Playing Dangerous

Are You Gonna Hurt Me Later?


Estava em frente a casa de Jake fazia mais ou menos duas horas. Eu havia mandado uma infinidade de mensagens – a maioria sem sentido, meus dedos estavam trêmulos – e ligado para ele várias vezes, mas ele simplesmente não atendia, o que era estranhíssimo.

Parecia que tudo cooperava para meu nervosismo, minha cabeça parecia que ia explodir, meu olhos ardiam e sentia uma pontada bem no meio de minhas costas, onde bati por Bradley ter me empurrado. Merda mesmo!

Eu estava com um baita medo, não havia para quem correr que não fosse Jake. Suspirei e apoiei minha cabeça no volante, segurava as lágrimas e comprimia os lábios.

Inerte em meus pensamentos estava quando escuto o som do motor do carro de Jake se aproximar, seus faróis iluminavam a caminho. Era da tarde da noite, beirava-se à meia-noite, por sorte meus avós estavam viajando hoje.

Num impulso saí de meu carro e corri até Jake, que havia saído de seu carro e encarava-me de cenho franzido.

O abracei e desabei-me em prantos, as lágrimas que achei terem secado, logo reapareceram ao avistar Jake. Eu soluçava com um bebê sem o seu precioso amamento.

— O que foi, Carmen? Diga-me! Meu Deus, o que foi? – ele segurava meu rosto entre suas mãos. Sua feição era de preocupação.

Engoli a saliva que em minha boca se formava, tomei fôlego.

— O Bradley… e-ele… – minha voz falhou, era difícil segurar o soluço.

— Pelo amor de Deus, Carmen. Ele te machucou? Aquele imbecil… O que ele fez?

Encarei os olhos azuis tempestuosos de Jake por através minhas lágrimas. Ele parecia extremamente preocupado, sua feição dizia tudo.

Tomei novamente fôlego.

— Ele descobriu… sobre nós. Ele disse que vai contar tudo e que, ai meu Deus! Ele me ameaçou, disse que se eu ficasse com ele, tudo ficaria bem. Disse-me estar apaixonado e eu o neguei… Ele inventou baboseiras, estava bêbado ele me machucou e…

— Como assim a machucou? Aonde? – interrompeu-me.

— Ele me empurrou e bati minhas costas, dói um pouco… e depois ele tentou beijar-me.

— Filha da puta! Desgraçado. Vou matá-lo! – seus lábios eram uma fina linha.

— Jake, não sei o que fazer. Estou com medo, muito medo, eu não quero que algo ruim te aconteça.

Ele abraçou-me forte me confortando, acariciava meus cabelos.

— Acalme-se, tudo vai ficar bem. Agora venha, vamos entrar, você está gelada e trêmula.

Assenti e seguimos em direção a sua casa.

Estava acomodada no sofá, sentada com meus pés sobre o mesmo e abraçada a Jake. Não o largaria por nada nesse mundo, era como se ele, nesse momento, fosse meu porto seguro, o que ainda fazia-me raciocinar.

— Eu não sei o que fazer, Jake. Estou com medo.

Aconcheguei-me mais a ele – como se isso fosse possível, se o abraçasse mais, logo faria parte de seu corpo – e funguei.

— Não se preocupe, Carmen. Não darei tempo para que ele apronte algo.

Ergui meu rosto e o encarei.

— O que pretende fazer?

— Nada demais. Não pense nisso, deixe comigo.

Voltei a apoiar minha cabeça em seu peito.

— Algo impossível, pois estou morrendo de medo. Já pensou? Jake, se descobrem… Sua carreira acabaria ou sua reputação iria a zero, daria um belo escândalo, sem falar que eu seria mandada para bem longe daqui…

— Não, Carmen. Ninguém te tirará de mim. Nunca – ele apertou-me em seus braços.

Comprimi meus olhos e segurei as lágrimas. Não queria que tirassem-me de Jake, não queria que o tirassem de mim.

Um ódio por Bradley abateu-me. Isso era extremamente estranho, pois sempre gostei do garoto, acho que até já cheguei a sentir afeição por ele. Sim… Mas agora? Um ódio queimava meu ser.

— Eu sinto tanto ódio por ele, nunca pensei que ele fosse capaz. Acho que o odeio, o tenho raiva – mais divaga em voz alta, do que falava isso para o homem que me aconchegava – Eu realmente desejaria que ele morresse. Gostaria que tudo isso acabasse, fosse apenas um sonho…

As lágrimas reapareceram. Droga!

Jake abraçou-me mais forte e beijou-me a cabeça, alisava-me e acariciava-me, queria me acalmar.

— Calma, minha pequena. Em breve tudo estará certo, confie em mim. Estou no comando, eu sou o chefe.

Suspirei e deixei-me pelos sentimentos ser guiada. Quando dei-me conta, já havia adormecido.

