Na manhã seguinte, Martha e Alexis acordaram ao som de uma música bem romântica cantada por um grupo famoso.

No entanto, a voz do Castle se sobressaía, indicando que ele estava muito feliz e isso alegrou o coração delas.

Ainda no topo da escada, Alexis olhou feliz para a avó e, franzindo a testa em sinal de dúvida, indagou – Você já viu o papai assim, vovó?

— Feliz?

— Isso, vovó, muito feliz!

— Sim, querida, por diversas vezes eu vi seu pai assim... – Martha franziu a testa e ficou a pensar e logo algo veio à sua mente – Lembrei! Por exemplo... Quando ele soube que a sua mãe estava grávida... Quando ele soube que o bebê era uma menininha. Ah, e também tem o dia em que você nasceu, Alexis... Nossa Senhora!! Nunca vi seu pai tão feliz. Tem também o dia que que você falou “papai” pela primeira vez. Você precisa saber que ele quase morreu de alegria, viu, querida, e cantarolava o tempo todo. E tantas outras situações envolvendo você, meu anjo. Seu pai te ama muito. Você o faz feliz. Mas o que também é incrível, criança, é que seu pai também ficava exatamente assim, feliz da vida quando você fazia peraltices. – Marta fez no rosto um trejeito de censura misturado com carinho e amor – Mas seu pai é assim, um ser humano maravilhoso! Ele achava divertidíssimo ver suas traquinagens. Aliás, Alexis, você tem esse poder de deixar o seu pai feliz. Você é a luz da vida dele.

— Ah, vovó... Assim eu não aguento! – a ruivinha ficou comovida ao ouvir o relato emocionante da avó – Eu sei que o papai me ama, vovó, e eu também o amo, sabe... Mas estou intuindo que essa cantoria dele diz respeito a alguma mulher, viu... – Alex falava em tom de mistério, mas um mistério bom e promissor e seus olhos brilhavam – Esta música que o papai está cantando agora, por exemplo, fala de amor entre um homem e uma mulher... – a garota ruiva encarou a avó, toda contente – Hey, vovó, será que, finalmente, o papai conseguiu tirar a Beckett da cabeça e começou a se interessar por outra mulher?

— Será?

— Bem, sendo bem sincera, eu preferia que essa mulher fosse a detetive Beckett, mas já que ela não quer nada com o papai, então... Que ele seja feliz com outra mulher, né, vovó?

De forma bem teatral, Martha colocou as mãos para o alto, como se tivesse agradecendo aquela dádiva – Glória a Deus, querida, se isso for verdade. Óbvio que eu também preferia que a Katherine amasse o meu filho como ele a ama, mas, se ele, finalmente, se interessou por outra mulher, que Deus o ajude, né? Eu só quero que ele seja feliz, minha criança.

— Então, vamos descer, vovó. Quem sabe o papai nos confidencia algo, eihm? – A garota confessou em tom de segredo e fez uma careta engraçada.

Elas segredavam e sorriam satisfeitas com a felicidade do Castle.

Enquanto as duas desciam, a cantoria do Castle ficava mais próxima, até que perceberam que ele estava na cozinha, preparando um substancial café da manhã para todos.

Ao vê-las, Castle não poupou abraços, beijos e desejou um “Bom Dia” animado.

— Papai, estou muito feliz por te ver assim. – Alexis revelou ao pai.

— Concordo com a Alexis, Richard. Também estou feliz da vida por te encontrar assim, animado, feliz, cantarolando músicas lindas e românticas. Adoro músicas românticas... Românticas! – Martha solfejou aquela palavra de modo muito afinado, fazendo Castle e Alexis sorrirem.

Ainda sorrindo e muito contente, virando uma panqueca no ar, Castle fez a revelação que Alexis e Martha esperavam – Pois vocês estão certíssimas! Estou muito feliz.

— E esta felicidade tem nome, papai?

— Ah, que mocinha curiosa! – Castle brincou com a filha, indo até ela dando um beijinho na ponta do nariz rosado – Minha felicidade não só tem um nome, como também tem sobrenome... Dois sobrenomes, para ser mais exato, filha. – Castle esclareceu.

— Que seriam... – Martha fez um trejeito divertido no rosto, indicando que queria saber os sobrenomes da “felicidade” do filho.

— Sei que vocês estão curiosas para saber e eu estou ansioso para revelar... Minha felicidade tem nome e sobrenome: Katherine Houghton Beckett.

— A Katherine!?

— A Detetive Beckett!?

Tanto a Martha quanto a Alexis ficaram surpresas, e os sorrisos de alegria surgiram naturalmente em ambas as faces.

As duas ficaram boquiabertas com aquela revelação tão repentina.

— Como assim, papai? – Alexis estava boquiaberta e não conseguia esconder sua surpresa – Até ontem você era só tristeza com relação a detetive Beckett.

— Ainda bem que o mundo gira, filha, e, graças a Deus, girou para melhor!

