Playing Dangerous

I Think It's Kinda Fun


— Tudo bem, vovó. Não se preocupe, estou ótima.

— Como está, Marina?

— Muito bem, mas agora vou desligar, ok? Precisamos estudar pra uma prova.

— Oh sim, desculpe-me. Bons estudos.

— Obrigada. Tchau, vovó.

Desliguei o telefone e suspirei.

Cada dia que passava ficava mais difícil mentir para minha vó, não que eu ligasse muito pra isso. Agora eu simplesmente saía e não avisava mais, mas hoje inventei de dizer que passaria a noite na casa de Marina, depois avisaria Mari, ela me acobertaria.

Sentei-me na cama e admirei o quarto de Jake, as cores variaram entre paredes brancas, teto rústico amadeirado que contrastava com os móveis num tom de carvalho e também tabaco. Típico quarto masculino, sem muitas cores.

Levanto-me e ando até uma cômoda onde há fotos em porta-retratos – três porta-retratos para ser mais exata. Uma é Jake com outro rapaz muito parecido com ele, na outra há Jake e seus pais, porém a última foto é apenas uma moça loira muito bonita.

Pego o objeto e fico a encarar o mesmo. Quem seria ela? Uma prima? Uma amiga? Ou Ester? A sua falecida noiva. Por que ele teria ainda uma foto dela?

Agora estando a mais tempo com Jake eu podia ver claramente sua personalidade. Ele não era do tipo que falava sobre si, nunca falava sobre sua família, colegas, amigos, a menos que o perguntasse, ele nunca negava-me uma resposta.

No começo achei estranho, ele não tinha amigos daqueles que frequentam um a casa do outro. Poderia dizer que ele é do tipo solitário, na dele, poderia chamá-lo de misterioso e enigmático. Às vezes ele ficava extremamente sério, focava-se no trabalho – como agora, ele está lá no andar de baixo, trabalhando – e no outro instante, bum! Meu Jake estava de volta, sorrindo-me.

Sinto que Jake é uma pessoa sozinha, sinto que quando estou com ele, o faço bem, o faço melhor, porque ele deixa-me melhor.

Talvez meu homem seja um homem sem esperanças e veja algo em mim. Não sei explicar, mas sinto que ele vê algo, um tipo de salvação? Redenção? Liberdade?

Sinto que estamos fazendo bem um ao outro.

Coloco o porta-retratos de novo em seu devido lugar, giro em meu eixo e encaro novamente o quarto, meu olhar cai sobre seu coldre em cima do criado-mudo ao lado da cama.

Mordo meus lábios e comprimo meus dedos, eles coçam para que eu pegue a arma. Ando em passos calmos até lá, abro o coldre e pego o objeto de metal, a arma parece se encaixar perfeitamente em minha mão, uma sensação nova me abate.

Viro-me e me encaro no grande espelho embutido na porta do guarda-roupa. Aproximo-me do espelho e aponto a arma para mim mesma através dali, sorrio e a balanço quase que encenando.

Era engraçado ver-me apenas vestindo uma camisa branca de algodão pertencente a Jake e uma calcinha enquanto eu brincava com a arma, o metal frio quase brilhava.

Saí do quarto e desci as escadas calmamente, a arma ainda entre meus dedos.

Avisto Jake sentado no amplo sofá cinza, estava de costas, tinha o notebook em seu colo, disse-me que estava pesquisando sobre um caso, algo assim. Parecia concentrado no que fazia, às vezes toda essa seriedade irritava-me.

Aproximo-me dele de modo calmo, quase imperceptível, reprimo um sorriso, seria engraçado de ver isso.

Encosto o cano da arma em sua cabeça, por um momento Jake para o que está fazendo, mas volta ao normal logo em seguida.

— E se eu quisesse me vingar de você agora, Jake? Dizem que depois que você mata uma vez, as outras são mais fáceis – brinquei num tom sério.

— Pare com isso, Carmen. Me dê essa arma, não devia tê-la pegado. Não brinque com isso.

Empurrei sua cabeça com a arma.

— Não estou brincando, paizinho.

Ele riu debochado, não estava me levando a sério. Estava eu levando-me a sério?

— Você não sabe nem destravar uma arma.

— Ah, é? – destravei-a.