Acordei no dia seguinte e as horas já estavam avançadas, não queria nem ao menos olhar-me no espelho, eu devia estar uma calamidade. Jake já havia saído para trabalhar.

Ter os meus avós viajando dava-me a liberdade de dormir na casa de meu homem e as empregadas lá de casa, quais eram duas, não me dedurariam. Eram muito queridas comigo, ainda mais Jessy, que era apenas quatro anos mais velha que eu, perguntava-me porque ela não havia seguido outro rumo da vida.

As horas iam passando e eu nem coragem tinha para sair da casa de Jake, sentia-me segura aqui, sentia que se eu saísse algo muito ruim aconteceria. Estava bem aqui, estava apenas pressentindo o mundo cair por sobre minha cabeça.

Eram quase seis da tarde, quando uma mensagem em meu celular chega: Bradley.

“Eu te amo. Nunca quis fazê-la chorar. Nunca quis magoá-la. Perdoe-me. Te amo e adeus”.

Tapei minha boca com a mão, as lágrimas voltaram, merda! O que estava acontecendo comigo? Como ainda não havia morrido por desidratação? Estava perdendo todo meu líquido em lágrimas.

Não entendi uma linha torpe da mensagem de Bradley, ele machuca-me, me xinga, me maltrata e agora manda-me essa mensagem? Não entendo a mente do garoto.

Sei que ele tem problemas demais na vida, sei que nada é fácil. Fazer dinheiro numa boa é difícil, ele é um garoto bom, porém machucou-me até a alma, feriu-me fundo na alma.

Não respondi sua mensagem, não havia nada a ser respondido, Bradley estaria morto pra mim. Faria questão de não cruzar-lhe mais o caminho, até porque não o faria mesmo, estou prevendo eu me ferrando em breve. Muito em breve.

Chego tarde da noite em casa, entro desolada, solto um suspiro. Quando estou prestes a subir a escada escuto uma conversa fervorosa – assim dizendo, para não chamar de gritaria – vindo da cozinha.

Não costumo bisbilhotar os outros, a maioria das vezes estou nem aí para a vida alheia, mas escuto vozes conhecidas… De meu avô e da empregada Jessy. O que estaria meu avô fazendo aqui? Não estava ele viajando? E Jessy? Por que gritava com ele? Sim, isso mesmo, ela estava gritando com ele.

Aproximei-me sorrateira até a cozinha, comecei a ouvir tudo melhor.

— Você precisa cuidar dele! – Jessy falava alto, sua voz saia esganiçada.

— Eu já cuido! Te pago um salário gordo para que nada falte a ele – rebateu meu avô.

— Falta a sua presença! E quando ele crescer? Ele vai querer saber quem é o pai! O que direi? Ele é seu filho!

Arregalei meus olhos e tapei minha boca para impedir que dali saísse algum som.

— Nem ao menos sei se esse garoto é filho meu mesmo. Se ache sortuda por eu ainda lhe pagar um salário bom, por deixá-la trabalhar aqui!

— Seu hipócrita! Quando usou-me naquela época, quando eu era apenas uma jovem bobinha de dezessete anos, não me desdenhava assim! Seu sujo! Tenho nojo de ti!

Meu coração estava acelerado, minha boca seca. Meu Deus do céu! Dai-me graças! Meu avô havia se envolvido com uma menor e havia tido um filho bastardo.

— Chega disso, Jessy! Chega! Não teime comigo, se não a mandarei embora e nem pense em abrir o bico – ele bufou – Darei o aumento em seu salário, mas cale o bico. Agora, não me atormente mais, tenho que resolver algumas coisas.

Tirei uma rapidez dos deuses e corri silenciosamente em direção ao meu quarto, ainda chocada. Chegando em quarto, tranquei-me e tirei meu casaco, sentei em minha cama ainda abismada.

Meu avô havia tido um caso com Jessy e ao ela engravidar a trouxe pra cá? Ou ela veio trabalhar aqui e eles tiveram um caso? Jesus! É muita coisa em pouco tempo, sinto minha cabeça quase explodir.

Parece que tudo a minha volta está desabando, tudo parece estar errado, tudo muito confuso. Assusto-me quando meu avô bate em minha porta.

— Carmen, está aí? – sua voz era áspera, meu coração gelou.

Engoli em seco.

— S-sim.

— Ótimo. Quero que desça, quero falar com você sobre algo.

Meu coração estava a mil. O que será que seria?

— Oh, sim, vô! Logo irei, vou tomar um banho apenas. Já desço.

— Ok.

Escutei seus passos de afastamento.

O que será que meu avô queria falar comigo? Ele não estava viajando com a vovó? Estranho…

No fundo, no fundo eu sabia do que se trava, somente não sabia que essa conversa nos traria graves consequências.