Elizabeth nĂŁo conseguiu dormir na noite do dia de SĂŁo Valentim, uma vez que o remorso por ter magoado Sirius, tomou conta de seus pensamentos, integralmente.

Além da contrição com Black, a garota tentava entender o motivo pelo qual, havia criado expectativas positivas ao saber que havia recebido uma carta de seu ex namorado, mesmo esse tendo a machucado tanto em Ilvermorny.

“Será que eu ainda sinto algo por ele, mesmo depois de tudo? ” Pensou, aflita e indignada com ela mesma.

Lembrar da antiga escola, fez com que ela direcionasse os seus pensamentos à pegadinha realizada contra Black. Lizzie havia agido igual aos seus antigos colegas de colégio, que a julgavam como preconceituosa, sem mesmo terem provas para tal afirmação, ato semelhante ao que ela havia feito contra Sirius, afinal, não haviam constatações de que os quatro alunos da Grifinórias teriam sido os responsáveis, pela pegadinha no Salão Comunal da Lufa-Lufa.

Para muitos alunos, inclusive ela, parecia óbvio que os responsáveis eram os quatro, mas e se não fossem?

Saber que ela havia agido como os alunos da antiga escola e ainda mais contra Sirius, a fez se sentir desleal com a prĂłpria dor.

Black também não havia conseguido dormir naquela noite, e desde o momento em que encerrou a sua conversa com Mcguire, se isolou de todos para que pudesse pensar a respeito do que acabara de acontecer.

Foi desolador chegar Ă  conclusĂŁo, de que Elizabeth ainda supria sentimentos pelo ex namorado, pois apesar dos desentendimentos que ele tinha com Lizzie, o garoto acreditava que ela sentia algo especial por ele, mas aparentemente era somente ele quem se sentia daquela maneira.

Além de chegar ao arremate de que os sentimentos de ambos não eram correspondentes, o ciúmes que ele estava sentindo de Elizabeth, por imaginá-la pensando em outro cara, o deixava colérico.

Os Marotos até tentaram saber o que havia acontecido, mas o rapaz preferiu não conversar com os amigos durante aquele dia. Fora somente na manhã do dia seguinte, que Black deu abertura para que eles falassem a respeito do ocorrido.

—Você não vai contar o que aconteceu? – Questionou James, preocupado.

—A Mcguire me enganou todo esse tempo. – Respondeu, cabisbaixo – Ela não sente nada por mim.

—Mas ela te disse isso? – Perguntou Lupin, confuso.

—Quase. – Respondeu, ainda abatido.

—O que seria, quase? – Questionou Pedro, ao se sentar na cama de Black em companhia dos demais amigos.

—Por que vocês sempre duvidam do que eu falo? – Questionou, irritado – Se eu disse que ela não sente nada por mim, é porque eu tenho certeza disso.

—É que às vezes você pensa demais e acaba chegando às conclusões erradas. – Apontou Remus.

—Mas dessa vez eu não fiz isso. – Retrucou, Sirius.

—Tá, mas conta em detalhes o que ela te disse. – Pediu Potter.

—Primeiro ela me deixa pelado no banheiro com a Murta, e me faz sair pelos corredores sem roupa. – Informou, antes de perceber que os companheiros se seguravam para não rir – Se vocês rirem, eu paro de falar, caralho. – Fez uma pausa – E aí quando eu fui tirar satisfações, ela falou do ex namorado.

—Ex namorado? – Questionou Rabicho, surpreso.

—Ela jogou na minha cara que não transaria comigo, porque se nem com o ex dela, ela havia transado, comigo que ela não ia. – Explicou, irado – E quando eu menti, falando que uma das cartas que ela havia recebido era dele, ela ficou feliz por saber disso.

—Puta merda. – Afirmou James, impressionado.

—Ela até tentou dar a desculpa, de que não sentia mais nada pelo cara, mas é óbvio que ela estava mentindo. – Apontou, Sirius.

—Ou talvez ela tenha ficado surpresa, em saber que ele mandou uma carta. – Defendeu Lupin.

