Com seu plano sendo colocado em prática, Jack sorri e direciona o navio de Noren, que se aproximava da tempestade que atingia aquela região, indo de encontro com seus adversários, a Companhia das Índias Orientais.
— Os navios deles estão nos alcançando - Berra Carca Noren confuso.
— Eu sei, é exatamente o que queremos - Sparrow continua controlando o timão à medida que os navios inimigos se aproximavam, até que algo os atrasa repentinamente.
— O que está acontecendo? - Grita um minotauro apavorado.
— São os deuses dos mares - Proclama outro cheio de si.
— O que é isso? - Pergunta um terceiro olhando para Jack, que desviou o olhar no mesmo instante.
— Receio que sejam os deuses dos mares, companheiros - A tripulação se desespera, mas Sparrow se coloca no meio do deque e berra alto o bastante para sua voz ecoar pelos quatro cantos do navio enquanto um dos almirantes de Noren segurava o timão desesperado - Homens, me escutem. Os deuses podem passar a eternidade desejando nosso fim e fazendo de tudo para que isso se torne realidade, mas hoje há alguém que eles detestam mais do que nós por perto. Homens que pensam que podem impor ao mar o que bem entenderem, e isso vai mudar hoje - Os minotauros erguem suas espadas, então os barcos inimigos se aproximam com mais voracidade.
— Homens - Grita Noren erguendo sua pistola - Preparem os canhões - Assim que os minotauros se separam e organizam as armas no convés do navio, a embarcação da Companhia fica lado a lado com eles, mas o navio de Le Feau surge por trás deste, disparando com seus canhões sem hesitação.
— Vamos acabar com esses malditos - Berra Le Feau erguendo sua espada, então, instantes depois, muitos piratas da tripulação francesa pulam em cordas tentando alcançar o navio inimigo, que se afasta da confusão pouco depois.
— Estão se realinhando, Sparrow - Observa Carca Noren repleto de concentração - O que pretende fazer quanto a isso?
— Aguarde, capitão. Seu jovem segundo homem sabe o que faz - No interior do navio da Companhia, alguns homens resgatavam Beckett, cobrindo o jovem com uma manta enquanto outros traziam algo quente para ele comer.
— Carter Beckett? - Indaga um dos superiores do navio impressionado - Está vivo, quem diria?
— Olhe como fala. Sou o assistente do comandante da Companhia.
— Mas me parece que o Comandante está morto - Declara o superior com satisfação enquanto alguns o fitavam com censura.
— O que faz dele o novo comandante - Afirma um membro mais velho se aproximando dos companheiros - Nosso comandante temporário até chegarmos em terras firmes e decidirmos esse assunto formalmente.
— Pois não temos tempo a perder - Afirma o superior tomando a frente da tripulação - Vamos nos reunir com o segundo navio da frota e organizar um novo ataque - Beckett é afastado dos demais companheiros, mas assim que se aproximam um pouco mais do seu navio, percebem que as cores da bandeira da Companhia ostentadas no topo do mastro haviam sido substituídas por uma bandeira negra com uma caveira branca no centro. O superior cerra os dentes irritado, perdendo a cabeça ao reparar que o navio de Carca Noren havia desaparecido - Meia volta homens - Beckett toma a frente dos marinheiros e grita para todos - Vocês não conhecem ou viram metade do que eu vi. Agora mesmo eu possuo algo sobrenatural que nos levará direto a Jack Sparrow, o responsável por essa confusão e pelo nosso navio tomado.
— E como pretende descobrir isso? - Questiona um marujo cético.
— Por meio de uma coisa que ele esqueceu comigo - Esclarece Carter sorrindo orgulhoso - Permitam que eu seja seu comandante e garanto que em alguns anos teremos o controle dos mares - O navio restante da Companhia dá meia volta e segue por águas distantes à procura do navio de Carca Noren, que estava em um lugar diferente do que eles imaginavam. O Asa Celeste de Noren está ancorado em Tortuga enquanto a tripulação se diverte nos bares e prostíbulos, aproveitando ao máximo sua parte do tesouro.
— Esperava convence-lo a se juntar à nossa tripulação, Sparrow - Declara Noren insatisfeito - Não me agrada saber que vai continuar com aqueles sujeitos imundos.
