Pirata do Espaço: O Retorno

Capítulo 09: Perigo a espreita


O jantar foi oferecido no salão da base Akane. Além do pessoal da base e dos oficiais, o dr. Shimura e Midori foram convidados. O chefe Yoshida e sua sobrinha Mariko tinham acabado de chegar.

— Que beleza! – Falou Kito pegando duas bebidas e oferecendo uma para Midori que agradeceu com um sorriso. - Joe também se serviu.

— Sim. Tempo que não temos um jantar como esse e o motivo não poderia ser melhor, o retorno de nossa querida Rita. – Disse Midori

— É verdade. – concordou o dr. Shimura. – Não esperava revê-la, foi uma grata surpresa. Há algum motivo especial para ela ter voltado? – perguntou olhando para Joe.

— Rita não nos disse, apenas que falaria sobre isso amanhã.

Mariko após cumprimentar o professor percorre rapidamente o salão procurando por Joe e fica feliz ao constatar que a gailariana não estava por perto e logo se dirige para o grupo onde estava Joe.

— Boa noite. – diz ela com um sorriso sedutor.

— Mariko! Boa noite – Se Joe não repara, todos os outros homens a olharam com admiração. Ela usava um vestido preto com uma fenda lateral. Os cabelos presos com uma presilha dourada realçavam seu rosto.

— Você está fugindo de mim? Não me ligou mais – perguntou ela ignorando os outros.

— Claro que não. Estive muito ocupado esses dias. – Respondeu meio desconcertado. - Deixe-me apresentar. Essa é Midori uma grande amiga, seu pai, o Dr. Shimura e este é Kito, o novo piloto do Pirata do Espaço.

— Então você está substituindo Rita. Ainda bem que não usa saia curta – disse ela maldosamente.

O que fez somente Kito ri. – Acho que seria um pouco estranho. – disse ele percebendo que ali estava um problema para Joe. – Mas espero cumprir com meu dever tão bem quanto minha antecessora que era uma excelente piloto. – Disse de forma a demonstrar que Rita não era só um rostinho bonito atrás de um manche.

— É verdade. Rita não só nos salvou trazendo o Pirata do Espaço como também foi fundamental como piloto ao lado de Joe. - Reforçou Midori olhando para Joe.

— Ora, ora... Vejo que a alienígena tem um fã clube.

— Rita não é uma alienígena. – Disse Joe firme. – Ela é tão humana quanto qualquer um de nós.

— E por falar nela. – Disse Kito apontando para as luzes no céu da noite.

As luzes descendo em direção a ilha Akane anunciavam um pequeno transporte, a nave que ficou orbitando a Terra. O transporte recolheu suas asas e pousou no terraço, uma porta lateral abriu e os gailarianos desembarcaram.

Desta vez Rita escolheu uma roupa gailariana assim como seus amigos. Elas usavam vestidos com corpete bem justo e a saia em várias camadas de tecidos leves que pareciam flutuar. As três jovens eram muito diferentes entre si, mas tinham praticamente a mesma altura e o mesmo tipo de corpo magro, alto e bem delineado. Rita escolheu um vestido todo branco e detalhes dourados de corpete e tomara que caia com ornamentos que se projetavam como pequenas pontas brilhantes. Amanda usava um vestido em tons de azul e Junea um vestido vermelho com detalhes amarelos e todas tinham pequenas tiaras na testa. Dimitri e Cory também chamaram a atenção das mulheres pelo porte alto e atlético, principalmente Dimitri com suas belas feições. Eles usavam sobretudo longo preso por cinto.

— Como você deixou uma garota como essa partir? - Perguntou Kito cochichando por cima do ombro de Joe que não conseguiu pronunciar nenhuma palavra.

O professor Tobishima se aproximou do grupo

— Que bom que chegaram – disse ele. – Atenção todos. Com muita alegria recebemos hoje nossa querida Rita e também novos amigos que tivemos o prazer de conhecer.

Houve aplausos e muitos sorrisos.

— Com licença – Disse Joe e virou-se para ir de encontro ao grupo que acabara de chegar.

