Please be mine

Poderia ficar pior ?


Música do Capítulo

Agora eu estava passando pelos corredores do colégio em direção a saída, agradeci mentalmente por todos estarem em aula, assim eu não precisava me sentir humilhada novamente por todos os olhares de pena sobre mim, eu podia chorar sem que ninguém perguntasse o porquê das minhas lágrimas, finalmente eu havia chegado ao portão do colégio, passei rapidamente por ele e já estava na rua, fui caminhando em passos largos enquanto revirava minha bolsa procurando meus fones, eu precisava realmente sentir tudo aquilo, afinal precisamos sentir a dor para superá-la, não é ? Finalmente os achei, os coloquei no celular e dei play na minha lista de reprodução do Boyce Avenue, tocava Heaven, o que era uma completa ironia, a música falava que nada podia tira-lo de mim, e tiraram. Eu permiti que as lágrimas rolassem, eu andava olhando pro chão, eu já estava perto de casa, até que eu senti algo me empurrando, me jogando pra longe, meus fones caíram e meu celular havia saído do meu bolso, estava na calçada, e eu parada no meio da rua, sentada apoiada sobre minhas mãos.

– Meu Deus ! me desculpa ! – uma voz calma e aconchegante falava comigo – Você se machucou ? – vi uma mão estendida na minha direção e levantei os olhos para olhar a pessoa pra quem eu estava pronta pra dar uma resposta irônica, mas eu fui desarmada por um belo par de olhos verdes que me olhavam tão atentamente de forma preocupada.

– Não foi nada – eu disse enquanto agarrava a mão do garoto de olhos verdes a minha frente – eu estou bem, obrigada – eu disse me levantando

– Eu sou um idiota, você tem certeza que não se machucou ? – ele disse indo pegar meu celular que estava na calçada – eu te atropelei, meu Deus ! eu realmente sou um idiota – ele dizia negando com a cabeça enquanto me devolvia o celular

– Está tudo bem – sorri fraco pegando o celular – sério – eu fitei o chão

– Você está chorando ? – ele segurou meu queixo e me levantou o rosto – está machucada ? – ele segurou meus ombros me analisando o rosto minuciosamente

Não da forma que você pensa – murmurei

– Como ? – ele perguntou sem entender

– Nada – neguei com a cabeça – eu não estou – fitei-o , ele realmente tinha belos olhos

– Se você quiser eu posso te levar ao médico, foi uma queda feia, eu te atropelei de bicicleta – ele negou com a cabeça enquanto passava a mão pelos cabelos – é sério, eu faço questão, posso te levar ao médico ? – ele insistiu

– Não precisa mesmo – eu ri de sua insistência enquanto limpava algumas lágrimas que ainda estavam perdidas pelo meu rosto – muito obrigada ... É... como você se chama mesmo ? – sorri fraco

– Dean, meu nome é Dean – ele estendeu a mão – e você, como se chama ? – franziu o cenho

– Muito obrigada pela preocupação, Dean, mas eu estou bem – sorri enquanto apertava a mão dele – eu me chamo Demetria, mas por favor me chame de Demi – encolhi os ombros

– Você mora por aqui ? – ele perguntou enquanto levantava sua bicicleta que estava jogada no meio da rua

– Sim, eu moro logo ali na frente – eu disse apontando pra minha casa

– Eu posso te levar até lá – ele sorriu de forma gentil

– Mas você estava na direção contrária – encolhi os ombros novamente

– Mas você mora perto, sem problemas – sorriu – eu não gostaria que outro imbecil como eu te atropelasse – riu

– Tudo bem – dei os ombros, rindo

– Então, você mora aqui faz tempo ? – ele perguntou enquanto caminhávamos em direção a minha casa

– Sim, eu moro aqui desde pequena – sorri

– Engraçado, eu nunca te vi por aqui – sorriu desconcertado – eu moro logo na quadra ao lado – agora seu olhos verdes fitavam-me

– Nossa ! – sorri surpresa – eu também nunca te vi por aqui – olhei minhas mãos enquanto brincava com meus dedos, eu estava constrangida com a forma como ele me olhava

– Bom, me desculpa mais uma vez, Demi – ele sorriu vendo que eu havia parado de andar, já havíamos chegado em frente a minha casa

– Não tem problema – eu sorri – essas coisas acontecem – dei os ombros

– Então, a gente se vê – ele sorriu gentil e me deu um beijo na bochecha

– Sim – sorri fraco – a gente se vê – eu acenei enquanto entrava em casa

Entrei em casa, e fui subindo direto pro meu quarto.

