Sirius Black encarava o blusão verde musgo que usaria no dia seguinte, devido a um acordo estabelecido com Elizabeth, por essa ter descoberto que ele era um animago ilegal.

Era fato que Hogwarts inteira estranharia a frase estampada em sua peça de roupa, mas aquela reação coletiva não o preocupava tanto, afinal o assunto se dissiparia em uma ou duas semanas, e logo ninguém mais se lembraria do episódio vexaminoso.

O que de fato o afligia, era atestar o quanto a frase “Eu amo Elizabeth Mcguire” se fazia verdadeira para ele.

—E aí, você não vai contar o que rolou no Natal com a Mcguire? – Cobrou Potter, se aproximando do Sirius, que parecia estar em outro mundo.

—Ah é. – Disse Black, voltando à realidade – Tudo começou com isso aqui. – Disse, retirando um dos botões musicais da orelha e mostrando para os amigos. – O tio dela criou isso aqui, para ela ouvir música enquanto participa dessas festas chatas da alta sociedade.

—Eu nem reparei que você estava com isso no ouvido. – Apontou James, impressionado, antes de apanhar cuidadosamente o objeto da mão do amigo.

—Isso porque eles ficam transparente quando entram em contato com o corpo, para que ninguém perceba. – Explicou Almofadinhas.

—Esse tio dela é um gênio. – Disse Pedro, pegando o botão de Pontas para dar uma olhada.

—A genialidade deve ser de família. – Afirmou Lupin, agora pegando um dos botões.

—Por sorte eu consegui ver ela mexendo em um desses, acho que estavam incomodando a orelha dela, sei lá. – Sirius deu de ombros – E depois de insistir que ela me explicasse o que eram essas coisas, ela me contou como funcionavam e eu roubei dela.

—Roubou? – Questionou Remus, confuso.

—Sim, ela me devia um presente de aniversário. – Respondeu calmamente, como se o fato de ter surrupiado o objeto de Lizzie fosse legítimo – Só que a peste correu atrás de mim para pegar de volta e acabou caindo e torcendo o tornozelo. – Disse, pegando os botões de volta – Eu como um bom cavalheiro, a levei até o meu quarto para ajudá-la.

—Levou até o seu quarto para ajudá-la? – Zombou Rabicho – Conta outra.

—Era o quarto mais próximo de onde ela tinha caído, senhores. – Explicou, com um sorriso malicioso em seu cenho – Mas continuando, depois que eu a coloquei na cama, a minha adorável mãe apareceu.

—Puta que pariu, ela deve ter gritado com vocês dois. – Afirmou Pontas com os olhos arregalados, afinal, ele sabia tudo o que a mãe de Sirius fazia contra o próprio filho.

—A sra. Black só gritou comigo, e depois que ajudou a Mcguire com o tornozelo, pediu para ela se retirar do meu quarto. – Disse Sirius, se sentando em sua cama – E aí vocês já sabem, ela começou a me rebaixar, a me xingar e proibiu que eu saísse do meu quarto até que a família da Lizzie fosse embora. – Explicou – Como a Mcguire acabou ouvindo tudo, voltou de madrugada para me levar comida e me deu os botões musicais também.

—Quem diria que a Mcguire ficaria com pena de você. – Apontou Pedro, impressionado – Ela até levou comida no seu quarto.

—Eu sempre disse, que vocês julgavam a Elizabeth mal. – Retrucou Remus.

—Mas e depois que ela te deu os botões? O que aconteceu? – Perguntou James, encarando Black com atenção.

—A gente começou a ouvir música juntos e acabamos ficando. – Respondeu, com um sorriso no canto da boca. – E mais de uma vez.

—Isso aconteceu mesmo ou você sonhou que estava pegando a Mcguire? – Caçoou Potter, antes de rir na companhia dos demais amigos.

—Vão se ferrar. – Rebateu Sirius – Nós ficamos juntinhos a noite toda, se querem saber.

—E como você se sentiu? – Questionou Aluado, que há um bom tempo já havia percebido, que o interesse de Sirius por Elizabeth não se limitava apenas ao desejo físico.

—Como assim? – Perguntou Sirius, se fazendo de desentendido.

—Ele quer saber, se você já consegue admitir que está apaixonadinho pela Mcguire. – Respondeu Pedro.

—Vocês estão delirando. – Afirmou Black, se jogando em sua cama. – A gente só se pegou.

—Se eu não me engano, era você quem estava procurando a Elizabeth como um cachorrinho, quando chegou no Expresso. – Provocou James.