Mariko fuzilou Rita com os olhos, nunca a odiou tanto quanto agora.

— Façamos um brinde. - Estava dizendo o professor pegando uma taça servida por um garçon, seguido pelos visitantes.

— E o que devemos brindar? – Perguntou Joe chegando ao grupo e seus olhos brilharam de admiração quando encontraram os de Rita. Rita também o admirou, nunca o tinha visto vestido daquela forma tão atraente de blazer preto, camisa branca um pouco displicente mas muito charmoso.

— A nossa amizade e a paz – Disse. O professor, Joe e Rita levantam os copos para se tocarem e dizem – Saúde! – Enquanto os outros olham sem entender.

— Quando queremos brindar algo. Levantamos nossos copos para se tocarem e dizemos saúde – explicou Rita. - Então. Brindamos – Dessa vez todos repetiram o gesto e depois beberam o líquido gelado.

Cory dá uma boa golada – Isso é bom - diz ele.

— Cuidado com essa bebida ou poderá se embebedar. – Avisa Rita divertida.

O chefe Yoshida se aproximou do grupo.

— Rita! Que bom revê-la.

— Sim. É bom estar de volta. Deixe-me apresentar meus amigos de Gailar.

— Este é o chefe de Segurança Nacional Yoshida. E estes são meus amigos. Dimitri, Amanda, Cory e Junea.

— Sejam bem vindos. É um prazer conhecer os amigos de Rita.

— Agradecemos a acolhida. Estávamos ansiosos em conhecer a Terra. Rita muito nos falou daqui e de seus amigos. – Disse Dimitri

— Nós temos muito que agradecer a ela por tudo que fez por nós.

Rita levou seus amigos até Midori e dr. Shimura que a recebem com um abraço carinhoso.

— Rita, querida. Como é bom te ver. – Disse Midori abraçando a amiga

— É muito bom tê-la de volta. – Disse o dr. Shimura

Após as apresentações, a conversa seguiu descontraída e relembraram alguns acontecimentos de como Rita chegara e fora salva por Joe e dr. Shimura.

Os amigos de Rita ficaram bem à vontade. Cory e Junea adoraram a bebida. Joe e Rita trocavam olhares o tempo todo ansiosos em sair dali.

— Olá Rita. Lembra-se de mim? – Perguntou Mariko se aproximando do grupo e segurando o braço de Joe.

— Sim. Como vai Mariko? – Respondeu e percebeu como ela segurava o braço de Joe de forma possessiva.

— Bem. Realmente é uma surpresa vê-la de volta. Não esperava que retornasse. Não é mesmo, Joe? - Mas não deu oportunidade dele responder. – Vejo que trouxe alguns amigos. Não vai me apresentar.?

Após as devidas apresentações. O clima ficou um pouco desconfortável.

— Você sabe escolher muito bem seus amigos. – Disse olhando para Dimitri – E vocês pretendem ficar muito tempo? Espero que não estejam aqui para nos invadir novamente.

— Falaremos de nossa vinda à Terra amanhã. – Disse Rita. “Que garota desagradável”. Joe conseguiu desvencilhar do braço de Mariko.

— Isso mesmo. Hoje temos muito que comemorar. – Disse ele.

— Conte-nos sobre Gailar. Afinal, Rita não nos falou muito do seu planeta natal. Talvez seja porque não tenha muito que falar. Já que aqui na Terra ficava em um bloco de gelo. Talvez o planeta seja um enorme iceberg.

O comentário não agradou ao grupo de gailarianos.

— Pois fique sabendo que nosso planeta é tão bonito quanto Terra. – Junea não gostou do modo daquela garota. Em Gailar as pessoas eram sempre cordiais. – Diria que até mais bonito.

— Junea, por favor. – Suplicou Rita. - Não é surpresa a curiosidade sobre Gailar.

— Seja como for. Pelo menos os rapazes são muito bonitos. Vocês são só amigos? Não me parece – Disse ela apontando para Rita e Dimitri.