– Ei, mocinha, posso saber o motivo de ter chegado cedo ? – minha mãe apareceu no final da escada no andar debaixo

– É... – eu me virei para olha-la – fui liberada mais cedo – menti

– Ah é ? – ela perguntou irônica – e o Jeremy e a Candice ? – arqueou a sobrancelha – Não minta pra mim, Demetria, sabe que eu não gosto – ela falava séria

– Okay mãe, eu vou me trocar e já explico, pode ser ? – suspirei

– Seja rápida ! – fitou-me e foi para a cozinha

Entrei em meu quarto, joguei minha bolsa na cadeira do computador, sentei na cama e comecei a retirar meus sapatos, eu já estava procurando uma roupa para ir tomar meu banho até que ouvi batidas na porta.

– Entra – eu disse sem nem perguntar quem era

– Demi ? – era Joe

– Ah não, Joe – neguei com a cabeça olhando pra porta – Sai ! por favor - rolei os olhos

– Eu não vou sair – ele me olhou sério e virou-se para trancar a porta

– Ei ! O que pensa que está fazendo? – eu arqueei as sobrancelhas – abra essa porta ! – eu falei em tom de ordem

– Não ! Você precisa me escutar – ele disse se aproximando

– Eu não preciso escutar nada ! Você deve ter mais coisas pra ocupar sua boca do que essas suas desculpas que não me convencem nem um pouco, não é? – eu estava deixando a raiva vir à tona dessa vez

– Demi, não fala assim – ele ia se aproximando mais de mim

– Se você tentar me beijar, eu vou gritar até que minha mãe suba aqui – ameacei

– Nossa, tá bom – ele levantou as mãos se afastando

Eu odiava ter que trata-lo desse jeito, mas ele havia beijado outra, eu não ia simplesmente acreditar nisso, eu vi ! eu vi com meus próprios olhos ! Porque ele não parou o beijo ? Ele quis aquilo !

– Joe, você pode sair, por favor ? – pedi impaciente – eu não tenho nada pra falar com você – fitei-o

– Mas eu tenho – ele rolou os olhos – e eu preciso que você escute – ele sentou na minha cama e me olhava quase implorando

– Fala – eu parei e me encostei na porta do guarda roupa

– Porque sua calça está rasgada ? – ele disse apontando pro meu joelho

– Não foi nada – dei os ombros

– Como nada ? – ele perguntou arqueando a sobrancelha

– Olha, não era isso que você tinha pra falar, não é ? – cerrei os olhos – então vai direto ao assunto, eu já disse que isso não foi nada – eu disse impaciente

– Nossa, Demi ! Não precisa falar assim comigo ! – ele me olhava parecendo magoado

– Ah, Joseph ! Não banca o santo – rolei os olhos – fala logo, a Blanda deve estar te esperando – fitei-o irônica

– EU NÃO QUIS AQUELA PORRA DE BEIJO, MEU DEUS, DEMI ! ENTENDA ISSO – ele gritava

– Quero saber porque você tá alterado... – eu ria irônica – não tem ninguém gritando, eu não sou surda e você já disse isso antes – rolei os olhos

– Tá – ele respirou tentando se acalmar – escuta, - ele dizia mais calmo agora – eu amo você, tá? E eu não beijei a Blanda, eu não quis beija-la, ela me forçou, ela quem me beijou – ele suspirou – Demi, por favor, entenda – ele estava com os olhos marejados novamente, eu juro que queria entende-lo, que queria abraça-lo e fingir que nada aconteceu, mas aconteceu, e eu não podia negar o quanto aquilo me magoava – eu não sei se já gostei de alguém assim, como eu gosto de você, você é a única que sabe de tudo da minha vida, a única que esteve comigo em todos os momentos da minha vida desde quando éramos pequenos, você é a única, depois da minha mãe, que consegue me acalmar quando eu estou bravo, a única com quem eu converso sobre tudo sem me limitar a falar algo que você possa achar idiota, ou algo assim, você é a única que já me viu mal e cuidou de mim, é a única que eu sempre desejei beijar e nunca assumi, é a única que eu desejo ao meu lado pra sempre – ele suspirou – por favor, acredita em mim – ele me olhava docemente

– Joe, por favor – eu neguei com a cabeça

– Demi – ele limpava umas lágrimas que havia deixado rolar sem querer – eu amo você, e eu não trocaria você por nenhuma outra garota – ele sorriu

Eu suspirei, eu não sabia o que dizer...

