Pirata do Espaço: O Retorno

Capitulo 06: Perigo Iminente


Os membros do Alto Conselho estavam reunidos na sede do Governo Central de Gailar, o coração do planeta. O meio círculo era formado de cinco fileiras em degraus no meio de um piso com a imagem do planeta Gailar. Rita e seu pai estavam na última fila. Em uma parte mais alta duas cadeiras imponentes vazias.

Uma porta lateral abriu e todos ficaram de pé. Um homem de aparência séria e altiva, alto e corpulento, olhos azuis vivazes, mas bondosos e os cabelos castanhos caiam sobre os ombros largos, a pele clara parecia brilhar em contato com a luz, estava acompanhado de dois oficiais e uma bela mulher com longos cabelos ruivos em um vestido longo azul e detalhes dourados e uma capa, uma tiara na cabeça deixava claro sua posição. Eram o soberano, Ainor e sua esposa Nôra. Todos fizeram uma reverência cruzando uma das mãos sobre o peito e curvando levemente o dorso.

— Saudações ao nosso soberano! – disse formalmente o Conselheiro Chefe, Euron, um homem de aparência severa em sua meia idade a pele azulada contrastando com os cabelos prateados.

— Que os verdadeiros sentimentos de Gailar prevaleçam. – Responderam todos de uma vez.

Assim que ele se sentou, todos se sentaram.

— Senhoras e senhores... – Euron fez uma reverência em direção ao Soberano e continuou – O motivo desta reunião é para tomarmos conhecimento do que está acontecendo em nossa galáxia. – Fez uma breve pausa. - Nossos sonares espaciais conseguiram captar uma frota de naves desconhecidas.

A sala escureceu e o ambiente se transformou mostrando a Galáxia conhecida pelos terráqueos como Via Láctea, era algo tão real que parecia ser possível tomar um daqueles milhares de planetas nas mãos. À medida que falava, inúmeras naves foram aparecendo.

— Essas imagens foram possíveis através de nossas sondas de longo alcance. Acreditamos que pode haver naves mais próximas uma vez que elas não são captadas por nossos radares. – Fez uma breve pausa. – Nossos observadores estudaram o comportamento dessas naves... São milhares e pela forma como se deslocam concluímos que possam ser naves de imigração.

Houve um murmúrio que percorreu toda a cúpula.

— E a que conclusão chegaram? – Perguntou o Soberano com sua voz forte e ao mesmo tempo calma.

— Nenhuma, Senhor. Não sabemos de onde elas vêm e nem seu objetivo e a grande quantidade de naves sugerem que vem de muito longe.

Rita voltou a olhar para a galáxia sobre eles e com olhos ávidos logo localizou o sistema solar da Terra, seu temor se concretizou, as naves estavam aparentemente se posicionando em direção ao sistema solar da Terra.

Um dos membros do conselho levantou e se dirigiu ao Soberano - Senhor a quantidade de naves é muito grande, nossas frotas são bem menores. Se estivermos à beira de uma possível guerra sugiro construir mais naves e armas de defesas.

— Somos um povo pacífico e não queremos guerra. Não vivemos para construir armas e destruir outros povos – disse o Soberano.

— Entendo senhor, mas uma de nossas naves já foi destruída. Se não fizermos nada agora poderemos ser atacados sem nenhuma possibilidade de sobrevivência.

O soberano fechou os olhos. A preocupação era visível em seu rosto.

— Talvez deveríamos tentar algum contato. - Sugeriu Nôra, esposa do Soberano.

— Senhora, se essas naves quisessem algum tipo de contato já teriam feito. Ao contrário, uma de nossas naves avançadas foi atacada e destruída por uma força desconhecida e um de nossos pilotos teve contato direto com uma nave bem próxima de nosso sistema solar. - Ao falar isso o oficial olhou para Rita. - Diga-nos o que aconteceu.

Rita levantou-se e fez reverência em direção ao Soberano e narrou o episódio do ataque, enquanto narrava a imagem do ataque foi reproduzido no meio de todos e murmúrios se ouviam em toda a cúpula.

