Os piratas estavam a dois dias no mar, iam para no porto de Málaga para abastecerem o navio, e logo depois iriam continuar a jornada até a caverna Parveti, que ficava na ilha Diluna.


Jack não estava totalmente focado em sua busca, saber que tinha uma filha meio que o tirou um pouco dos trilhos. Ele não sabia como agir com ela, mas Felicity não cobrava muito do pai, então ele ficava mais tranquilo.
Os marujos tinham se adaptado bem a ela,ninguém era estúpido o suficiente para mexer com a filha do capitão. Gibs e City criaram uma grande amizade, apesar da paranóia do pirata sobre mulheres no navio. City também adoraria ser amiga de Aurora, mas a mesma não cooperava muito com isso, era muito fechada.


E no meio de tudo isso ainda havia Heitor. Desde que Felicity tinha cido descoberta ele nem olhava na cara dela, e nem tinha voltado ao Pérola. A Sparrow se sentia estranha em relação a isso, sentia falta de sua presença, mas achava ridículo ele ainda estar irritado com ela por causa disto, o que ela fez foi preciso, ele nem a conhecia direito, então por que estava tão irritado? E por que ela se importava tanto com isso? Ela não sabia responder. Ela estava muito confusa, mas precisava se concentrar, estavam cada vez mais perto da caverna, e ainda tinham muito a enfrentar. Quando tudo terminasse ela nem o veria mais. Mas não era isso que ela queria, ela queria vê-lo depois do fim da aventura. Ah! Estava tão confusa, mal sabia ela que Heitor sofria com as mesmas dúvidas.
...
Ao meio dia, os piratas chegaram ao porto de Málaga. Jack deixou seus marujos livres até o fim da tarde, ele e seus dois amigos capitães foram em busca dos suprimentos para abastecer o navio. Felicity preferiu ficar no Pérola.
Enquanto desembarcavam, ninguém notou a figura encapuzada que observava o Pérola de perto. Ela conhecia muito bem aquele navio, e conhecia melhor ainda seu capitão. Ela sorriu, não via a hora de encontrá-lo.


Felicity viu Aurora sozinha na proa, foi falar com ela.
— Aurora, oi.
A sereia deu um sorriso fraco. Felicity continuou:
— Olha, sei que acha que vamos te machucar, mas acretide, não vamos.
— Não é isso, é que sinto falta dos meus pais.
A pirata ficou surpresa.
— Você tem pais?
— Sim, não sou como as outras, meu pai é humano, ele se chama Philip, minha mãe chama Syrena.
City já tinha escutado histórias sobre esses dois.
— Eu sei como é sentir falta dos pais. Prometo fazer Jack levá-la de volta para eles ta? Quando tudo acabar, você pode escolher, se vai, ou se fica.
Aurora sorriu, mas dessa vez foi um sorriso de verdade.
...
No meio da tarde, Jack e os outros capitães já tinham pego o necessário para abastecer o navio, então eles se juntaram aos marujos para se divertirem.
Estavam em um bar, a maioria dos marujos estavam acompanhados de mulheres, Jack era um dos que estavam sozinhos. Desde que abandonara Angélica naquela ilha, ele não conseguia pensar em nenhuma outra mulher. Sentia falta dela, nem mesmo a implicancia dela com ele fazia Jack querer se afastar.


Jack só queria reunir sua família, Angélica, Felicity e ele, juntos. Era o maior sonho dele naquele momento, seu tesouro mais cobiçado, e se Angélica não quisesse ir com ele, ele a sequestraria e levaria até o Pérola.


Bom, mas para fazer tudo isso ele tinha que achá-la. Jack tomou um gole do seu rum. Essa era a parte difícil, encontrá-la. Mas ele conseguiria, afinal, ele era o Capitão Jack Sparrow, ele sempre conseguia o que queria( ou quase sempre). Ele sorriu e bebeu mais um pouco, já tinha passado por tanta coisa, amava aventuras, mas esperava de coração que essa fosse a última.
Ele e os outros continuaram bebendo, cantando e dançando a tarde inteira. Então o sol se pôs, era hora de voltar ao Pérola.
...
Ao analisar o navio, a pessoa encapuzada concluiu que o mesmo estava vazio. Grande erro.
Começou a caminhar em direção a grande embarcação sorrateiramente, quando começou a subir a rampa de acesso do navio, olhou para trás para se sertificar de que não estava sendo observada. Quando voltou a olhar para frente, já no Pérola, deu de cara com uma moça com cara de poucos amigos. A moça perguntou:
—Quem é você?
A pessoa tirou o capuz, era uma mulher latina. Não conseguiu responder à garota, olhava para ela e só conseguia pensar que ela era...
— Quem é você?? - perguntou novamente.
Jack acabara de chegar ao navio, e não podia acreditar no que via.
—Angélica!? - exclamou ele.
Foi a vez de Felicity ficar incrédula.
—Mãe?
Angélica sorriu.
— Oi filha.