– Joe, eu preciso ficar sozinha, tá ? – encolhi os ombros – eu não quero falar sobre isso, não quero falar sobre aquele beijo de vocês, não quero pensar nisso, pode ser assim ? – perguntei bufando

– Mas eu quero que você me desculpe, Demi – fitou o chão – eu não gosto quando você fica assim comigo – ele se levantou da cama e se aproximou de mim – eu amo você ! – ele segurou meu rosto com as duas mãos e depositou um selinho em meus lábios

– Joseph, eu ... – eu ia falar, mas ele aproveitou para puxar o beijo, me interrompendo

Ele me beijava com sentimento, com arrependimento, era um beijo intenso, que eu não sei explicar se desejava ou não tê-lo recebido

– JOSEPH, PARA ! CHEGA ! – eu o empurrei

– DEMI... – ele ia falar

– Demi – ouvi Jeremy batendo na porta – o que está havendo aí ? – ele parecia impaciente – abre a porta ! – ele dizia em tom de ordem

– Não é nada , Jer – eu disse bufando

– Abre essa porta ! Agora ! – ele gritou do lado de fora

– Me deixa, Jeremy ! – eu gritei

– Se você não abrir eu vou coloca-la abaixo ! – ele gritou

– Tente – desafiei

Eu juro que não esperava que ele realmente fosse fazer isso, até eu ouvir um estrondo e ver a porta do meu quarto caindo no chão

– SEU ESTÚPIDO ! – eu olhei-o desacreditada

– O que está acontecendo aqui ? – ele perguntou alternando os olhares entre mim e Joe

– Não é nada – eu disse

– Ela está puta da vida comigo – Joe deu os ombros

– O que você fez, Joe ? – Jer o fitava

– Ele não fez nada – eu falei – saiam os dois do meu quarto ! – eu pedi impaciente

– Que barulho foi esse ? – minha mãe apareceu assustada na porta

– Foi o estúpido do seu filho que derrubou a porta do meu quarto ! – rolei os olhos

– Jeremy !! – minha mãe o olhava furiosa – não é você quem vai pagar o concerto não é, garoto ? – ela estava realmente brava – seu pai saberá disso ! – ela o fitava

– Conte pra ele ! – deu os ombros ainda de costas enquanto fitava Joe

– O que está acontecendo aqui, Demetria ? – minha mãe perguntava brava

– Não é nada, foi o Jeremy que derrubou a porta, mãe ! – eu dei os ombros

– Atoa que não foi, não é ? – ela perguntou irônica

– Mãe, por favor, desce – Jeremy pediu impaciente

– Garoto, você está falando com a sua mãe, sabia ?! – ela perguntou brava

– Por favor, mãe ! – eu pedi – Jeremy já vai descer e Joe também – eu tentei sorrir

Minha mãe desceu.

– Fala logo o que você fez, Joe ! – Jer estava realmente bravo

– Eu tentei beija-la – deu os ombros – eu a beijei, mas ela não queria – fitou o chão

– Tudo isso por um beijo ? – Jer me olhou sem entender

Beijar duas no mesmo dia, é fácil – murmurei

– Como ? – Jer perguntou pensando não ter ouvido direito

– Não é nada, desçam os dois, não foi nada, Jeremy!

– ESSE IDIOTA BEIJOU MAIS QUEM ? – Jer tinha ouvido, fodeu !

– Ninguém ! – eu o puxei pelo ombro

– Eu não beijei ninguém, caralho ! – Joe parecia bravo com essa história – a Blanda ! Ela quem me beijou ! Mas você não vai acreditar não é ? Ela também não acreditou ! – ele disse apontando pra mim com a cabeça – Vai em frente ! Quebra minha cara, você não queria isso ? - ele desafiou

– VOCÊ DISSE QUE NÃO A MAGOARIA, JOSEPH – meu irmão estava furioso

– ESQUECE ISSO JEREMY – eu o puxava pelo o ombro

– ME SOLTA, DEMI – ele me empurrou de forma que eu caí sentada no chão – EU VOU ARREBENTAR ESSE OTÁRIO – ele disse dando um soco em Joe

– JEREMY ! PARA COM ESSA MERDA, AGORA – eu gritei enquanto me levantava e o puxava novamente

– ME SOLTA, CARALHO ! – ele dizia puxando o ombro – NÃO DIGA QUE EU NÃO AVISEI ANTES, JOE – ele disse dando uma sequencia de socos em Joe

– PARA COM ISSO, CARA – Nick e Kevin chegaram puxando Jeremy

– ME SOLTA, PORRA – ele gritava furioso – EU VOU ARREBENTAR ELE – ele fitava Joe com toda raiva