— Somos todos amigos. – Disse Amanda, também não gostando daquela terráquea. – Rita me falou que as pessoas da Terra eram bem receptivas, acho que sempre tem exceções, não é mesmo? – Disse com um sorriso amável e virando-se para Rita. – Rita, ainda não experimentamos a comida da Terra.

— É verdade. Já estou com fome. – Disse Cory sem perceber a troca de farpas.

— Sim. Claro – Que boa desculpa para sair dali, pensou Rita – Com licença. – E o grupo de gailarianos deixou Joe com Mariko indo em direção a mesa. Midori também acompanhou o grupo junto com Kito que permanecia o tempo todo ao lado dela..

Aos poucos os gailarianos estavam conversando com outras pessoas. Junea e Amanda se identificaram com Midori. Dimitri e Cory passaram a conversar com Kito e Ipei. Joe conseguiu se desvencilhar de Mariko e aos poucos Joe e Rita conseguiram sair sorrateiramente tentando não serem notados, mas foi impossível a Mariko que acompanhava cada passo dos dois.

*****

Ao saírem do prédio Joe e Rita caminham pela pista da base em silêncio cada um imerso em suas lembranças e das vezes que estiveram observando as estrelas naquele mesmo local. Pararam ao chegarem perto de um dos aviões. - Você está linda! – Disse Joe suavemente admirando-a sob a luz do luar. Rita se vira e o olha surpresa. Ele nunca a elogiou daquela forma. Sentiu o rosto enrubescer e agradeceu por estar um pouco escuro. – Eu esperei tanto por esse dia. – ele se aproximou até ficarem bem próximos. – Jamais pensei que fosse sentir tanto sua falta.

— Joe... – Disse ela.

— Aí estão vocês? – Uma voz feminina soou atrás de Joe quebrando todo o encanto. Rita olhou sobre o ombro dele que se voltou para ver quem tinha chegado. - Está uma linda noite, não é mesmo? – continuou Mariko. – Joe querido, por que não me chamou para apreciar a noite também?

O embaraço da situação deixou-os mudo. Rita sentiu a hostilidade de Mariko. Por isso ela continuou – Sabe Rita desde sua partida nós acabamos nos conhecendo melhor. Ficamos mais íntimos.

O choque dessas palavras deixou-a confusa - Acho melhor entrar. – Disse Rita querendo sair daquela situação e antes que vissem as suas lágrimas. Saiu quase correndo com os olhos turvos. Como pôde imaginar que ele iria aguardar que um dia ela retornasse? Como fora ingênua em guardar seu amor para ele.

Joe teve a intenção de ir atrás de Rita, mas Mariko se colocou no caminho barrando sua passagem.

— Por favor, fique. – diz ela suplicando. – Agora que ela voltou você vai me descartar.

— Mariko eu nunca disse que teríamos algo, se você pensou assim. Sei que tenho culpa em ter te dado esperança. Sinto muito.

— Que futuro vocês terão? Ela não pertence a esse mundo. Mais cedo ou mais tarde ela terá que voltar para o planeta dela. Ela é uma alienígena.

— Não. Ela não é. E mesmo que a vejam assim eu sempre a verei como uma de nós. A garota mais encantadora, generosa e mais linda que conheci. – Tinha que lhe dizer a verdade. – Sinto muito, você é uma pessoa maravilhosa, mas nós é que não temos futuro. Perdoe-me.

Joe sai na direção que Rita tomara, precisava falar com ela, esclarecer que ele nunca tivera nada com Mariko. Ao entrar no salão não a viu, perguntou a Amanda e Junea que conversavam com Midori e Kito e Cory que não saia de perto da mesa experimentando de tudo. Ele também não viu Dimitri. Percebeu que o rapaz sempre estava ao lado de Rita e o olhava com certa frieza. Inquieto se dirigiu para o terraço e a suspeita se confirmou, Rita estava acompanhada dele. Os dois estavam um ao lado do outro contemplando o céu. Por um momento hesitou em se aproximar. Será que Mariko tinha razão. Eles não teriam futuro juntos?

O que ocorreu é que Dimitri viu Rita entrar no salão e ir direto para o terraço e ele foi atrás percebendo que ela não parecia bem. Ao chegar ao seu lado percebeu que ela estava chorando silenciosamente.