—A cara dela não foi de surpresa. – Rebateu Black.

—Não sei se essa é a melhor hora para contar isso, mas essa semana eu vi ela conversando com o capitão Sonserina. – Informou Pettigrew – E eles pareciam bem animados.

—E por que você não me contou isso, antes? – Questionou Black, nervoso.

—Eu achei que fosse normal, que ela estava querendo entrar para o time ou algo assim. – Se explicou.

—Pode ser isso mesmo. – Apontou Aluado, antes de encarar Almofadinhas – Ela não te disse nada? – Perguntou, recebendo um negativo do amigo.

—Essa foi a gota d´água e o assunto Mcguire morre aqui. – Afirmou Black, ressentido – Eu não quero mais saber daquela cobra peçonhenta.

—Isso não vai durar vinte e quatro horas. – Zombou Potter, angariando as risadas de Remus e Pedro.

—E mais, hoje mesmo eu volto à ativa. – Afirmou, com um sorriso em seu cenho – E podem espalhar para todo mundo, que o cachorrão de Hogwarts voltou.

(...)

Elizabeth tentou falar com Sirius durante todo o dia seguinte, para que pudesse se desculpar pelo ocorrido do dia anterior, mas o rapaz rejeitou todas as tentativas de conversação, chegando a pedir que ela não conversasse mais com ele, por esse estar ocupado com outros assuntos.

Mesmo com as negativas, Lizzie resolveu arriscar conversar com Black pela Ăşltima vez naquele dia, ao perceber que ele estava sozinho em um corredor perto do SalĂŁo Principal.

—Você vai ficar me ignorando até quando? – Perguntou Mcguire, ao se aproximar de Sirius.

—Está provando do próprio veneno, né? – Debochou, a encarando – Mas vai lá, o que você quer falar comigo. – Disse, sem paciência.

—Bom, eu estou tentando falar com você o dia todo, para pedir desculpas por ontem. – Informou, se aproximando um pouco mais do estudante – E explicar que eu não fiquei feliz com a carta do Noah, eu...

—Tempo esgotado. – Interrompeu – Agora se me der licença, eu preciso ir para um encontro.

—Encontro? – Questionou, atônita.

—Sim, encontro. – Respondeu, sorrindo – Mas não fique triste por perder o seu passatempo, você pode arrumar outro cara para fazer de idiota.

—Eu não fiz você de idiota. – Se defendeu – Eu realmente gosto de você.

—Claro que gosta. – Ironizou, irritado – Assim como você gosta do tal de Noah, e do capitão da Sonserina.

—Capitão da Sonserina? – Questionou, confusa.

—Sabe o que eu acho? Que esse Noah foi usado, assim como eu fui. – Afirmou, rispidamente – E que no final das contas, o problema de tudo isso é você.

—Bom, se você não quer acreditar em mim, tudo bem. – Disse, Mcguire – Tenha um ótimo encontro. – Finalizou, virando-se para andar no sentido contrário de Sirius.

—Vai mesmo, antes que você estrague os meus amassos com a Samantha. – Provocou, sem obter qualquer resposta de Lizzie, que caminhava o mais rápido que podia, no intuito de evitar a cena de Black com a nova ficante.

Mas a estratégia de esquivar-se daquela situação não durou muito, pois no jantar fora possível ver Sirius junto de Samantha, que o abraçava todas as vezes em que Mcguire olhava na direção deles.

Presenciar os dois alunos juntos, a fez se sentir em Ilvermorny novamente, pois Lizzie teve de avistar cenas como aquela, vindas de seu ex namorado com a atual companheira, Emma Gold, estudante responsável por fazer da sua vida um inferno, durante quatro anos.

—Você está bem? – Questionou Regulus, que havia captado o que estava acontecendo.

—Não. – Respondeu, sucintamente – Mas não se preocupe, eu já passei por isso antes e sobrevivi.

—Se você quiser, eu te acompanho até o dormitório. – Se prontificou.