– Para com isso, Jeremy, por favor ! – eu parei na frente dele – por favor – meus olhos estavam marejados – não machuca ele – eu quase implorava – sou eu quem estou pedindo, ele é sim um idiota, mas eu o amo, e ele é seu melhor amigo, por favor, Jeremy – eu segurei o rosto de meu irmão com minhas duas mãos – se não fizer por ele ser seu amigo, faça por mim, eu estou pedindo, não machuca ele ! – eu soltei seu rosto

– Me solta – Jeremy suspirou

– Não, cara – Nick disse

– Me solta, porra ! – ele disse arfando – eu não vou bater nesse babaca – ele olhava furioso para Joe

– Obrigada – eu sorri aliviada passando a mão pelos meus olhos

– Você é uma idiota, fica defendendo alguém que te magoou ! – Jer me olhou com desprezo e saiu, Kevin e Nick foram atrás

Eu me sentei na cama e fitei o chão permitindo que as lágrimas rolassem.

– Demi... – Joe sentou do meu lado

Eu apenas levantei meus olhos para olhar seu rosto, ele estava machucado, seu supercílio estava cortado, seu olho estava roxo, seu lábio cortado... Ele nem havia tentado se defender...

– Eu não queria isso – eu neguei com a cabeça

– Eu sei – ele passou a mão por meus cabelos

– Joe, por favor, vá embora – eu voltei a fitar o chão – eu não quero ver ele te batendo de novo – neguei com a cabeça – eu vou dar um jeito nesses ferimentos e você vai, tá ? – eu disse enquanto limpava as lágrimas que ainda estavam presentes no meu rosto

Ele apenas assentiu com a cabeça, e eu desci para pegar a caixa de primeiros socorros

– O que houve lá em cima, Demi ? – minha mãe me perguntou quando esbarrou comigo no meio da escada – eu já estava subindo pra ver o que foi – ela disse preocupada

– Jeremy e Joe brigaram – eu neguei com a cabeça

– Eu vou conversar com esses meninos – ela tentou passar por mim

– Mãe, por favor, Nick e Kevin estão com Jeremy – eu a impedi – eu vou cuidar dos ferimentos do Joe e ele vai embora – fitei-a – depois você conversa com o Jeremy, tá ? – eu pedi com os olhos marejados

Ela suspirou e desceu as escadas

Peguei a caixa de primeiros socorros e subi novamente

– Ele está muito machucado ? – minha mãe me perguntou parando na beira da escada

– Não muito – eu disse tentando não deixa-la preocupada

Fui em direção ao meu quarto e Joe estava com um porta retrato nas mãos, era o porta retrato que ficava na minha cabeceira, era uma foto nossa...

Eu me aproximei dele e tirei o porta retrato de suas mãos, o colocando de volta no lugar.

– Olhe pra cima – eu disse enquanto levantava seu rosto e começava a limpar os ferimentos

– Obrigada – ele sorriu fraco

Dei os ombros sem saber o que dizer, passei as pomadas corretas nos ferimentos e fiz o curativo no supercílio

– Coloque uma bolsa de gelo nesse olho quando chegar em casa – eu neguei com a cabeça – está feio – eu afirmei

– Pode deixar – ele sorriu fraco

– Agora vá – eu disse fechando a caixinha de primeiros socorros

– Demi, me desculpa, tá ? pela briga, pelo beijo, por tudo – ele me olhava angustiado

Dei os ombros novamente sem saber o que dizer

– Vem, eu levo você até a porta – eu disse enquanto saia do meu quarto

Descemos a escada

– Kevin, Nick – eu gritei do andar de baixo

Logo eles apareceram na escada

– Vocês vão com Joe ? – perguntei

Eles assentiram e desceram rapidamente

– Nick, cadê a Candy ? – perguntei – eu não a vi depois que cheguei em casa – franzi o cenho

– Ela foi fazer um trabalho na casa de uma amiga da sala dela – ele sorriu fraco

– Ah, sim – retribui o sorriso

– Boa sorte aí com seu irmão – ele sorriu fraco e me beijou o rosto

– Até, baixinha – Kevin me beijou a testa

– Até – sorri fraco

– Demi, desculpa, de novo – Joe fitou o chão

Encolhi os ombros

– Tchau – beijou-me a bochecha

– Tchau – eu disse o vi se afastando...

Minha vida estava de cabeça pra baixo, suspensão, meu irmão e o cara que eu gosto brigando, Blanda me infernizando a vida e ainda fui atropelada de bicicleta, poderia ficar pior?