Petrion, o Dovahkin

Capítulo 10 - Forçados a vagar


Uma vez mais eu observava meus amigos perdidos. Kadon e Roben voltavam silenciosamente para a cidade com seu pequeno refém pendurado no cinto do mago. Ao se aproximarem da cidade, eles perceberam que os guardas dos portões não estavam mais lá.

–Se esses idiotas estiverem vadiando, eles vão se arrepender, de verdade. – disse Roben. Ao atravessar os portões começaram a ouvir sons fracos.

–O que é isso?

–Shhh! Deixe-me ouvir. – Kadon aguçou os ouvidos – São... vozes. Gritos?! Vamos, depressa!

Eles correram para a praça onde haviam deixado Mandis e os habitantes da cidade, encontrando-a deserta, exceto pelo corpo de dois guardas e algumas tendas destroçadas. Os sons foram se tornando mais altos a medida que nos aproximávamos da região leste da cidade. Chegamos ao Forte da Cidade, lotado de refugiados, e vimos Mandis, ao lado de oito guardas que lutavam com cinco Sombras, enquanto eram observados por pessoas aterrorizadas.

–Vá ajuda-los! Tenho que canalizar a magia. – Kadon disse e energia começou a envolver suas mãos.

Roben correu até os guerreiros e martelou duas Sombras, abrindo caminho para se juntar aos outros. Mandis estava mantendo uma barreira de som que impedia dois dos monstros de se aproximarem, enquanto os guardas lutavam com os outros três.

–Chegou em boa hora! Não acho que esses caras consigam se virar sozinhos.

–E se só restasse você, todos iriam morrer! Hahahahahaha!

–Ha. Ha. Muito engraçado. Agora vai lutar! Eu não posso lutar enquanto mantenho a barreira.

Roben se virou para uma Sombra que já havia nocauteado um guarda e feito um corte profundo em outro, restando apenas um para lutar. Roben chegou para aparar um golpe mortal lançado contra o guarda. Os outros três guardas conseguiram destruir uma das Sombras e foram ajudar os outros dois que lutavam com o terceiro monstro livre.

De repente, uma das criaturas suprimidas por Mandis atirou uma faca na cantora. Ao desviar do ataque ela perdeu a concentração e sua barreira se desfez. Quando se precipitaram para o forte, uma parede de terra se ergueu entre eles e Mandis. E outra atrás. E mais uma a esquerda e outra a direita. O mesmo aconteceu com as Sombras remanescentes e então as paredes se uniram, esmagando as criaturas, antes de retornarem ao chão, finalizando o feitiço de Kadon.

Assim que todos tinham se acalmado, os guardas e meus amigos se reuniram para conversar. Ainda estavam ofegantes e com respiração pesada por causa da batalha. Mandis também parecia exausta.

–Obrigado pela ajuda – disse um soldado truculento de feições rudes – A gente ia precisar de muita sorte pra acabar com eles sem vocês. Ufa... Então, cadê o Capitão?

–Ele... Se sacrificou por todos nós. Desculpe. – Disse Kadon.

–Entendi. Pelo menos conseguiram o que queriam?

–Afirmativo. Agora preciso começar meus experimentos, mas vou precisar ficar sozinho por um tempo, por segurança. Vamos – Então a cidade inteira tremeu com o rugido mais alto já ouvido. Todos olharam a volta viram uma enorme nuvem de fumaça se erguendo da prisão, onde uma Sombra gigante se erguia, destruindo o prédio completamente. Os olhos vazios e amarelos da criatura nos encararam sem emoção e começou a se aproximar. Essa Sombra tinha vários “tentáculos” sacudindo em suas costas, cada um com uma lâmina diferente na ponta, algumas retas, outras curvas e outras que se abriam como arpeis. Todos estavam paralisados perante medonha aparição.

–Temos que ir. Agora! Mandis, chame todos! – Roben ordenou. Mandis acenou com a cabeça e amplificou sua voz.

–ATENÇÃO TODOS, ANDANDO! ESTAMOS EVACUANDO A CIDADE, ANDEM COM RAPIDEZ E CALMA! – As pessoas começaram a correr, mas “calma” não era algo presente nelas.

–O que vamos fazer Kadon? Não podemos enfrentar aquela coisa, e não somos rápidos o suficiente pra fugir com todas essas pessoas! Tá me escutando? – Kadon estava de olhos fechados sussurrando algo para sua mão, onde estava o frasco com a esfera vermelha. Ele parou por um segundo e respondeu:

–Eu tenho um plano, mas temos que deixar a cidade. E rezar pra que eu seja rápido o suficiente...”

Todos correram para o portão Norte, o mais próximo. Mulheres com crianças, homens carregando idosos, todos se movendo tão rápido como podiam. O monstro se aproximava e imagino que já fosse capaz de atacar os mais lentos que ficavam atrás. Quando a última pessoa (Kadon) cruzou os portões, a Sombra destruiu a muralha em volta deles.

–Você achou mesmo que os muros iam parar essa coisa?!

–Não, eu disse que tinha um plano, não disse? – Respondeu Kadon. O fraco brilho rubro em sua mão se intensificou ao ouvir as estranhas palavras recitadas por Kadon. O brilho continuou a aumentar até cegar a todos e de repente se extinguiu. Quando abri meus olhos, vi a Sombra, confusa, olhando em volta, exatamente onde estava antes. Nada havia mudado. Ou pelo menos é o que parecia. Quando voltou a se mover, faíscas vermelhas saltaram de uma barreira invisível, impedindo-a de se mover em qualquer direção. Kadon estava parado em frente ao monstro, ofegando, e desmaiou com um sorriso triunfante nos lábios e rostos perplexos a sua volta. Depois disso? Não sei, fui arrancado de meu sonho uma vez mais.