—Não precisa, Reg. – Disse, se levantando – Mas muito obrigada, por sempre se preocupar comigo.

No caminho para o Salão Comunal da Sonserina, Elizabeth percebeu que alguém estava a seguindo, e ao se virar para descobrir de quem se tratava, viu Remus que se aproximava dela.

—Lizzie, a gente pode conversar? – Perguntou, Lupin.

—Claro. – Respondeu, cessando a trajetória.

—Olha, o Sirius está agindo como uma criança birrenta, porque se sentiu traído com o que aconteceu ontem. – Explicou – Mas eu posso te assegurar de que ele é apaixonado por você, e de um jeito que eu nunca vi antes.

—Remus, eu agradeço por você ter vindo até aqui, mas eu não quero falar do Sirius. – Afirmou, chateada.

—Sem problemas, Lizzie. – Disse o rapaz – Eu só espero que vocês se resolvam logo, mas eu vou te deixar em paz, tenha uma ótima noite.

—Obrigada, Remus. – Disse Mcguire, antes de retomar o trajeto até o seu dormitório.

(...)

Uma nova aula de Defesa Contra as Artes das Trevas se iniciava, e o professor Napier passava a informação de que naquele dia eles duelariam entre si, para que pudessem treinar os feitiços que haviam aprendido, principalmente os não verbais.

—Bom, hoje nós vamos fazer alguns duelos entre vocês. – Informou, animado – E eu vou impor somente uma regra, que pelo menos um dos feitiços seja não verbal. Caso o participante não obedeça essa norma, perderá o desafio para o oponente.

Ditas as regras do embate, Anthony foi formando duplas aleatĂłrias para que pudessem duelar entre si, e para cada vencedor da rodada, concedia pontos Ă  sua casa.

—Para finalizar a aula de hoje, eu chamo para um duelar a srta. Mcguire e o sr. Black. – Ditou, percebendo a feição de poucos amigos que os dois emitiam – Estou achando que esse vai ser o melhor duelo do dia. – Comentou – Bom, queiram escolher um padrinho e se lembrem de que a pessoa deve ser da mesma casa que vocês.

—Eu escolho o James. – Afirmou Sirius.

—E eu escolho o Severus. – Decidiu Elizabeth, causando surpresa no aluno escolhido.

—Agora, façam a reverência e quando eu contar até três, deem início ao duelo. – Afirmou, Naper, antes de presenciar os dois estudantes se curvando e depois disso, iniciar a contagem – Um, dois e três.

Assim que o mestre finalizou a enumeração, Elizabeth lançou o feitiço Aqua Eructo, que fora responsável por lançar um jato de água na face de Sirius, que ficou momentaneamente desnorteado com o ataque.

Após conseguir abrir os olhos e ao perceber que Mcguire se aproximava dele, Black emitiu um feitiço não verbal, o Trip, que fez Lizzie tropeçar e cair. A garota, que ainda estava sentada, lançou um Ascendio em Black, que acabou sendo levantando e posteriormente caiu no chão assim como ela.

—Não machuca o meu Sirius. – Pediu Samantha, fazendo com que Elizabeth se distraísse e fosse desarmada pelo seu oponente.

No momento em que Black apontou a sua varinha no sentido da estudante e lançou a magia Impedimenta, no intuito de deixá-la imobilizada para finalizar o duelo, Elizabeth, instintivamente posicionou as mãos para se proteger do feitiço de ataque e ao fazer isso, um clarão fora emitido de suas mãos e que foi capaz de reter a magia que havia sido jogada contra ela.

Todos em volta ficaram impressionados com o fenĂ´meno, inclusive a garota.

—Srta. Mcguire, meus parabéns, você conseguiu fazer um feitiço sem a varinha. – Parabenizou o professor, animado por presenciar aquele feito – Você vem treinando isso a quanto tempo?

—Eu nunca treinei isso. – Respondeu preocupada, pois havia percebido que parte de sua energia não estava mais com ela – Professor, eu não estou bem. – Disse baixinho se virando para encará-lo, antes de perder todos os sentidos do seu corpo.