Jake ficou estático e parou de se mover. Eu ainda tinha a arma colada a sua cabeça, era estranho vê-lo assim, a minha mercê, uma sensação boa, era engraçado.

— Sem mais brincadeiras, Carmen – ele se virou rápido e pegou a arma de minha mão, eu ri.

— Aaah! Eu estava me divertindo – fiz biquinho.

Ele travou a arma novamente e a colocou sobre a mesa de centro, dei a volta no sofá e sentei-me ao seu lado.

— Onde aprendeu a lidar com uma arma?

Dei de ombros.

— Não sou nenhuma leiga. Digamos que eu tinha uns amigos…

— Carmen e seus amigos, nada de bom poderia sair disso – debochou, virei os olhos.

Fechou o notebook e colocou também sobre a mesa de centro.

— Não sou uma criancinha, Jake e bem que você poderia me ensinar algumas coisas, tipo, como atirar ou me defender – dei de ombros – Nunca se sabe.

Ele riu e se aproximou de mim, tocou meu rosto.

— Sim, vejo que não é uma criancinha, mas é minha garotinha – sorri e retribuí seu toque – E quem sabe mais tarde eu te ensine como usar uma arma.

— Sério? – sorri afobada, ele riu de minha atitude.

— Sim, mas agora tenho outras coisas para te ensinar. Bem melhores.

Seus lábios encontraram os meus de forma rápida e quase selvagem. O beijo foi intenso e quase doloroso, poderia até mesmo sentir meu corpo liberar a dopamina e me entorpecer com desejo, um tipo de vício.

Ele deitou seu corpo sobre o meu no amplo sofá, as chamas nos olhos de Jake estavam acesas. Quem um dia pensaria que eu estaria aqui? Nos lábios dele.

Passei minhas pernas ao seu redor, o prendendo como uma píton, era legitimamente louco como Jake me tinha.

Num movimento rápido ele tirou-me a blusa, assim deixando meus seios expostos. Sua boca experimentou o sabor de meus lábios, depois meu pescoço, meu busto e finalmente meus seios. Arqueava meu quadril contra o seu, já sentindo sua proeminência. Só de pensar no que aconteceria em breve, senti-me ficar mais molhada. Mordi meu lábio inferior para conter um gemido.

Por onde ele tocava-me ficava um rastro de fogo, de meus lábios nada com sentido era emitido, meus olhos estavam fechados para melhor sentir os toques, os deliciosos toques. Meu corpo pedia por mais involuntariamente.

Jake foi descendo seus beijos até meu ventre, apertou minhas coxas e suas mãos subiram, chegaram em minha calcinha. Oh céus! Ele a tirou num movimento muito, mas muito lento. Eu odiava quando ele fazia isso e o mesmo sabia. Dizem que a pressa é inimiga da perfeição, mas meus queridos, não nessa hora!

Meu peito já subia e descia. Meu corpo se preparava para o que estava por vir, Jake encaixou minhas coxas em seus ombros e tocou minha intimidade com sua língua, seus movimentos lá eram bem elaborados, elaborados para me levar a loucura. Arqueei meu quadril e agarrei seu cabelo, seus fios lisos presos em meus dedos, empurrava-o mais contra mim.

Logo eu era somente um ser com músculos derretidos, meus gemidos pouco expressavam o grande prazer que meu corpo experimentava, a doce agonia que me tomava me entorpecia. Senti-me derramar ao chegar lá, o ápice do prazer.

Jake se reaproxima de mim lambendo os lábios e sorrindo. Tento sorrir de volta, mas logo seus lábios capturam os meus, sinto meu gosto em sua boca e isso me excita.

Arqueio meus quadris pela milionésima vez numa prece muda. Alcanço sua boxer branca – a única peça que ele usava – e tento empurrá-la, tirá-la dele. Não aguento mais, preciso tê-lo.

— Tire logo isso, Jake – imploro entre respirações descompassadas.

Sorrindo malicioso ele se afasta e tira a única peça de seu corpo, rncaro-o todo nu e meu corpo implora pelo dele. Minha boca saliva e sinto-me mais úmida, instintivamente abro minhas pernas.

— Você é uma garota má, Carmen.