—Olha quem fala, você sempre faz isso com a Evans. – Retrucou Black.

—Mas eu nunca neguei que sou apaixonado por ela. – Rebateu Pontas.

—Vocês estão chatos para caralho. – Reclamou Sirius, antes de retirar a roupa e se deitar em sua cama novamente – Fiquem quietos para eu ouvir a minha música em paz.

—E qual música você vai ouvir? “Love Of My Life” do Queen? – Caçoou Potter, fazendo os demais rirem, menos Sirius que cobriu todo o corpo com o acolchoado do leito, e só o retirou assim que todos já haviam adormecido.

“Apaixonado...eles só podem estar querendo me zoar, não é possível “ Pensava Sirius, irritado por ter de ouvir os amigos falando aquilo e justo dele.

(...)

Elizabeth encarava fixamente a entrada do Salão Principal à espera de Black, afinal, a garota não queria perder um minuto da humilhação que o rival passaria, ao vestir o blusão que ela havia ordenado que ele usasse naquele dia.

—Esperando alguém? – Perguntou Regulus, ao perceber o olhar compenetrado de Lizzie no sentido da entrada.

—Sim, o seu irmão. – Respondeu, agora olhando o estudante – Ele vai ter um dia bem pesado, hoje. – Disse, rindo.

—O que você aprontou com ele? – Questionou Megan, que por estar sentada ao lado de Elizabeth, acabou ouvindo o comentário anterior.

—Logo vocês verão, meus amigos. – Respondeu Elizabeth, antes de voltar a atenção para a entrada, novamente.

E lá estava Sirius Black vestindo um blusão verde musgo, com a frase “Eu amo Elizabeth Mcguire”, para que todos de Hogwarts vissem e se surpreendessem com aquela visão, que parecia mais um delírio coletivo.

As reações àquele espetáculo eram diversas, alguns alunos, principalmente os da Grifinória o encaravam confusos, afinal, o que um legítimo grifinório fazia vestido com uma peça de roupas com a cor da casa rival? E ainda mais com aquela frase estampada no vestuário.

Já os alunos da Sonserina fitavam Black com plena satisfação, pois sabiam que aquilo não passava de mais uma zombaria arquitetada por Mcguire, assim como tantas outras, às quais ela havia realizado contra ele, no semestre passado.

Algumas garotas, aparentemente irritadas, o olhavam bravas e frases como “Por que ele não vestiu um blusão como esse, quando estava ficando comigo? ” ou “Ela deve ter lançado um feitiço para fazer ele se apaixonar por ela” podiam ser ouvidos ao decorrer do Salão, sem contar nas alunas que iam pessoalmente tirar satisfações com o rapaz.

E o mais impagável era a reação dos professores, que já estavam acomodados na mesa de refeição, um exemplo era Christian Arc que acenava a cabeça positivamente no sentido de Lovegood e Napier, dando a entender que já tinha percebido o ocorrido, antes daquele fatídico momento.

—Eu já te disse, que sou sua fã? – Perguntou Megan, impressionada.

—Já sim. – Respondeu Elizabeth, sorrindo.

—Quem deve estar amando isso, é o Severus Snape. – Comentou Regulus.

—Deixa eu ver. – Afirmou Lizzie, procurando o sonserino na mesa – Nossa, é verdade, olha a cara de satisfação do rapaz. – Comentou, fazendo os colegas rirem – Eu não deveria ter feito o Black usar um blusão com essa frase de agora, deveria ter feito ele usar um blusão com a frase “Eu amo Severus Snape”

—Seria o auge da humilhação. – Afirmou Megan.

—Mas haverá outras oportunidades, não é mesmo? – Disse Elizabeth.

—Espero que haja. – Afirmou Megan, empolgada.

(...)

Sirius e James decidiram chegar mais cedo à sala do professor Arc, para que menos pessoas questionassem a veracidade daquela frase estampada no blusão de Black, mas a tentativa de isolamento fora interrompida por uma McGonagall preocupada, que estava se aproximando dos alunos.

—Sr. Black, você tem um instante para falar comigo? – Perguntou a diretora, ao endireitar o óculos para ler de perto, a frase que estava sendo comentada na mesa dos professores.

—Claro, Mine. – Respondeu, antes de se aproximar da diretora.

—Eu vou deixar vocês a sós. – Informou Potter.

