sobre minha bochecha.

Droga,está queimando.

Alice/on

Estou sentada em minha cama,refletindo.

Não sei como agir,terei que ver Martin o dia todo amanhã!

Certo,tenho que arranjar alguém que me dê bons conselhos!

Penso em todas as pessoas que conheço.

Mandy e Rita provavelmente falarão:''Você é uma idiota,se mata''

Desclassificadas!

Mamãe com certeza falaria:''Esqueça isso,já já passa''

Desclassificada!

Deixa ver...

Já sei!

Professor Arthur!Isso!

Ele é uma ótima pessoa,além de bonzão,ele shippa eu e o Martin!

Hihi,sou uma gênia.

Bem,é melhor dormir pra amanhã chegar logo!

Vou ao meu banheiro e escovo meus dentes.

Tiro minhas roupas e coloco meu pijama.

Vou colocar a foto do papai ao lado da minha cama,pra nunca esquecer de leva-la comigo.

Reviro meu uniforme de empregada e nada encontro.

Tenho certeza que o deixei aqui,onde será que está?

S-Se eu perdi isso no caminho,nunca mais acharei...

A unica coisa que eu tinha dele eu perdi...

Me deito em minha cama,ainda mais triste.

Fecho meus olhos.

Me desculpe,papai.

—----------------------------/Dia seguinte/ --------------------------------

Fico sentada em um dos bancos,esperando o sinal bater.

Mandy e Rita nunca mais vieram pra escola,talvez estejam trabalhando no maid-café.

Depois eu que sou irresponsável!

Fico olhando todos que passam diante de mim.

Estou morrendo de sono de novo.

Desta vez não irei dormir aqui,definitivamente!

Fecho meus olhos cuidadosamente.

Espero que Arthur não brigue comigo por não ter trazido minha mochila,ele é a unica pessoa que eu posso contar por agora.

Eu deveria ter ao menos pegado minha mochila antes de sair correndo daquela forma.

Após alguns momentos ali esperando,ouço o sinal e me levanto.

Vou andando até minha sala,com meus olhos querendo se fechar.

Ninguém me mandou eu dormir tarde ontem.

Bem,não tenho culpa se meu dia é cheio de novidades.

Entro na sala e vou até minha carteira.

Coloco meus braços em cima da mesa e encosto meu rosto sobre eles.

Não...Eu não posso fazer isso com Arthur,o melhor professor!

Eu...Tenho...Que...Melhorar minhas...notas...

Olhos,se abram...

Martin/on

Ontem,assim que me sentei á minha cama achei uma foto.

Uma mulher,uma criança e um homem.

A primeira coisa que pensei foi que aquilo era de Alice.

Aquele sorriso,aquela criança...

Sim,com certeza a foto é dela.

Preparo meu café e o como rapidamente.

Margarida está bem cansada por ter feito toda aquela comida ontem,não iria a estressar mais ainda.

—Achei estranho Alice ter ido embora tão de repente.-Margarida diz,com um pequeno sorriso.-Ela deve ter ficado nervosa por ter visto a senhorita Victoria ontem,me pergunto como reagiria se tivesse visto oque vocês disseram á seus pais.

—Não conte á ela.-Falo,tomando o café que havia feito.-Ela não precisa ficar sabendo de nossos assuntos pessoais.

—Sim,senhor.-Margarida continua.-Sabe,Alice é bem atrapalhada mas ela é uma pessoa bem gentil.

—E idiota.-Completo.

—Porque acha isso dela,senhor?-A mesma questiona.

—Simplesmente acho isso.-Me levanto.-Não quero me atrasar mais do que já estou,por isso,irei ir agora.

—E-Espere um pouco!-Margarida me interrompe.

Ela sai as pressas dali.

Após alguns minutos,ela volta com uma mochila em suas mãos.

—Alice esqueceu isso aqui ontem em seu quarto.-Ela me entrega.-Gostaria que levasse á ela,senhor.

—Tudo bem.-Pego a mochila de suas mãos.-Agora,posso ir?

—S-Sim,senhor.-Responde.-Tenha um bom dia.

—Desejo o mesmo.-Saio dali.

Primeiro a foto e agora sua mochila.

Além de idiota,é uma completa cabeça de vento.

Vou andando até a escola.

Me lembro de ontem,quando disse algumas coisas estranhas.

Ela se referia ao seu pai de uma forma tão estranha.

E parando para pensar melhor,é estranho que alguém leve uma foto consigo.

Acho que só estou imaginando coisas.

Deveria me preocupar mais comigo mesmo do que com essa idiota.

Paro em frente ao portão da escola,onde a encontro.

Novamente de olhos fechados,sentada em um banco.

Nunca havia me sentido assim antes,mas estou inseguro,eu devo simplesmente chegar e entregar sua mochila?

