Para tudo existe uma primeira vez. Essa frase nunca fez tanto sentido quanto naquele momento. Mitsuki e Sakumi estavam sentadas na sala da diretora, porque Katsuki e Eijirou brigaram no pátio da escolinha.

1h40min antes:

— Eu duvido! — Denki estufou o peito em desafio — você não tem coragem de fazer isso!

— Eu tenho sim! — Eijirou retrucou.

— Então vai e faz! — Sero o incentivou.

— Eu vou mesmo! — virando-se de costas para os amigos rumou em direção a Katsuki – que olhava o novo álbum de herói junto com Izuku e Tokoyami.

Eijirou respirou fundo, posicionando-se atrás de Katsuki. Antes que o loiro notasse o que estava acontecendo uma explosão de gargalhadas foi ouvida. Eijirou puxou seu short do uniforme e, agora, seu bigolinho estava de fora tomando uma brisa.

Passado o choque, Katsuki enervou-se de tal maneira que pequenos estouros faiscavam em suas mãos. Foi para cima de Eijirou que gritou, ativando sua quirk, causando assim mais alvoroço.

Atualmente:

— Acredito que conversar com os meninos seja a melhor solução — a diretora comentou — eles são muito amigos então será fácil.

— Sim. Eu peço desculpas por todo esse transtorno — Sakumi curvou-se envergonhada.

— Eu terei uma conversa séria com meu filho — Mitsuki anuiu — Perdoe-me a bagunça... meu garotinho é muito... agitado.

— Foi Eijirou que começou! Não culpe tanto Katsuki — a outra mãe abanou a mão — embora seja bem incomum.

***

O garotinho fungou pela enésima vez, sentindo-se esmagado pela culpa. Desde o início estava receoso, mas os amigos haviam feito um desafio; então não poderia dar para trás.

— Para de chorar, seu bocó — Katsuki cuspiu — não vão brigar com você nem nada!

— Eu não 'tô chorando por isso! — reclamou defendendo-se.

— É pelo o que então? — Katsuki tinha 6 anos, mas a paciência já não era seu forte.

— Porque você não vai mais querer ser meu amigo...

— Quem te disse isso? — era oficial, Katsuki já tinha perdido a paciência.

— Você ficou com raiva e-

— Você é muito bobo, Eiji — Katsuki suspirou como um adulto cansado das desilusões da vida — você lembra que a gente prometeu ser amigo 'pra sempre?

— Eu lembro....

— Não pode quebrar promessa feita com o mindinho. Esqueceu? — Katsuki levantou-se cruzando a salinha de espera. Parou de frente para o amigo, lhe estendendo o dedo mindinho. Eijirou passou as mãozinhas nas bochechas limpando as lágrimas e ranho. Logo entrelaçou seu dedo ao do loiro.

— Você me desculpa? — Perguntou baixinho.

— Desculpo, mas não faça de novo!

— Eu prometo, 'Suki! — eles balançaram as mãos para cima e para baixo firmando o acordo.

— Eca, Eiji! Você passou meleca no meu dedo! — riu limpando sua mão na própria camisa.

— Desculpa! Mas é meleca bem máscula!

— Meleca é meleca, Eiji! Mas a sua deve ser mais máscula que do chorão do Deku! — Katsuki riu de sua própria piada.

— Tadinho, 'Suki! — sorriu compadecido — Izuku também é másculo!

— Nada a ver! — crispou os lábios em discordância — Eiji! Dorme lá em casa hoje? Vou pedir meu pai 'pra pegar o bingo em cima do meu guarda-roupa.

Eles realmente planejaram a noite perfeita, esquecendo-se do grande detalhe, que provavelmente ficariam de castigo pelo que aconteceu na escola. Mas crianças não precisam ter essas preocupações, eles só aprontam; matam seus pais de amor e de susto.

A NASA deveria estudar o comportamento gentil de Katsuki para com Eijirou, pois era surreal. Katsuki era uma criança de coração bom, de fato, ele era; mas seu melhor amigo lhe instigava uma extrema proteção e carinho.

Katsuki sempre perdoava Eijirou.

Eijirou sempre sorria para Katsuki.

E promessas de mindinho nunca poderiam ser quebradas.