— Que notícia maravilhosa, Richard! O que foi que aconteceu para a Katherine, finalmente, assumir o amor que ela sente por você?

— Pois é, mamãe... Coisas do coração. – Castle comentou de modo vago.

— Quero saber tudo sobre você e a Katherine, querido... Conte para nós. – Marta estava radiante.

— Estamos invadindo sua privacidade porque você deu espaço, viu, papai... – Alexis provocou o pai, mas os três sorriram de alegria.

O ambiente estava próprio para conversas de amor, de paz, de harmonia e de muita felicidade.

— Bem, vou resumir. Eu fui ver a Beckett ontem à noite, logo depois do nosso jantar aqui, mamãe... Eu e ela conversamos muito. Você sabe, né... Aquela conversa boa... um assunto foi puxando outro, cada um mais agradável que o outro até que começos a falar sobre nós dois e... Aconteceu... O momento ficou propício tanto para eu falar do meu amor por ela, quanto para ela confessar que também me ama... Então, para resumir, preciso dizer que o amor está no ar e eu e ela estamos nas nuvens. Estamos muito felizes! Estamos namorando.

— Êba!!! – Alexis aplaudiu, toda feliz.

— Graças a Deus, filho! Meu maior desejo era que vocês se acertassem... Estava óbvio para mim que a Kate te ama há algum tempo, mas que por algum motivo que ainda não sei, ela não tinha coragem de se declarar...

— Não importa mais, né, vovó? Agora ela e o papai estão namorando e felizes! – Alexis deu um forte abraço e um beijo estalado na face do pai – Você está lindo, papai, com esse sorriso grudado no rosto... Seus olhos estão brilhando! E eu, claro, estou muito feliz com tudo isso. Eu sempre gostei muito da detetive Beckett e acho que ela é a mulher certa para você.

Aproveitando a deixa, Castle procurou atender a solicitação sigilosa da Kate – No entanto, preciso pedir algo para vocês duas... – ele falou em tom misterioso – Relaxem! É um pedido simples, mas muito importante para a Kate. Ela ainda não quer que nosso namoro chegue ao conhecimento do pessoal do Distrito...

— Mas... Essa eu não entendi, Richard... A Lanie, o Esposito e o Ryan são amigos de voc... – Martha começou a listar os nomes dos amigos do casal.

— Nem mesmo eles, mamãe... A Beckettt disse que existe no Distrito uma regra de não poder haver namoro entre colegas de trabalho, então vou atender esse pedido dela.

— Mas vocês não são colegas de trabalho, querido, já que você não recebe salário para ajudar a Kate... Você é um colaborador civil. – Martha argumentou.

— Eu disse isso para ela, mamãe, mas você conhece a Kate, né... – Castle torceu a boca – Ela gosta de tudo certinho... Então, não custa nada atender a este pedido dela.

— Mas até onde eu sei a Lanie e o Esposito mantém um namoro meio louco... ora eles estão juntos, ora separados e depois retornam... – Alexis se pronunciou.

— Eu sei... Aliás, todos sabem... Mas é como eu falei, filha, a Kate prefere assim... Então, vamos fazer isso, ok?

Martha e Alexis assentiram e naquele instante, Castle percebeu que seria o melhor momento para pedir algo que salvaria o seu plano de namoro “fake” com a Kate.

— Aproveitando o ensejo.. – ele sorriu e prosseguiu – Quero fazer outro pedido a vocês.

— Outro pedido? – Alexis indagou curiosa.

— Pois diga, filho.

— Bem, é muito simples. Eu peço que, pelo amor de Deus, não toquem em assuntos íntimos com a Kate, principalmente relacionados ao amor, romance e sentimentos. Não comentem nada sobre o amor dela por mim ou sobre o meu amor por ela. Não mencionem nada acerca do meu sofrimento por amá-la durante todos estes anos e não ter de volta o amor dela..., porque vocês a conhecem, né... Ela é muito discreta e não gosta de tocar nestes assuntos privativos... Até porque, se ela ouvir comentários de vocês deste tipo, ela vai se sentir pressionada e cobrada, entenderam, e corremos o risco de ela se fechar novamente dentro da muralha que ela havia construído ao seu redor. Acho que não vou conseguir transpor, muito menos quebrar pedra por pedra novamente.

— Você está certo, papai. – Alexis concordou com o ponto de vista do pai.

— No entanto, se ela própria tomar a iniciativa de falar sobre isso, aí já é outra coisa... Fica por conta dela, ok? – Castle concluiu.

— Se é assim que você quer... – Martha demonstrou estar na mesma sintonia do filho – Por mim, tudo bem, querido.

— Por mim também, papai!

— Amo vocês!

— Também te amo, papai.

— Também te amo, filho.

— Então, abraço coletivo! Êêê!!!

Depois do abraço coletivo, Castle convidou a todos para a refeição matinal que acabara de preparar.

Como sempre a conversa à mesa foi animada, mas nesta manhã havia um diferencial, principalmente porque o assunto central foi o namoro do Castle com a detetive Beckett.

Continua...