— Como podem ver. Nossa nave foi surpreendida e atacada, felizmente a piloto era muito habilidosa. - Falou Euron, após o término das imagens.

— Eu a reconheço. Você é Rita, a jovem que foi resgatada do planeta Terra. – Disse a esposa do Soberano.

— Sim, minha senhora. – respondeu ela, curvando.

— Diga-me, jovem, por que acha que essa nave a atacou? – Perguntou o Soberano Ainor.

— Penso que esta nave estava nos observando e quando a vi tentou destruir qualquer prova de sua presença, acredito que foi o mesmo que aconteceu a Ravask.

Mais murmúrio na cúpula.

— Não há provas que tenham sido essas naves. – Disse o soberano

— Sim, meu senhor, mas tudo leva a acreditar que eles são os responsáveis. – Rita falou firme.

Todos ficaram em silêncio aguardando o pronunciamento do Soberano. Após uma pausa, ele levantou-se e estendeu a mão para anunciar sua conclusão.

— Continuaremos monitorando essas naves. Vamos intensificar a construção de naves e sistema de defesas. As naves avançadas devem retornar para Gailar e patrulhar em nosso sistema solar.

— Sim, meu senhor. - Respondeu Euron fazendo uma reverência

— E quanto a Terra? – Rita falou por um impulso.

Todos os olhares voltaram para ela, inclusive o soberano.

— Aquela frota parece se dirigir para lá, apontou para um grupo de naves perto do sistema solar da Terra.

O soberano olhou para Euron que respondeu - Sim. De acordo com nossos estudos eles chegarão lá em 2 ciclos.

Rita pensou que isso daria pouco mais de seis meses terrestres. - Nós temos que fazer alguma coisa. Se aquelas naves forem hostis, a Terra não terá a mínima chance.

— Não podemos interferir uma vez que não sabemos quais são suas reais intenções. – Disse o Euron.

— Nós temos uma dívida com eles. Quase destruímos aquele planeta. – Apelou ela.

— Nossa dívida está paga. Nós não podemos fazer nada por eles. Sabe que não podemos interferir no destino dos planetas.

— Isso não é justo. Não podemos ficar sentados esperando que o pior aconteça. Temos um acordo com a Terra de paz. – Rita argumentou mais uma vez.

— Professor Yan, sua filha está indo longe demais. – Disse Euron com olhar de reprovação.

— Desculpe-me senhores, mas Rita tem um carinho especial por aquele planeta. Foi nosso lar por um tempo.

O Soberano levantou a mão mais uma vez e todos respeitosamente se curvarão aguardando o que ele tinha a dizer.

— Nós temos que nos preocupar com nosso planeta. A Terra tem seu destino e nós o nosso. – Disse o Soberano e virou-se para se retirar. A Rainha olhou com olhar de compreensão para Rita, mas não disse nada, apenas acompanhou seu esposo.

*****

Joe levantou cedo naquela manhã, ele faria um voo regular no Pirata do Espaço, olhou para a cadeira vazia ao seu lado, onde antes se sentava Rita. Por um momento fechou os olhos e o calor da presença dela invadiu a cabine do piloto e até pôde ouvir sua voz. Ao abrir os olhos o frio daquela cabine o fez lembrar que estava só. Olhou para a foto de Rita no painel sorrindo para ele “Como sinto sua falta."

— Acionar os motores. - disse ele apertando o botão de ignição - Pirata do Espaço levantar voo. - e a nave partiu velozmente ganhando o céu azul.

— Professor, tudo está funcionando perfeitamente - disse ele para o professor pelo visor da cabine.

— Ótimo, prosseguir com os testes. - Respondeu o professor. A voz do professor saiu cortada por uma nova interferência.

— Interferência outra vez – murmurou Joe

Joe voou mais alto e encontrou uma estranha nave de forma cilíndrica e com uma luz verde. – Atenção nave não identificada. Identifique-se - Tentou contato, sem resposta.

— Atenção nave não identificada. Identifique-se ou terei que interceptá-la – novamente sem resposta.