Ele ergueu uma de minhas pernas e a colocou em seu ombro. Ele se inclinou sobre meu corpo, quase alcançando-me.

— Sim, Jake. Sua má e perigosa garotinha.

Ele sorriu e segurou minha outra perna, a pressionou contra meu corpo. Então o senti em mim, no começo devagar, tinha um vagar atormentador, eu poderia gritar de desespero. Movi-me embaixo dele implorando-o por mais e assim veio, a rapidez e junto o prazer imensurável.

Segurei em seus braços fortes e finquei minhas longas unhas. Nossos gemidos se misturavam naquela noite, o silêncio acolhia nossas falas sem sentido, eramos dois seres presos no prazer que um proporcionava ao outro.

Jake se inclinou e beijou-me, mas seus movimentos rápidos o impedia de continuar, então ficamos com as testas coladas sentindo aquela sensação arrebatadora que um corpo dava ao outro.

Primeiro foi eu a ter um orgasmo, depois Jake, ele deitou-se sobre mim, sua respiração ainda se acalmava, igual a minha. Acariciei seus cabelos e senti-me acalentada ali, sob seu corpo, totalmente aconchegada.

Umedeci meus lábios e disse:

— Te amo tanto, Jake.

Ele ergueu-se e apoiou-se nos cotovelos e me encarou sorrindo. Seus olhos estavam ligados aos meus.

— Te amo mais que tudo, Carmen.

Sua boca apossou-se da minha com fervor.

— Sabe, às vezes gostaria que fossemos um casal normal – falei aconchegada a Jake, já na cama.

Ele riu.

— Ué, somos normais, Carmen. O que seria um casal normal pra você?

— Ah, você sabe. Sairmos juntos pra onde quisermos, não nos importando. Você me buscando no colégio, nós indo para o cinema. Casais normais fazem isso, porém nós não podemos – fiz biquinho de choro – pois a sociedade não vê isso como se fosse certo.

Jake encarou-me com uma expressão de preocupação.

— Ei, ei, ei não chore, minha pequena – ele passou o polegar em minhas lágrimas bobas – Eu adoraria fazer essas coisas, sabe, nós poderíamos ir a alguma cidade vizinha e passearmos a vontade. O que acha? Ninguém nos reconheceria lá.

Um enorme sorriso abriu-se em meus lábios.

— Oh, isso seria maravilhoso, Jake! – o abracei – Como não pensei nisso?

— É só eu ver em meu trabalho um dia livre e pronto.

Assenti e me aconcheguei mais a ele, estava animada com a ideia, seria maravilhoso, eu e Jake livres. Um pensamento percorreu minha mente e se…

— Logo estarei completamento dezoito anos e serei legalmente uma mulher livre para fazer o que quiser.

— Estou ciente disso, Carmen e muito me agrada.

Eu ri.

— Poderei fazer o que quiser – falei sonhadora.

— Até fugir comigo.

Franzi meu cenho e sentei-me para melhor encará-lo.

— Não faça isso comigo, Jake, não brinque comigo. Não está a falar sério, está?

— E se eu estiver? – sorriu-me de canto de boca.

— Não estaria, você não está.

— Estou falando sério, Carmen. Acredite em mim – ele realmente não poderia estar falando sério. Fugir? – Você viria comigo?

Por um momento pensei em dizer não, mas somente de pensar em viver sem ele, não tê-lo mais… Mas e meu pai? Minha avó? Eu já teria dezoito anos, não? Responderia por meus atos, eles não poderiam dizer nada.

— Sim, eu iria – fui convicta.

O olhava fundo nos olhos.

— Só poderíamos ir depois que meu mandato acabasse e você fizesse dezoito, então somente daqui três meses.

Sorri não acreditando.

— Isso é sério, Jake? Porque meu Deus, parece surreal.

— É real, acredite. Nunca falei tão sério.

Sua mão rumou até meu rosto e o acariciou, segurei sua mão e inclinei meu rosto.

— Mal posso esperar então – sorri.

— Nem eu, minha garotinha.

Me inclinei sobre seu corpo e abracei. Isso simplesmente não poderia ser real, meu coração batia descompassado e meus dedos estavam frios. Fugir? Deus, era o único modo de ficarmos juntos, eu e ele saindo dessa cidade pra sempre.