Perfect Singer

Capítulo 4 - confusões


— Então, essa é a sua sala favorita?

— Eu passo grande parte do meu tempo livre aqui, então eu acho que sim.

— A gente tem menos de 10 minutos para a nossa primeira aula, então... Por que me chamou aqui?

— Eu só estou confusa e triste.

— Olha para mim, Maki. — Ela levanta o meu rosto e me puxa para perto. — Você é uma garota muito bonita; eu tenho certeza de que a Nico gosta de você.

Ela, de repente, puxa meu rosto para mais perto, colando nossos lábios. Meu coração parecia querer sair do meu peito; o tempo parecia ter parado totalmente, e eu fiquei sem reação nenhuma nos primeiros segundos. Quando percebi o que ela estava fazendo, eu tentei resistir e afastá-la de mim; no entanto, todas as minhas forças pareciam ter esgotado.

Quando finalmente consegui me afastar, meus pensamentos em turbilhão. Gaguejei, tentando encontrar palavras, mas ela sorriu tranquilizadora.

— Desculpa se fui impulsiva. Eu só queria te fazer sentir melhor.

Respirei fundo, a confusão ainda estampada em meu rosto.

— Precisamos ir para a aula. Vamos conversar depois?

Caminhamos para a sala, o silêncio preenchendo o caminho. Minhas emoções estavam à flor da pele, e algo na expressão dela indicava que havia mais a ser esclarecido.

A sala de aula estava cheia de alunos conversando alto e espalhados por lá. Quando Eli se sentou ao meu lado eu senti o seu olhar sobre mim, meu coração dispara ao lembrar do beijo e não tive reação o suficiente pra me virar também, o olhar dela dura apenas alguns segundos e ele o desvia novamente, eu fico parada me perguntando o porquê de tudo aquilo, o que foi aquele beijo e o que ela pensando. Ela disse que queria fazer eu me sentir melhor mas eu só me deixou ainda mais ansiosa e confusa.

Eu sorrateiramente pego meu celular pra mandar mensagem pra ela.

Maki: O que diabos foi aquilo ?

Eu ouço o celular vibrando em sua bolsa, ela fica parada por alguns segundos e então olha pra mim, parecia que ela queria dizer algo. Ela pega o celular e rapidamente digita algo.

Eli: Depois falamos sobre isso eu prometo.

Eu fico frustrada com a resposta mas eu respeito, outra vez já nos metemos em confusão por chegar atrasada imagina se o professor nos pega no celular, tento segurar minha ansiedade e não vou deixar ela escapar na saída.

(...)

Eu estava tocando uma das minhas melodias favoritas; aquela música ficava em looping na minha mente sempre que eu ficava um tempo sem ouvi-la.

Eli prometeu que me encontraria aqui, e ela parecia determinada a me explicar tudo. Não havia motivos para eu não acreditar nela, e aqui estou, com o coração acelerado e ansiedade batendo a mil. Ouço o barulho da porta se abrindo.

— Maki, você pode falar agora? — a garota de cabelos pretos dizia para mim.

— Nico? Ah, eu...

— Por favor! É importante. — ela insiste, me interrompendo. — Aquela hora na entrada da escola, eu fiquei com raiva de você. Eu a vi com aquela garota e vi o quão próximas vocês eram, e então...

— Espera, Nico, você entendeu errado. Aquela hora nós...

— Não adianta mentir para mim. — ela me interrompe novamente. — Eu vi vocês mais cedo, estavam se beijando.

Nesse momento, meu mundo parou. Senti o desespero na sua voz e o semblante de tristeza em seu rosto. Ela tinha dificuldade em falar sobre. A porta de repente se abre, e Eli entra, surpreendendo-se com a presença de Nico. Eli estava prestes a nos deixar a sós, mas antes Nico pede desculpas para mim e sai correndo, batendo a porta atrás dela.

— Maki, me desculpa, eu não queria...

— Tudo bem. — eu disse, ainda abalada. — Você não tinha ideia de que ela vinha.

— Sim, mas o que houve? Por que ela saiu correndo?

— Ela viu a gente mais cedo. Quando a gente tava... Você sabe.

— Ah, não. Maki, eu... Eu te disse antes que fui impulsiva e eu me arrependo. Eu não devia ter feito aquilo e estou me sentindo extremamente culpada por isso.

— Você tinha vontade de fazer aquilo?

— Um pouco, mas não é como se eu fosse apaixonada por você nem nada, eu só tinha curiosidade em como era beijar uma garota. A única que eu beijei foi rápido demais. Eu sei que foi um erro ter feito isso sem seu consentimento.

— Tudo bem, então vamos fazer um trato. Eu estaria mentindo se dissesse que também não estava curiosa, esse foi meu primeiro beijo. Então vamos fazer apenas mais uma vez para matarmos a curiosidade uma da outra.

— Maki, você tá falando sério?

— Sim, se você quiser.

Então, mais uma vez, aconteceu. Ela se aproximou aos poucos e colocou uma das mãos em meu pescoço, enquanto a outra alcança minha mão; nossos dedos se entrelaçam antes que nossos lábios pudessem se encontrar. Dessa vez, o beijo me pareceu bem mais longo, tanto que senti falta de ar. Eu me afasto para recuperar o fôlego, mas ela me puxa novamente para o beijo.

Depois do beijo, um clima se instala entre nós. Ela fica em silêncio e evita o contato visual. Eu tento achar algo pra dizer para evitar aquele incômodo silêncio. Reviro minha mente, mas simplesmente não consigo pensar em nada, e assim ficou durante o caminho para casa.

Estávamos chegando perto da estação, e aquele silêncio ainda me incomodava. Se eu soubesse que ela ficaria assim depois de tudo eu nunca teria feito aquilo.

— Eli, eu fiz algo de errado? Você não gostou do nosso b-beijo?

— Não é isso, Maki. Eu só fiquei sem reação. Você é uma boa amiga pra mim, e eu só me senti culpada por fazer você propor aquilo pra mim.

— E eu não quero ficar com esse clima estranho entre nós. Eu disse que seria a última vez, mas se eu soubesse que seria assim, teria sido melhor a gente não ter feito.

— Eu também não queria isso. Maki, você é a minha primeira amiga desde a minha decepção amorosa, e foi importante pra mim quando você me chamou em casa. Mais uma vez, me desculpe por querer te beijar e ter feito você se sentir assim.

— Eu sou meio nova nesses assuntos, e também nunca foi fácil pra mim fazer amizade. Você e a Nico foram as únicas que conversaram comigo, e eu quero valorizar essa amizade.

— Vamos fazer uma promessa?

— Sim.

— Nunca vamos deixar essas coisas estragar nossa amizade. Nunca mais vamos pensar naquele beijo e vamos prometer apoiar uma a outra sempre. — Ela dizia, abrindo os braços esperando um abraço meu.

Eu instintivamente abri os braços também e, com os olhos lacrimejando, eu concordei com a nossa promessa.