— Rita. O que aconteceu? – Perguntou ele.

— Não... Não diga nada. – suplicou ela

— Posso ficar? – Perguntou

— Sim. Por favor.

Os dois permaneceram em silêncio contemplando as estrelas. Sem perceber, Joe havia chegado à porta e viu os dois. Mariko se põe ao seu lado.

— Parece que ela já tem alguém da sua espécie. - Disse maldosamente.

Daquele momento em diante todas as tentativas de se aproximar de Rita foram sem sucesso, ora por Mariko que não o deixava e Dimitri que não saia de perto dela. Os olhares que Dimitri lhe lançava deixava claro que Joe deveria ficar longe de Rita. Já era tarde da noite quando as pessoas começaram a dispersar, primeiro os oficiais, logo depois Midori e o dr. Shimura que foram acompanhados por Kito. Junea e Cory haviam bebido bastante e estavam um pouco embriagados.

— Rita. Precisamos de uma bebida dessas na Megan. – A voz de Cory estava totalmente embolada.

— Parece que estou flutuando no espaço. – Junea estava rindo o tempo todo abraçada a Cory.

— Vocês beberam demais. – Disse Rita.

— É melhor lavá-los de volta para a nave – Disse Dimitri.

Eles fizeram menção de pegar mais bebida, mas Rita retirou das mãos deles. – Vocês já beberam demais por hoje. Vamos voltar para a nave.

— Não... está cedo ainda. Estou me divertindo tanto, não é mesmo Cory? Cory? – Cory praticamente estava dormindo.

— Vamos Junea. – Disse Amanda pegando-a pelo braço. O mesmo fez Dimitri com Cory.

Eles foram se retirando em direção ao transporte enquanto Junea não parava de falar e chamar por Cory. Rita permaneceu uns instantes para se despedir de seus amigos que ainda estavam no salão.

— Professor, obrigada pela recepção.

— Ah, foi um prazer.

— Preciso ir.

— Você não quer ficar em seu antigo quarto – Joe se adiantou - Continua do mesmo jeito que você deixou.

— Não. Obrigada! Vou ficar na nave com meus amigos. Talvez Mariko queira ficar nele se não preferir passar a noite em outro quarto. Boa noite. – E antes que ele pudesse responder ela saiu apressada para alcançar seus amigos que já estavam no interior do transporte. Joe pode vê-la sentar ao lado de Dimitri e a pequena nave levantar voo levando-a de volta para o espaço.



*****

No dia seguinte o professor Tobishima juntamente com Joe, Kito e o chefe Yoshida foram convidados para irem até a Megan. Quando o pequeno transporte pousou, quem pilotava era Cory que desceu para recepcionar os convidados. Todos tomaram seus assentos e logo a nave levantou um voo suave e silencioso ganhando em questão de segundos o espaço deixando todos maravilhados com a visão do universo e a Terra em todo seu esplendor. O transporte acopla na lateral da Megan que o recolhe. Junea com um sorriso dá as boas vindas e os leva para uma sala redonda onde eram aguardados pelos outros tripulantes.

— Todos devem estar querendo saber o motivo que nos trouxe a Terra - Começou Rita - Apesar de desejar muito retornar – Ela olha para Joe - Infelizmente nossas políticas de exploração espacial não nos permitem aproximar de planetas com vida.

O piso iluminou e mostrou a Via Láctea com seus sistemas solares e milhares de estrelas sob os pés dos presentes. Um espetáculo de luzes e cores que foram se projetando do chão e envolvendo todos que se sentiram dentro do universo. Murmúrios de surpresa e admiração são ouvidos.

— Aqui está o sistema solar da Terra. – Continuou Rita usando um fino e comprido bastão luminoso para tocar nas imagens projetadas de forma a fazê-las mover, ampliar ou diminuir. – E aqui é sistema solar de Gailar – Aponta o bastão que evidencia o planeta até se aproximar e mostrar Gailar com seus aneis e duas luas.