O sinal toca e todos começam a entrar em direção á suas salas.

Alice se levanta e começa a caminhar na mesma direção.

Ela está parecendo um zumbi,andando tão lentamente.

Ando até a sala,assim como todos.

A observo ir até seu lugar e se debruçar em sua mesa.

Talvez aquilo que pensei sobre Alice e o novo professor seja apenas imaginação.

Ela não se importa de ele pensar que ela é uma delinquente,não?

Talvez,ela não seja assim como as outras que estavam babando por Arthur e tentando demonstrar seu melhor lado.

Não,ela não se importa com isso.

Alice/on

--/Sonho-on/--

—Um,dois,três.-Termino de contar e olho em volta.

Cadê o papai?...

Procuro atrás das arvores e nada encontro.

Estou com medo,não de perder,mais sim de não achar o papai.

—Papai!-Grito.-Eu não quero mais brincar!

Olho em volta,não estou reconhecendo esse lugar.

E-Eu não quero ficar sozinha.

Mamãe,você também está se escondendo?

Me abaixo e começo a chorar.

Ouço barulho entre as arvores e fecho meus olhos.

E-E se não for meu papai?...

Sinto braços em torno de mim.

—Papai!-Grito com mais força.

—Estou aqui,estou aqui.-Sua voz me tranquiliza,e eu abro meus olhos.

Eu o aperto forte.

—Não me deixe mais sozinha.-Falo,assustada.

—Nunca irei te deixar de novo,princesinha.-Ele limpa minhas lágrimas.

Eu solto um pequeno sorriso.

Papai,eu acredito em você!

--/Sonho-off/--

Passo meus braços em torno de si.

—E-Eu amo você.-Sussurro.-Não me deixe de novo.

—Alice?-Ouço uma voz.

Abro meus olhos.

Percebo que estou agarrada á alguém.

Olho para cima.

M-M-Martin...

Olho de volta a minha frente.

Estou abraçando sua cintura...

Ouço pequenos sussurros.

—Eles já tem esse tipo de relação?-Ouço uma voz baixa.

—Uau,Alice vai direto ao ponto.-Ouço outra.

—T-Tão indecente!-Outro sussurro.

D-Droga,está parecendo mesmo que estou fazendo algo indecente...

Volto a olhar para cima,e vejo Martin me olhando sério.

—Que merda está fazendo?-Ele respira fundo.-Me solte,sua pervertida idiota.

O solto no mesmo instante,sem graça.

De acordo com meu sonho,eu deveria estar abraçada ao meu pai,não agarrada á um garoto.

—Porque esse tumulto todo?-Ouço a voz de Arthur em frente á sala.-Martin,poderia me dizer oque houve?

Martin se vira em sua direção,em silencio.

Oque ta acontecendo?

—Vim deixar a mochila que Alice esqueceu em sua carteira,e logo surgiram pessoas falando sobre coisas aleatórias sobre o assunto.-O mesmo responde.-Se me dá licença,voltarei ao meu lugar.

Ele sai dali,andando até sua carteira.

—Alice,está tudo bem?-Arthur pergunta,me encarando.

Minha cara deve estar tosca nesse momento.

—S-S-Sim.-Respondo,nervosa.

—Certo.-Ele balança a cabeça,e todos voltam seus olhares a ele,principalmente as garotas.

Mesmo não tendo acontecido apenas aquilo que Martin disse,ele realmente trouxe minha mochila...

Olho em sua direção,mas o mesmo está atento ao professor.

Volto minha atenção á minha mesa e a surpresa me toma conta.

A foto...A foto do meu pai.

Está aqui...

Martin,foi ele...

Sinto meus olhos se encherem de lágrimas,que logo escapam.

Empurro minha cadeira,me levantando.

Todos me olham,surpresos.

—Alice,oque está fazendo?-Arthur me questiona,enquanto vou andando até a carteira de Martin.

Paro em frente é sua mesa.

—M-Me desculpe pelo oque eu disse ontem.-Começo a falar.-E-Eu não odeio você,pelo contrario,eu te amo.Martin,desde o dia em que eu vi um lado seu que ninguém havia visto,eu comecei a sentir sentimentos por você e desde aquele dia eu venho te envergonhando e dizendo coisas que fazem você se sentir mal,por isso,por favor,me envergonhe na frente de todos,fale o quanto sou idiota e o quanto sou tonta por pensar que você também sente o mesmo que eu.

Toda a sala fica em silencio.

Martin se levanta.

Fecho meus olhos.

Meu orgulho será ferido á frente de todos...

Mas,eu não irei parar de te amar.

Mesmo que me rejeite na frente de todos,eu não irei parar de ter esses sentimentos.