Os três estavam na cabine do Jack, ele, Angélica e Felicity, as duas últimas em um abraço que já durara dez minutos.
—Mãe, como é bom poder te abraçar.
Angélica se afastou um pouco de sua filha para poder olhar nos olhos da mesma.
—Me perdoe filha, por ter te deixado naquele orfanato, foi preciso, para a sua proteção.
— Eu sei mãe, eu sei.
Ambas se abraçaram de novo.
— Espere um momento. - disse se afastando novamente de sua filha. - eu falei pra você procurar seu pai quando completasse 18 anos, você ainda tem 16!
Felicity gaguejou, não sabia o que responder. Jack resolveu ajudar sua filha.
— Angélica querida, o que veio fazer aqui, estou feliz em vê-la, mas sei que não está aqui para comer bolinhos e tomar chá.
— Primeiro, eu vim te espancar, e depois eu iria contar que temos uma filha e que precisávamos ir atrás dela, mas isso já está resolvido.
—Bom, amor - Angélica não ficou muito feliz com o apelido - imagino que, como nossa filha irá ficar no navio e seguir nessa aventura, você irá fazer o mesmo, afinal, não vai deixa-la de novo, não é?
Jack estava louco para ouvir que ela viajaria com ele.
— Sim, irei ficar, jamais vou deixar minha filha novamente.
Felicity abraçou sua mãe(mais uma vez) e em seguida saiu da cabine, queria deixar seus pais a sós.
...
Aurora estava novamente na proa, era seu lugar favorito. Mexia distraidamente na manga de sua blusa, tinha ganhado roupas, uma camisa, calça e corpete.
Gostava da proa, pois os marujos não iam muito ali, ela gostava de ficar só, os únicos com quem falava eram Felicity e Simon. Felicity tinha salvado ela das outras sereias, tinha uma dívida com ela. Simon era um ótimo amigo, era o único que conseguia fazer ela rir.


Simon procurava Aurora, queria saber se ela estava bem, tinha certa empatia pela pequena sereia. A achou na proa, ele sorriu, ela nunca saía de lá. Ele parou ao lado dela e sorriu, ela retribuiu com um belo sorriso. Ambos ficaram em silêncio por um tempo, até Simon perguntar:
— Você sente falta de casa, não sente?
— Sinto, mas não é ruim estar aqui, lá eu tinha que fugir sempre das outras sereias. Era exaustível.
— Você pode ir para outro lugar quando tudo acabar, ou pode ficar aqui.
— Não posso ficar, tenho que voltar para os meus pais.
Simon sentiu uma pontada de dor no peito.
—Mas em outras circunstâcias eu ficaria, com certeza ficaria.
Simon teve uma vontade súbita de abraçá-la, e foi o que fez.
— Pense bem nisso Aurora, você pode ficar se quiser, você pode fazer tudo.
Ela retribuiu o abraço.
—Vou pensar.
Os dois ficaram abraçados por um tempo,sem notarem que estavam sendo observados.
Felicity sorriu ao ver os dois abraçados, gostava dessa proximidade deles, gostava ainda mais de pensar no que aquilo poderia se tornar.


Ela voltou a andar pelo convés, pensava em tudo que havia acontecido naquele dia, fora um longo dia, precisava descansar, mas não conseguia, não tinha sono. Foi até a amurada do navio e se encostou na mesmo, olhando o mar. Sorriu ao notar que olhar para ele já não trazia aquela tristeza de sempre, mas ao levantar a cabeça, esse sorriso se foi. No Holandês Voador, que estava ao lado do Pérola, ela avistou Heitor, o mesmo a olhou por alguns instantes e em seguida foi para sua cabine. Felicity suspirou, estava na hora de resolver aquilo.