A nave se precipitou sobre o Pirata do Espaço em uma velocidade surpreendente atirando um raio verde fazendo Joe usar sua habilidade para não ser atingido.

— Ah é assim! Lançar bola de fogo! – Antes mesmo que o raio chegasse próximo de acertar seu alvo a nave desenvolve uma velocidade surpreendente e a bola de fogo se dissolve no ar sem acertar nada. Joe tentou segui-la, mas a perdeu de vista.

— Joe o que aconteceu? Perdemos contato – Chamou o professor pelo transmissor

— Professor, eu acabei de encontrar uma nave desconhecida.

— O quê?

— Era diferente de tudo que já vimos e muito rápida, sumiu em segundos.

— Joe volte imediatamente para a base.

— Sim senhor.

*****

Ao saírem do imponente prédio em um transporte por um dos tubos transparentes. O professor Yan estava preocupado com sua filha.

— Você está preocupada com a Terra, não é mesmo? - perguntou ele de forma suave.

— O que o senhor acha que aquelas naves estão fazendo?

— Querida, eu gostaria de estar errado, mas acho que estamos a ponto de uma invasão e a Terra será o primeiro alvo.

— Eu também penso assim. – disse Rita. – E se for verdade... o que será da Terra? O que será de nossos amigos?. – perguntou ela com lágrimas nos olhos antes de acrescentar – o que será de Joe?

O professor Yan olhou para a filha. Ele sabia que ela amava aquele rapaz terráqueo e sofria em saber que sua filha não conseguia ser feliz em seu lar.

— Talvez haja uma forma de ajudá-los.

— Mas como? O conselho não está preocupado com a Terra. Eles a deixaram à própria sorte.

— Vá para a Terra. – disse o professor Yan

— O quê? Como? – perguntou Rita surpresa

— A Megan é uma super nave capaz de cruzar o espaço mais rápido que a hipervelocidade das outras naves gailarianas. Assim você chegaria na Terra rapidamente para avisá-los.

— Pai, seria possível?

— Sim, mas se fizer isso você estará correndo o risco de perder sua carreira e ser considerada uma traidora novamente.

— Eu não me importo, desde que consiga salvar meus amigos. – disse cheia de esperança.

— Já foram concluídas as fases de teste e posso garantir que está pronta para uma viagem interplanetária. Já marcamos o dia para o lançamento do teste e você como piloto poderá aproveitar essa oportunidade e fugir para a Terra.

— E o senhor?

— Não suporto ver o sofrimento em seus olhos. Você ama aquele rapaz da Terra.

Rita o olhou surpresa, nunca disse a seu pai sobre seus sentimentos.

— Prefiro vê-la partir a vê-la na angústia de não saber o que aconteceu com ele. Vá filha! Tenho certeza que você não estará ajudando só a Terra, mas Gailar também.

*****

Um relatório com as imagens feitas no Pirata do Espaço foi enviado ao Conselho de Defesa Internacional. Em videoconferência o chefe Yoshida anunciou que enviaria um novo co-piloto para pilotar o Pirata do Espaço.

— Entendo chefe. – Disse o professor Tobishima. - Comunicarei a Joe imediatamente. – disse desligando o comunicador.

O professor chamou Joe pelo comunicador e recostou na cadeira dedilhando na mesa pensativo.

— O senhor que falar comigo? – perguntou Joe ao entrar na sala.

O professor levantou e colocou as mãos para trás. Joe conhecia aquele gesto e sabia que algo o preocupava.

— Joe, acabei de falar com o chefe Yoshida. - fez uma pausa - Diante dos últimos acontecimentos, o Conselho de Segurança estará enviando um novo co-piloto para pilotar o Pirata do Espaço com você.

Joe o olhou surpreso. Não agradava a ideia de ter outra pessoa no lugar de Rita. Mas teve que admitir que ele precisava de um co-piloto.-

— Eu não gosto da ideia, mas entendo a necessidade. – Respondeu ele.

O professor não respondeu, foi até a janela e fitou o céu azul. Joe se aproximou e também fita o céu, os dois sabiam que algo estava acontecendo além daquele lindo céu azul.