—Pode ficar sr. Potter. – Pediu Minerva, antes de encarar Sirius novamente – Sr. Black, naquele dia em que eu te levei para a enfermaria, eu havia dito que aquele seu comportamento não era adequado, para conquistar uma dama. – Lembrou do dia, em se deparou com a cena em que Sirius mostrava parte do corpo para Elizabeth – Mas isso... – Disse, apontando o dedo para o blusão – ...também não é adequado, a srta. Mcguire pode ficar com receio das suas intenções tão... – Procurou uma palavra não ofensiva – ...intimidadoras, entende.

—Esse blusão é só uma brincadeira, Mine, eu não estou tentando conquistar a Mcguire. – Explicou Sirius.

—O sr. acha que eu nunca fui jovem, sr. Black? – Questionou, sem dar espaço para que o aluno respondesse. – E além disso, eu sou professora dessa escola há muito tempo, e sei muito bem quando um aluno está realmente interessado em outra aluna. – Afirmou com precisão, percebendo a feição de contrariado de Sirius – Bom, mas eu não vim te cobrar nada a respeito de seus sentimentos. – Fez uma pausa – Eu vim te alertar para não realizar demonstrações demasiadas como essa. – Apontou para o blusão novamente – Isso pode assustar a srta. Mcguire.

—Pode deixar, que eu vou dar umas dicas para ele, Mine. – Afirmou Potter, ao zombar do amigo.

—Isso mesmo sr. Potter, ajude o seu amigo com isso, antes que a garota fique assustada com tal comportamento. – Afirmou Minerva, alarmada.

—Diretora McGonagall, eu estava à sua procura. – Anunciou o diretor Dumbledore, se aproximando de Minerva. – Me desculpem, eu atrapalhei algo importante?

—Não, nós já encerramos a nossa conversa. – Respondeu a diretora.

—Creio que o assunto, designado ao sr. Black, tenha sido a respeito dessa frase reveladora, em sua vestimenta. – Afirmou o diretor, com um sorriso no canto da boca – Ou estou enganado?

—Foi exatamente isso, Alvo. – Respondeu Minerva – Eu disse ao Sr. Black o quanto intimidador pode ser essa demonstração de afeto, para a srta. Mcguire.

—Eu aposto todos os galeões que possuo em Gringotes, de que a srta. Mcguire não se sentiu intimidada com essa demonstração de afeto tão espontânea. – Dumbledore interrompeu o que estava dizendo, para limpar a garganta – Mas queira me acompanha até a minha sala, por favor.

—Claro, diretor. – Mcgonagall apontou para os pupilos – E vocês, tenham juízo. – Repreendeu, antes de se afastar dos estudantes.

—Agora não falta ninguém para tirar com a sua cara. – Provocou Pontas, antes de gargalhar.

—Fica quieto e vamos logo para a sala. – Ordenou Black, irritado.

(...)

Ao percorrer um dos corredores do castelo, com o intuito de chegar até o Salão Principal, Elizabeth acabou avistando uma estudante que, aparentemente, parecia aguardá-la.

“Essa tem cara de pertencer ao fã clube do Sirius Black“ Pensou Lizzie, se divertindo com a feição de indignada da jovem.

—Pois não? – Disse Lizzie, assim que se aproximou totalmente da garota.

—Olha, eu vim te alertar que o Sirius não fica muito tempo com a mesma garota, e por isso você não deve acreditar naquela declaração que ele te fez. – Argumentou a estudante, de braços cruzados.

—Eu agradeço o alerta, mas eu já sei disso, amiga. – Zombou Elizabeth – Agora se me der licença, eu preciso encher o bucho.

—Não, espera. – Pediu a garota, segurando um dos braços de Mcguire – Ele vai enjoar de você em uma ou duas semanas.

—Eu também enjoo fácil dos caras, então tá tudo certo. – Retrucou Lizzie, tentando se desvencilhar da garota.

—Você não pode ficar com ele. – Afirmou, encarando Elizabeth com raiva.

—Colega, você não acabou de me dizer, que em uma ou duas semanas ele vai enjoar de mim? – Lizzie continuou, sem dar espaço para a aluna responder – Então! Espera esse período e tenta ficar com ele de novo. – Disse, antes de dar as costas para a estudante.

—Não vira as costas para mim, sua sonserina maluca. – Disse, puxando o braço de Elizabeth novamente.

—Maluca é a sua avó. – Retrucou Elizabeth, irritada.

—Você deve ter usado alguma magia negra para atrair ele. – Acusou.

—Querida, para atrair o Black basta ser mulher. – Rebateu Lizzie.