— Então esse é o planeta Gailar!? – Exclama Joe ao ver como o planeta era bonito. – É muito bonito. – Diz ele olhando para Rita que mantém um olhar distante.

— Incrível. – Exclamou Kito.

— Gailar expandiu seu território fora de seu sistema solar. Toda esta área já foi explorada e nenhum destes planetas há vida. - A medida que fala movimenta o bastão. - Essa área que fica o sistema solar da Terra, não temos permissão para explorar para não podemos interferir em planetas que tenham qualquer tipo de vida inteligente.

— Como vocês conseguem explorar todo esse espaço? São anos luz de distâncias? - Perguntou o chefe Yoshida com misto de admiração e preocupação pelo desenvolvimento tecnológico de exploração espacial dos gailarianos.

— Nós temos propulsores de energia cósmica que nos permite desenvolver a hipervelocidade e entrar no hiperespaço. – Explica Dimitri. – Viajando vários anos luz em poucas horas.

— Foi essa hipervelocidade que os trouxeram aqui? – Perguntou Kito cada vez mais maravilhado com o que vi.

— Também. – Foi a vez de Cory. – Nossos cientistas desenvolveram o motor de On que é capaz de gerar energia cósmica que supera a hipervelocidade e nos permite “saltar” no espaço, cobrindo uma distância em pouco tempo.

— Inacreditável. Então a ida e vinda de um sistema solar para outro seria feito em poucos dias ou horas. – Exclamou o professor.

— Sim, ou em minutos no caso do salto. – Respondeu Rita.

— Se nosso sistema solar é proibido para vocês. Por que vieram?

— Acredito que eu e meus amigos fomos declarados traidores.

— O quê? – Exclamou Joe – Mas por quê?

— Apesar de ter meu coração aqui na Terra. Meu retorno estaria proibido pelos meios legais, nós fugimos no dia do lançamento da Megan que foi idealizada por meu pai.

Os terráqueos se olharam espantados, parecia que a história se repetia.

— Imagino que vocês tenham um motivo muito forte para tomar essa atitude. – Disse o chefe Yoshida.

— Sim. Junea, por favor. – Rita passa o bastão para Junea.

— Eu trabalho ou trabalhava no Observatório Central de Gailar monitorando o espaço. Recentemente uma de nossas naves avançadas de exploração foi atacada e destruída, todos os tripulantes mortos. Não sabemos o que aconteceu. Por isso intensificamos nossas observações e patrulhamento. - Fez uma pausa - E em uma de nossas observações conseguimos captar essas imagens. – Ela abre a imagem e mostra uma frota de naves.

— Mas o quê é isso? – O chefe Yoshida estava visivelmente espantado como todos os outros.

— São naves desconhecidas. Não sabemos de onde são e nem quem são. – Continuou Junea. – Rita em uma de nossas naves avançadas de patrulhamento foi atacada por uma nave. - Uma imagem tridimensional mostra o ataque que Rita sofreu.

— Mas é a mesma nave que atacou o Pirata do Espaço quando estava investigando as interferências. – Falou Joe surpreso.

— Então essas naves estão nos observando!? – Qustionou o professor Tobishima.

— Talvez. Tudo indica que elas estão neste ponto se deslocando em uma velocidade considerável e pela rota passariam pelo sistema solar da Terra – continuou Junea mostrando as naves e o sistema solar da Terra.

— Será que estamos perto de uma invasão alienígena? – Perguntou Joe.

— Não sabemos. - Ponderou Amanda - Essas naves não tentaram nenhum tipo de contato, apesar de terem sido vistas tanto em Gailar como na Terra.

— É por isso, meus amigos, que estamos aqui para alertá-los que um mal muito maior possa estar a caminho da Terra. – Disse Rita.

— E o que poderemos fazer? – Pergunta Joe – São milhares delas.

— Você disse que essas naves também apareceram próximas a Gailar. – Falou o professor Tobishima. – E o que os gailarianos irão fazer?

— Nosso Soberano e seus conselheiros resolveram aguardar e observar a movimentação delas.

As imagens desapareceram deixando parte dos presentes perplexos e preocupados.

