Pesadelos

Pesadelos - Capítulo Único


"Pesadelos"

A imagem daquele dia sempre lhe voltava no formato de borrões e numa mistura de sensações. Sua respiração ofegante enquanto corria pela floresta aberta de tons azul escuro. Completamente fria, porém tudo o que sentia era o calor. A adrenalina percorria seu corpo, pulsando em suas veias.

Corria mais do que suas pernas poderiam aguentar; ele não poderia parar.

O medo, no entanto, o fez fraquejar por um único segundo e então ele caiu.

Quando sentiu a dor do tiro perfurando seu ombro, Aleksander acordou dando falta de seu ar e o puxando desesperadamente. Não estava mais naquela floresta e, sim, em seu quarto. Ainda com a respiração ofegante, tentou tirar uma mecha de cabelo se sua testa – a qual estava grudada pelo suor.

Passou suas duas mãos pelo rosto, esfregando os olhos e tentando controlar possíveis lágrimas que viessem. Virou-se para o lado para olhar o relógio e o visor vermelho – uma das únicas luzes do quarto – apontava que não passavam das três da manhã. Mesmo que ainda tivessem algumas horas para dormir, Aleksander sabia que não conseguiria pregar os olhos novamente.

— Alek? – Ao ouvir a voz sonolenta de Regina, toda a tensão do corpo dele pareceu relaxar. Virou-se para poder olhá-la. Regina estava com os cabelos levemente bagunçados pelo travesseiro e seus olhos, pequenininhos - pelo contraste da luz do abajur ao lado a qual ela acendeu - e preocupados tentando entender o que acontecera. – É aquele mesmo pesadelo?

Aleksander acenou com a cabeça. Regina comprimiu os lábios e ajeitou-se melhor na cama, aproximando-se dele.

— Quer me contar sobre?

— Não. – Aleksander sorriu com os lábios de uma forma amarga olhando para baixo. Não queria que ela se preocupasse e muito menos que perdesse um minuto de sono por causa dele. – Eu estou bem, prometo.

— Tudo bem. – Regina sorriu gentilmente para ele e lhe acariciou o rosto. – Tem algo que eu possa fazer pra te ajudar a dormir?

Ao dizer isso, Aleksander subiu seu olhar. Regina tinha puxado uma das mãos dele e a acariciava em movimentos circulares, olhava para ele com um misto de preocupação e delicadeza que era típico dela. Ás vezes, ele tinha a impressão de que não conseguia simplesmente olhar para Regina sem sorrir de tanta felicidade que sentia. E assim o fez, novamente.

Aleksander olhava pra ela e via a pessoa mais preciosa que a vida lhe dera. A verdade é que Aleksander pouco se importava com o que pudesse acontecer com ele, mas aquele pesadelo sempre o lembrava de que bastava um passo em vão e ele poderia perde-la para sempre.

Aquele sim era seu pior pesadelo.

— Diz que nunca vai embora. – Pediu ele num tom sereno. Até mesmo quando segurava suas lágrimas, Aleksander escolhia suas palavras. Ele jamais a faria prometer nada. – Que vai sempre estar aqui comigo até ficarmos velhinhos rabugentos.

Regina sorriu abertamente com um leve marejar nos olhos.

— Eu nunca irei embora. Vou estar sempre aqui com você até ficarmos velhinhos rabugentos. – Os dois riram. Aleksander pegou o rosto dela delicadamente e a beijou.

— Eu amo você. – Sussurrou ele entre um dos beijos.

— Eu também te amo.

Deitaram-se abraçados. A amargura o deixou em paz durante aquela noite e Aleksander finalmente conseguiu dormir, sabendo que por mais que o passado não pudesse ser mudado, ele conseguiria ser forte com Regina ao seu lado.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.