—Olha... – Dizia a moça, tentando segurar Elizabeth mais uma vez.

—Não me segura não, que eu já estou nervosa por você atrasar o meu almoço. – Reclamou, brava – Se preserve mulher, ele não é o único homem do mundo, não. – Fez uma pausa – Já ouviu falar de Bon Jovi?

—Não. – Respondeu a garota, confusa.

—Pois trate de conhecer e me deixa em paz. – Afirmou Lizzie, antes de se afastar da jovem e virar o próximo corredor – Eu hein, gente doida. – Disse para ela mesma, antes de conseguir avistar Sirius que se aproximava. – Ah não, eu tô com fome.

—Que cara é essa? – Questionou o rapaz, preocupado.

—É cara de fome. – Respondeu, irritada.

—Então vai comer, já estamos no horário de almoço. – Avisou.

—Eu estava indo almoçar, mas uma fã sua me interrompeu, e agora você está fazendo o mesmo. – Reclamou.

—Você está reclamando que uma garota foi te perturbar? – Perguntou, sem dar espaço para Lizzie responder – E eu, que fui perturbado por dezenas delas.

—Mas isso é culpa sua. – Afirmou Elizabeth, cruzando os braços – Quem mandou seduzir Hogwarts toda, agora segura o b.o, Don Juan.

—A culpa é sua, por ter escolhido essa frase para colocar no blusão. – Rebateu, revirando os olhos. – Até a Mine e o Dumbledore comentaram a respeito dessa palhaçada.

—Eu não deveria ter escolhido essa frase, você tem razão. – Concordou.

—Nossa, finalmente. – Disse Sirius, levantando os braços em sinal de agradecimento.

—Eu deveria ter escolhido a frase “Eu amo Severus Snape”. – Informou, antes de rir da cara de Black.

—Eu nunca mais falaria com você, se essa fosse a frase escolhida. – Disse seriamente.

—Droga, porque eu não pensei nessa frase antes. – Zombou.

—Eu achei que o tempo de tentar disfarçar que gosta de mim, já tinha passado. – Disse, colocando as mãos na cintura de Elizabeth.

—E quem disse que eu gosto? – Perguntou, o encarando seriamente.

—Ah para. – Disse, a puxando para perto de seu corpo – Admite que você me ama, vai. – Pediu, sorrindo maliciosamente.

—Não sou eu que tenho uma declaração de amor estampada no meu blusão. – Rebateu, o encarando com atenção.

—A gente podia ficar um pouco juntos, antes do almoço. – Disse, depois de aproximar a boca à orelha de Elizabeth – Eu conheço uma sala que o Filch guarda alguns produtos de limpeza, e que ele só visita no final da tarde.

—Ah não, eu estou com fome. – Reclamou, afastando um pouco o rosto de Black.

—Eu também. – Concordou, antes de beijá-la, sem se precaver de que não tinha ninguém a vista dos dois – Vem é rapidinho. – Pediu, dando beijos curtos no canto da boca de Elizabeth.

—Não, eu quero merendar. – Reclamou, antes de perceber que o garoto começava a tatear a sua cintura, fazendo com que ela sentisse cócegas – Para, eu tenho cócegas.

—Ah é? – Perguntou, antes de mexer ainda mais em seu contorno, a fazendo gargalhar.

—Não, para. – Pediu Lizzie, até que conseguisse segurar as mãos do aluno – É sério, eu quero comer.

—Sr. Black, deixe a srta. Mcguire almoçar. – Pediu Flitwick, que agora estava parado perto dos dois – Depois vocês conversam mais. – Disse, piscando um olho no sentido do rapaz.

—Professor Flitwick, a Raven me contou que o sr. faz alguns bolinhos dançarem para os alunos da Corvinal que vão à sua sala. – Apontou Lizzie – E eu sei que não sou corvina, mas o sr. podia fazer eles dançarem para mim também? – Pediu, o encarando com cara de pidona – Por favor, nunca te pedi nada.

—Claro srta. Mcguire, será um prazer realizar esse feitiço em meus bolinhos, para você ver. – Respondeu, contente – Pode vir à minha sala mais tarde.

—Ai, muito obrigada. – Agradeceu, se abaixando para abraçar o mestre.

—Então até mais, e tenham juízo. – Alertou, piscando um dos olhos novamente.

—Não acredito, um bolinho dançante. – Afirmou Lizzie, saltitante.

—Você só pensa em comida? – Zombou, Black.

—E você que só pensa em mim. – Rebateu.

—Você é ridícula.