— Não sei nem como agradecer pelo que estão fazendo. – Disse o chefe Yoshida. – Precisamos reunir o conselho imediatamente.

Após a explanação os visitantes são levados a uma sacada com uma enorme janela que permitia a visão do espaço e a Terra diante deles.

— Como é linda! – Disse Kito. – Eu imaginava que se um dia estivesse numa nave, iríamos flutuar por causa da falta de gravidade.

— A nave tem um sistema de controle de gravidade. A energia cósmica pode ser convertida para um mecanismo que simula a gravidade. – Explica Amanda.

— Extraordinário. – O professor estava extasiado, mas não demonstrou.

O alarme da nave ressoa.

— O que é isso? - Perguntou Joe.

— A nave detectou alguma coisa. – Explica Rita.

A janela fecha automaticamente. Todos se dirigiram para a cabine de navegação. Junea já estava diante de seu monitor.

— Três naves foram detectadas pelos nossos sonares.

— Consegue colocar na tela? – perguntou Dimitri

A imagem revela três naves de médio porte.

— Que distância? – Pergunta Rita

— 10.6 e avançando.

— É melhor irmos investigar. – diz Rita e voltando-se para o grupo de convidados. - Precisamos levá-los de volta à Terra.

— Eu vou ficar. – Disse Joe

— Eu também. – Kito se adianta – Podemos ser úteis.

Os gailarianos se entreolham.

— Concordo com eles. – Disse o professor – Se é algo que ameaça a Terra, precisamos saber imediatamente.

— Está bem. – Concorda Dimitri e acrescenta – Cory assuma a navegação. – E virando-se para Joe acrescenta – Joe, se você pilota tão bem o Pirata do Espaço poderá pilotar essa nave junto com Cory – Essa atitude surpreende a todos principalmente a Joe. - Amanda acione o sistema de defesa. – Ordena Dimitri - Rita, vamos investigar com os doubles.

— Certo.

— Kito, aguarde aqui e observe.

Todos tomaram seus lugares. Dimitri e Rita são levados por suas poltronas até seus doubles. Amanda no console do centro da cabine de navegação aciona vários comandos e as armas da nave começam a surgir; na frente três torres de canhão saem do casco da nave, lançadores de mísseis abaixo e metralhadoras laser nas laterais. Em questão de segundos duas naves menores partem em alta velocidade.

— Tempo para interceptação para doubles em 7.8 – Anuncia Junea que acompanhava os doubles pelo seu monitor

A tensão é tanta na cabine que ninguém fala nada. A imagem captada pelos doubles é transmitida pela enorme tela no teto. Cory também coloca a Megan em movimento, afastando-se da Terra e em segundos é apenas um pequeno ponto atrás deles.

— Joe preste atenção – Diz Cory - Todos esses indicadores mostram a velocidade, os níveis de energia e todos os sistemas da nave. Também mostra o nosso trajeto, qualquer anormalidade a nave alerta.

Joe olha para as luzes digitais dos paineis, não lembrava em nada o Pirata do Espaço, mas ele estava familiarizado com as funções de cada um.

— Tempo para interceptação dos doubles em 3.7.... - anuncia Junea - 2.5... 1.0, Doubles ao alcance.

Os doubles se aproximam rapidamente das naves. Dimitri tenta abrir comunicação, sem resposta passam por elas e retornam passando mais próximos. Dessa vez as naves desfazem a formação e atacam os doubles que começam a desviar dos projéteis ao mesmo tempo em que atacam. O que se segue é uma batalha de muitos raios e projéteis. Os doubles eram muito rápidos e letais, conseguiram destruir uma das naves e logo partiram para as duas restantes, cada double atacando uma nave, alguns projéteis os atingiram, porém sem efeito devido o escudo de energia. Os doubles mudam para o modo robô e pousam na superfície das naves com uma arma em punho nas enormes mãos robóticas e destroem as duas naves, afastando-se rapidamente antes das explosões. A Megan chega ao local e só vê os destroços.

Os doubles aparelham um de cada lado da Megan. Era possível ver a cabine do piloto que ficava entre os olhos quando estava no módulo robô.