— Nem pretendo - Declara Jack com os pensamentos em outras coisas - O problema mesmo é o capitão Le Feau, ele vai continuar no meu encalço esperando você se distanciar o suficiente para me atacar.
— Por isso ficaremos de olho aberto em cima desses franceses - Afirma Noren sorrindo e se afastando para junto de seu navio - Sinto muito por Fince.
— Não sinta. Nós dois sabíamos que alguém terminaria matando ela, só não contava que Beckett fosse fazê-lo.
— Sabe que aquele garoto vai se tornar um incômodo na sua vida, não é?
— Então fui um bom tutor - Afirma Jack sorrindente.
— Você não presta, Sparrow. Continue assim e talvez um dia se torne um legítimo pirata - Carca pausa um instante e encara Jack com curiosidade - Engraçado, esse nome me é familiar.
— Com certeza já ouviu falar do capitão do Pérola Negra, o navio que saiu das profundezas, direto da coleção de Netuno, o arauto do deus dos mares que o enganou e à sua esposa, entregando o domínio do mar aos homens. Um lorde pirata.
— Acho que é outro Sparrow - Noren chama seus últimos homens para embarcarem no navio.
— Meu pai me deu esse nome em homenagem ao arauto, creio eu - O enorme navio de Carca Noren parte em direção ao horizonte enquanto Jack se aproxima de Nero, que tomava seu terceiro caneco de rum.
— Está servido?
— Com toda a certeza, meu caro - Sparrow enche um caneco para si e ambos passam a observar as meretrizes que passavam.
— Não foi tão difícil quanto eu imaginava - Confessa Nero babando um pouco do rum que tinha tomado.
— Mas acredito que tenha sido uma boa experiência para contar aos seus netos quando envelhecer e estiver próximo de sua última e derradeira manhã.
— Contar o que? Que fui hipnotizado por um tesouro cheio de magia negra?
— Contar que conheceu o famoso capitão do Pérola Negra.
— Então você mentiu e seu nome é Hector Barbosa?
— Esse sujeito jamais será capitão do meu navio.
— Da última vez que ancorou ele era o capitão.
— E será a última assim que eu encontrar aquele navio. Mas para isso vou precisar do navio que recuperamos da Comñanhia das Índias Orientais.
— Os homens levaram - Declara Nero terminando seu rum.
— Que homens?
— Os mesmos que te ajudaram a recuperar o tesouro.
— Aqueles imundos me traíram?
— Acharam que mereciam o navio como recompensa por tudo o que aconteceu - Jack suspira angustiado quando abre sua bússola, revelando um sorriso cheio de diversão.
— Pelo menos a bússola ainda está comigo.
— Esqueceu-se de que ficou com o garoto da Companhia?
— Não ficou. Eu dei a ele uma bússola quebrada - Nero encara Sparrow por um instante antes de cair na gargalhda.
— Gostaria de vê-lo agora, perdido no meio do mar - Sparrow termina seu rum e se vira arrumando o chapéu em sua cabeça.
— Foi uma maldição conhecê-lo Nero, mas espero que se dê bem com sua parte do tesouro. Se perguntarem, diga que estarei rumando para a Inglaterra, lá me parece um lugar extremamente agradável.
— E quem iria perguntar a seu respeito? - Jack balança a cabeça indignado e fecha sua bússola.
— Qualquer tolo nos sete mares que já ouviu falar no capitão Jack Sparrow. Por que sou e ainda serei reconhecido como o maior capitão pirata de todos, savy?


As ondas batem nas rochas enquanto alguns homens vomitam, enjoados com o excesso de cocô de gaivota espalhado por todos os cantos. O superior se aproxima irritado do novo comandante.
— Você não disse que a bússola nos ajudaria a encontrar Sparrow?
— Eu tinha certeza - O sujeito se afasta, deixando Beckett sozinho com seus pensamentos. Ele se lembra do momento em que disparou no peito de Hellen Fince e da expressão de Sparrow momentos antes de sua reação. Eles devian ser amigos não fosse o egoísmo de Jack, mas se ele era assim era devido à sua criação, vinda de piratas tão iguais e deploráveis quanto ele.
— Maldito seja Jack Sparrow - Ele pensa em sua promoção oficial para comandar a Companhia e seus pensamentos se enchem de raiva enquanto ele joga a bússola quebrada no meio da água rasa - Nós ainda não terminamos.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.