— Junea. Algo no radar? – perguntou Dimitri

— Não. Nada.

Joe podia ver Rita no seu double, como temeu por ela ao ver a batalha na tela, impotente sem poder fazer nada e saber que ela estava lutando ao lado de outro homem.

— As naves não tentarão nenhum contato. – Ouviu Rita dizer.

— Talvez fossem naves de reconhecimento e nós acabamos detectando-as em nossos radares. – Disse Junea.

— É melhor vocês retornarem à nave. – Disse Cory.

Os doubles se afastam um pouco e fazem a mudança de módulo robô para astrocombate e são recolhidos a seus compartimentos.

— Junea mantenha todos os nossos sensores e radares em alerta máximo. – Pediu Cory

Logo Rita e Dimitri chegam à cabine de pilotos.

— Vocês estão bem? – Perguntou Amanda com voz aflita.

— Sim.

— Aquilo foi real! – Exclamou Junea.

— Mesmo vendo não consigo acreditar. – Kito estava perplexo. – Que naves!

— Vocês já tinham visto essas naves antes? – Perguntou Joe tentando manter o raciocínio.

— Não. Estamos diante de um inimigo desconhecido. – Responde Rita.

— O que será que elas estavam fazendo aqui? - Perguntou o Professor.

— Acho que estavam nos testando. - Disse Rita.

Todos olham para ela.

— Faz sentido. Se estão observando a Terra, provavelmente nos viram chegar. - Disse Dimitri pensativo.

— Precisamos retornar à Terra e reunir o conselho imediatamente - Disse o chefe Yoshida.

— Dimitri gostaria de agradecer por confiar em mim. – Disse Joe e Dimitri só assente com a cabeça.

A nave retorna rapidamente à Terra. Antes de desembarcar, Joe tenta falar com Rita.

— Rita, precisamos conversar. Por favor. – A voz suplicante de Joe fez a determinação de Rita cair por terra.

— Está bem.

— Mas não aqui e a sós. – Disse olhando para Dimitri.

Dessa vez Rita pilota o transporte de volta à Terra. Joe sentou-se a seu lado na poltrona destinada ao copiloto. Em poucos minutos estavam aterrissando na base Akane. Rita permanecia séria e não disse uma palavra. Todos desembarcaram, inclusive Rita, o chefe Yoshida e o professor Tobishima se dirigem rapidamente à sala de controle onde convocaria uma reunião de emergência, Kito segue os dois. Rita evita olhar para Joe.

— Rita, preciso esclarecer sobre Mariko e eu. – começou ele

— Não precisa me explicar nada.

— Por favor, preciso que saiba que nós acabamos saindo algumas vezes, mas só como amigos. Nunca tivemos nenhum tipo de envolvimento. Acredite em mim – Ele se aproximou – Por favor, me entenda por mais que eu quisesse acreditar que um dia a veria de novo, era quase impossível que voltasse.

— Eu entendo. Somos de mundos tão distantes e diferentes.

— Isso pra mim nunca existiu. Você sempre será uma de nós. – Ele falou com tanto carinho que ela não pode resistir e correu para os braços dele.

— Ah! Joe. – Disse afundando a cabeça em seu peito. Ele a abraçou com suavidade. – Estou tão perdida. Eu... não sei... – não conseguiu prosseguir.

— Diga-me uma coisa... você e Dimitri... – não terminou

— Não. – Ela o olha e balança energicamente a cabeça. - Ele é um bom amigo.

— Eu vi como ele te olha.

— Eu sei... mas nunca lhe dei esperança.

— E nós? Será que temos alguma esperança?

— Joe. – E voltou a mergulhar o rosto no peito dele sentindo o calor reconfortante dos corpos se tocarem, ambos ansiavam um pelo outro. Nenhum dos dois queria se separar e ficaram assim abraçados, o sol já começava seu declínio no horizonte.

De uma das janelas da base, Mariko observa tudo que acontecia. Sabia que se tivesse alguma chance de conquistar Joe, havia acabado naquele momento. Ela deixaria a ilha em breve com seu tio e provavelmente sairia da vida de Joe definitivamente.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.